sexta-feira, 31 de julho de 2015

Jones Makaveli / Sobre a questão da fome na Coréia do Norte

Sobre a questão da fome na Coréia do Norte

Comentários, dados e informações, sobre o problema da fome na República Popular Democrática da Coreia. Pelo graduando em História (pela Universidade Federal de Pernambuco), Jones Makaveli.
https://i0.wp.com/veja0.abrilm.com.br/assets/images/2013/3/132479/coreia-do-norte-kim-jong-un07032013-size-598.jpg
Os monopólios de mídia mundial continuam sua incessante campanha difamatória contra a Coréia do Norte. A notícia da vez, de novo, é dizer que existe grande fome absoluta no país, milhares de pessoas morrendo e vários casos de canibalismo acontecendo. Antes de dizer o que realmente acontece no país, é importante desnudar o viés racista dessas notícias. Os países centrais do capitalismo historicamente se “confundem” com o Ocidente “branco” e propagaram a falácia racista de que os povos da África e Ásia são bárbaros, atrasados, incivilizados, etc. Essa notícia do canibalismo – que é falsa – parte da mesma ideia do povo inferior, bárbaro, incivilizado, brutal, desumano.
A Coréia do Norte têm uma população de 25 milhões de habitantes. Só 16% do seu território é agricultável (a maioria do território é montanhoso). Os solos são de baixa produtividade e contém desgaste milenar (a civilização coreana têm mais de 5 mil anos). A Coréia tem forte tecnologia, investe muito no aumento da produtividade dos solos, uso de alimentos transgênicos e distribuição planejada e racional dos alimentos produzidos. Mesmo com essa tecnologia e forma de distribuição dos mantimentos, a Coréia necessita importar alimentos, mas sofre um dos bloqueios econômicos mais brutais do mundo. O bloqueio contra a Coréia é até mais violento que o contra Cuba e o Irã. A Coréia praticamente só tem relações comerciais fortes com China e Rússia e nenhum dos dois países é forte exportador de alimentos.
Contudo, mesmo tendo uma situação alimentar difícil, não existe esse déficit absoluto de alimentos. A alimentação dos coreanos é realmente pobre, pouco diversificada, a situação alimentar é preocupante, mas fome absoluta não existe. Além disso, como já ficou claro acima, a situação de insegurança alimentar não é de responsabilidade do governo (ou do sistema econômico-político); causas naturais e o bloqueio do imperialismo é que explicam os problemas do país. Ao mesmo tempo, é claro para qualquer pessoa que conhecesse minimamente os problemas da fome na história do capitalismo, que sem uma economia planificada de distribuição de alimentos racional a situação do povo coreano estaria muito pior.
Por que os monopólios adoram usar a ideia de fome na Coréia do Norte? A resposta é simples e divide-se em duas questões básicas: afirmar que um país pós-capitalista como a Coréia do Norte não consegue nem prover alimentos para seu povo é uma forma de “provar” a superioridade do capitalismo sobre qualquer outro sistema econômico-político alternativo; a Coréia do Norte realmente teve problemas de fome absoluta com a morte de várias pessoas nos anos 90, depois do fim da União Soviética. A URSS era a principal parceira comercial da Coréia, sua queda foi uma tragédia para os coreanos (como foi para Cuba) e a crise econômica foi de proporções brutais, porém, ao final dos anos 90 a crise econômica na Coréia já tinha sido superada e o país não teve mais crises de fome absoluta.
A maioria das notícias que o “Ocidente” publica sobre a Coréia do Norte vem da Coréia do Sul. A Coréia do Sul tem uma lei de segurança nacional proibi qualquer elogio mínimo à Coréia do Norte. Essas notícias bizarras e grotescas não têm qualquer fundo de verdade, não passam de instrumentos vulgares de propaganda do imperialismo – através dos monopólios de mídia – e é vergonhoso qualquer pessoa que se pretenda de esquerda ao invés de combater essas mentiras, reproduzi-las de forma acrítica.
Mais informações:
– Entrevista com o ex-embaixador brasileiro na Coréia sobre vários temas do país (inclusive a questão da “fome”): https://www.youtube.com/watch?v=OK2_JvZhFj4
https://www.youtube.com/watch?v=9OZ48Bj6kRI
– Um importante texto sobre a geopolítica e a posição da Coréia do Norte:http://www.pragmatismopolitico.com.br/…/o-que-quer-a-coreia…
— Jones Makaveli

Manlio Dinucci* / O pacto militar entre Grécia e Israel

O pacto militar entre Grécia e Israel

Manlio Dinucci*
31.Jul.15 :: Outros autores
Não é apenas na vergonhosa capitulação face à troika que o governo Syriza-Anel manifesta a sua verdadeira natureza. A vassalagem ao imperialismo, que Tsipras já garantira na visita pré-eleitoral aos EUA, concretiza-se agora na integração plena na estratégia da NATO para a região, e na cooperação com o Estado sionista, peça-chave nos planos imperialistas de expansão e agressão.


Quando Tsipras chegou ao poder na Grécia tocaram em Israel as sinetas de alarme: o Syriza apoiava a causa palestina e podia por fim á cooperação militar da Grécia com Israel. Face à brutal repressão israelita contra os palestinos, advertia Tsipras, «não podemos permanecer passivos, pois o que sucede na outra margem do Mediterrâneo pode suceder amanhã na nossa costa».
Sete meses passados calaram-se os alarmes: Panos Kammenos, ministro de Defesa do governo Tsipras fez uma visita oficial a Telavive onde, a 19 de Julho, assinou com o homólogo israelense, Moshe Ya’alon, um importante acordo militar. Para esta decisão, Kammenos, fundador do novo partido da direita grega ANEL, escolheu precisamente o momento em que a Grécia se encontrava atenazada com o problema da dívida. O «acordo sobre o status das forças», comunica o ministério da Defesa grego, estabelece um quadro jurídico que permite ao pessoal militar de cada um dos países deslocar-se e permanecer no outro país, com o objectivo de participar em exercícios e actividades de cooperação». Um acordo idêntico a este, Israel só assinou um com os Estados Unidos. Na agenda das conversações também está incluída uma referência à «cooperação na indústria militar» e na «segurança marítima», particularmente nas jazidas de gás «offshore», que Israel, Grécia e Chipre consideram sua «zona económica exclusiva», não reconhecendo as reivindicações da Turquia.
Em cima da mesa das negociações também esteve «a questão da segurança do Médio Oriente e do Norte de África». Dando eco às declarações de Moshe Ya’alon que denuncia o Irão como «gerador de terrorismo, cuja ambição hegemónica mina a estabilidade dos outros Estados», Kamenos declarou que «também a Grécia se encontra ao alcance dos mísseis iranianos; e ainda que um só chegasse ao Mediterrâneo poderia acabar com os Estados da região». A decisão de contactar a chefia das forças armadas israelenses tem como objectivo estabelecer uma coordenação mais estreita com as forças armadas da Grécia. Ao mesmo tempo, o chefe da marinha militar helénica, o vice-almirante Evangelos Apostolakis, assinou também com o seu homólogo israelense um acordo de cooperação, não muito explícito, sobre «serviços hidrográficos». O pacto militar com Israel em nome do governo de Tsipras não é apenas uma vitória pessoal de Kammenos. Ele insere-se na estratégia dos EUA/NATO e na sua ofensiva para Leste e para Sul com o objectivo de integrar mais estreitamente a Grécia na aliança Atlântica, e também de forma mais ampla numa coligação de países onde se inserem Israel, Arábia Saudita, Ucrânia e outros.
O secretário-geral da NATO, Stotenberg, declarou que o «pacote de resgate» da UE à Grécia é «importante para toda a OTAN» já que a Grécia é um «sólido aliado que investe mais de 2% em Defesa (nível só semelhante na Europa ao alcançado pela Grã-Bretanha e a Estónia).
Para a NATO é especialmente importante a base aeronaval da baía de Suda, em Creta, permanentemente usada nos últimos anos pelos EUA e outros aliados na guerra contra a Líbia e nas operações militares na Síria. Graças ao pacto da Grécia com Israel é agora utilizável, também na sua função anti-Irão.
Neste quadro estratégico, aprofundam-se as contradições entre a Grécia e Israel por um lado e a Turquia no outro. Na Turquia, a NATO mantém outras 20 bases e o comando das forças terrestres que em nome da «luta contra o EI» bombardeia os curdos do PKK (os verdadeiros combatentes anti-EI), e juntamente com os EUA prepara-se para ocupar a faixa setentrional do território sírio. Escudando-se no art.º 4º do Pacto Atlântico, que refere as ameaças à segurança e à integridade territoriais.
* Geógrafo e analista político

