Ao exato um mês desde a aprovação do registro eleitoral da Unidade Popular, comemoramos esta vitória da classe trabalhadora brasileira. Afinal, na atual conjuntura política do Brasil e da América Latina, é inegável a importância que tem o Partido de massas verdadeiramente popular e engajado na luta do povo pelo Poder Popular e pelo Socialismo.
Leonardo Laurindo Unidade Popular Pelo Socialismo
Foto: Jornal A Verdade
BRASÍLIA – No dia de hoje, completa-se o primeiro mês desde a aprovação por unanimidade do registro eleitoral da Unidade Popular pelo Tribunal Superior Eleitoral, a qual foi comemorada por milhares de trabalhadores que viram, no programa do 33° partido político legalizado no Brasil, a possibilidade de mudança profunda na forma como a política tem sido feita no nosso país. Neste contexto, é comum que muitas pessoas se perguntem: por que mais um partido eleitoral no Brasil? Para responder apropriadamente essa pergunta, é essencial que analisemos o contexto histórico e político no qual nasce a UP, tanto na realidade brasileira, quanto na da América Latina.
A Conjuntura nos Comprova a Atualidade que tem o Partido de Massas
O ano de 2019 acumulou intensas rebeliões e convulsões político-sociais em toda América Latina. As sangrentas rebeliões no Equador e no Chile, a resistência do povo boliviano a mais um golpe militar na América do Sul, a jornada de protestos massivos no Haiti, a violenta greve geral na Colômbia, a tentativa de golpe no Peru contida com força militar, são exemplos recentes dessa realidade de efervescência popular que nosso continente está vivendo. Até mesmo a vitória do direitista Lacalle Pou, no Uruguai, pode aparentar estabilidade, mas, na verdade, escondeu ameaças de ex-militares e grupelhos fascistas aos eleitores da “Frente Amplia” e que se posicionavam a favor de um golpe caso a centro-esquerda vencesse.
O Brasil, por sua vez, não esteve alheio à ofensiva burguesa na América Latina: pelo contrário, aqui foi o seu centro de operações, numa timeline que passa pela guinada direitista de 2015; pelo golpe de 2016; pela escalada dos militares no poder com o governo de Temer e seu pacote de reformas; e pela fraude eleitoral que colocou Bolsonaro no poder, uma verdadeira empreitada que se utilizou de uma série de métodos ilegais de propaganda e desorientação em massa.
Isso nos prova que estamos diante de um lento e doloroso desmantelamento do fetiche institucional em nossa região. Isso porque os estados-nacionais, paulatinamente, não conseguem mais se colocar como instituições que representam as vontades gerais e coletivas. Assim, revelam suas verdadeiras faces de estruturas de dominação, opressão e manutenção da ordem burguesa e da sociabilidade capitalista.
No Brasil, a fascistização promovida por Bolsonaro começa a se armar, justamente porque a burguesia já espera a insatisfação de seu próprio povo, e busca, para isso, mecanismos violentos para reprimir possíveis e vindouras manifestações políticas. Essa repressão é maquinada pelo governo Bolsonaro e sua base, através de medidas como a exclusão de ilicitude para GLOs, incremento de mecanismos de vigilância da própria população e uma modificação ainda mais reacionária para a Lei Antiterrorismo – daquelas que terrorista é qualquer um que discorda do governo. Ou seja, a promessa de uma “nova política de segurança pública” é, na verdade, o aprofundamento da velha tendência de militarização da vida social que não foram superados com o fim da ditadura militar. É a política que permite que João Dória parabenize os policiais que cometeram uma chacina de jovens que dançavam num baile funk em Paraisópolis, que o governador Witzel promova um verdadeiro genocídio no Rio de Janeiro, que já atingiu recorde histórico de mortes (mais de 1500 pessoas, incluindo cinco crianças!), que a matança de lideranças rurais continue a todo vapor, que o genocídio indígena ocorra debaixo dos olhos do Estado brasileiro. Uma lógica que vê o próprio povo como inimigos da ordem.
Por isso, Bolsonaro imita o presidente do Chile, Sebantian Piñera que, frente às rebeliões no Chile, chegou ao ponto de afirmar que o país estava em guerra… contra seu próprio povo! Essas medidas, portanto, não são fruto de uma personalidade doentia como a de Bolsonaro. São medidas em estreita conexão com a crise que a economia brasileira atravessa.
