sábado, 23 de agosto de 2014

1935 – Jazzista Benny Goodman apresenta o 'suingue'

Hoje na História

Hoje na História: 1935 – Jazzista Benny Goodman apresenta o 'suingue'


As raízes do suingue residem claramente nas formas originais do jazz e no estilo performático afro-americano
O som do suingue (swing, em inglês), que dominou amplamente o cenário da música popular nos Estados Unidos e em boa parte do mundo no final dos anos 1930 e início dos anos 1940, popularizou-se por acaso em uma tentativa do músico Benny Goodman de empolgar uma plateia desanimada. O dia 21 de agosto de 1935 é considerado o marco do novo gênero. Foi nesta data que Goodman lotou o famoso Palomar Ballroom com uma multidão de jovens entusiasmados para ouvir o novo som.
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Música contagiava plateia
O ritmo criado por Goodman evoca de imediato imagens das “tuxedo-clad Big Bands” (as Grandes Bandas com os músicos trajando smoking) e das pistas de dança com multidões exibindo exuberantes passos saltitantes e giros do “Jitterbug”, ou dançando “Shag” (dança na qual o casal não repete os passos) ou o “Lindy Hop (dança baseada simultaneamente no jazz, sapateado, Charleston e “dancing alone” em que o casal dança separado).
Enquanto as raízes do suingue residem claramente nas formas originais do jazz — e particularmente no estilo performático do jazz afro-americano — o suingue como passou a ser conhecido nasceu num tempo e espaço específicos, ao som de uma performance musical eletrizante, levada a efeito por uma banda em particular, diante de um público especialmente entusiasmado. O tempo e o lugar se deram em 21 de agosto de 1935 no Palomar Ballroom em Los Angeles, Califórnia, onde Benny Goodman e sua Big Band abriram enfaticamente a Era do Suingue com uma performance exuberante testemunhada ao vivo por milhares de jovens fãs e por milhões mais pelas ondas do rádio.
Trajetória de Goodman
Benny Goodman já era um destacado solista de muito sucesso em várias proeminentes bandas. Era o líder de seu próprio trio e da Big Band durante anos antes de protagonizar um importante avanço no Palomar.
O nono de 12 irmãos de uma numerosa família judaica de Chicago, Goodman foi mandado por seu pai, aos 10 anos em 1919, tomar lições de clarineta com um dos membros do conjunto de “klezmer” — um gênero de música não litúrgica judaica desenvolvido a partir do século 15 pelos judeus da Europa Oriental — da sinagoga, na esperança de que uma carreira musical pudesse ser um caminho para sair da pobreza.
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Jovens do estado de Misssissipi dançam ao som do suingue
Já na adolescência, Goodman provou que seu pai estava certo e se tornou profissional da música. Aos 24 anos já granjeara suficiente êxito, o que lhe permitiu firmar um contrato com uma rádio de Nova York, levando ao ar semanalmente um programa denominado Let’s Dance.
Foi então que Goodman começou a tocar arranjos “quentes” compostos por um talentoso “bandleader” negro, Fletcher Henderson, arranjos que partiam do mais romântico estilo musical da época empregando ritmos soltos, suaves, alegres e sincopados, comuns aos conjuntos de jazz afro-americanos durante anos. O programa Let’s Dance de Goodman ia ao ar depois da meia-noite, horário de Nova York. Embora esse horário limitasse a audiência na Costa Leste do Atlântico, Goodman logo se depararia com uma enorme quantidade de fãs quando levou seu grupo pela primeira vez para a Costa Oeste do Pacífico, exatamente para Los Angeles, Califórnia.
Apresentação no Palomar Ballroom
Apesar de familiarizada com o excitante novo estilo de música de Benny Goodman, levado ao ar pelas ondas do rádio em suas apresentações de todas as sextas-feiras à noite, uma enorme e entusiasmada multidão de pessoas jovens acotovelou-se na estreia no Palomar Ballroom em 21 de agosto de 1935.
Era um promissor início que Goodman esperava ansioso a fim de consagrar uma turnê de verão pela costa oeste que de outra maneira poderia ser considerada um fracasso.
No entanto, Goodman deixou-se prender numa condução musical relativamente sisuda e formal de sua banda e com arranjos tradicionais na primeira parte do show daquela noite. Os músicos perceberam que o ânimo da plateia jovem estava se arrefecendo. Antes de retornar ao palco, terminado o intervalo, o baterista da banda, o genial Gene Krupa, instou Goodman: “Se tivermos de morrer, Benny, vamos morrer tocando as nossas coisas, do nosso jeito.”
Foi nesse instante que Benny Goodman pediu que os músicos pusessem na estante as partituras com os arranjos de Henderson. Pouco demorou  para que a enlouquecida plateia saltasse de suas cadeiras e se pusesse a dançar com imenso desfrute e alegria. Nascia o suingue.

Fonte: Opera Mundi


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