terça-feira, 13 de dezembro de 2016

M K Bhadrakumar / Quão vil é o fracassado Obama?

Quão vil é o fracassado Obama?


por M K Bhadrakumar [*]
Ao considerar o presidente Barack Obama, alguém recentemente escreveu que atribuir a políticos o status de fracassado só porque eles estão prestes a chegar ao fim dos seus mandatos é como assumir que um leão idoso não tem dentes. Afinal de contas, Obama outrora era poderoso.

Pelo menos na arena da política externa, ele recusa-se a ser tímido – embora, paradoxalmente, não sofra pressão pública ou do Congresso. As conversas de Obama com líderes europeus no fim de Novembro viram-no estabelecer a agenda dos discursos transatlânticos para o seu sucessor Donald Trump. A seguir, a reunião de ministros da NATO de ministros do exterior em Bruxelas, no princípio desta semana, enfatizou que Obama pode ter assegurado que a acomodação de Trump com a Rússia será infinitamente mais complicada do que se poderia pensar. Numa curiosa inversão de papéis, são os aliados da NATO dos EUA que tomaram ao establishment estado-unidense a iniciativa de se oporem à abordagem de Trump a relações com a Rússia.

Entretanto, Obama é selectivo. Ele flutua como uma borboleta sobre a Ásia-Pacífico, evita a Baia de Guantanamo como a peste, mas pica como uma abelha quando a questão é Vladimir Putin. O antagonismo é visceral. É difícil definir como começou, mas a Ucrânia e a Síria devem ter algo a ver com isso. Dito simplesmente, Putin foi mais esperto do que ele em ambas as questões e, pior ainda, fez Obama parecer um "perdedor".

A China pode ter esvaziado mortalmente o balão de Obama destinado à Ásia e foi bastante hábil para fazer parecer que este colapso se tenha devido a uma fuga numa válvula. Por sua vez, ninguém esfregou o nariz de Obama na areia recordando-lhe que não manteve a palavra sobre o encerramento da Baia de Guantanamo. Mas a Ucrânia e a Síria, ao contrário, destacam-se como monumentos vivos do seu fracasso como homem de estado. Ele tornou-se o motivo de gargalhadas na Rua Árabe, em Jerusalém, Istambul e Cairo.

Mas Obama não herdou do presidente George W. Bush os problemas na Ucrânia e na Síria; foi ele próprio que os criou. Obama não tinha de pressionar a "mudança de regime" na Ucrânia, com o derrube de um governo eleito, simplesmente porque o presidente em exercício não era suficientemente "pró americano". Nem tinha ele de incitar a Turquia e os aliados americanos do Golfo a sequestrarem a Primavera Árabe na Síria – mais uma vez, pressionando a "agenda de mudança de regime" para remover do poder um dirigente não desejoso de servir os interesses dos EUA naquela região.

Obama fracassou miseravelmente em realizar seus objectivos em ambos os projectos. Naturalmente, ele foi suficientemente sensível para não assumir riscos na Ucrânia armando Kiev ou colocar "botas no terreno" na Síria. Mas o desastre em si é fundamentalmente demasiado trágico – dois países soberanos e independentes que são estados membros das Nações Unidas jazem em ruínas.

Míssil Stinger.A Síria, em particular, é o fantasma de Obama. Ele agora está a considerar um projecto de intensificar dramaticamente fornecimentos de armas a grupos sírios da oposição. Estas armas podem incluir mesmo mísseis anti-aéreos portáteis fabricados nos EUA. Dito simplesmente, Obama pode obter daí o prazer mórbido de estes sistemas avançados de mísseis poderem alvejar os jactos russos. Mas a experiência passada mostra que as armas americanas inevitavelmente chegam a grupos extremistas. Por que um acto tão insano por parte de um presidente em fim de mandato?

Por outro lado, a Rússia alegou que os militares dos EUA providenciaram a grupos de oposição coordenadas para que alvejassem um hospital de campanha russo na região de Alepo, matando dois paramédicos e um médico. Evidentemente a administração Obama espera atar as mãos de Trump, o qual na semana passada disse pela enésima vez:
Nós (os EUA) cessaremos de correr para o derrube de regimes estrangeiros de que não sabemos nada, com os quais não deveríamos estar envolvidos. O nosso foco, ao invés, deve ser derrotar o terrorismo e destruir o ISIS, e nós o faremos. Não queremos ter forças armadas esgotadas porque estamos por toda a parte a combater em áreas que não deveríamos estar a combater. Não vamos ser esgotados nem mais um minuto... Construiremos nossa força militar não como um acto de agressão, mas como um acto de prevenção. Em suma, procuramos a paz através da força.
A administração Obama quer manter a chama da guerra viva na Síria de modo a que aliados regionais dos EUA entendam a insinuação apesar da queda iminente de Alepo. Há muito simbolismo no acto vil (dastardly) da administração cessante em levantar o embargo sobre o fornecimento de armamento avançado a grupos sírios [NR]quando restam apenas 40 dias de mandato.

Encontramos uma atitude perversa semelhante também na frente diplomática. O ministro russo do Exterior, Sergey Lavrov, pôs a nu numa conferência de imprensa em Hamburgo na sexta-feira o que realmente está a acontecer na rubrica das "consultas" russo-americanas. Leia a notícia da TASS aqui . 
09/Dezembro/2016

[NR] Presidential Determination and Waiver -- Pursuant to Section 2249a of Title 10, United States Code, and Sections 40 and 40A of the Arms Export Control Act to Support U.S. Special Operations to Combat Terrorism in Syria

O original encontra-se em blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2016/12/09/how-lame-is-lame-duck-obama/ 


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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