sexta-feira, 29 de maio de 2015

Protestos contra terceirização e o ajuste fiscal ocorrem em 24 estados e no DF

Protestos contra terceirização e o ajuste fiscal ocorrem em 24 estados e no DF

Ao menos cinco pessoas ficaram feridas, sendo um deles detido, em São Paulo. No Rio, integrantes do MTST ocuparam a superintendência da Caixa Econômica em Niterói

O DIA
Rio - As centrais sindicais realizam nesta sexta-feira um dia de ampla paralisação do setor produtivo com o intuito de chamar a atenção para o fato de o custo do ajuste fiscal esta sendo imposto à classe trabalhadora e para manifestar contra o Projeto de Lei da Câmara 30/2015 (antigo 4.330/04) que regulamenta a terceirização no país. Ao todo 24 estados e o Distrito Federal aderiram os protestos. Entre eles Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantis.
Os trabalhadores protestam contra a medida provisória 664, que muda as regras para a concessão do auxílio-doença e pensão por morte, e contra a Medida Provisória 665, que dificulta o acesso ao abono salarial e ao seguro-desemprego.

Viatura da PM avança para dispersar manifestantes em São Paulo
Foto:  Reprodução TV Globo

Na capital paulista o ato foi encerrado às 11h. Os manifestantes começaram o protesto as 6h, na Ponte das Bandeiras, sobre a Marginal Tietê, caminharam pela Avenida do Estado e encerraram o ato no Parque Dom Pedro, no centro da cidade. As lideranças estimam que cerca de 500 pessoas participaram da manifestação em São Paulo. A Polícia Militar fez uma estimativa de 200 manifestantes.
Já no Butantã, capital paulista, o protesto foi marcado pela confusão. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), ao menos cinco pessoas ficaram feridas, sendo um deles detidos, após serem agredidos por policiais militares durante a manifestação, na manhã desta sexta-feira, perto da Universidade de São Paulo (USP).
O Sintusp informou ainda que a PM usou balas de borracha, bombas de gás e de efeito moral, sprays de pimenta, cassetetes e ainda desferiu socos e pontapés contra os ativistas. O sindicato relatou que a confusão ocorreu quando um dos manifestantes foi detido pelos policiais. Com isso, os ativistas tentaram intervir e foram dispersados com gás.
Segundo o levantamento da PM, feito às 8h, cerca de 300 pessoas caminhavam no momento do confronto da Avenida Alvarenga, em frente ao portão principal da USP, em direção à Rodovia Raposo Tavares.

MTST invade Caixa Econômica de Niterói, no Rio de Janeiro
Foto:  Reprodução Facebook

