terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Cometa ISON enfraquece após "RESSURREIÇÃO"

O Cometa C/2012 S1 (ISON) em imagens da sonda STEREO (Ahead) da NASA.
Crédito: NRL/NASA
Se há uma coisa que sabemos sobre os cometas, é que o seu comportamento é muito difícil de prever. Os cometas conseguem sempre surpreender-nos, às vezes para nossa desilusão. Parece que o Cometa ISON, ou a maior parte dele, não vai sobreviver o seu encontro com o Sol, depois de passar a aproximadamente 1,2 milhões de quilómetros da sua superfície ardente. Esta distância pode parecer imensa, mas é perto o suficiente para submeter o cometa a temperaturas que rondam os 2700 graus Celsius. Pode parecer improvável que sobreviva a uma passagem tão próxima com o Sol, mas outros cometas rasantes já o conseguiram no passado, até mesmo com periélios mais íntimos.
Por isso, algumas pessoas tinham esperanças que o ISON desafiasse a morte e emergisse intacto. Mesmo assim, o ISON não nos deixa sem um mistério final. Pouco depois de alcançar o seu ponto mais próximo do Sol, não apareciam sinais de "vida". Os media e as redes sociais lamentavam a perda e assumiam que tinha sido destruído. Mas pouco tempo depois surgiram novas imagens que apontavam para algo que aparecia no outro lado do Sol. Seria o Cometa ISON, mas mais pequeno, ou apenas uma versão fantasmagórica do que tinha sido? Nem mesmo os especialistas cometários têm ainda a certeza.
A imagem mostra que o que quer que apareceu depois do periélio tinha material suficiente para produzir uma cauda, que começou a desvanecer com a maior distância ao Sol. A fim de poderem saber mais, os cientistas precisam de mais dados - que ainda não têm. Só quando o objecto se afastar mais do Sol é que os equipamentos podem recolhê-los e obter respostas definitivas. O que pode ser dito com certeza é que, seja qual for o tamanho do núcleo remanescente (se é que ainda existe), será muito mais pequeno do que era há algumas semanas atrás, quando era visível com binóculos a partir da Terra.
O Cometa ISON foi apelidado de Cometa do Século. Quando foi detectado pela primeira vez em Setembro de 2012, alguns cientistas acreditavam que tinha potencial para brilhar mais do que a Lua. Não alcançou esse nível, mas certamente deu um bom espectáculo na sua viagem a partir da nuvem de Oort, uma região de corpos gelados situada a quase um ano-luz do Sol. O ISON orbitou na nuvem de Oort durante 4,6 mil milhões de anos. Nas últimas semanas, o ISON libertou vários níveis de poeira e gelo do seu núcleo.
 À medida que se aproximava do Sol, a produção de poeira parecia, por vezes, desligar-se por completo. Isto levou alguns cientistas a suspeitar que teria uma morte antecipada, extinguindo o seu potencial. Mas então o ISON surpreendeu-nos "ligando as luzes" novamente - as últimas aparições antes do periélio sugeriam que ainda não tinha ficado sem combustível. Os cometas brilhantes da nuvem de Oort que passam pela Terra são extremamente raros. Os astrónomos estudam estes objectos gelados para aprender mais sobre o Sistema Solar exterior. O ISON contém segredos com 4,6 mil milhões de anos, incluindo informações sobre os primeiros gases e poeiras do nosso Sistema Solar.
Mas apesar do que aconteceu com o Cometa ISON, os cientistas obtiveram novos dados sobre o cometa durante a sua viagem em direcção ao Sol. Isto vai ajudá-los a compreender, e quem sabe a melhor prever, o comportamento dos futuros visitantes cometários. A raridade deste evento explica a incerteza dos cientistas no que toca à previsão do comportamento do Cometa ISON, simplesmente não têm muito para comparar. A passagem tão perto do Sol não é certamente um ritual fácil para os cometas: os extremos de gravidade e calor a que são sujeitos rasgam os seus núcleos e podem vaporizá-los numa fracção de segundo.
Foi-nos provavelmente negada a oportunidade de observar um lindo cometa a rasgar os nossos céus nocturnos em Dezembro, mas nem tudo são más notícias. A curta vida do ISON permitiu-nos aprender mais sobre o comportamento destas antigas e sujas "bolas de neve". E enquanto os cientistas se debruçam sobre os novos dados e tentam determinar o destino final do que resta do ISON, todos nós podemos aguardar com antecipação o próximo cometa que passar perto do Sol. Até lá, podem passar anos, mas uma coisa não falha - os cometas levam-nos sempre numa viagem emocionante.
Fonte: Astronomia On-Line
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