quarta-feira, 5 de março de 2014
Ofereceram
suas vidas por um futuro digno para a raça humana, para pôr fim à
exploração imperialista, pela unidade e independência de Nuestra
América.
“Nessa
noite consegui dormir antes das 9 da noite. Calculo que era uma ou
uma e meia da madrugada, quando um agudo e penetrante apito me
despertou. Foram milésimos de segundo. Logo escutei o estrondo de
uma poderosa explosão e em seguida um intenso raio de luz fulgurou
num instante”.
“Houve
outras duas grandes explosões antes de escutar os motores dos aviões
que nos bombardeavam e logo chegaram os helicópteros a metralhar e
lançar foguetes. Se escutaram pedidos de auxílio por parte de
vários feridos, enquanto por diversos flancos ouvia disparos de
fuzis e explosões de granadas acionadas pela tropa que nos assaltava
por terra”.
“Após
cessar as contínuas descargas de fogo, o acampamento foi se enchendo
de soldados inimigos que usavam visores noturnos e pareciam guiar-se
pelas vozes de auxílio dos feridos. Gritos, vozes de comando e
disparos isolados de fuzil davam conta das execuções de alguns dos
nossos camaradas indefesos”.
Assim
relatou o episódio uma das afortunadas sobreviventes desse 1º de
março de 2008, quando foi bombardeado e assaltado o acampamento
transitório utilizado pelo Comandante Raúl Reyes em território
equatoriano, enquanto realizava missões de paz encarregadas pela
Direção das FARC-EP.
O
então Presidente Uribe Vélez, ao conhecer os resultados, resolveu
informar ao Presidente equatoriano Rafael Correa sobre um
enfrentamento casual entre as FARC-EP e o Exército colombiano na
fronteira comum, na região do Putumayo, como consequência do qual
tropas colombianas se haviam visto na imperiosa necessidade de
ultrapassar os limites nacionais a fim de abater os insurretos.
Embriagados
pelo êxito que significava o assassinato de 26 pessoas [um
integrante do Secretariado Nacional das FARC-EP, 4 estudantes
mexicanos, um cidadão equatoriano e 20 guerrilheiros colombianos], o
Presidente Uribe, o alto comando das FF.MM
e o ministro da Defesa Juan Manuel Santos assumiram a
responsabilidade total da operação.
Ao
somar-se à chamada guerra antiterrorista decretada pelo Presidente
norte-americano George Bush, o governo colombiano supôs a
inauguração de uma nova era na luta contra a insurgência na
Colômbia. De acordo com ela, pretendeu desconhecer a existência do
conflito social e armado que esgotava ao país há desde mais de
quatro décadas, e se acreditou com o direito pleno a incursionar no
território de outras nações com o objetivo de materializar o que
qualificava como operações preventivas contra forças terroristas.
Uma
vez no lugar dos fatos, as autoridades equatorianas descobriram com
facilidade a falsidade da versão do Presidente Uribe. Uma operação
com a magnitude e especificidade da realizada, obrigatoriamente
requeria um trabalho prévio de inteligência, um adequado
treinamento de pilotos e comandos de selva, emprego de tecnologia de
ponta para a localização do alvo e a utilização de naves dotadas
com sofisticados equipamentos. Em síntese, uma planificação e
execução cuidadosas.
As
forças armadas da Colômbia não só violaram deliberadamente o
espaço aéreo e terrestre do Equador como também, ademais,
bombardearam parte da superfície, o que indubitavelmente significou
um ato de guerra contra um país amigo, agravado pelas feridas, a
detenção e a execução do cidadão equatoriano Franklin Aisalia
Molina.
Seis
anos depois da ocorrência do massacre uribista no país irmão, não
cabe dúvida do papel preponderante jogado pelo governo dos Estados
Unidos. A base militar de Manta serviu como central de inteligência
e desde ali decolou o bombardeiro a cargo de pessoal estadunidense.
