quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Partículas de alta
energia são emitidas pelo buraco negro Sagitário A. Região tem 4 milhões
de vezes a massa solar e fica a 26 mil anos-luz daqui.
Imagem
composta a partir de registros em ondas de raios X e rádio mostram jatos
lançados pelo buraco negro Sagitário A, situado no centro da Via Láctea
(Foto: X-ray: Nasa/CXC/UCLA/Z. Li et al/Radio: NRAO/VLA)
O telescópio
espacial de raios X Chandra, da Nasa, e um radiotelescópio da Fundação
Nacional de Ciências dos EUA confirmaram a presença de jatos com
partículas de alta energia emitidos pelo buraco negro supermassivo
Sagitário A, localizado no centro da Via Láctea. Há décadas, astrônomos
buscavam evidências concretas desse fenômeno. Os novos resultados serão
publicados na próxima edição da revista científica "The Astrophysical
Journal".
Esse buraco negro tem 4 milhões de vezes a
massa do Sol e fica a cerca de 26 mil anos-luz de distância da Terra.
As observações do Chandra foram feitas entre setembro de 1999 e março de
2011, com uma exposição total de 17 dias. Estudos anteriores, feito com
vários telescópios, já haviam sugerido a presença de jatos desse tipo,
mas as conclusões eram contraditórias e não foram consideradas
definitivas.
Esta foi a primeira vez, portanto, que
pesquisadores obtiveram indícios mais fortes do que ocorre no "coração"
da nossa galáxia, destacou o principal autor, Zhiyuan Li, da
Universidade de Nanquim, na China. Jatos de partículas de alta energia
são encontrados em todo o Universo, em pequenas e grandes escalas. Eles
são produzidos por estrelas jovens e buracos negros até mil vezes
maiores que o Sagitário A, quando algum material cai na direção deles e,
depois, é redirecionado para fora.
Esses jatos têm um papel importante no
transporte de energia do núcleo do buraco para fora e também na
regulação do ritmo de formação de novos astros. Segundo o coautor do
trabalho Mark Morris, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, a
identificação desse processo ajuda a entender a direção do eixo de
rotação do buraco negro. Isso, consequentemente, pode fornecer pistas
importantes sobre a história do crescimento dele, diz Morris. O estudo
teve, ainda, colaboração do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT), em Cambridge.
Rotações paralelas
Os cientistas explicam que o eixo de
rotação de Sagitário A está paralelo ao da Via Láctea, o que indica que o
gás e a poeira migraram de forma constante para dentro desse buraco
negro nos últimos 10 bilhões de anos. A descoberta traz à tona alguns
detalhes sobre o passado da nossa galáxia, pois, se a Via Láctea tivesse
colidido com outras grandes galáxias "recentemente" e os buracos negros
delas tivessem se fundido com Sagitário A, os jatos emitidos poderiam
apontar para qualquer direção. Como atualmente Sagitário A está consumindo pouco material, seus jatos acabam aparecendo mais fracos nas imagens.
Emissões de partículas na direção oposta
provavelmente não são vistas por causa do gás ou da poeira que bloqueia a
visão da Terra, ou pela falta de material para abastecê-las. A região
em torno de Sagitário A também é fraca, o que significa que esse buraco
negro tem ficado "tranquilo" nos últimos cem anos. No passado, ele
chegou a ser pelo menos um milhão de vezes mais brilhante que hoje, de
acordo com os astrônomos. Além disso, em 2008 o telescópio de raios gama
Fermi, da Nasa, evidenciou que bolhas gigantes de partículas de alta
energia se estendem para fora da Via Láctea e são causadas pelos jatos
de Sagitário A – o que foi reforçado agora.
0 comentários:
Postar um comentário