sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Produção de petróleo: Os países pré pico e pós pico

Produção de petróleo: Os países pré pico e pós pico

por Steve Andrews

 
Duplicidade de pensamento:
"Numa manipulação da mente que tenha êxito a pessoa já não diz mais o oposto do que ela pensa, mas pensa o oposto do que é verdadeiro". 
Erich Fromm, psicólogo social.

A BP acaba de divulgar a sua mais recente Statiscal Review of World Energy.   Randy Udall e Steve Andrews, co-fundadores da ASPO-USA, elaboraram em 2005 uma tabela resumida a fim de destacar partes chave dos dados da BP, a qual tem sido actualizada anualmente a cada nova publicação da BP.   O comentário à actualização mais recente, de Steve Andrews, consta abaixo.   Randy Udall faleceu em 2013, mas a sua memória e legado vivem connosco, desta e de muitas outras formas.
Os noticiários dos media continuam a ladainha de que "o pico petrolífero está morto" e encaram o milagre do shale oil estado-unidense como algo sustentável e não como um impulso limitado no tempo.

Mas ouçam analistas que se preocupam com o que augura a redução de investimentos por parte das companhias de petróleo super-grandes e perguntam porque tantas companhias de shale oil e shale gas não conseguem extrair um lucro durante este boom incrível de furos e de produção. Observem o que está a acontecer à produção de petróleo fora da América do Norte. Notem as lutas para promover a produção do pré-sal do Brasil. Reflictam sobre as lutas internas na Síria, nos Sudões, na Venezuela e na Nigéria e como degradam a produção de petróleo e a qualidade de vida. Acompanhem os acontecimentos violentos no Médio Oriente.

Se assim o fizer, perceberá que a questão do pico petrolífero está longe de morta, especialmente considerando que a produção mundial de petróleo bruto tem estado sobretudo estagnada (plateau) desde 2005. Assim, o mundo ainda está a tentar alimentar o crescimento do PIB através da utilização de combustíveis com energia mais baixa como líquidos de gás natural e biocombustíveis, os quais o arrastam com dificuldade.

Ao rever as mais recentes estatísticas da BP, verifica-se que os países que 10 Países de topo ainda dominam o reino do petróleo, produzindo 66% do total mundial. Nossa tabela resumida destacam-se dois elementos importantes da história da produção de petróleo:

1) Países que já ultrapassaram o pico (ver coluna "Peak Year", com fundo destacado em azul) devido a limites geológicos (ex. Noruega, Reino Unido) ou por razões acima do terreno;
2) Países que ainda têm claramente de atingir o pico.

Verifica-se que cerca da metade dos 20 países de topo já ultrapassou a sua produção máxima de todos os tempos. Num certo número de outros, a produção está actualmente a aumentar, sendo a América um bom exemplo de recorde. Mas durante o ano de 2013 apenas quatro países aumentaram em mais de 100 mil barris/dia-ano, contra 15 em 2004 , ao passo que quatro países experimentaram declínios de aproximadamente 100 mil barris/dia-ano, contra três em 2004. E, ainda mais importante, é provável que a Rússia e a China estejam próximas do pico de produção.
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Clique a imagem com o botão direito do rato para descarregar a tabela na íntegra.
Tudo considerado, o pico petrolífero mundial parece próximo – provavelmente dentro de poucos anos, quase certamente antes de 2020 – mas ainda não está totalmente aqui, atrasado ao invés de morto. Ele está disfarçado na contabilidade da BP pela inclusão dos líquidos de gás natural, ainda em crescimento, os quais mostram uma produção mundial de líquidos acima de 4,7 milhões de barris/dia desde [que iniciado] o plateau em 2005. Examinando o futuro, os temas chave a seguir são: violência no Médio Oriente, a taxa de investimento em novos projectos, o estado da economia da China e o status do pico das exportações de petróleo. Ao contemplar os números, esqueça por favor a "independência energética" da América. Apesar da conversa alegre, o futuro do petróleo mundial pode não ser um romance com abundância, mas ao invés uma negociação (plea bargain) com o esgotamento. 
25/Junho/2014
Ver também:
  • As sanções contra Rússia e o pico petrolífero 
  • A centralidade ignorada do Pico Petrolífero 
  • Como a definição cambiante de petróleo tem enganado tanto o público como os decisores políticos

    Para descarregar a tabela com o resumo da produção de petróleo, construída com dados da BP, clique aqui com o botão direito do rato e faça "Guardar como..." (PDF, 114 kB).

    O original encontra-se em peak-oil.org/2014/06/the-oil-production-story-pre-and-post-peak-nations-3/ 


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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