Este texto foi publicado em: http://ilmanifesto.info/il-patto-militare-grecia-israele/

Tradução de José Paulo Gascão

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Vento de pulsar é tão forte que faz um buraco no disco de sua estrela companheira


pulsar buraco disco estelar

Um pulsar em movimento rápido parece ter feito um buraco no disco de gás em torno da sua estrela companheira, lançando um fragmento desse disco a uma velocidade de cerca de 6,43 milhões de quilômetros por hora. O Observatório de Raios-X Chandra, da NASA, está seguindo este objeto cósmico, que parece estar ganhando agilidade enquanto se move.


O arranjo bizarro da dupla
O sistema PSR B1259-63 / LS 2883 (ou apenas B1259) contém dois elementos: uma estrela com cerca de 30 vezes a massa do sol e um pulsar, uma estrela de nêutrons ultradensa que é resultado da explosão de supernova de uma estrela ainda mais massiva. O pulsar emite pulsos regulares à medida que gira 20 vezes por segundo, e se move em uma órbita altamente elíptica em torno da sua estrela companheira. A combinação da sua rotação rápida e campo magnético intenso gerou um forte vento de partículas de alta energia, que está se afastando do pulsar perto da velocidade da luz.

Sua enorme estrela companheira, enquanto isso, gira em volta de um disco de gás. À medida que o pulsar faz sua maior aproximação a cada 41 meses, ele passa por este disco. Estes dois objetos estão em um arranjo cósmico incomum e deram-nos a oportunidade de testemunhar algo especial”, disse George Pavlov da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, principal autor do estudo. “À medida que o pulsar moveu-se através do disco, parece que ‘socou’ um monte de material para fora”.


Vida curta ao disco?
Mesmo que o aglomerado seja bastante grande, abrangendo uma centena de vezes o tamanho do nosso sistema solar, também é muito fino. O material tem massa equivalente a toda a água nos oceanos da Terra. “Depois que o material estelar foi nocauteado, o vento do pulsar parece ter acelerado, quase como se tivesse um foguete anexado”, disse o coautor da pesquisa Oleg Kargaltsev, da Universidade George Washington, nos EUA. Os astrônomos observaram B1259, que está localizado a cerca de 7.500 anos-luz da Terra, três vezes usando o Chandra entre dezembro de 2011 e fevereiro de 2014.

As observações mostram o material do disco se afastando de B1259 a uma velocidade média de cerca de 7% a da velocidade da luz. Os dados também indicam que o aglomerado foi acelerado a 15% da velocidade da luz entre a segunda e a terceira observações. Isso só mostra o quão poderoso o vento que sopra de um pulsar pode ser”, disse outro coautor do estudo, Jeremy Hare, também da Universidade George Washington. “É tão forte que poderia estripar o disco inteiro em torno da sua estrela companheira ao longo do tempo”.

Fonte: Hypescience.com

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    quarta-feira, 29 de julho de 2015

    Colômbia / São necessárias novas medidas de desescalada(FARC-EP).

    São necessárias novas medidas de desescalada.


    As FARC-EP registramos como positiva a decisão presidencial de suspender os bombardeios contra nossos acampamentos, num gesto que se corresponde com a ordem ministrada pelo Secretariado das FARC-EP de cessar todo tipo de ações ofensivas contra a Força Pública e a infraestrutura pública e privada em todo o país a partir do último 20 de julho. Sem dúvida, a determinação do senhor presidente é uma medida que contribui para gerar um clima de confiança propício para avançar na discussão dos temas pendentes do Acordo Geral de Havana.
    Em meio a um novo ambiente que se começa a gerar, depois do acordo firmado pelas partes no último 22 de julho, conhecido sob o título “Agilizar em Havana e desescalar em Colômbia”, se faz necessário acordar novas medidas que aprofundem e consolidem este processo de desescalada, para que cada vez seja mais remota a possibilidade de que este esforço possa se lançar a perder.
    Tal como ficou consignado em nossa ordem de cessar-fogo ministrada a todas as unidades: “Nenhuma unidade das FARC-EP está obrigada a se deixar golpear por forças inimigas e terá todo o direito ao exercício de sua legítima defesa em caso de ataque”.
    A propósito, queremos chamar a atenção sobre fatos recentes que sucederam nos estados do Cauca e Nariño, onde o avanço das operações terrestres contra as posições insurgentes pôs em risco o cessar-fogo unilateral das FARC-EP. Somente a prudência das unidades guerrilheiras tem evitado que se apresentem fatos lamentáveis nestes casos.
    La Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 28 de julho de 2015
    DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC EP.

    -- 

    Norte da Síria: Governo turco ataca curdos e não ISIS!

    27 de julho de 2015

    Os EUA ea Turquia tem um Algo * * Plano

    De acordo com várias notícias relatórios os EUA ea Turquia acordaram em fazer algo no norte da Síria.Mas não parece haver acordo sobre qualquer outra coisa. Existe desunião sobre o objectivo de algo bem como sobre o alvo de qualquer coisa operação. Os meios para alcançar algo estão em disputa. Até mesmo o espaço geográfico em que algo é suposto acontecer é indefinido. A única questão acordada além de fazer algo é jogar os curdos, a força mais bem sucedido contra o Estado islâmico, até agora, sob o ônibus. 
    Considere todas as advertências e indefinição geral no NYT relatório sobre o "acordo":
    BAGDÁ - Turquia e os Estados Unidosconcordaram em termos gerais, em um plano que prevê aviões de guerra americanos, insurgentes sírios e as forças turcas que trabalham em conjunto para varrer os militantes do Estado Islâmico de uma 60-milha-longa faixa de norte da Síria ao longo da fronteira turca, americano e As autoridades turcas dizem.O plano criaria o que as autoridades de ambos os países estão chamando de uma zona de livre-Estado Islâmico controlada por insurgentes sírios relativamente moderados , que os turcos dizem também poderia ser [...]
    [...] muitos detalhes ainda têm de ser determinado , incluindo o quão profundo a tira se estenderia para a Síria, [...]
    [...] "detalhes ainda precisam ser trabalhados , [...] [.. .] [...] o plano enfrenta os mesmos desafios que há muito aflige a política americana na Síria. [...] Qualquer que seja o objetivo , [...] levantando a questão de que eles vão fazer [..] [. ..] [...] questões também permanecem sobre quais os insurgentes sírios e quantos estarão envolvidos na nova operação. [...] Relativamente moderado foram treinados em um programa secreto da CIA, mas no campo de batalha são muitas vezes enredado ou trabalhando em conjunto com mais linha-dura islâmicos insurgentes.





