Em maio de 2000, Harpal Brar, presidente do Partido Comunista da Grã Bretanha (Marxista-Leninista), apresentou o artigo "Democracia Burguesa e Fascismo", no Seminário Internacional Primeiro de Maio, em Bruxelas, organizada pelo Partido do Trabalho da Bélgica (PTB).
9. São Estados como Grã Bretanha, França ou Estados Unidos alheios ao fascismo?
"DEMOCRACIA BURGUESA E FASCISMO"
1. Fascismo: Crescimento repentino?
2. O que é o Fascismo?
3. Itália, então um país atrasado
4. Alemanha, a traição da Socialdemocracia
5. A Socialdemocracia aos olhos dos capitalistas
6. Fascismo e Demagogia
7. Fascismo e a Guerra
8. As bases das Liberdades Democráticas nos Estados imperialistas
9. Estados como Grã Bretanha, França ou Estados Unidos são alheios ao Fascismo?
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7. Fascismo e Guerra
Como o fascismo é a expressão
violenta do capitalismo financeiro decadente, em sua política exterior,
que com sua propaganda chauvinista buscar expressar o mais obsceno dos
“nacionalismos”, o fascismo significa guerra - uma guerra com propósito
de dominação.
“O fascismo não crê nem na possibilidade nem na utilidade de uma paz perpetua... a guerra traz em sua maior tensão toda a energia humana e enobrece o povo que tem a coragem de enfrenta-la” (Mussolini, A doutrina política e social do fascismo).
“Na guerra eterna a humanidade se tornou grande – na praz eterna a humanidade estaria arruinada” (Hitler, Mein Kampf).
Do exposto não devemos concluir que
estas tendências são exclusivas do fascismo. São, pelo contrário, comum a
todos os estados imperialistas. O fascismo é apenas sua expressão mais
acabada. Na verdade, os Estados não fascistas – os Estados Unidos, Grã
Bretanha e França – gastaram mais em armamentos e tiveram muitas mais
histórias de saques e violência do que os Estados fascistas – Alemanha,
Itália e Japão. De fato, uma das razões para o desenvolvimento de formas
fascistas de governo e de uma política externa agressiva no último
grupo foi o fato de que o imperialismo alemão foi privado de sua parte
“legítima” – em proporção a sua força real – de pilhagem no mundo. O
primeiro grupo, por outro lado, era composta por imperialistas
relativamente “saciados”, empanturrados pela pilhagem do mundo, situação
assegurada pelos seus ganhos ilícitos. Assim, enquanto o primeiro grupo
apresentava interesse em questões de “segurança”, o último grupo dos
imperialistas “famintos” estava inclinado a repartir o mundo. A lei do
desenvolvimento desigual do capitalismo, que Lênin havia observado
corretamente em sua notável análise do imperialismo, que levara à
Primeira Guerra Mundial, durante o período em discussão, inexoravelmente
conduziu à Segunda Guerra Mundial.
Mas, apesar do perigo que
representava os estados fascistas para os estados imperialistas não
fascistas, estes eram extremamente suaves com aqueles. E isto, por três
razões:
A primeira era que eles consideravam
o fascismo um baluarte contra o comunismo e a revolução proletária. Um
discurso sincero feito por Lloyd George em 22 de setembro de 1933 foi
relatado nos seguintes termos:
“Se os poderes conseguissem derrubar o nazismo na Alemanha, o que viria a seguir? Não um regime conservador, socialista ou liberal, senão um regime de comunismo extremo. Certamente não poderia ser seu objetivo. A Alemanha comunista seria infinitamente mais formidável do que uma Rússia comunista. Os alemães saberiam como dirigir o seu comunismo de forma mais eficaz. Foi por isso que todos os comunistas do mundo, da Rússia até a América, oravam para que as nações ocidentais intimidassem a Alemanha rumo a uma revolução comunista. Ele [Lloyd George] suplicou ao governo para que procedesse com cautela.” (The Times, 23 de setembro de 1933).
Em segundo lugar, o desejo das
potências imperialistas “democráticas” de usar os estados fascistas como
ferramenta de agressão contra a URSS, para o fim duplo de derrotar o
socialismo na União Soviética e saciar a fome de colônias do
imperialismo alemão à custa da URSS ao invés das custas dos estados
imperialistas “democráticos”. Foram encorajados enormemente para seguir
esta política pelo próprio Hitler, que havia escrito:
“Nós paramos a eterna marcha para o sul e oeste da Europa e voltamos os olhos para a terra do leste... Se falamos de terra na Europa hoje, só podemos pensar, em primeiro lugar, na Rússia e nos seus estados fronteiriços” (Mein Kampf, p. 743).
Terceiro, ao desencadear uma guerra
entre Alemanha e União Soviética, os imperialistas “democráticos”
acreditam enfraquecer os dois países ao ponto de exaustão, altura em que
esperavam intervir – no “interesse da paz”, obviamente – e impor-lhes
uma paz paralisante.
