por Andrew Korybko [*]
Foi pouco antes da operação punitiva desencadeada em Abril pela junta de Kiev que começaram a filtrar-se informações sobre as equipes de mercenários que operam no interior das fronteiras da ex-Ucrânia. Mas as provas do envio por Varsóvia de contingentes de mercenários polacos à Ucrânia só vieram à superfície recentemente [4] . Radoslaw Sikorski apressou-se a contestar a veracidade das revelações divulgadas no fim de Maio, mesmo quando o ministro delegado dos Negócios Estrangeiros da Rússia sublinhava, pelo seu lado, que mercenários estrangeiros, em particular polacos, estavam envolvidos no terreno e participavam nas operações. De modo muito desenvolto, Sikorski declarou não dar o menor crédito ao anúncio da captura destes mercenários e dos seus oficiais de enquadramento polacos. Para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, estas informações são mentirosa e malévolas, trata-se de "pura propaganda". Fica-se ainda mais espantado com as afirmações de Sikorski, apenas uma semana antes, a denunciar a ilegalidade do próprio princípio do mercenariato. Portanto não é preciso esperar que ele confirme a existência destes mercenários polacos. Agora que circula, na rede Internet, a foto de Dziewulski em uniforme de combate com capacete e pistola a tiracolo, em companhia de Tourtchynov, tornou-se impossível negar a presença de forças polacas na zona dos combates. O que decorre de tudo isto é que Sikorski e Dziewulski tomaram o controle da política externa da Polónia em relação ao seu vizinho ucraniano. São eles que conduzem em conjunto, e em duas frentes, a ofensiva em curso contra as populações do Donbass. Sikorski, que manobra para suceder à baronesa Catherine Ashton como Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, praticamente eclipsou o próprio primeiro-ministro. Exactamente 69% dos europeus confessam não conhecer Donald Tusk, o chefe do governo polaco. Sikorski quer encarnar a alta estratégia executada pela Polónia para fazer prevalecer seus interesses nos territórios da antiga República das Duas Nações. É à ambição de fazer ressuscitar este império perdido que o chefe dos serviços de segurança ucranianos da administração da era Ianoukovytch atribui a participação da Polónia no golpe de Estado de Fevereiro último. Pelo seu lado, Dziewulski não ocupa a frente do palco. Até a publicação da foto mencionada acima, suas actuações a Leste das fronteiras da Polónia permaneciam, no essencial, na sombra. Com as forças que controla, ele assegura a execução, sobre o terreno, da estratégia definida por Sikorski, operando as escolhas tácticas apropriadas. O campo das competências que ele desenvolveu anteriormente leva a pensar que bem poderia ser ele aquele que supervisiona a acção das legiões de mercenários que enxameiam o Donbass (e portanto o responsável directo de todos os crimes de guerra que ali são perpetrados). Afinal de contas, é pouco provável que Tourtchynov perca seu tempo a fazer-se fotografar em companhia de um personagem de terceira ordem (o que Dziewulski não é), na proximidade as linhas de frente da ofensiva que ele desencadeou. Em conjunto, Sikorski e Dziewulski constituem o cérebro e o braço da máquina de guerra que Varsóvia instalou para além da sua fronteira oriental na esperança de reconstituir a defunta República das Duas Nações, esquecida do facto de que ela própria não é, na Ucrânia, senão o agente dos Estados Unidos e da NATO [5] . [2] Oleksandr Tourtchynov é igualmente o antigo chefe dos serviços secretos ucranianos. [3] Ver seu sítio na Internet: Jerzy Dziewulski . [4 A advertência de Moscovo: " Moscow warns Kiev against using military, mercenaries in southeastern Ukraine " , RT, 8 avril 2014 ; Nosso artigo: " Ukraine : la Pologne avait formé les putschistes deux mois à l'avance " , por Thierry Meyssan, Réseau Voltaire; E a resposta oficial do ministro: " Poland denies training mercenaries for Maidan protests — foreign minister " , Itar-Tass, 10 juin 2014 [5] " La Pologne, nouvelle tête de pont d'un plan de déstabilisation de l'Otan " , por Andrew Korybko, Tradução Gérard Jeannesson, Oriental Review, Réseau Voltaire, 26 février 2014. [*] Da Moscow State University of International Relations (MGIMO). A versão em francêes encontra-se em www.voltairenet.org/article184282.html e em inglês em orientalreview.org/ Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ . |
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