sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Jose Antonio Egido: Trotsky e a história do trotskismo.




Jose Antonio Egido
Membro do EHK - Euskal Herriko Komunistak
Trotsky foi de 1904 a 1914 um inimigo declarado de Lênin. Em 1904 ele o acusou de ser um ditador, autocrata asiático, revolucionário burguês e cisionista fanático no seu panfleto "Nossas Tarefas Políticas". Ele se opôs à teoria leninista do partido.
Trotsky foi um líder menchevique oposto aos bolcheviques. Ele se opôs à tese de Lênin sobre a transformação da revolução democrático-burguesa em socialista, opondo a sua teoria da "revolução permanente", que nega o papel revolucionário do campesinato como aliado da classe operária. Isso seria negar a construção do socialismo na URSS, se houvesse uma revolução socialista no Ocidente. O tempo removeu completamente a sua razão.
Em 1913 escreveu ao menchevique Chkheidze que "o leninismo descansa inteiramente nestes momentos na mentira e falsificação e traz dentro de si o elemento venenoso da sua própria decadência" (1).
Na conferência de Zimmerwaldde 1915 permanece contrário de Lênin.
Até 1917 mantém uma posição sobre a questão nacional oposta à posição de Lênin e semelhante à de Rosa Luxemburgo, negando o direito de auto-determinação.
No verão de 1917, o Partido Comunista da Rússia aceita a entrada do grupo heterogêneo, liderado por Trotsky, chamado Meyrayontsi formado por 4000 militantes. Trotsky não se opôs ao plano de Lênin de desencadear a insurreição, mas propôs adiar até o II Congresso dos Sovietes. Se volta a opor-se na questão da paz de Brest-Litovsk de dezembro de 1917, que o leva a renunciar a seu cargo de Comissário do Povo para assuntos estrangeiros.
Em 1919 tem o momento principal da glória da sua vida, liderando e organizando o Exército Vermelho, embora uma chamada "oposição militar" comunista, critica-o por empregar e comandar ele mesmo 50.000 antigos oficiais czaristas.
No décimo Congresso do Partido vota para a proibição de as correntes internas.
Em 1921, defende o ultimo Partido menchevique da Geórgia para contrarevoluçao.
Em 1924, o Partido Bolchevique lança uma primeira campanha contra o trotskismo.
Em 1929, Trotsky nega que vai criar uma Quarta Internacional dizendo que "não há lugar no mundo para ela". Trosky foi o primeiro a lançar o slogan comunismo=fascismo.
Nos anos 30 pequenos grupos se juntam com Trotsky que, em 03 de setembro de 1938, proclama a criação da Quarta Internacional trotskista em uma conferência na periferia de Paris.
O grupo mais numeroso estava nos EUA, o Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP), criado em 1938. Seus líderes Max Shachtman (que visitou Trotsky no exílio na Turquia e em abril de 1930 tinha formado parte do primeiro departamento internacional trotskista com Andreu Nin, o filho de Trotsky e outros) Albert Glotzer e Martin Abern escono saiem do mesmo em 1940 para fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) - Workers Party (WP) -, que tem 323 membros. Abern morre em 1947. Evoluindo sempre para a direita em 1949, o grupo se declara abertamente socialdemocrata e passa a chamarse Liga Socialista Independente (ISL) - Independent Socialist League (ISL) - e no anos '50 se dissolve. Shachtman defende a tese de "coletivismo burocrático" relativo à URSS. Ele e seus colegas entram na ala mais anticomunista do Partido Democrata.. Defende a burocracia sindical anticomunista de George Meny na AFL-CIO. Ele apoa a invasão dos EUA de Cuba na Baía dos Porcos e a agressão do mesmo contra o povo do Vietnã. Ele foi assessor do sindicato dos professores da "AFL-CIA" que funciona como um braço do Departamento de Estado EUA, apoiando e financiando bandidos anticomunistas na Europa Ocidental e grupos fascistas no campo socialista. Ele morre em 1972.
Outro camarada de Shachtman e Abern no comitê de direção do SWP na década de 30, James Burnham afirma que a URSS é uma sociedade de classe, expressa publicamente o seu desprezo para o marxismo e torna-se o principal ideólogo da CIA na Guerra Fria. Em um congresso "cultural", financiado pela CIA em Berlim, em 1950, defende a possibilidade de um ataque nuclear contra a URSS. Escreve a Revolução gerencial em 1941 e no seu livro Os Maquiavélicos, ataca as teorias em favor da igualdade social. É crucialmente envolvido em 1953 na operação da CIA para derrubar e assassinar o presidente iraniano Mossadegh. Na década de 70 é reconhecido como uma autoridade nos círculos intelectuais mais reacionários e belicistas. Em 1983, o presidente Reagan deu-lhe a Medalha Presidencial da Liberdade, prêmio por sua longa carreira trotskista fascista e imperialista. Ele morreu em 1987.