Esta política não funcionou de
acordo com o plano. As contradições e as rivalidades interimperialistas
se mostraram mais fortes que o ódio comum a URSS e ao comunismo. A
Segunda Guerra Mundial começou como uma guerra interimperialista. Quando
terminou, a Alemanha fascista havia sido esmagada e democracias
populares foram estabelecidas em uma série de países da Europa Central e
Europa Oriental. Logo depois China, República Democrática Popular da
Coréia e República Democrática do Vietnã juntaram-se ao campo
socialista. Todas estas vitórias dos povos do mundo foram à custa do
imperialismo. E todas estas vitórias foram desperdiçadas criminosamente
pela vitória do revisionismo kruschovista no Partido Comunista da União
Soviética, que levou à queda do socialismo e à desintegração da outrora
gloriosa URSS.
8. As bases das liberdades democráticas nos Estados Imperialistas
As “liberdades democráticas” nos
redutos do imperialismo são edificadas sobre o fundamento da escravidão
colonial e saque imperialista. Mas quando esta base é enfraquecida pelos
movimentos revolucionários antiimperialistas e pela crise econômica do
capitalismo, com a consequente diminuição dos lucros, a burguesia desses
países é obrigada a atacar a classe trabalhadora, retirar as
concessões, acabar com as verdadeiras reformas e introduzir “reformas”
que acabam com as conquistas da classe operária no pós Segunda Guerra,
contribuindo assim para a intensificação da luta de classes e para o
despertar revolucionário da classe operária. Com o colapso da União
Soviética e das democracias populares da Europa Oriental, a burguesia se
sentiu encorajada a intensificar esses ataques. Em alguns países, por
exemplo, Grã Bretanha, Alemanha, França e Itália, esses ataques estão
sendo realizados por meio de agência dos governos socialdemocratas, que
estão ajudando a expor a Socialdemocracia, ainda mais do que antes, como
o agente da burguesia que tem sido desde 1914. Se o aprofundamento da
crise econômica e as ações da socialdemocracia a serviço do imperialismo
causam uma desilusão generalizada no proletariado, ajudando a
impulsionar as massas em algum momento desde que haja uma verdadeira
vanguarda marxista-leninista, a burguesia destes estados imperialistas,
por exemplo, a Grã Bretanha, considerada até agora como modelo de
“democracia”, seria obrigada a buscar novas formas de assegurar a
manutenção do seu poder. No caso de surgir tais circunstâncias, a
burguesia sem muita hesitação avança para métodos abertamente
terroristas e ao fascismo. Ela se afastará de formas parlamentares que,
esgotadas e desacreditadas, não lhe seriam úteis.
9. São Estados como Grã Bretanha, França ou Estados Unidos alheios ao fascismo?
Aqueles que dizem que o fascismo é
alheio aos Estados Unidos, Grã Bretanha, França, etc., por causa das
raízes profundas das suas instituições parlamentares ou que a
peculiaridade do “caráter nacional” do fascismo destes estados impedia o
êxito fascista nesses países, exibe uma ignorância total do sistema do
imperialismo e das contradições inerentes a ele. A força subjacente das
instituições “democráticas” e a singularidade do “caráter nacional” de
países como EUA, Grã Bretanha e França, são explicadas pela sua riqueza e
pela posição privilegiada ocupada durante muito tempo. Explica-se pelo
espólio causado pela superexploração imperialista, que possibilitou à
burguesia desses países fazer concessões à classe trabalhadora, e assim,
retardar o crescimento de um movimento operário revolucionário. Com o
desaparecimento desta posição privilegiada, as classes dominantes desses
países, em circunstâncias adequadas, são tão propensas a jogar no lixo
as suas tradicionais instituições democráticas parlamentares, até então
sagradas, e abraçar o fascismo, como foi caso das burguesias alemã,
austríaca, italiana e japonesa.