A Unidade Popular Surge em uma Conjuntura de Ataques Econômicos Severos Contra a Classe Trabalhadora e os Estudantes
As manifestações massivas de 15 de Maio aparentam descanso, mas a realidade começa a se impor: o aumento dos preços das tarifas de transporte, a recente inflação na carne – que puxa, por tabela, outros alimentos de proteínas, como frango e até mesmo ovos – a deterioração dos serviços públicos, o desmonte da legislação trabalhista (que prometeu empregos e não gerou) mostram à população que o “mito”, na verdade, é carrasco. O fechamento de grandes plantas industriais, como a da Ford, evidenciam a tendência à desindustrialização e desaceleração da economia brasileira, deixando a cifra de desempregados gravitando em torno de 12% e a informalidade atingindo quase metade da população ocupada.
O esgotamento do ciclo das commodities, o fim da expansão monetária norte-americana e, agora, as políticas protecionistas de Trump, resguardam um movimento de retorno do fluxo de capitais ao centro do sistema imperialista mundial, expondo a fragilidade de nossa base produtiva e a instabilidade de nosso tecido social.
Essa forma de reprodução do capitalismo brasileiro agudiza os antagonismos de classe, impossibilitando uma dominação hegemônica, tornando inevitável uma explosão de contestações à ordem vigente. Afinal, ninguém é obrigado a aceitar mais uma ceia de natal de mesa vazia.
Por isso, a Unidade Popular nasce como um partido capaz de aglutinar e canalizar a indignação com o atual estado das coisas para uma transformação racional de nossa sociedade, superando os limites programáticos do campo progressista.
Conheça a Unidade Popular!
Foto: Jornal A Verdade
“Para realizar profundas transformações sociais no Brasil e interromper a ofensiva reacionária, é necessária a união de todos os setores da esquerda revolucionária, dos socialistas, dos comunistas, e de todos que lutam contra o imperialismo e a exploração capitalista.”
Leonardo Péricles, Presidente Nacional da Unidade Popular.
A Unidade Popular é o resultado de um esforço coletivo de militantes espalhados por todo o território nacional. Muitos diziam que a coleta de assinaturas sob as novas leis da reforma política de Eduardo Cunha só nos desgastaria, mas a verdade é que estavam enganados. A construção coletiva de debates e coletas de assinaturas, na verdade, apenas nos fortaleceu, estabelecendo novas redes de comunicação com o povo e conquistando diversos corações e mentes que hoje estão em nossas fileiras. Mais de 1,2 milhões de pessoas se identificaram com o programa da UP e aceitaram assinar as fichas de apoio para o registro eleitoral do partido.
Como já afirmamos aqui no Jornal A Verdade anteriormente: “A construção da Unidade Popular é prova de que o programa socialista e o poder popular têm, sim, adesão junto às camadas populares e está mais atual do que nunca.”
Em seu Programa , a Unidade Popular não se limita a uma política de mera distribuição de renda. Defendemos o controle da produção pela classe trabalhadora, construindo uma economia mais racional e que se subordine às necessidades e limitações humanas e do meio ambiente. Ninguém precisa, hoje, estar desempregado, muito menos se submeter a extensas jornadas de trabalho – isso só é necessário sob um sistema capitalista de acumulação, que se sustenta pela subsunção do trabalho humano à lógica de valorização abstrata.
Por isso, nossa prática política defende abertamente a necessidade de construção da verdadeira democracia, isto é, o poder popular e do socialismo, com a nacionalização dos setores estratégicos da economia, um programa de emprego e industrialização e, sobretudo, o fim da exploração de um pessoa por outra.
Nossa democracia partidária interna é estruturada de uma maneira que não subordine a dinâmica dos movimentos sociais ao calendário eleitoral. Ao contrário, queremos que nossa construção política se subordine aos interesses da classe trabalhadora. Nas palavras do presidente nacional da UP: “Alianças entre partidos são importantes, mas elas precisam corresponder aos interesses da classe trabalhadora do nosso país. Esse é o grande desafio da UP.”
A Unidade Popular nasce, então, como uma grande barricada que aglutina estudantes, sem-teto, trabalhadoras e trabalhadores sindicalizados e informais, artistas de rua, profissionais da saúde, mulheres que combatem o machismo diariamente, a juventude negra e periférica que luta pelo fim da violência, e que tem um objetivo muito claro: superar coletivamente esse estado de apatia, derrotismo, deterioração da saúde mental e sofrimento, para passar à ofensiva e lutar pela construção do poder popular e pelo socialismo. Esse é o principal diferencial da Unidade Popular. Um Partido edificado diretamente por pessoas comuns, trabalhadoras do dia a dia, que querem um Brasil melhor e sem exploração.
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