    Em outra complicação , os ganhos para esses insurgentes viria às custas de milícias curdas da Síria
    [...] As autoridades turcas e líderes da oposição síria estão descrevendo o acordo como algo [...] Mas autoridades americanas dizem [...] ele foi não incluídasno acordo de surpresa alcançado na semana passada [...] [...] funcionários dos Estados Unidos disse turcos e americanos estavam trabalhando em direção a um acordo sobre os detalhes de uma operação [...] [...]Isso é uma objetivo ambicioso militar [...] As autoridades americanas enfatizaram que a profundidade da zona tampão a ser estabelecida foi um dos detalhes operacionais importantes que ainda tinham de ser decidido . [...] Os insurgentes , bem como os seus apoiantes na Síria oposição eo Governo turco, já estão prevendo o plano como um passo em direção a [...] [...] As autoridades americanas nos últimos meses têm argumentado para homólogos turcos [...] [...]Mas até agora [. ..] [...] Por outro lado , o novo plano [...] [...] "Qualquer enfraquecimento da ISIS será um privilégio para nós no campo de batalha", disse Ahmad Ali Qara, um porta-voz Ahrar al- Sham, um grupo insurgente que muitas vezes aliados com a Frente Nusra, Síria afiliado da Al-Qaeda. [...] [...] Tais insurgentes árabes sírias ganharia em detrimento das Unidades de Proteção do Povo, uma milícia curda conhecido pela YPG iniciais que está a tentar tomar o mesmo território do leste. Enquanto os Estados Unidos vêem o grupo como um dos seus melhores parceiros no terreno, a Turquia vê-lo como uma ameaça; [...] [...] [...] desafios para esta estratégia fronteira ainda permanecem , as autoridades americanas reconheceram. [...] As autoridades americanas [...] reconheceu [...]



    (Será que percebemos a nova categoria "em relação moderado" o NYT introduzido aqui por insurgentes anti-Síria? Esta especialmente para Ahrar al Shams como laia que são quase indistinguíveis da al-Qaeda.)
    A imprecisão deste "acordo" me deixa supor que os turcos railroaded os negociadores norte-americanos com o seu anúncio surpresa sobre o uso da base aérea de Incirlik, na semana passada. Esse anúncio veio depois de um telefonema entre Obama e Erdogan.Será que eles realmente concordar em nada, mas jogando os curdos sob o ônibus, com a Turquia agoradescascar as suas posições na Síria?
    Ou é esta indefinição sobre a estratégia de um estratagema administração para fazer parecer como se ele é arrastado para a sua política por um aliado.Se as coisas correrem mal ele poderia, então, sempre culpar a Turquia por overreaching.
    Ou a administração intencionalmente cometer a nada e apenas dando Erdogan corda suficiente para se enforcar?
    Será que o governo Obama ainda tem a autoridade legal para apoiar os "moderados" alqaeda "rebeldes" com ataques aéreos? Até agora ele não poderianomear qualquer.
    Tanto Faz.
    Este algo plano tem pouca chance de conseguir qualquer coisa, mas mais guerra e caos na Síria, Turquia e Iraque. Algo irá falhar.
    Postado por b em 10:42 | Comentários (65)

    26 de julho de 2015

    Guerra da Turquia contra os curdos Realinha curdos sírios com seu governo

    Um curto atualização para de ontem (corrigida) póssobre a situação na Turquia e na Síria.
    Última semana ataque suicida em uma reunião de jovens socialistas, na sua maioria curdos atribuídas ao Estado Islâmico foi, provavelmente, uma operação clandestina iniciada pelo serviço secreto de Erdogan.Eu discuti a possibilidade de tal ataque de um mês atrás: os militares turcos Rejeita planos de guerra de Erdogan - "False Flag" Necessário? . O ataque contra os curdos foi então usada para justificar uma operação contra o Estado islâmico. Mas essa operação só é fingido. Essa alegação de atacar o Estado Islâmico de Erdogan é único teatro e que seu verdadeiro objetivo é uma guerra contra os curdos que lutam o Estado Islâmico pode ser visto melhor na esses tweets:
    SlemaniTimes
    Turquia detém 593 pessoas por acusações de terrorismo, embora apenas 32 ​​são membros #ISIS, o resto são de partidos curdos.
    (A expressão "partidos curdos" não é completamente correto aqui. Algumas pessoas do partido marxista DHKP-C, que não é em sua maioria curda, foramtambém presos .)
    de ontem:
    CNNTURK_ENG :
    Fontes dizem CNN Türk #BREAKING noite passada jatos turcos fizeram 159 missões contra acampamentos #PKK em N.Iraq & atingiu 400 alvos pic.twitter.com/oGVJmKsGbs
    CNNTURK_ENG :
    Fontes #BREAKING dizer CNN Türk ontem à noite não havia nenhum ataque aéreo contra #ISIS, os alvos foram atingidos pelo fogo tanque perto #Kilis.
    No post de ontem eu nomeado como um dos Erdogans visa a: ". Rally nacionalista para uma nova rodada de eleições para o lado de Erdogan fechado o HDP curda a partir da próxima eleição para novamente ganhar uma maioria AKP definitivas."
    Hoje, o líder da direita nacionalista MH Partido e vice-líder do Partido AK de Erdogan chamado para a proibição da HDP esquerdista de participar nas próximas eleições provavelmente esta queda. O HDP ganhou 12% na última eleição e é o partido que também está representando os curdos do PKK.Chutando para fora o HDP garantiria que AKP de Erdogan poderia atingir mais uma vez uma maioria absoluta dos assentos do parlamento. Ele poderia, então, continuar com o plano de Erdogan para mudar a Constituição e para mover todos os poderes executivos para o escritório do presidente que ele ocupa.
    Dois soldados mortos, outros quatro feridos em atentado no sudeste da Turquia , que garante uma maior escalada tit-for-tat do conflito revivido entre os curdos eo Estado turco.
    Turquia apelou a reunião consultiva NATO ao abrigo do capítulo 4. Eu duvido muito que as suas operações, obviamente, em apoio ao Estado Islâmico, receberá ajuda oficial da NATO.
    Na Síria Presidente Assad realizou um discurso público e descreveu a situação atual no país. Notícias Reuters: Assad da Síria: Exército com foco na exploração áreas mais importantes
    O presidente sírio, Bashar al-Assad, disse neste domingo o exército tinha sido forçado a desistir de áreas, a fim de sustentar os mais importantes em sua luta com os insurgentes ...
    Reuters, e outros que agora relatam isso, é um pouco tarde para o jogo. Que o governo sírio decidiu manter o exército principalmente para holdable posições defensivas foi relatado e explicado aqui em 4 de junho (!):
    O ataque paralelo de Estados Unidos, Turquia e GCC apoiado al-Qaeda "rebeldes moderados" e islâmicos jihadistas Estado exige que o governo sírio concentra suas capacidades e ativos e se move para uma posição defensiva.Esta não é uma mudança estratégica de curso ou um sinal de fraqueza, mas um movimento tático.A sacrificar as unidades do exército esgotado na defesa ainda mais partes periféricas menores e, assim, indefensável do país seria simplesmente imprudente.
    Os curdos na Síria e seu líder muçulmano Salih estão sob ataque do Estado Islâmico e agora também da Turquia. Eles têm agora oferecido para se reconciliar com o seu único parceiro de confiança, o governo sírio. Salih muçulmano disse que os curdos iria se juntar ao exército sírio se que o exército iria mostrar uma "nova mentalidade". Ele falou favoravelmente do pai de Bashar al Assad e suas relações com os curdos e discutidas várias formas de federalismo.
    ESTE É ENORME!
    Se o governo sírio aceitar esta oferta para negociações (provavelmente!) E garantir algum tipo de autonomia curda dentro de alguma estrutura sírio Federal do exército sírio iria recuperar a mão de obra para ir novamente na ofensa. Apoiado pelo Irã e Rússia e unida com os curdos do exército sírio seria novamente o poder dominante no país e provavelmente será capaz de retomar a insurgência e áreas ocupadas islâmicos.
    Postado por b em 13:36 | Comentários (45)
    fonte:   Lua do Alabama

