sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

MLB...novos Lanceiros Negros


“A gente só sai daqui morto”, dizem os novos Lanceiros Negros


A pedido do governo Sartori, a Justiça determinou nesta quinta-feira a reintegração de posse imediata do prédio público ocupado por famílias engajadas no MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas), no centro de Porto Alegre.
Eles se auto-intitulam “Ocupação Lanceiros Negros”, em alusão aos escravos que lutaram junto aos Farrapos em troca da alforria ao fim da guerra, mas acabaram assassinados numa emboscada enquanto dormiam, de madrugada.
A decisão de removê-los à força foi do juiz Rogério Delatorre, da 7ª Vara da Fazenda Pública, e foi emitida no momento em que representantes da Ocupação Lanceiros Negros participavam da reunião de um grupo de trabalho criado pelo governo do estadual para mediar conflitos fundiários.
“Fomos traídos duas vezes: a primeira foi quando o procurador Jorge Terra veio aqui, marcou uma reunião e no mesmo dia pediu a reintegração de posse; a segunda vez foi hoje: enquanto a gente estava na reunião do grupo de trabalho, o juiz estava dizendo que tem que tirar as famílias de imediato”, criticou Nana Sanches, integrante da coordenação da ocupação.
Pela decisão, a Brigada Militar pode a qualquer momento fazer a retirada forçada dos ocupantes. Na semana passada, a Justiça já havia concedido pedido de reintegração de posse, com prazo de 72 horas.
O movimento entrou com um agravo de instrumento, para tentar suspender a reintegração, mas o agravo foi negado.
Hoje, a Justiça concedeu novo pedido, desta vez para cumprimento imediato. O movimento convocou uma coletiva de imprensa no início da noite desta quinta-feira. Até então, o oficial de justiça não havia ido até o prédio.
O edifício pertence ao Estado e está ocupado por cerca de cem pessoas desde o dia 14 de novembro. São famílias oriundas de bairros pobres da cidade, como o Morro da Cruz, Nova Chocolatão e Lomba do Pinheiro. O prédio estava desocupado há cerca de dez anos.
Movimento responsabiliza Procuradoria Geral do Estado
No edifício de quatro andares, foram organizadas uma creche comunitária e uma cozinha coletiva. A ocupação é formada por famílias – crianças, adolescentes, idosos, inclusive grávidas.
“Não levaram em consideração as famílias, em nenhum momento nos perguntaram nossos nomes, quantos filhos a gente tem, se alguém tem algum lugar para morar. A PGE é responsável por isso e vai ser responsável por qualquer coisa que acontecer aqui dentro”, criticou Nana Sanches.
O movimento pretende resistir em caso de tentativa forçada de desocupação. “A gente só sai daqui morto. E com os que sobrarem, nós vamos invadir o Palácio”, afirmou Patrícia Farias.

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