No Rio de Janeiro, os Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) ocuparam a superintendência da Caixa Econômica em Niterói, na Região Metropolitanada do Rio. De acordo com a Secretaria Nacional MTST, o protesto é contra o ajuste fiscal e exigindo o lançamento do MCMV 3.
Além disso, a paralisação afeta as aulas no Rio, já que tanto o sindicato dos professores municipais e estaduais quanto os sindicatos das universidades públicas decidiram suspender as atividades.
Minas Gerais
Mesmo com a decisão do Tribunal Regional do Trabalho em Minas Gerais (TRT-MG), determinando que os metroviários cumpram escala mínima com 50% dos trens circulando, a categoria optou por manter a paralisação geral nesta sexta-feira. Com isso, no início desta manhã, não há viagens de metrô.
Porto Alegre
Apesar da decisão judicial que proibiu na última quarta-feira a realização de piquetes nas empresas de ônibus em Porto Alegre (RS), trabalhadores fecharam na madrugada desta sexta-feira a porta da garagem da Companhia Carris, que atua no transporte coletivo da cidade.
Há um piquete de motoristas e cobradores neste momento no local. Eles participam do Dia Nacional de Paralisação e Manifestações Rumo à Greve Geral, convocado por entidades sindicais e movimentos populares do campo e da cidade.
Recife
A saída para o trabalho foi complicada na manhã desta sexta-feira, na Região Metropolitana do Recife. Embora o Grande Recife Consórcio de Transporte tenha anunciado reforço nas linhas de ônibus, especialmente nas áreas atendidas pelo metrô, quem tenta usar o transporte coletivo encontra dificuldades. O metrô funcionou das 5h às 9h. As estações, inclusive, estão sendo fechadas. Na saída da Estação Joana Bezerra, é possível encontrar motociclistas cobrando entre R$ 10 e R$ 30 pelo transporte.
Em Olinda e Paulista, também há relatos de não haver coletivos nas ruas, além dos ônibus vindos do interior do estado. Quem está em veículo próprio enfrenta engarrafamento em alguns pontos da RMR.
Além de operar no início da manhã, os metrôs votarão a funcionar das 16h às 20h, para garantir a volta dos trabalhadores para casa. “A gente conseguiu atender a grande demanda hoje cedo, já que esse é o horário de pico, que os trabalhadores se deslocam de casa para o trabalho. E a gente vai garantir o retorno do trabalhador que utilizar o metrô, para dar a população, que está tão prejudicada devido ao movimento grevista de hoje, o direito de ir e vir, utilizando o metrô do Recife”, disse o assessor do Metrorec, Salvino Gomes.
Parte dos funcionários aderiram à paralisação e os que compareceram ao trabalho conduziram a operação nos metrôs. “Essa operação foi toda conduzida pelos supervisores e inspetores de maquinistas. Temos também o pessoal das estação que abriu todas as 29 estações, o pessoal do controle de tráfego, da manutenção. O movimento teve adesões em todas as áreas, mas quem veio trabalhar ajudou”, explicou.
Liderança
A proposta libera a subcontratação nas atividades-fim de qualquer empresa privada. O movimento foi convocado pelas centrais sindicais CUT, CTB, UGT, NCST, CSP Conlutas e Intersindical. A Força Sindical, segunda maior central do país, decidiu não participar, por ser favorável à regulamentação da terceirização.
Com informações do iG


    CESAR MANGOLIN / Uma reflexão sobre a lei do “Assédio Ideológico”.

    Uma reflexão sobre a lei do “Assédio Ideológico”.

