Namíbia reforça apoio à Swapo*
Carlos Lopes Pereira
07.Dez.14 :: Colaboradores
Na Namíbia, a Swapo, o partido da independência, consolidou e ampliou nas recentes eleições presidenciais e legislativas o enorme apoio popular de que dispõe na governação da jovem nação africana.
No escrutínio de 28 de Novembro, o candidato presidencial da Swapo, Hage Geingop, venceu com quase 87 por cento dos votos e o partido conquistou 80 por cento dos sufrágios para o parlamento, garantindo 77 dos 96 lugares.
De acordo com o jornal «The Namibian», de Windhoek, registou-se uma participação de 72 por cento dos eleitores. Nunca como agora a Swapo foi eleitoralmente tão forte.
As principais forças da oposição, ambas de direita, são a DTA (Democratic Turnhalle Alliance), com 4,8 por cento e cinco deputados, e o RPD (Rally for Progress and Democracy), que baixou de 11 por cento há cinco anos para 3,15 por cento e três eleitos.
Estas quintas eleições namibianas, a que concorreram 16 partidos políticos e nove candidatos presidenciais, foram precedidas por uma campanha pautada por um «alto grau de civismo». Os observadores internacionais da União Africana, da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da União Europeia confirmaram que as eleições foram justas, credíveis e transparentes.
Estavam inscritos mais de um milhão e 200 mil eleitores (um em cada cinco nascido depois da independência, em 1990, os apelidados born free), que puderam exercer o seu direito de voto em 4000 assembleias. Pela primeira vez em África, foram utilizadas urnas electrónicas, com ecrãs tácteis, uma sofisticada tecnologia disponibilizada pela Índia.
Estavam inscritos mais de um milhão e 200 mil eleitores (um em cada cinco nascido depois da independência, em 1990, os apelidados born free), que puderam exercer o seu direito de voto em 4000 assembleias. Pela primeira vez em África, foram utilizadas urnas electrónicas, com ecrãs tácteis, uma sofisticada tecnologia disponibilizada pela Índia.
A Swapo governa o país desde a independência, há quase um quarto de século. Sucedendo a Hifikepunye Pohamba, que cumpriu dois mandatos, Hage Geingop, de 73 anos, será o terceiro presidente da república. Era desde 2012 primeiro-ministro, cargo que já antes tinha desempenhado, entre 1990 e 2002, sob a direcção do presidente Sam Nujoma. Reformado mas ainda muito presente na vida política, Nujoma é uma personalidade respeitada como «sábio», árbitro de conflitos, «pai da nação».
Também veterano nacionalista, considerado pela imprensa como «moderado», tal como o seu antecessor, Geingop, designado candidato há dois anos em congresso da Swapo, apresentou-se ao eleitorado com a consigna «Paz, Prosperidade, Democracia».
Naturalmente, a par do reforço da unidade nacional, essas serão nos próximos anos as prioridades dos governantes namibianos. Que assentarão a economia em sectores como a agro-pecuária, a pesca, o turismo e, sobretudo, a exploração dos vastos recursos minerais (urânio, ouro, prata e diamantes, entre outros).
De colónia alemã a país independente
Situada na África Austral, a Namíbia é um país com 2,3 milhões de pessoas habitando um território de mais de 820 mil quilómetros quadrados, uma parte desértica. Com uma longa costa atlântica a Ocidente, faz fronteira com Angola, Zâmbia, Botswana e África do Sul.
Desenhado no mapa a régua e esquadro, em Berlim, e desde finais do século XIX colónia da Alemanha, o então chamado Sudoeste Africano foi ocupado durante a I Guerra Mundial por tropas da África do Sul. A Liga das Nações, em 1921, e as Nações Unidas, depois de 1945, mandataram Pretória para administrar o protectorado e organizar o processo de independência.
Situada na África Austral, a Namíbia é um país com 2,3 milhões de pessoas habitando um território de mais de 820 mil quilómetros quadrados, uma parte desértica. Com uma longa costa atlântica a Ocidente, faz fronteira com Angola, Zâmbia, Botswana e África do Sul.
Desenhado no mapa a régua e esquadro, em Berlim, e desde finais do século XIX colónia da Alemanha, o então chamado Sudoeste Africano foi ocupado durante a I Guerra Mundial por tropas da África do Sul. A Liga das Nações, em 1921, e as Nações Unidas, depois de 1945, mandataram Pretória para administrar o protectorado e organizar o processo de independência.
Perante a recusa do regime do apartheid em aceitar a emancipação do povo namibiano, este intensificou a resistência e desencadeou, a partir de 1966, a luta armada de libertação nacional, encabeçada pela Swapo (Organização do Povo do Sudoeste Africano), dirigida por Sam Nujoma.
Com a independência da República Popular de Angola, em 1975, as hordas dos racistas sul-africanos utilizaram o território namibiano como base para invadir e agredir militarmente a pátria de Agostinho Neto. Mas a aliança firme entre o MPLA e a Swapo e a resistência heróica das forças armadas angolanas, auxiliadas pelos internacionalistas cubanos, acabaram por travar e derrotar os «invencíveis» exércitos do apartheid.
No fim de 1988, pressionada pela luta emancipadora do seu próprio povo e isolada internacionalmente, a África do Sul aceitou pôr termo à ocupação ilegal do Sudoeste Africano. A 21 de Março de 1990 nasceu a Namíbia independente e Nujoma foi eleito presidente da nova República. Em 1994, Pretória devolveu a Windhoek a soberania do enclave de Walvis Bay, onde se situa o único porto de águas profundas do país.
Hoje, como os resultados eleitorais sugerem, a Swapo continua a ser apoiada pela maioria do povo. E a Namíbia consolida a independência e trilha os caminhos da paz, do desenvolvimento, da democracia.
*Este artigo foi publicado no Avante! nº 2140, 4.12.2014
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