As coordenadas, as bombas, seu mecanismo e as chaves para o disparo
eram tarefas indelegáveis dos militares norte-americanos.
O
acima exposto ficou confirmado com o informe especial publicado em
dezembro passado pelo diário norte-americano The
Washington Post,
em que se expôs amplamente como a Agência Central de Inteligência
[CIA] desenvolve operações encobertas na Colômbia e como participa
em operações contra as guerrilhas em nosso país o tenebroso Mando
Conjunto de Operações Especiais [JSOC, por sua sigla em inglês].
Este último conta com licença para matar e unicamente responde ante
o Presidente do país do norte, sem nenhum controle por parte do
Congresso.
Os
altos comandos das forças militares e de polícia, sem o menor
sentido de vergonha pátria, saíram a posar como heróis, ao lado de
Uribe e Santos, após o massacre em Sucumbíos que batizaram como
Operação Fênix, quando na realidade não fizeram mais que
desempenhar o papel de carniceiros designados pelo império.
Por
outro lado, o nome de nosso Comandante Raúl Reyes e o de cada uma
das guerrilheiras e cada um dos guerrilheiros martirizados no 1º de
março de 2008 no Equador se vai agigantando ante os povos
colombiano, latino-americano e mundial. Todos eles são verdadeiros
heróis, mulheres e homens das FARC-EP que ofereceram suas vidas
lutando por um futuro mais digno para a raça humana, para pôr fim
ao saqueio e à exploração imperialistas, pela unidade e
independência de Nuestra América, por construir um país em paz,
com democracia, justiça social e soberania.
Glória
eterna para elas e eles. Seus sonhos serão cumpridos.
SECRETARIADO
DO ESTADO-MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP
Montanhas
da Colômbia, 1º de março de 2014.
FARC: negociações de paz continuarão durante eleições na Colômbia
A
delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia [FARC]
afirmou neste domingo a disposição de continuar os diálogos de paz
com o Governo do presidente Juan Manuel Santos na mesa de negociações
que se desenvolve em La Habana (capital cubana) durante as eleições
que se celebrarão no país.
Numa
conferência de imprensa, o porta-voz do grupo armado, Jesús Emilio
Carvajalino, codinome “Andrés París”, assinalou que têm
previsto seguir trabalhando pela paz.
“Vamos
ver que acontecimentos ocorrem, porém o propósito é enriquecer
todos estes processos políticos que se dão na Colômbia com o que
emana da mesa de La Habana”, disse.
Nesta
origem, ressaltou que as FARC apresentaram na mesa de diálogos mais
de 250 propostas sobre diversos aspectos da situação na Colômbia,
que considerou podem desenvolver-se da mão dos diversos setores
políticos que buscam o poder nas próximas eleições.
Da
mesma maneira, manifestou que estão “bastante impactados” ante
os resultados de pesquisas que assinalam que o
voto em branco seria o ganhador
nas eleições presidenciais que terão seu primeiro turno em 25 de
maio próximo na Colômbia.
“Isto
geraria uma nova situação política que certamente impactará o
esforço que se está desenvolvendo em nosso país”, disse
Carvajalino.
Ante a
véspera de outra jornada de debates com a delegação do Governo no
Palácio de Convenções de La Habana, expressou seu otimismo no
marco da vigésima primeira rodada de negociações do processo de
paz, que está centrada no problema dos cultivos ilícitos de drogas
e no narcotráfico.
“Queremos
avançar para arredondar um acordo na primeira tentativa, porém,
bem, isso está determinado pelos ritmos e o debate próprio deste
tema tão decisivo”, enfatizou.
No
próximo domingo se
realizarão na Colômbia as eleições para
renovar o Congresso bicameral e escolher os representantes do país
ao Parlamento Andino. Além disso, no dia 25 de maio se realização
as eleições presidenciais nas quais Juan Manuel Santos buscará a
reeleição.
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