    Cesar Mangolin
    Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei de um deputado do PSDB que procura tipificar um novo crime: o assédio ideológico.
    Segundo o projeto do deputado bicudo e obtuso, pegaria até cadeia aquele professor que ensinasse os estudantes a partir de doutrinas e não de ciência, ou ainda, o professor doutrinador e não aquele que apresenta de maneira imparcial todas as possibilidades de explicação e todos as correntes de pensamento para que os estudantes pudessem livremente escolher como pensar.
    Três observações apenas:
    1º –  é óbvio que sua excelência tucana chama de doutrinador qualquer professor marxista, ou o que ele entende por isso, afinal estudar Marx dá muito trabalho. Conheço muita gente que se apresenta como marxista e faz apenas um belo discurso liberal. Muito mais ainda gente que nunca leu uma página de Marx e fala com tom de entendedor que sua teoria está superada, ou que suas previsões não deram certo, como se Marx tivesse gasto tempo com previsões e fosse um vidente com bola de cristal e não um homem de ciência…
    2º – com a experiência que já carrego no ensino superior, tenho certeza que é impossível para qualquer professor, em qualquer disciplina, passar de maneira adequada por uma corrente de pensamento apenas sem vulgarizá-la, quanto mais percorrer todas elas… Todavia, ainda que isso fosse possível, o processo de construção de conhecimento não corresponde necessariamente ao ato de “passar” para estudantes todas ou algumas correntes de pensamento de um tema qualquer… Embora praticada largamente, a educação bancária (que “deposita” conhecimento pronto na cabeça de estudantes – como chamava Paulo  Freire) não é capaz de construir conhecimento algum, nem a praticada por professores revolucionários, nem a praticada por professores conservadores e por apologetas da ordem, que constituem largamente a maioria dessa infeliz categoria. Tampouco estão, como regra, os estudantes realmente interessados em construir conhecimento, mesmo na faculdade… Compelidos aos bancos do ensino superior pela necessidade do emprego e pelo aumento das exigências de certificação escolar por parte das empresas, os estudantes e professores portam-se, no geral, como pessoas que cumprem protocolos e esforçam-se em provas para garantir que sua permanência por ali seja a mínima necessária. Chamei isso de exclusão prorrogada (conceito emprestado de Pierre Bourdieu) e o fenômeno de “sobrecertificação” num artigo de poucos anos atrás (quem quiser dar uma olhada, segue o link do artigo:  https://cesarmangolin.files.wordpress.com/2010/02/mangolin-sobrecertificac3a7c3a3o-e-expansc3a3o-o-ensino-superior-brasileiro-e-a-exclusc3a3o-prorrogada-de-pierre-bourdieu.pdf ).
    3º – a ilusão da imparcialidade pode levar a dois caminhos: o primeiro é o do dogmatismo próprio do positivismo, de que a ciência é verdadeira, neutra e imparcial; o segundo é o do relativismo teórico, próprio da moda “pós-moderna”. No primeiro caso o caminho é tratar a sociedade capitalista e o império da técnica como o último estágio do desenvolvimentos das sociedades humanas, que basta apenas aprimorar e colocar em ordem para ser perfeito; no segundo caso, temos a instauração do irracionalismo, pura e simplesmente. Presente já na “filosofia espontânea” do senso comum, derivado do individualismo próprio da sociedade burguesa, tratar a verdade subjetivamente, havendo como critério único o que cada um quer “achar”, ou o “olhar” particular e individual, parece até avançado e modernoso para muita gente que tem preguiça de estudar. Nos dois casos temos instrumentos poderosos para auxiliar a  reprodução da ordem burguesa: o primeiro porque a afirma como única verdade e resultado de inexorável processo da evolução histórica; o segundo porque torna impossível pensar a sociedade existente como estrutura, porque nega o conhecimento objetivo e impede pensar em transformações concretas de conjunto.