    terça-feira, 28 de julho de 2015

    Neil Clark / Alexis Tsipras: o último ‘esquerdista’ a vender-se aos banqueiros

    Alexis Tsipras: o último ‘esquerdista’ a vender-se aos banqueiros

    Neil Clark
    28.Jul.15 :: Outros autores
    A chamada “esquerda radical” da Grécia é apenas a última de uma longa lista de “radicais” e “esquerdistas” a traírem o povo que neles votou e a cederem às exigências do capital financeiro imperialista internacional.


    A única coisa surpreendente da capitulação de Alexis Tsipras à troika é toda a gente ter ficado surpreendida.
    Na Grã-Bretanha, tivemos em 1931 a nossa própria versão da “crise” grega. E, tal como hoje, foi um político nominalmente de “esquerda”, o líder do Partido Trabalhista Ramsay Macdonald, que depois alinhou com os banqueiros contra a vulgar gente trabalhadora. Aconteceu um “golpe de banqueiros” que substituiu o governo trabalhista democraticamente eleito por um novo governo nacional aprovado pelo capital, que se mexeu para introduzir cortes radicais na despesa pública e reduziu o pagamento aos desempregados. O novo governo era dominado pelos conservadores, mas tinha os vira-casacas “socialista MacDonald ao leme e outro traidor trabalhista Philip Snowden como Lord do Selo Privado.
    Os banqueiros londrinos disseram a MacDonald: “A causa do problema não foi financeira, mas política, e reside na total vontade de confiança no Governo de Sua Majestade entre os estrangeiros,” recorda o historiador A.J.P. Taylor, citando a biografia de Neville Chamberlain por Keith Feiling. Na campanha para as eleições gerais de Outubro de 1931, Philip Snowden (em breve “visconde Snowden”), dirigiu-se viciosamente contra os seus camaradas do Partido Trabalhista afirmando que o seu programa anti-austeridade era “loucura bolchevista.”
    Tal como hoje Alexis Tsipras, MacDonald e Snowden disseram ao seu povo que não havia alternativa ao programa que aceitaram executar. Mas, tal como hoje, havia uma alternativa (há sempre uma), só que os banqueiros não a aprovaram.
    Outra traição vergonhosa ao povo por um partido de “esquerda” aconteceu na Hungria em 1994. Os húngaros, fartos de quatro anos de queda do seu nível de vida desde o fim do “comunismo gulache”, votaram para o poder o Partido Socialista Húngaro, cujas principais figuras eram ex-comunistas. Os socialistas, segundo se acreditava, iriam moderar as reformas de “mercado” e preservar as melhores partes do antigo sistema. A sua vitória nas eleições lançou o alarme nos círculos de elite ocidentais: “Os comunas estão de volta na Hungria e tem que se fazer alguma coisa!”
    O primeiro-ministro Gyula Horn, que tinha atacado a ideia de privatização da energia, acabou por mudar de rumo sob enorme pressão do capital financeiro internacional e seus emissários políticos. No início de 1995, fez precisamente isso com uma curva em U. Demitiu os ministros genuinamente socialistas e nomeou um professor universitário fanaticamente neoliberal, Lajos Bokros, para realizar grandes cortes na despesa. Os socialistas e seus parceiros de coligação “Democratas Livres” lançaram grandes privatizações, incluindo no sector da energia que passou para as mãos de grandes empresas ocidentais. As pessoas da classe trabalhadora que em 1994 tinham votado em grande número nos socialistas foram bela e verdadeiramente traídas, mas os homens do dinheiro internacional esfregaram as mãos de contentes com os lucros que agora podiam conseguir na Hungria. Horn, apresentado como perigoso esquerdista pelos media pró-capitalistas em 1994, era agora saudado como grande “reformador” e o homem que punha a Hungria firmemente no caminho da adesão à UE e à NATO.
    Os partidos socialistas francês e espanhol seguiram também idêntica trajectória nos anos 80. Em 1981, havia um enorme optimismo depois da eleição de François Miterrand como primeiro presidente socialista da V República. Os socialistas arrancaram realmente bem, lançando um grande programa de nacionalizações e aumentos de benefícios e pensões para a terceira-idade. Mas, em 1983, houve uma reviravolta e os socialistas franceses enterraram o socialismo e abraçaram a austeridade e a “modernização.” Aconteceu o mesmo abandono em Espanha, depois da eleição de Felipe Gonzalez em 1982 e na Alemanha, depois da eleição do SPD em 1998. Neste caso, o ministro das Finanças genuinamente socialista Oskar “Vermelho” Lafontaine foi demitido após menos de cinco meses no governo, para acalmar os poderosos poderes financeiros.
    Na Grã- Bretanha, sabemos demasiado bem o que aconteceu após a eleição de Tony Blair e do “New Labour” em 1997, depois de 18 anos de governo conservador. Os “progressistas” do “New Labour” meteram o país numa guerra ilegal contra o Iraque ao lado dos neoconservadores hardcore americanos (assim como numa guerra ilegal contra a Jugoslávia socialista em 1999), enquanto internamente faltaram à renacionalização dos caminhos-de-ferro (uma promessa de Tony Blair quando na oposição) e prosseguiram políticas económicas neoliberais que a gente de dinheiro da City, de Wall Street e de Berlim e o bilionário magnata dos media Rupert Murdoch alegremente apoiaram.
    De facto, podemos dizer que a história dos governos “esquerdistas” ou “progressistas” no poder na Europa dos últimos trinta anos tem sido a história de uma traição atrás da outra. O último revés, na Grécia, é mais uma prova de que devemos ter extremo cuidado com os rótulos. Ironicamente, têm sido por vezes políticos conservadores, que não se reclamam de ser de esquerda, quem tem defendido a soberania nacional e os interesses dos trabalhadores, melhor do que aqueles que dizem estar do lado “progressista”.
    Charles de Gaulle, presidente da França entre 1959-69, é um caso desses. Sempre desconfiado do poder do dinheiro e do fundamentalismo de mercado, introduziu uma economia mista e um Estado-providência e presidiu à maior subida do nível de vida para as pessoas vulgares na história da França. “Era um homem que não se interessava pelos que tinham riqueza, desprezava o burguês e odiava o capitalismo”, foi este o veredicto do biógrafo de De Gaulle, Jean Lacouture.
    De Gaulle não apenas não se interessava pelos que tinham riqueza, ele próprio não se interessava muito pela riqueza. Apesar de ocupar a mais alta posição do Estado durante dez anos, morreu na penúria – em vez de aceitar a pensão a que tinha direito como presidente na reforma e general, ficou apenas com a de coronel. O contraste entre De Gaulle e os políticos de carreira de hoje, obcecados com o dinheiro, não podia ser maior.
    Lembremos que De Gaulle, o homem que “desprezava o burguês e odiava o capitalismo”, era chamado “conservador”, não “esquerdista radical”. De facto, os chamados “esquerdistas radicais” protestavam contra ele em 1968 com figuras dirigentes dessa “rebelião” que se tornaram entusiastas “intervencionistas liberais” pró-NATO nos anos 90 e 2000.
    É também interessante comparar a posição assertiva que o muito criticado governo “conservador” da Hungria tem mantido contra a gente do dinheiro internacional, incluindo o FMI e a UE, com a forma como o primeiro-ministro de “esquerda radical” da Grécia capitulou. O governo de Viktor Orban foi atacado por Bruxelas por ter enfrentado empresas de energia estrangeiras, mas os cortes obrigatórios levaram a grandes reduções na conta dos combustíveis.
    O “conservador” Orban fez indiscutivelmente mais para aliviar o sofrimento do povo húngaro do que o “esquerdista radical” Tsipras fez com os gregos. Com a sua maneira gaullista e dirigista, provou ser mais “socialista” do que os seus opositores socialistas, os quais, quando estiveram no poder, governaram o país apenas em benefício de Washington e Bruxelas e dos bancos estrangeiros.
