quarta-feira, 8 de abril de 2015

Felipe está para Obama como Obama está para Rajoy

Felipe está para Obama como Obama está para Rajoy

Carlos Aznárez
08.Abr.15 :: Outros autores
O papel da Espanha é complementar do dos EUA na coordenação e incentivo à iniciativa reaccionária visando o ataque aos regimes progressistas na América Latina é conhecido. O fascistóide Aznar tem desempenhado um papel destacado na conspiração. Mas, dos caducos PP e PSOE ao “promissor” PODEMOS, todos participam no actual coro de ataques contra a revolução bolivariana.


A detenção do alcaide metropolitano de Caracas, António Ledezma, uma das figuras principais do golpismo venezuelano, e a ratificação da prisão do outro referente da violência direitista, Leopoldo Lopez, a quem os seus colegas da internacional reaccionária queriam eliminar para culpar o chavismo, são sinais inequívocos de que a revolução goza de boa saúde. Mantém as defesas alerta e transforma os seus anticorpos em acções de vitória.
Estas iniciativas servem entre outras coisas para que o continente, os povos e boa parte dos seus governos tenham reagido unificadamente para defender a Venezuela bolivariana contra os seus inimigos locais e também das ameaças infundadas do senhor Obama. Ou seja: o não passarão de tão lendária recordação na história antifascista mundial voltou a ser moda graças a uma importante soma de solidariedades que a Venezuela merece por tudo o que deu ao mundo.
Mas, na outra corda, a direita internacional pró-norte-americana e pró-fascista não ficou quieta e está a tentar instalar uma matriz que não se coaduna muito com ela: a da vitimização. Para isso nada melhor que passear por diversos países a combalida esposa de Ledezma, Mitzi Capriles (apelido ilustre da reacção), que como não poderia ser de outro modo conta aos seus interlocutores os «horrores da prisão» que o seu marido sofre.
Mitzi Capriles e Felipe Gonzalez
É sabido que em todos os locais do planeta há ouvidos alerta para escutar falsidades, mas a Espanha de Franco e de Rajoy bate todos os recordes. Ali, Mitzi não falhou um político e de quase todos os seus entrevistados obteve «demonstrações inequívocas de afecto», confessou a própria. E não só isso, mas também promessas de acelerar a marcha para ajudar a desestabilizar a Venezuela, derrubar o seu presidente e entregar o país aos seus chefes de Washington, que como todos sabem, dirigem a política externa da União Europeia. Lembrar Kiev, caso alguém tenha dúvidas.
Com Rajoy, Mitzi sentiu-se em família. Até quase arrancou uma lágrima ao homem que continua a orgulhar-se dos seus verdes anos, quando cantava inspirado por aquele que foi o seu admirado chefe político, Manuel Fraga Iribarne, o «Cara ao Sol» falangista e de braço estendido como um colegial disciplinado, a dar vivas a uma «Espanha Una, Grande e livre de vermelhos».
Assim, o anfitrião Rajoy deu à sua visitante «ânimo crescente para ultrapassar estes momentos difíceis em que a Venezuela sofre a opressão e repressão». Um cavaleiro das Cruzadas que se comprometeu a estender esta solidariedade a toda a União Europeia.
Se o líder do PP se comoveu com o relato de Mitzi, nem se fale da «extrema cordialidade e recepção emocionante» que nas palavras da esposa de Ledezma, esta recebeu do ex-presidente Felipe Gonzalez, que decidiu assumir a protecção legal de Leopoldo Lopez e de António Ledezma, perante «a falta de garantias na Venezuela».
Não poderia ser de outra maneira. Gonzalez é o mesmo «sociolisto», que em 1983 criou com os seus melhores exponentes do PSOE os esquadrões da morte denominados GAL (Grupos Antiterroristas de Libertação) para assassinar cidadãos bascos. Talvez no encontro com Mitzi Ledesma, Felipe também evocasse, nostálgico, as veladas que mantinha com Carlos Andrés Perez (aliás CAP) na Ilha Margarita, em que o venezuelano, entre um copo e outro, o aconselhava que para acabar «com os da ETA» tinha de ter mão dura e imitar o que ele mesmo fizera aos comunistas locais insurrectos, a quem os militares sequestravam, torturavam e atiravam de aviões depois de terem sido dopados. Iniciativa sinistra que em 1976 a ditadura argentina também pôs em prática.
Desde a chegada ao poder do PSOE, foram dias de vinho e rosas para o duo CAP-Felipe, ambos integrantes da Internacional Socialista. Na retina do agora defensor dos golpistas venezuelanos, estão ainda impressos vários anos de favores entre ambos, de muito dinheiro a cruzar o Atlântico de um lado para o outro. Como a repentina fortuna amealhada pelo empresário venezuelano Gustavo Cisneros em Espanha em 1983, com raiz da expropriação do grupo de empresas espanholas Rumasa, de que foi um dos principais beneficiários ao adquirir as Galerias Preciados. Uma verdadeira pechincha de que obteve mais de 20 mil milhões de pesetas em mais-valias. Com esses antecedentes sobre os seus ombros «solidários», Gonzalez assegurou a Mitzi que conta com ele para o que der e vier. «Vamos quebrar o silêncio que a maioria dos governos da América Latina mantém perante os abusos do regime chavista», acrescentou, acusando o golpe da imensa solidariedade que o continente tem forjado com o governo de Maduro e com o povo venezuelano.
Se faltasse alguma coisa para juntar na mala de Mitzi após o seu giro espanhol, ela confessou que se encontrou em Estrasburgo com dirigentes do Podemos, que lhe pediram «confidencialidade» para essa reunião, em que se falou da «grave situação que o meu esposo atravessa no cárcere chavista». São os mesmos dirigentes do Podemos que dias antes, na voz de Pablo Iglesias tinham demonstrado preocupação numa entrevista no Canal Tele 5 com a detenção de Ledezma. «Não é bom para a democracia prender alcaides», declarou Iglesias, e acrescentou que a Justiça deveria ter a última palavra. Uma declaração feita à medida para os defensores do terrorismo mediático que está a hostilizar a Venezuela bolivariana por todos os lados. Muito semelhante em conteúdo às afirmações do vice presidente do Uruguai, Raul Sendie, filho.
Acarinhada em Espanha pela partidocracia que enterrou esse país, esta semana tentará somar mais adesões para a sua causa em solo latino-americano. Se tudo estiver bem encaminhado, chegará à Argentina para se reunir na Argentina com outro bom dançarino. O alcaide de direita Maurício Macri e um grupo de deputados opositores dispostos a ouvir as suas penas e o leque de mentiras que lhes convêm para atacar a verdadeira democracia popular venezuelana.
Enquanto ela anda de um lado para o outro com dinheiros semelhantes aos que se utilizaram para a viagem da cubana Johanny Sanchez, os povos do continente continuam a mobilizar-se aos milhares, rodeiam as embaixadas venezuelanas numa adesão incondicional ao chavismo, twitam maciçamente e a cada esquina procuram inundar de assinaturas (dez milhões diz Maduro e «fica muito aquém, presidente») com a frase do ano: «Obama, a Venezuela não é uma ameaça». Que em linguagem rioplatense quer dizer: «Gringo prepotente, mete a viola no saco e deixa os nossos povos em paz».
Tradução: Manuela Antunes
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