    É, na humilde opinião deste que escreve, um conjunto de besteiras esse projeto de lei, próprio de tucano reacionário que pretende pegar carona na onda conservadora que tem permitido com que as pessoas coloquem pra fora seus preconceitos e suas mesquinharias de maneira cada vez mais agressiva. Não acredito que o tal projeto se torne lei, mas assusta, sem dúvida, que apareça algo desse tipo.
    Sou contra, evidentemente, uma loucura dessas, porque sei a quais interesses serve e quais seriam os penalizados.
    Mas seria até curioso, se levássemos isso a sério, imaginar que estariam proibidos os que, de fato, doutrinam e vendem ilusões nas salas de aula. Tenho certeza absoluta de que os marxistas não formam a maioria dos professores. Antes fosse. Nosso quadro é formado por gente que, por sua vez, foi formada por professores que propagam ilusões sobre a sociedade burguesa. Ilusões mesmo, porque carecem de qualquer fundamento científico, ou do seu princípio básico, o postulado da objetividade. É inegável para qualquer um que tenha gasto o tempo necessário para estudar (e não é pouco tempo…) que Marx foi o único pensador capaz de, a partir do postulado da objetividade, portanto cientificamente, analisar e descrever o metabolismo e a anatomia do capitalismo, fazendo ao mesmo tempo a crítica das teorias econômicas que partiam de pressupostos falsos e ideológicos, como  o antropologismo idealista e o indivíduo. Não é por acaso que O Capital tem como sub título a “crítica da economia política”, que não tem como objetivo construir outra versão da economia política, mas a de demonstrar suas falácias, seus equívocos e sua distância do que se pode considerar ciência…
    Portanto, poderíamos imaginar, levando uma lei dessas a sério, que a maior parte dos professores estaria ferrada… Eles vendem ilusões nas salas de aula. Defendem que a sociedade na qual vivemos é um conjunto de relações individuais mercantis, vantajosas reciprocamente; afirmam que vivemos numa sociedade que permite a mobilidade social e possibilita a qualquer um ser o que quiser, dependendo apenas de sua vontade e de sua dedicação; defendem a meritocracia como princípio organizador das posições de indivíduos que vivem, objetivamente, em condições essencialmente desiguais; culpabilizam as vítimas excluídas do acesso aos gêneros necessários para manter a vida; defendem um sistema que mata centenas de milhares todos os dias pela fome, pela violência urbana, pela guerra; fazem com que todos acreditem que tomar a vida como sendo apenas o trabalho é o caminho para a emancipação; convencem que a vida bovina e honesta é o ideal; fazem com que os trabalhadores se tornem egoístas e vejam seus pares como concorrentes, não como companheiros; fazem com que lutem por sua própria escravidão como se lutassem pela liberdade; com que se rastejem sonhando com as alturas, satisfeitos por estarem no caminho correto, enquanto comem a poeira do chão…
    É isso que fazem os professores, como regra. A educação formal sempre foi um poderoso instrumento de reprodução da ordem, não de sua transformação. Vai continuar assim, para a frustração de educadores bem intencionados que alimentam ilusões com sua ação. Os professores são os agentes diretos da exclusão conformada, não os que podem levar à libertação.
    Nosso deputado bicudo deveria tomar cuidado com o que propõe: se levarmos a sério uma tal lei as salas de aula terão de ser quase todas fechadas. Não porque os professores são todos marxistas, como diz gente histérica por aí. Mas porque são, em sua maioria, doutrinadores e vendedores de ilusões acerca da ordem capitalista, formadores de carneiros, criadores de fantasias, ratificadores das nossas desgraças…

