quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
O que eles desejam e
tentam conseguir a qualquer custo é amordaçar o povo e imobilizá-lo para
a luta. Não por outro motivo, querem acabar com os protestos e tirar a
população das ruas!
O PCB lamenta profundamente a morte de mais um trabalhador
brasileiro, desta vez a do jornalista Santiago Andrade. Essa morte
engrossa a estatística de milhares de trabalhadores, vítimas da barbárie
capitalista que assalta nosso país.
As circunstâncias em que ocorreram a morte do cinegrafista Santiago
Andrade estão sendo exploradas da forma mais cínica pela mídia
dominante, mídia esta que faz questão de esquecer as mortes de alguns
outros trabalhadores como Cícero Guedes, líder do MST, em Campos, ou
mesmo de seres humanos marginalizados desta sociedade como o pedreiro
Amarildo, ou aqueles que são vítimas da violência da polícia de
Beltrame, no Juramento, na Vila Cruzeiro, na Pedreira.
Sentimos um enorme pesar pelo falecimento do cinegrafista, porém
são muitas as mãos que estão sujas de sangue neste momento. A
responsabilidade não é apenas de quem acendeu o pavio.
A chama que acendeu o pavio, na verdade, já estava por aí há muito
tempo. O aumento das passagens, inviabilizando o deslocamento da maioria
da população pela cidade e o seu entorno; a carestia dos alimentos; as
obras superfaturadas, financiadas pelo dinheiro público, que nos passam
diariamente pela cara; a precária e assustadora situação da saúde
pública que, privatizada, transformou-se em mercadoria; as constantes
chacinas perpetradas pela polícia (na última delas, no Morro do
Juramento, no dia 05/02/2014, seis pessoas foram executadas por
policiais); as remoções de dezenas de comunidades para dar espaço para a
Copa do Mundo e Olimpíadas; e tantos outros exemplos de injustiças e
abusos que simplesmente não cabem no pequeno espaço dessa nota,
alimentaram essa chama e a transformaram numa imensa labareda.
O acúmulo, portanto, de toda essa situação de exploração e esgotamento
da classe trabalhadora, do povo brasileiro, levou milhões de pessoas às
ruas para protestar. Os protestos e todas as entidades, movimentos,
partidos e grupos que ganharam as ruas não são a causa da violência.
Eles são a consequência e a resposta a uma violência ainda maior: a
fome, a miséria, o desemprego e o descaso com que são vistos e tratados
aqueles que pertencem à classe trabalhadora. E é isso que a mídia, com
seu poder de persuasão, tenta esconder da população, buscando de forma
ardilosa jogar a maior parte das pessoas contra os manifestantes. E eles
não têm limites para isso!
Estão usando a morte do cinegrafista como um grande álibi para
desmobilizar as manifestações e criminalizar aqueles que estão nas ruas.
Isentam, por exemplo, de qualquer responsabilidade, a emissora de TV
Bandeirantes diante do ocorrido.
Como pode um profissional ser enviado para uma zona de conflitos sem que
lhe seja fornecido qualquer equipamento básico de segurança? Se o
cinegrafista estivesse com um mero capacete, por exemplo, isso teria
salvado sua vida.
Mas, mais uma vez, como estamos falando da vida de um trabalhador, isso
não tem a menor importância para essa elite dominante. O que importa
para eles é que acabaram por ganhar uma "excelente" oportunidade de
deslegitimar e criminalizar as manifestações.
Cabe lembrar que foram muitos os casos de jornalistas feridos nas
manifestações, a grande maioria pela polícia e suas bombas e balas de
borracha, quando deveriam estar devidamente protegidos pelas suas
emissoras.
Com repressão, coerção e muita truculência, os governantes têm utilizado
o aparato do Estado para barrar os interesses da população e defender
os interesses dos setores privados. Essa é a resposta que esse regime,
chamado de democrático, tem nos oferecido.
Para garantir a manutenção dos privilégios de poucos, a maioria das
pessoas são coagidas a abrir mão de suas vidas e dos seus sonhos. São
levadas, portanto, a levar uma vida insuficiente e desgraçada para
satisfazer a ganância de uma minoria.
E não tenham dúvida. A grande mídia tem um papel central nessa tarefa de
transformar esses interesses particulares em interesses universais.
Neste momento, o movimento social consequente se vê sob ataque de uma
imprensa dominada no país por cinco ou seis famílias.
A pretexto de lamentar a morte do cinegrafista monta-se uma farsa
tipicamente de regimes totalitários, numa tentativa de criminalizar quem
denuncia as mazelas e os podres poderes da sociedade brasileira.
Portanto, não há mais espaço para respostas individuais e voluntaristas
dos que resistem. O nível de conscientização dos manifestantes cresce em
função da sofisticação dos ataques vindos dos poderosos, e com ele
cresce também a necessidade de maior organização e unidade para que
erros não se repitam. Ao contrário do que nos querem fazer crer, quanto
mais desorganizadas e espontaneístas forem as manifestações, mais
sujeitas a infiltrações e ataques elas serão.
Por isso, esse circo montado e patrocinado pela grande mídia, em suas
coberturas das manifestações, está longe de ser o legítimo direito de
informar. O que eles desejam é a desinformação e a inversão dos fatos
para esconder suas verdadeiras intenções e responsabilidades em todas
essas tragédias.
O que eles desejam e tentam conseguir a qualquer custo é amordaçar o
povo e imobilizá-lo para a luta. Não por outro motivo, querem acabar com
os protestos e tirar a população das ruas! Não conseguirão! Como dizia
Che Guevara: "Os poderosos podem matar uma, duas, três flores, mas
jamais conseguirão deter a primavera". Se a Copa é comprovadamente dos
ricos, as ruas jamais deixarão de ser nossas!
12 de fevereiro de 2014
Comissão Política do Partido Comunista Brasileiro do Estado do Rio de Janeiro (PCB-RJ).
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