quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

As FARC anunciaram um cessar fogo unilateral por trinta dias

Os Editores
11.Dez.13 :: Editores

«Por decisão unilateral ordenamos a todas as nossas unidades guerrilheiras e milicianas um cessar-fogo e de hostilidades por trinta dias, a partir das zero horas do próximo dia 15 de Dezembro, atendendo a um clamor nacional».
Assim principia a declaração tornada pública em Havana pelo Estado Maior Central das Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia-Exercito do Povo.
Na Europa, os media dedicaram poucas linhas ao gesto das FARC. Até na Colômbia a comunicação social dedicou menos espaço à notícia do que ao afastamento polémico do presidente da Câmara Municipal de Bogotá.
É a segunda trégua, alias, proclamada pelas FARC. A primeira, de dois meses, foi anunciada na abertura dos diálogos de Paz, em Havana, a 19 de Novembro do ano passado. O governo de Juan Manuel Santos ignorou -a e o exército e a força aérea continuaram a atacar a guerrilha em dezenas de frentes.
No seu comunicado, as FARC advertem que, se as suas unidades combatentes forem atacadas, apesar da trégua, responderão a qualquer operação militar.
O cessar-fogo não deve ser interpretado como uma posição de fraqueza. Pelo contrário. Nos últimos meses, nomeadamente no Cauca e nos departamentos amazónicos do Meta e do Caquetá, as FARC infligiram duros golpes ao exército e à polícia.
Dos seis pontos da agenda dos Diálogos de Paz, foi possível chegar a acordo sobre os dois primeiros (a questão da Terra e a Participação Politica). O próximo incidirá sobre o tema da Droga. Antecipando-se ao debate, as FARC divulgaram num comunicado a sua posição sobre uma política antidrogas, democrática e participativa.
Apresentando propostas concretas, responsabilizam o governo e a engrenagem internacional do narcotráfico por políticas que contribuíram decisivamente para a ruína de milhares de camponeses e para a destruição do ambiente sem afetarem praticamente a produção da droga e o tráfico.
Na sua Declaração sobre o cessar-fogo, o Estado Maior Central das FARC afirma que «A assinatura e implementação do Acordo Final contribuirão para a ampliação e o aprofundamento da democracia e implicando a renúncia às armas e a proscrição da violência como método de ação política para todos os colombianos, rumo a um cenário de transição em que impere a democracia, com garantias plenas para aqueles que participam na política, o que abrirá novos espaços à participação».
É muito moderado o otimismo das FARC. Partido-guerrilha marxista-leninista, as FARC estão conscientes dos tremendos obstáculos que surgem na procura de uma paz autêntica que ponha fim a um conflito de quase meio seculo. O imperialismo estadunidense, o ex presidente Álvaro Uribe e o Exercito (uma gigantesca maquina de guerra de 500 OOO militares) tudo farão para sabotar as conversações em curso. Quanto ao presidente Juan Manuel Santos, a sua posição é muito ambígua. Está empenhado em reeleger-se e atua em função desse objetivo.
Mas as FARC têm motivos para procederem a um balanço positivo dos Diálogos de Paz, apoiados por Cuba e pela Noruega. A sua luta alcançou divulgação mundial contribuindo para desacreditar as calúnias contra elas montadas pelos governos colombianos e pelos EUA.
Hoje, a solidariedade com a mais antiga e heróica guerrilha da América Latina é um dever revolucionário.
OS EDITORES DE ODIÁRIO.INFO
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