    quinta-feira, 28 de maio de 2015

    29 de maio é dia de Greve Geral contra o ajuste fiscal


    29 de maio é dia de Greve Geral contra o ajuste fiscal

    CUT, CTB, Intersindical, Conlutas, UGT e NCST farão em 29 de maio um Dia Nacional de Paralisação contra as MPs 664/665 e o PL 4330.
    Greve_GeralO Congresso Nacional mais conservador da história recente do Brasil vem aprovando, semana após semana, medidas que atacam os direitos conquistados pela classe trabalhadora e pelo povo brasileiro.
    É um parlamento de corruptos. A grande maioria dos deputados e senadores tiveram suas campanhas financiadas por grandes empreiteiras e corporações capitalistas, inclusive aquelas que estão envolvidas com a corrupção na Petrobrás. De rabo preso com os capitalistas, os deputados e senadores votam de costas para o povo e aprovam leis em interesse próprio.
    Na noite do dia 06 de Maio, o parlamento aprovou mais uma lei contra os trabalhadores. A Medida Provisória 665, defendida pela presidenta Dilma como parte do ajuste fiscal, ataca o direito ao seguro-desemprego e ao abono salarial, conhecido como Pis/Pasep.
    Apesar do apelo da CUT, quase todos os deputados do PT e do PCdoB votaram contra os trabalhadores e a favor da MP 665, demonstrando o grande compromisso desses parlamentares com o capital e com o ajuste fiscal que beneficia os mais ricos.
    Diante desse quadro, os trabalhadores e o povo só podem confiar na sua própria luta para barrar a retirada dos nossos direitos. É o momento de mobilizar todos os setores populares, da juventude e todas as categorias de trabalhadores para fazer uma grande greve geral que faça tremer os que pensam que podem atacar nossos direitos impunemente.
    Abaixo, reproduzimos a nota da Executiva Nacional da CUT de convocação da greve:
    A Direção Executiva da CUT, reunida em São Paulo no dia 05 de maio de 2015, reafirmou sua posição contrária à política de ajuste adotada pelo governo para enfrentar a crise econômica, assim como reiterou a luta que a Central vem desenvolvendo, junto com centrais sindicais e movimentos sociais parceiros, para defender os direitos, a democracia, a reforma política, a democratização dos meios de comunicação, a Petrobrás e para combater, com igual peso, a corrupção.
    A CUT reprova a atual política econômica do governo por ser incoerente com o projeto que os/as trabalhadores apoiaram e que foi vitorioso nas últimas eleições, por levar o país à recessão e por penalizar a classe trabalhadora com o desemprego, a retirada de direitos, a precarização das relações de trabalho e a regressão de políticas públicas. Considera inaceitáveis as perdas de direitos contidas nas MPs 664 e 665 e posiciona radicalmente contra sua aprovação no Congresso Nacional. No lugar de penalizar os setores menos favorecidos da população, as medidas de ajuste deveriam incidir sobre os setores mais abastados da sociedade que concentraram renda e poder sonegando impostos e se beneficiando de uma política tributária regressiva.
    A CUT questiona igualmente a eficácia da elevação da taxa de juros como medida de combate à inflação e seu efeito deletério na economia, ao provocar a elevação da dívida pública, limitar o investimento do Estado em infraestrutura e políticas públicas e inibir o investimento privado na produção. Reafirma a posição, explicitada na Plataforma da CUT, a favor de uma política que promova o crescimento econômico com inclusão social, proteja o emprego e a renda, preserve e amplie os direitos dos/as trabalhadores/as.
    A CUT é radicalmente contra o PL 4330, repudia a forma truculenta como foi submetido à votação na Câmara Federal e denuncia os parlamentares que votaram a favor do projeto como traidores da classe trabalhadora e ladrões de direitos. Questiona sua constitucionalidade e continuará a luta contra a terceirização nas ruas, nas redes sociais e no próprio Congresso Nacional, pressionando pelo seu arquivamento no Senado.
    A CUT questiona também a aprovação das PECs (PEC 215 na Câmara Federal e PEC 38 no Senado), que transferem a demarcação das terras indígenas do Executivo para o Legislativo, favorecendo os interesses do capital internacional e das empresas nacionais na apropriação dessas terras para o agronegócio, acentuando, dessa forma, a já impressionante concentração fundiária e de poder por parte de setores minoritários da sociedade brasileira. Reivindica também a abertura de diálogo para discutir os investimentos públicos nos portos e em transporte. Exige a aprovação da PEC das domésticas e a ampliação de seus direitos.
    A direção da CUT manifesta irrestrita solidariedade aos servidores públicos em greve, particularmente os professores, e repudia a forma brutal como suas legítimas manifestações foram reprimidas, como no Paraná, considerando essas ações um atentado aos direitos humanos e à democracia. Denuncia a degradação do ensino e das condições de trabalho na rede pública estadual e exige que essas condições sejam revertidas, assegurando-se a prioridade constitucional dada à educação. Reitera a necessidade de regulamentação da Convenção 151 da OIT que reconhece e regula a negociação coletiva no serviço público, assim como considera fundamental o reconhecimento do direito de greve no setor público.  Questiona, da mesma forma, os cortes federais na educação e as restrições impostas ao FIES, decorrentes da política de ajuste, que frustram as expectativas e interrompem a formação de milhares de estudantes universitários pobres.
    Finalmente, a CUT conclama suas bases a darem continuidade às lutas, ao lado dos movimentos sociais, no local de trabalho e nas ruas, em defesa dos direitos, da democracia e do projeto de desenvolvimento vitorioso nas últimas eleições. Essa luta ganhará intensidade com o Dia Nacional de Paralisação, em 29 de maio, rumo à greve geral.
    DIREITO SE AMPLIA, NÃO SE DIMINUI!
    PÁTRIA EDUCADORA SE FAZ COM INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO!
    PELA REFORMA POLÍTICA E PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA!
    CONTRA A CORRUPÇÃO E EM DEFESA DA PETROBRAS!
    29 DE MAIO: DIA NACIONAL DE PARALISAÇÃO E MANIFESTAÇÃO CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO, AS MPs 664-665 E EM DEFESA DOS DIREITOS E DA DEMOCRACIA!
    RUMO À GREVE GERAL!