Uma fração do WP entra novamente no SWP. Essa fraçao era formada por Johnson e Forest que estavam dizendo que a URSS era "capitalismo de Estado". Johnson era o pseudônimo do especializado em críquete C.L.R. James e Forest era a ex-secretária de Trotsky Raya Dybayevskaya que fundou uma seita matriarcal em Detroit.
O antigo colaborador russo de Trotsky, Sol Levitas, após o seu exílio nos EUA tornou-se agente da CIA e diretor de uma das suas revistas, para oficiaais New lider.
Um grupo de intelectuais trotskistas do City College de Nova York criaram nos anos 30 a revista Partisan Review que tomou a ideologia anti-stalinista e tornou-se um importante órgão da propaganda anti-comunista internacional financiada pela CIA.
O trotskista que havia militado na mesma célula como Burnham, Daniel Bell, um antigo aluno do City College de Nova York, se tornou o ideólogo conservador da sociedade de consumo Yankee. Membro do Comitè Americano para a Liberdade Cultural financiado pela CIA, se recusou a condenar o macarthismo.
O POUM espanhol de influência trotskista tem uma triste história. De um lado, em Aragão expropriam em 1936-37 modestíssimos semi-proletários e pequenos agricultores, implementando sobre eles uma verdadeira ditadura fascista em nome da "revolução socialista"; por outro lado, quando eles vêm para Madrid em novembro de 1936, para lutar contra o fascismo mostram muita covardia e fraqueza fugindo da frente da Cidade Universitária. Se levanta em Barcelona contra a pequena burguesia que se opôs com as armas na mão ao levantamento fascista. O seu líder Maurin, sendo preso pelos Franquistas, em vez de ser baleado, como fizeram com os simples oficiais do Exército Popular e com os mais modestos lideres sindicais de qualquer aldeia remota, é solto em poucos anos e aparece no exílio em uma boa situação econômica Seu outro líder Julian Gorkin, expelido do PCE em 1929 pela a publicação duma obra de Trotsky em Madrid, tornou-se um agente da CIA na América Latina. O veterano inglês Frank Graham das Brigadas Internacionais denuncia os trotskistas por circular o boato de que Stalin iria parar de enviar armas à República espanhola depois que Mussolini começou a afundar navios soviéticos.
O antigo voluntário internacional do POUM e participante na luta contra o PSUC em Barcelona, em 1937, o trotskista ingles George Orwell foi um colaborador ativo do imperialismo. Tem produzido obras utilizadas pela CIA para a propaganda anti-comunista (Revolução dos Bichos e 1984), entregou ao serviço secreto listas de comunistas e cobrou dinheiro por escrever artigos anticomunistas.
Na 2a guerra mundial os trotskistas aplicam mecanicamente e dogmaticamente as mesmas análises que os marxistas fizeram na 1ª guerra mundial. O resultado é que "fraternizam com os soldados do exército de ocupação" hitleriano, que, de acordo com eles, são "trabalhadores de uniforme"e condenam como "terrorismo" a resistência armada dos Partisanos. Enquanto confraternizavam com as tropas invasoras, os trotskistas lutavam em França "contra os stalinistas e os gaullistas". Aprofundando sua traição se oposeram ao "levante nacional" anti-nazista e à Frente Popular (2). Em França e Grécia a resistência è forçada a fizilar varios trotskistas por ser colaboradores com o exército hitleriano. Em Itália, o primeiro grupo trotskista foi criado por soldados britânicos e norte-americanos nessa guerra.
Em 1944, os grupos trotskistas britânicos, Liga Marxista, Grupo Marxista e Liga Operária Internacional se unificaram criando o PC revolucionário que tinha 500 membros. Em 1949, se dividiu em vários pequenos grupos.
Em 1952, o Secretariado Internacional da Quarta Internacional, chefiado pelo seu secretário-geral Michel Raptis "Pablo" expulsou o grupo francês de Lambert-Bleitbreux-Lequenne que criou o Partido Comunista Internacionalista (PCI) e o Comitê Internacional da Quarta Internacional.
Após o XX Congresso do PCUS, onde toma o poder uma ala revisionista que condena os supostos "crimes" de Stalin, o trotskismo experimenta um renascimento.
Notas:
1. E.H. Carr, A Revolução Bolchevique (1917-1923), Volume 1, Aliança Universidade, p.79.
2. Veja artigo publicado no site do trotskista Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI) http://www.wsws.org (CIQI).
Traduzido do espanhol para o português pelo camarada Claudio Buttinelli
                             F: comunidadestalin.org
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