terça-feira, 22 de abril de 2014

Ucrânia: Relatório de Situação

23.04.2014
Ucrânia: Relatório de Situação. 20208.jpeg
A situação na Ucrânia continua caracterizada por completo caos e gradual e persistente fortalecimento da resistência no leste. Depois do ataque por forças pró-Kiev contra um ponto de controle da resistência em Slaviansk no fim de semana, o ministro Lavrov, de Relações Exteriores da Rússia acusou o regime de Kiev de ter quebrado o acordo.

    Depois do ataque por forças pró-Kiev contra um ponto de controle da resistência em Slaviansk[1] no fim de semana, o ministro Lavrov, de Relações Exteriores da Rússia acusou o regime de Kiev de ter quebrado o acordo.[2]

    Pode-se dizer que foi ataque decidido pelo Setor Direita (é a conclusão a que chegaram os falantes de russo, consideradas as armas e documentos que apreenderam) e que Kiev não tem controle sobre eles. É provavelmente bem verdade (embora o Setor Direita tenha negado qualquer envolvimento). Mas o regime também declarou que os manifestantes que atualmente estão ocupando a praça Maidan em Kiev tem autorização e lá estão legalmente. De fato, que o regime de Kiev não queira respeitar os termos do acordo, ou que não consiga fazê-lo, pouca diferença faz para os falantes de russo no leste: continuam a ter de enterrar muitos mortos e ainda enfrentam a mesma ameaça. Nesse vídeo, vê-se o que os bandidos do Setor Direita fizeram ontem a um falante de russo (não é preciso traduzir)[3].

    E esse é apenas um exemplo, dentre muitos.

    Outro vídeo esclarecedor é o de um homem parado à frente de um blindado, para detê-lo: (também aqui não é preciso traduzir)[4].

    Para ser bem honesto, tenho a sensação de que, agora, é absolutamente impossível qualquer solução negociada. O leste não tem com quem negociar.

    Nesse ponto, vejo se desdobrarem os seguintes desenvolvimentos:

    1) A resistência no leste obtêm mais armas, mais homens, mais pontos de controle, melhor comunicação e melhores organização e disciplina.

    2) Mais cidades no leste organização alguma espécie de referendo.

    3) O governo de Kiev continuará sem fazer coisa alguma.

    4) O Setor Direita continuará a tentar atacar os que ousem discordar.

    5) Os militares ucranianos não darão assistência ao regime de Kiev.

    6) O Ocidente continuará com os olhos escancaradamente fechados, defendendo o regime em tudo que faça ou deixe de fazer.

    Se isso está correto, o leste pode também esquecer qualquer ideia de federação e deve-se separar. Se a secessão for feita, eles provavelmente terão de se unir à Rússia, para sua própria segurança. Se o leste separar-se e pedir proteção à Rússia, a Rússia não terá alternativa além de oferecer ou tropas ou algum tipo de garantia de segurança. Seja como for, o Ocidente entrará em surto histérico de proporções monumentais, e a OTAN pode até organizar algum show monstro de manobras e exercícios militares, para mostrar o quanto o Ocidente está decidido a resistir, caso Moscou decida invadir a Polônia, a Alemanha ou, mesmo, Portugal.

    Quanto ao regime de Kiev, está realmente em total confusão. Às vezes, chega a ser cômico. Chegaram ao ponto de publicar uma carta aberta do Ministro de Assuntos Internos elogiando a polícia Berkut [polícia antitumultos] por sua coragem, e pedindo que ajudem a defender a Ucrânia.

    Se aqueles neonazistas estão agora pedindo ajuda dos mesmos policiais Berkut que eles atacaram, esfaquearam, apedrejaram, atacaram à bala, difamaram, queimaram vivos, humilharam e até já extinguiram como força policial... É sinal de que estão, mesmo, desesperados.

    Quanto ao Ocidente, perdeu toda a confiança que o leste tivesse nele, a tal ponto que duvido muito que alguém leve a sério as promessas do Ocidente.

    Se não estou errado, deve-se agora entrar numa fase de desordem ainda maior e racha.

    Permaneçam sintonizados.

    [assina] The Saker
    21/4/1932 UTC*/Zulu**
    21/4/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
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