    Lembrando os que não se “venderam”
    Um dirigente socialista que decididamente não traiu o seu povo foi Bruno Kreisky, chanceler da Áustria entre 1970-83. Kreisky tornou claro que não estava interessado em coligações com outros partidos que diluíssem a sua política socialista e foi recompensado com uma maioria clara nas três eleições. Kreisky pôs sempre o interesse da gente trabalhadora primeiro. Durante a campanha para as eleições de 1979, afirmou que preferia ter o governo com um défice do que as pessoas perderem os empregos. “Centenas de milhares de desempregados são mais importantes do que uns milhares de milhões de xelins de dívida,” declarou o grande socialista.
    Outro “esquerdista” que pôs o seu povo em primeiro lugar foi o falecido Hugo Chávez. Ao contrário da maior parte dos dirigentes “progressistas” europeus, que começaram como radicais, mas se deslocaram inexoravelmente para posições neoconservadoras/neoliberais, o falecido presidente da Venezuela tornou-se mais socialista à medida que os anos passaram. Em 2009, disse “Cada fábrica deve ser uma escola para educar, como Che Guevara disse, para produzir não apenas tijolos, aço e alumínio, mas também acima de tudo o novo homem e mulher, a nova sociedade, a sociedade socialista.”
    O preço de desafiar a gente do dinheiro internacional e não fazer o trabalho sujo com os trabalhadores pode ser elevado.
    Salvador Allende, o presidente marxista do Chile democraticamente eleito pagou com a vida. Foi derrubado num golpe que levou ao poder o general Pinochet, que iniciou a reestruturação da economia do Chile em benefício do capital ocidental com a ajuda de economistas neoliberais da Universidade de Chicago.
    Os “esquerdistas” que não se venderam eram todos homens de princípios, com profundo empenho no socialismo. Bruno Kreisky, por exemplo, passou tempo na prisão na Áustria nos anos 30 devido às suas convicções. Compare-se o seu firme empenhamento na causa socialista com as posições oportunistas de François Miterrand. Miterrand, de acordo com o seu biógrafo Philip Short, virou-se para o socialismo “menos por convicção do que por um processo de eliminação.” Trata-se de um homem que, ao fim e ao cabo, tinha trabalhado tanto para a França de Vichy, como para a Resistência e que tinha descrito os comunistas como “um sofrimento”. Foi fácil para Miterrand enterrar o socialismo em 1983, visto que não lhe tinha qualquer ligação ideológica forte.
    Os acontecimentos dos últimos dias demonstraram o mesmo sobre o empenhamento de Alexis Tsipras para acabar com a austeridade. Os defensores do primeiro-ministro grego tentam manter que ele não tinha outra opção que não render-se, mas isso é claramente contrário à verdade. Podia e devia ter tornado claro que, a não haver concessões importantes da troika relativamente à dívida grega, levaria o seu país para fora do euro.
    “Sobre a Declaração da Cimeira do Euro sobre a Grécia: primeiros pensamentos” – Yanis Varoufakis (@yanisvaroufakis), 14 de Julho de 2015 http://t.co/7TTsbOrkof
    A ameaça de deixar o euro foi uma carta de trunfo que Tsipras recusou jogar porque pôs o “ser bom Europeu” acima do fim da austeridade e do sofrimento do seu povo. O primeiro-ministro grego podia também ter jogado com o medo das elites europeias de a Grécia se aproximar mais da Rússia e da China ameaçando retirar-se da UE e da NATO. Podia ter nacionalizado os bancos. Mas, não fez nada disso. Em vez disso, sorria e brincava com os inimigos do seu país enquanto concordava em fazer da Grécia uma colónia de facto da UE e do capital internacional.
    A dimensão da traição de Tsipras ao povo grego é verdadeiramente chocante. Apenas 10 dias antes, os gregos tinham votado por maioria significativa “Oxi” às exigências da Troika. Agora, Tsipras concordou com ainda mais cortes do que os rejeitados, assim como colocar 50 mil milhões de euros dos activos nacionais do país num fundo de segurança de privatizações totalmente sob supervisão da EU. E isto da parte de um homem cujo partido tinha prometido na campanha eleitoral em Janeiro acabar com as privatizações. O acordo que Tsipras aceitou é tão duro que até o FMI o criticou.
    O povo grego estava pronto para resistir, mas é evidente que Tsipras não estava.
    Não se trata de as massas gregas não estarem preparadas para lutar pela sua existência, trata-se de a “esquerda” social-democrata as ter enganado ao render-se — Phil Greaves (@PhilGreaves01) 14 Julho, 2015
    O jornal Daily Telegraph citou o estudante de 23 anos Marios Rozis. Todos estavam felizes no domingo; tinha sido uma decisão amadurecida contra a austeridade. Hoje, sinto que o referendo aconteceu para nada.”
    O Partido Comunista Grego (KKE), para seu crédito, previu exactamente o que ia acontecer. Tinham argumentado que só podia haver fim para a austeridade com uma “verdadeira rotura” com a UE, a NATO, o FMI e as forças do capital e com a adopção de um sistema económico alternativo. Mas, claro, foram escarnecidos e desautorizados como dinossauros pela “esquerda moderna” pró-UE que achava que Tsipras e o Syriza tinham todas as respostas.
    Agora, Tsipras, o “esquerdista radical” pediu ao Parlamento grego que aprove medidas mais extremas do que qualquer coisa que os governos conservadores na Grécia se tinham atrevido a propor. Da mesma forma que só um político republicano de direita como Richard Nixon podia “ir à China”, só um político “progressista” podia ter hipótese de fazer passar no parlamento grego estas propostas extremamente regressivas.
    Aqueles que acreditam que a troika tentava ver-se livre de Tsipras falham num ponto importante: é melhor para os credores da Grécia que seja um “radical de esquerda” como Tsipras a tentar fazer passar estas medidas, do que uma figura da “direita”. De facto, o capital financeiro internacional gosta mais quando são os partidos nominalmente de “esquerda” que fazem o trabalho sujo para eles, porque os dirigentes desses partidos tentarão apresentar as “reformas” como algo de algum modo “bom para as pessoas comuns”.
    Em última análise, a única coisa “radical” em Alexis Tsipras foi não usar gravata.
    “Foi fachada” diz o veterano e premiado John Pilger de Tsipras e seus “camaradas”. Não eram radicais no sentido do cliché usual, nem eram “anti-austeridade”.
    A lição que precisamos de tirar da traição verdadeiramente épica de Tsipras é nunca julgar os políticos pela aparência e não nos deixarmos ir pelos rótulos que os media dão aos partidos. Em vez disso, as questões que precisamos de colocar são: quão genuíno é o compromisso dos políticos com a causa e quão contraditórias são as posições que tomam?
    A Grécia prova-nos que se pode ser pró-Euro ou anti-austeridade, mas não ambas as coisas.
    Alexis Tsipras pôs o seu compromisso com uma moeda colonial acima de tudo o resto e, ao fazê-lo, será lembrado como mais um pseudo-esquerdista que alinhou com os banqueiros contra o seu próprio povo.
    - Neil Clark é jornalista, escritor, radialista e autor de blogue. Escreveu para diversos jornais e revistas no Reino Unido, incluindo The Guardian, Morning Star, Daily e Sunday Express, Mail on Sunday, Daily Mail, Daily Telegraph, New Statesman, The Spectator, The Week, e The American Conservative. É convidado regular de RT e tem aparecido também na BBC rádio e TV, Sky News, Press TV e Voice of Russia. É co-fundador de Campaign For Public Ownership @PublicOwnership. O seu premiado blog encontra-se em www.neilclark66.blogspot.com. Usa o tweeter para política e assuntos mundiais @NeilClark66
    Tradução: Jorge Vasconcelos