    Falso Califado: perfeito ativo estratégico dos EUA

    280515 ei califatRedecastorphoto - [Pepe Escobar] O ocidente "civilizado" chora abundantes lágrimas de crocodilo, quando a pérola do deserto da Antiga Rota da Seda, Palmira, cai sob as garras do ISIS/ISIL/Daesh.

    Contudo, nem o Presidente Barack Obama dos EUA nem qualquer de suas 22 nações-vassalas pesadamente armadas que formam teoricamente a coalizão de vontades dele mandou para lá um drone equipado com míssil Hellfire, que fosse, contra os bandidos vestidos de negro do falso Califato.
    Pode-se argumentar que o ocidente "civilizado" prefere negociar com um Califato cheio de wahhabistas medievais intolerantes, a negociar com um "ditador árabe" secular que "se recusa a prostrar-se de joelhos ante o altar do neoliberalismo ocidental".
    Paralelamente, já se disse que os que armaram os degoladores da Frente Al-Nusra, também conhecida como al-Qaeda na Síria, ou ISIS/ISIL/Daesh são predominantemente sauditas – os maiores importadores de armas do planeta – que compram armas principalmente dos EUA, mas também da França e da Grã-Bretanha.
    E agora, documento de agosto de 2012, da Agência de Inteligência do Departamento de Defesa dos EUA [Defense Intelligence Agency (DIA)] que circulou por todas as mãos, do CENTCOM à CIA e ao FBI, obtido por ordem judicial pela empresa Judicial Watch, finalmente confirma o que passa por "estratégia" de Washington no Levante e na Península Árabe.
    E, assim como a proto-Al-Qaeda original fundada pela CIA, estabelecida nos anos 1980s em Peshawar, o ISIS/ISIL/Daesh, também conhecida como al-Qaeda 2.0, serve ao mesmo objetivo geopolítico.
    O resumo é que o ocidente "civilizado", ombro a ombro com vassalos tipo Turquia e petromonarquias do Golfo, "deram apoio" ao braço da al-Qaeda na Síria para desestabilizar Damasco – apesar de o Pentágono estar prevendo o resultado sinistro que disso adviria, como a emergência do ISIS/ISIL/Daesh (ver também matéria detalhada de Brad Hoff, em 22/5/2015, redecastorphoto: EUA – Agência de Inteligência da Defesa, 2012: Ocidente facilitará ascensão do Estado Islâmico 'para isolar regime sírio', Levant Report [traduzido] NTs).
    Pelo raciocínio do Pentágono, aí estaria um ativo estratégico de valor incalculável, a ser usado para "isolar o regime sírio".
    É irrelevante que o relatório da Inteligência da Defesa dos EUA não diga, com todas as letras, que o governo dos EUA inventou o ISIS/ISIL/Daesh, ou que favorece a al-Nusra na Síria ou o falso Califato no Iraque.
    O ponto chave é que o documento mostra que governo dos EUA fez nada, absolutamente nada, para impedir que a Casa de Saud, os vassalos no Conselho de Cooperação do Golfo e a Turquia "apoiassem" a "oposição" síria – naquele ardente desejo desses todos de facilitar a emergência de um estado salafista à parte no leste da Síria e atravessando a fronteira, incluindo território iraquiano.
    Agora, já não há observador bem informado que não saiba que a "guerra ao terô" iniciado pelo governo Cheney é completa fraude. Assim sendo, não é surpresa que a destruição planejada do "Siriaque" [orig. "Syraq"] atualmente em andamento ofereça ao complexo industrial militar dos EUA o pretexto perfeito para super armar, com bilhões de dólares em armas, a Casa de Saud, outros vassalos reunidos no CCG, Israel e Iraque.
    Essa confluência de interesses – geopolíticos, para o Pentágono; comerciais, para o complexo industrial militar – completa o cenário da Casa de Saud virtualmente ditar a política exterior do governo autodefinido de Obama como "Não faça merda coisa estúpida" no Levante e na Península Árabe.
    No início de junho/2015 haverá em Paris uma reunião de todos os 22 estados membros da coalizão de Obama. Até lá, o Pentágono terá de ter algum plano de o que fazer do seu ISIS/ISIL/Daesh; ir ao tudo ou nada e tentar aniquilá-lo (muito improvável), ou empurrar os esquadrões de paus-mandados na direção do Cáucaso (nada improvável). O mais provável, em todos os casos, é que a coisa continue como está.
    E a Rússia sabe de tudo
    O coronel-general Igor Sergun, chefe do Diretorado Superior de Inteligência [orig. Main Intelligence Directorate (ru. GRU)] do Comando Geral das Forças Armadas da Rússia praticamente jamais fala em público. Por isso, quando ele fala, as placas geopolíticas tectônicas se agitam.
    A análise de Sergun encaixa-se perfeitamente ao relatório da AID. Já há anos a inteligência militar russa concluiu – e agora está divulgando publicamente – que "o terrorismo islâmico" ou, de fato, a "guerra ao terô" toda ela, é ferramenta ocidental usada para esmagar nações soberanas que se atrevam a fazer oposição ao hegemon.
    E como todos nós sabemos, é claro que é muito mais fácil subverter e/ou esmagar Iraque, Líbia ou Síria, que Rússia ou China. Ou, por falar disso, o Irã.
    Entrementes, o Império do Caos tem de se empenhar muito para conseguir lidar com – ou exibir cara de quem estaria conseguindo lidar – com o revide gerado por sua posição de Dividir e Governar. No Iraque, a queda de Ramadi deu ao ISIS/ISIL/Daesh um grande impulso de Relações Públicas, em termos de alcance estratégico, para recrutar novos soldados e para levantar cada vez mais dinheiro. Fizeram a equipe-aquela, de "Não façam merda coisa estúpida", de idiotas.
    E os EUA não foram sequer espectadores secundários da queda. Ramadi caiu porque o governo de Bagdá recusou-se a dar armas às tribos sunitas da província de Anbar. O falso Califato atacou a cidade com uma frota de 30 caminhões carregados de explosivos e com suicidas-bomba ao volante. As tribos que defendiam a cidade tiveram de desaparecer, porque sabiam que seriam massacrados pelos bandidos do Califato.
    E o que fazia o Pentágono naquele momento? Nada – contradizendo a errada acusação do El Supremo do Pentágono, Ash Carter, para quem as forças iraquianas não tinham "vontade de lutar". O Pentágono também nada fez em Tikrit, quando os norte-americanos recusaram-se a lutar contra o falso Califato ao lado de milícias xiitas comandadas por oficiais vindos do Irã e que se reportavam diretamente ao famosíssimo super comandante da Força al-Quds, brigadeiro-general Qassem Suleimani.
    É Irã contra os degoladores
    Agora a queda de Ramadi deixa bem claro que a verdadeira potência que está dando combate ao ISIS/ISIL/Daesh no Iraque é o Irã, não os EUA. Milícias xiitas já estão sendo incorporadas às forças de segurança do Iraque.
    Ezzat al-Douri, ex-n.2 de Saddam Hussein – que os EUA não prenderam até hoje – tem distribuído mensagens sobre a urgente grande necessidade de ajuda armada que venha dos suspeitos de sempre, Arábia Saudita, ainda que os sauditas tenham tentado armar as tribos em Anbar, através da Jordânia. Adivinhem quem disse "não"? Washington. Segundo as tortuosas e vacilantes regras do governo Obama, a Jordânia só poderia fazer o jogo dos sauditas se viesse uma autorização de Bagdá, que nunca veio.
    Essa confusão quase impenetrável é só um exemplo do jogo duplo que o Império do Caos joga nessa "guerra ao terô" – que se resume à elaborada farsa que é a "luta" contra o ISIS/ISIL/Daesh em todo o "Siriaque".
    Aconteça o que acontecer em Washington no futuro próximo, sob Hillary "Viemos, vimos, ele morreu" Clinton ou sob Jeb "Meu irmão acertou na invasão" Bush, não se vê nem sinal de que o governo dos EUA pare algum dia de usar o "terrorismo islamista" como ativo estratégico.
    Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

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