    segunda-feira, 27 de julho de 2015

    Prabhat Patnaik /Greece for Sale

    Greece for Sale


    por Prabhat Patnaik [*]
    Vamos esquecer por um momento que mesmo o FMI, que acontece ser um dos maiores credores da Grécia, reconheceu agora publicamente que é irrealista esperar que a Grécia reembolse toda a sua dívida. Vamos assumir que à Grécia não pode ser dado qualquer alívio da dívida, mas que tem de reembolsá-la, um certo montante a cada ano. Mesmo assim há dois caminhos para fazer com que a Grécia reembolse esta dívida. Um é através da tomada de mais bens e serviços gregos gratuitamente como forma de pagamento da dívida, o qual basicamente significa que a Grécia obtem um excedente de transacções correntes na sua balança de pagamento, através de uma procura acrescida pelas suas exportações do seu principal país credor (ou de qualquer outro, pouco importa), cujas receitas sigam para o pagamento da dívida grega. O outro é através de activos gregos serem liquidados (sold off)aos seus credores (ou a qualquer outro organismo, pouco importa, com as receitas da venda sendo utilizadas para pagar os credores).

    A diferença entre as implicações económicas destes dois caminhos é enorme. Considere-se o primeiro caminho. Uma vez que a economia grega está constrangida pela procura, um aumento no seu excedente de exportação (o que é o modo como um aumento no excedente da conta corrente seria efectivado) através de um aumento das suas exportações (e não através de uma redução das suas importações, a qual é o que a "austeridade" procura alcançar), teria o efeito de aumentar sua produção e emprego. Além disso, por causa do efeito "multiplicador" deste processo inicial na produção, através de excedente de exportação ampliado, o aumento total na produção seria muito maior. Exemplo:   se o excedente de exportação aumenta em 100 devido a maior procura externa, e se o consumo privado habitualmente metade do produto total da economia, então, mesmo com a despesa do governo grego e com o investimento privado permanecendo na mesma, o aumento total na produção da economia grega seria 200. (Pode-se pensar que neste cálculo não considerámos o aumento nas importações que seria provocado por um aumento no produto, mas isto não é assim:   estamos a falar de um aumento de 100 no excedente da exportação,isto é, no excesso das exportações sobre as importações). Destes 200 extra, o aumento do consumo privado absorverá 100 e o excedente exportado outros 100.

    A Grécia nesta situação teria reembolsado 100 aos seus credores sem nenhum custo para si própria, ao contrário, ao fazer assim, ela teria elevado a produção interna, o emprego interno e o consumo interno, sem fazer quaisquer cortes no investimento interno ou na despesa governamental com pensões, salários, transferências de pagamentos e tudo o mais.

    Este ponto é muito pouco apreciado. A propaganda burguesa acerca da Grécia adopta tipicamente a seguinte forma, a qual aliás persuade mesmo muitas pessoas progressistas:   os gregos viveram para além dos seus meios por longo tempo, porque, sugere-se, eles são preguiçosos, indolentes, relaxados e ineficientes, ao contrário dos diligentes e industriosos trabalhadores alemães. Tendo vivido para além dos seus meios por tanto tempo, eles agora não têm outra alternativa senão apertar os cintos, aceitar a "austeridade" e impor um corte na sua absorção interna de bens e serviços. De facto este corte na absorção interna terá de ser particularmente drástico e portanto a "austeridade" particularmente severa, se tiverem não só de se privar de quaisquer novos empréstimos do exterior como também de reembolsar os empréstimos que já receberam. Portanto ninguém precisa lamentá-los porque foram eles que provocaram isto.

    ABSURDO CONCEPTUAL 

    O absurdo empírico deste argumento tem sido amplamente denunciado. Proposições tais como os gregos são preguiçosos e indolentes; a dívida grega resulta inteiramente de factores gregos sem conexão com a crise económica mundial; a dívida grega acumulou-se porque o país viveu continuamente para além dos seus meios e que a acumulação nada tem a ver com as próprias políticas impostas sobre a Grécia pelos seus credores; tudo isto tem-se mostrado absolutamente vazio. Mas o que não recebeu tanta atenção foi o absurdo conceptual deste argumento.

    Este argumento baseia-se inteiramente na suposição de que a economia grega sempre foi e continua a ser caracterizada pelo pleno emprego, que sempre foi e continua a ser constrangida pela oferta o que é diferente de ser constrangida pela procura. 
    A necessidade do aperto de cinco, e da austeridade como meio de chegar a isso, não pode resultar numa economia na qual os recursos jazem inutilizados. Ela pode resultar numa economia constrangida pela oferta, porque só nesse caso a absorção interna tem de ser reduzida para dar espaço a um excedente de exportação que possa ser utilizado para reembolsar dívida. Numa economia constrangida pela procura, a dívida pode ser reembolsada através da geração de um excedente de exportação, mesmo quando a absorção interna aumenta,através do emprego de recursos ociosos, desde que a procura por exportações esteja acessível no exterior.

    Dito de modo diferente:   se o governo grego simplesmente desse vouchers ao invés da sua dívida para os seus credores e, através deles (com adequada intervenção fiscal, sem dúvida) às populações dos países credores, para umas férias gratuitas na Grécia, então numerosos pássaros teriam sido mortos com uma só pedra. O povo dos países credores teria experimentado uma melhoria nos seus padrões de vida através de umas férias grátis na Grécia, paga efectivamente pelos direitos que os seus países possuem em relação à Grécia; a Grécia teria liquidado a sua dívida na medida do valor dos vouchers; o emprego interno; o produto interno e mesmo o consumo interno na Grécia teria melhorado em consequência do influxo vouchers possuídos por turistas e, naturalmente, haveria muito melhor sentimento de solidariedade dentro da Eurozona.

    Mas não é deste modo que o capital financeiro opera. Ele não está interessado em oferecer férias grátis na Grécia aos povos sob sua jurisdição. Na generalidade, um aumento nas exportações gregas, para gerar um excedente mais amplo para a Grécia, só pode acontecer de modos que são anátema para o capital financeiro. Cada um deles envolve um estímulo à procura, a qual, para ser realista, tem de ser nas economias excedentárias da Europa, na Alemanha em particular. Tal estímulo pode assumir a forma de maior consumo por parte da população interna (da qual umas férias grátis na Grécia é um exemplo) ou assumir a forma de maior despesa governamental. Aumentar o consumo da população interna como meio de liquidar a dívida possuída pelo país vai contra a ética do capitalismo, a qual, como resumiu o economista marxista polaco Michal Kalecki , sustenta:   "você deve ganhar o seu pão diário com o suor da sua testa a menos que tenha meios privados". E em relação ao aumento da despesa governamental, a única que é favorecida pelo capital financeiro é aquela que o beneficia e isto no contexto actual tem pouco efeito gerador de procura.

    Segue-se portanto que a mais óbvia, a mais humana, a mais razoável saída do imbroglio da dívida grega, que é através de uma expansão da procura na economia europeia (tal expansão, a propósito, não representa uma ameaça de provocar quaisquer dificuldades de balança de pagamentos para a Europa como um todo), é descartada pois na Europa há efectivamente uma ditadura do capital financeiro. O que o capital financeiro ditou à Grécia, ao invés, é mais "austeridade" que procura reduzir as importações gregas gerando nova recessão e desemprego, bem como uma transferência forçada da propriedade de activos gregos para capitalistas estrangeiros.

    Uma parte importante do novo acordo imposto à Grécia é o estabelecimento do Fundo de Desenvolvimento de Activos da República Helénica (TAIPED), o qual será monitorado por responsáveis estrangeiros e organizará a venda de tudo o que o Estado grego possui:   portos marítimos, ferrovias, utilities, aeroportos internacionais e mesmo o local das Olimpíadas. O dinheiro arrecadado através de tais vendas irá para a liquidação da dívida grega. Isto, ironicamente, é a decisão da União Europeia, a qual tem pretensões de ser o mais "civilizado" lugar do mundo!

    IMITANDO O AGIOTA 

    Toda criança indiana sabe que é exactamente isto o que tem feito o agiota de aldeia ao camponês endividado ao longo da nossa história, especialmente sob o colonialismo, quando foi estabelecida toda uma parafernália de tribunais para forçar o cumprimento de "contratos". Ele tomava a terra, os utensílios, a mobília miserável que o camponês possuía, os insignificantes ornamentos que a esposa do camponês havia trazido consigo ao casar, tudo ao invés da dívida do camponês. Inúmeros contos, romances, peças e filmes foram escritas em todas as línguas da Índia sobre a crueldade dos agiotas para com os camponeses. Mas hoje, ironicamente, temos os governos das mais "civilizadas" nações do mundo a imitarem, na sua visão colectiva, a cupidez do agiota de aldeia indiano!

    Tsipras, cartoon de Fernão Campos.Dois pontos são especialmente dignos de nota aqui. Primeiro, por causa da "austeridade" que continua e se intensifica, os preços destes activos foram imensamente reduzidos devido a uma queda na sua taxa de utilização. Segundo, como todos os compradores potenciais destes activos estão bem conscientes do facto de que o governo grego é pressionado a efectuar estas vendas tão rapidamente quanto possível a fim de cumprir suas obrigações de dívida, todos eles aguardam o momento propício e lançam os preços ainda mais para baixo. Portanto, não só a nação chamada Grécia está a ser despojada dos seus activos públicos que estão agora a ser transferido para proprietários capitalistas estrangeiros como também isto está a ser feito a preços perdulários! Uma vez que muitos destes novos proprietários seriam "operadores não confiáveis" ("fly-by-night operators") que têm pouco interesse em realmente administrar estes activos ou utilizá-los para finalidades produtivas, a economia grega está com efeito a ser destruída de modo muito barato.

    Victor Grossman, na Monthly Review Zine, vê um paralelo entre o que está a acontecer na Grécia e o que aconteceu na RDA há um quarto de século, quando foi estabelecido um Fundo de Privatização para vender activos públicos a toda espécie de trapaceiros que estavam mais interessados em vender activos obtidos a preço da chuva (asset-stripping) do que em administrá-los para as finalidades a que se destinavam. Do ponto de vista do capital alemão há na verdade uma semelhança entre as duas situações, a qual se estende mesmo ao desejo em cada um dos casos de "punir" a população por ter apoiado um regime de esquerda. Contudo, há uma importante diferença. Eric Honecker não presidiu a destruição da economia da RDA, mas Alexis Tsipras está a presidir a destruição da economia grega. 
    26/Julho/2015

    [*] Economista, indiano, ver Wikipedia

    O original encontra-se em peoplesdemocracy.in/2015/0726_pd/greece-sale . Tradução de JF. 


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

    Max Altman / Antes de acordo, Tsipras deveria ter feito como Fidel: perguntar se povo está disposto a resistir

    Antes de acordo, Tsipras deveria ter feito como Fidel: perguntar se povo está disposto a resistir


    Ainda que pressionado pelo autoritarismo neoliberal da Alemanha, o premiê não tinha o direito de contrariar o desejo do povo grego expresso em referendo
    As exigências financeiras feitas pela “troika” (Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional), sob a hegemonia da Alemanha, durante os anos a partir de 2008, destroçaram a economia grega, levaram ao desemprego em massa, que atingiu duramente 25% da população economicamente ativa, ao colapso do sistema financeiro. As drásticas medidas de austeridade impostas empurraram a dívida externa dos 128% para os 177% do PIB, absolutamente impagáveis. A economia se deteriorou dramaticamente com as receitas fiscais em queda livre, produção, emprego e renda em forte descenso, quebra de empresas e negócios com avidez de capital que não mais existia.
    O impacto social e humanitário foi espantoso: 40% das pessoas passaram a viver na  pobreza, boa parte na miséria, os suicídios se multiplicaram, a mortalidade infantil cresceu aceleradamente e o desemprego entre os jovens chegou perto de 50% entre outras drásticas mazelas.
    Uma disseminada corrupção, evasão de divisas, sonegação fiscal endêmica e uma contabilidade fraudada do governo grego anterior do social-democrata Pasok estiveram na origem do problema da dívida. O povo grego arcou então com boa parte da austeridade, verdadeiro arrocho, imposto pela chanceler alemã, Angela Merkel: salários foram cortados; gastos sociais governamentais, podados; pensões, reduzidas; privatizou-se; e, as relações de trabalho foram desregulamentadas, com aumento de impostos. Uma conjuntura econômica que não era vista na Europa desde os anos 1929-1933. O medicamento prescrito por Berlim e pela “troika” longe de curar a doença, provocou hemorragia.

    Agência Efe

    Max Altman: 'Tsipras não tinha o direito de contrariar a manifestação de seu povo, expressa uma semana antes em referendo'
    Com esse cenário de fundo, feriram-se as eleições de janeiro de 2015. O partido de esquerda Syriza venceu o pleito valendo-se de uma plataforma de nítido enfrentamento à política de austeridade da “troika”. Seu líder, o jovem Alexis Tsipras, foi conduzido à chefia de governo.
    Cinco meses de intensas negociações se passaram para a reconfiguração da dívida. Esse duro processo, conduzido pela “troika” numa inesgotável sucessão de chantagens, condicionamentos e pressões, tinha por objetivo central impor uma humilhante derrota à pretensão de Atenas de manter, ainda que minimamente, sua soberania política e o controle das finanças. Tramava-se e se preparava o terreno — e isto foi denunciado pelo ministro grego Yanis Varoufakis — para que a Grécia fosse retirada da zona do euro (o chamado 'Grexit') com o fim de disciplinar os Estados membros que viessem a resistir aos seus planos. O que se exigia a capitulação todo o transe.
    Na tradicional e histórica postura germânica — vocalizada pela chanceler Merkel — não se buscava apenas a derrota da Syrisa e sim a imposição de uma humilhante rendição que servisse de alerta para outros países europeus igualmente envolvidos em pesadas dívidas com os organismos internacionais. O látego sobre o lombo dos gregos estava erguido: que não ousassem incorrer na audácia de desobedecer as exigências dos banqueiros e dos dirigentes políticos que agem em seu nome. E que o açoite servisse de advertência a outros países europeus vergados sob o peso da dívida externa. Se na Grécia a proporção da dívida sobre o PIB era de 177%, na Itália, Portugal e Espanha rondava os 120%, na Irlanda, 110% e 106 % na Bélgica.
    A intransigência de Angela Merkel e da troika chegou ao auge, como se entregasse  uma mauser carregada ao governo grego e dissesse: aponte a arma para a sua têmpora e atire. O projétil não iria somente matar o futuro grego na Europa. Iria matar a eurozona, que foi criada como fortaleza inexpugnável de paz, esperança, democracia e prosperidade.
    Tsipras, inesperadamente, convoca um plebiscito e comanda uma curta e acirrada campanha pelo “Não”. O povo grego iria dar a resposta se curvava a espinha e aceitava as determinações da “troika” ou se rebelava-se. A resposta, digna e justa, de 5 de julho foi um contundente “Não”: 61,3% contra 38,7%.
    O mundo desenvolvido — e a Alemanha em particular — foi colhido de surpresa pela valente atitude do povo helênico. Insatisfeitos e incorformados, os credores trazem de volta o candente tema da dívida à mesa de discussões. E esse crucial assunto transborda para amplos setores da opinião pública mundial.


    Para Paul Krugman e Joseph Stiglitz, prêmios Nobel de Economia, assim como para Thomas Piketty, Feffrey Sachs e tantos outros, a postura de Berlim e da “troika” , tomada sob a inspiração dos cães de guarda do neoliberalismo, era um tiro de misericórdia ao projeto comum europeu. Do estrito ponto de vista da política econômica, a lista de exigências elaborada pelos ministros de Finanças do euro era simplesmente “uma loucura”. O ultimato de rendição incondicional era para Krugman, “um ato de pura vingança que carregava em si a total destruição da soberania nacional grega sem qualquer esperança de alívio ou resgate”.
    O que conta agora para Merkel e a “troika” são os interesses do capital financeiro e sua insaciável voracidade. Se para tanto for necessário assistir à tragédia da destruição da Grécia, amém! Onde está a nobre tradição humanista e libertária nascida do Iluminismo? Onde ficam as alardeadas consignas da “Europa dos povos e das nações”, insistentemente repetidas pelos hipócritas burocratas da União Europeia?  A democracia, os direitos humanos e a solidariedade para certos chefes de Estado não passam de fachada cujo objetivo é assegurar a sacrossanta taxa de lucro do grande capital.
    A regente de toda essa encenação é Angela Merkel, governante de um país que jamais se preocupou em honrar suas dívidas nem cumprir com as reparações por ações de guerra não provocadas contra outros países. A própria Grécia ainda aguarda o ressarcimento dos horrores e destruição suportados pela ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1953, uma conferência liderada pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, resolveu quitar mais de 60% da dívida que se arrastava desde a Primeira Guerra Mundial, o que criou as condições favoráveis a um reerguimento econômico, conduzido pacificamente. A Alemanha terminou de pagar a renegociação mais de meio século depois, em outubro de 2010, sem se preocupar pelo “confisco” sofrido pelos credores nem com o dogma da propriedade privada, agora defendida belicosamente pela “troika”. Historiadores ressaltam que o cancelamento de dois terços de sua dívida externa foi mais importante que o Plano Marshall para resgatar a Alemanha dos escombros e encaminhá-la ao progresso.
    Agência Efe

    Manifestantes na Grécia protestam contra o acordo firmado por Tsipras e os credores europeus
    Na madrugada de 13 de julho, Alexis Tsipras ouviu dos ministros de Finanças e dos diretores da “troika” os termos de uma rendição incondicional na guerra econômica e política em curso. Coube ao ministro de Finanças da Finlândia, Alexander Stubb, a missão de dar a conhecer as cláusulas da capitulação. Exigiu-se da Grécia três conjuntos de medidas, de imediata aplicação, a fim de poder receber aportes financeiros: ratificação pelo Congresso helênico e por meio de leis, até 15 de julho, dos itens acordados; draconianas reformas trabalhistas e previdenciárias; e, significativo aumento de impostos: amplo leque de privatizações e intervenção em fundos de privatização e de pensão. Compensações e limitações alegadas como triunfos da posição grega não passam de medidas cosméticas que em nada atingem o núcleo da questão.
    Syriza teve a ousadia de se rebelar, apostando na democracia e venceu as eleições. Tsipras teve a dignidade de apelar a uma consulta popular para decidir o curso da ação que o governo devia tomar para enfrentar a crise e obteve a vitória.
    Há momentos cruciais, no curso dos acontecimentos, em que um personagem ingressa, pelo seu ato, definitivamente na História. Tsipras teve em mãos essa possibilidade e a jogou fora. Não tinha o direito de contrariar a manifestação de seu povo, apenas uma semana antes. Deveria retornar ao seu país e convocar uma grande manifestação, transmitida por rede de televisão e rádio. Informar à população de um país pobre como a Grécia dos graves riscos decorrentes da negativa em aceitar as imposições da “troika”. Dizer claramente que poderiam advir desabastecimento, fome, inflação, desemprego, bancarrotas, agruras de todo tipo. E perguntar ao povo se estaria disposto a resistir. Certamente receberia uma vigorosa resposta afirmativa. Ato contínuo, partir para o entendimento interno com sindicatos, movimentos sociais, instituições públicas a fim de manter alguma ordem e evitar o caos. Arrumar as malas e se dirigir aos povos dos países atingidos pelas mesmas mazelas apelando à solidariedade. Diplomaticamente, buscar apoio internacional, em governos amigos, nas Nações Unidas, no papa Francisco, na Igreja Ortodoxa grega. Alargar a fenda entre França e Alemanha, jogar com Obama que tem um olhar distinto do problema da dívida externa. Enfim, lutar, resistir, com coragem e inteligência.
    Comparações históricas são imprecisas e reducionistas. O que me ocorre é o que aconteceu com Cuba em seguida à derrocada da União Soviética. Fidel foi à Praça da Revolução e perguntou à multidão ali reunida se estava disposta a resistir. Resistiram, passaram fome, iam a pé para o trabalho pois não havia combustível para os veículos, assavam folha de bananeira à guisa de filé de carne, apagões diários e intermináveis ... Resistiram anos e mantiveram a dignidade e a soberania. Aos poucos, com a solidariedade internacional de povos e medidas locais e internacionais, a situação tendeu a melhorar.
    Finda a reunião com a “troika”, Tsipras baixou a cabeça, enfiou a papelada na pasta e voou para Atenas. Lá passou a articular a aprovação pelo Congresso dos termos do acordo, argumentando que com os novos aportes teria como respirar por algum tempo e arrumar a casa. Dobrou os joelhos, perdeu a honra e não terá como respirar nem arrumar a casa.

    Opera Mundi

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