Basta olhar para a campanha
incessante realizada pelos governos, bem como os partidos burgueses de
oposição de todos os países imperialistas, por meio da imprensa “livre”,
contra os imigrantes e as pessoas que buscam asilo para perceber que
estas não são ações de governos e instituições “democráticas”, nem de
uma imprensa livre, cujo “caráter nacional” proibiria tal propaganda
xenófoba. Pelo contrário, essas ações são delírios dos representantes de
um sistema extremamente decadente e moribundo – o capitalismo
monopolista – que, sem o menor escrúpulo de consciência, afogariam em
sangue milhões de pessoas para assim retardar artificialmente a morte
que se aproxima para este sistema imundo, que por tanto tempo tem
atormentado a humanidade e arrastado-a na lama e sangue, e que, durante o
Século XX, ceifou a vida de 100 milhões de seres humanos através dos
matadouros das guerras imperialistas, além dos 20 milhões que mata
indiretamente a cada ano por meio de desnutrição, doenças e fome. Além
disso, basta conhecer a história da Grã Bretanha nos últimos três
séculos, da França e dos EUA ao longo dos últimos dois séculos, para
perceber que na arte do uso da violência sangrenta, em casa e no
exterior, as classes dominantes desses países não têm nada a aprender
com a classe dominante de qualquer outro país, a Alemanha fascista
inclusa. O massacre do povo vietnamita e coreano por essas potências
imperialistas, especialmente os Estados Unidos, o bombardeio feito ano
passado na República Iugoslava e o bombardeio continuo do Iraque dez
anos após o fim da Guerra do Golfo – para nos limitar a apenas três
exemplos – fazem os crimes nazistas, por mais ultrajantes e terríveis
que tenham sido, pequenos em comparação. Afirmar que as classes
dominantes que cometeram esses tipos de carnificina não poderiam
recorrer ao fascismo é viver no paraíso dos tolos, divorciado da
realidade.
Os principais representantes destas
classes dominantes supostamente democráticas, longe de repudiar
movimentos e regimes fascistas, os receberam com cordialidade e
entusiasmo. Pouco tempo depois de dirigir o golpe de Estado em 1923,
Mussolini foi homenageado pela coroa britânica com a Ordem do Grande
Comandante de Bath, como reconhecimento dos seus serviços para a
contrarrevolução. Chamberlain teve relações estreitas com Mussolini.
Churchill, que foi embalado pela máquina de propaganda burguesa com o
mito de “lutador antifascista”, falando em 1927 em Roma, expressou seu
apoio ao fascismo com as seguintes palavras:
“Se fosse italiano, tenho certeza de que teria estado inteiramente contigo do início ao fim em sua luta vitoriosa contra os apetites bestiais e as paixões do leninismo” (Churchill, “Adress to The Roman Fascist”, janeiro de 1927, citado em Salvemini, The Fascist Dictatorship, p. 204 e reproduzido em R Palme Dutt, op. cit. p. 260).
Também Sir Alfred Mond, fundador da
Imperial Chemical Industries e autor dos Informes Mond-Turner para a
colaboração de classes, fez uma explícita defesa do fascismo em uma
entrevista em Roma:
“Admiro o fascismo porque é bem sucedido em trazer a paz social. Trabalhei durante anos para alcançar a mesma paz no setor industrial da Inglaterra... O fascismo caminha para a realização dos meus ideais políticos, ou seja, para fazer as classes colaborarem legalmente”. (Daily Herald, 12 de maio, 1928).
Era este o amante do fascismo
(Monde) admirado pela liderança do Trades Union Congress. Inclusive,
Citrino chegou ao disparate de não só defender o direito de Monde ser
fascista como também a necessidade de uma aliança do sindicato com ele.
O barão da imprensa, Lord
Rothermere, defendia a União Britânica de Fascistas (BUF) de Mosley pela
razão de que esta podia representar “um partido bem organizado, capaz
de assumir os assuntos nacionais com a mesma franqueza de propósito e
com os mesmos métodos enérgicos que Hitler e Mussolini exibiram”
(Rothermere, Daily Mail, 15 de janeiro de 1934).
É altamente significativo que a BUF
de Mosley, o partido fascista da Grã Bretanha, tenha sua origem direta
no Partido Trabalhista. Quando deixou o Partido Conservador, Mosley se
juntou ao Partido Trabalhista em 1924. Possuidor de uma vasta riqueza e
de conexões influentes, o que sempre ajuda em partidos burgueses, teve
ascensão meteórica. Em 1927, foi eleito para o Comitê Executivo do
Partido Trabalhista e nomeou um ministro no governo trabalhista em 1929.
Em 1930, renunciou devido a passividade do governo trabalhista diante
do desemprego. Em sua capacidade ministerial havia produzido o Memorando
Mosley, que continha um primeiro esboço para uma política fascista para
a reconstrução do capitalismo britânico.
Como o governo, caracterizado pela
sua passividade – e não por causa do conteúdo não socialista do
Memorando Mosley – não respondeu favoravelmente a ele, Mosley apelou à
Conferência do Partido Trabalhista em 1930, onde ele conseguiu 1.046.000
votos contra 1.251.000 da Executiva. Ainda assim foi reeleito para o
Executivo, e depois passou diretamente da Executiva do Partido
Trabalhista para a organização do seu novo partido, na primavera de
1931. Este partido, em 1932, abraçou abertamente o fascismo e mudou o
seu nome para BUF. O novo partido foi formado com seis deputados
trabalhistas e um deputado conservador, e lançou um apelo às massas
patrióticas para passar à ação.
O Partido Comunista da Grã Bretanha
era o único que advertiu a todos sobre as tendências fascistas
implícitas no Memorando Mosley. Por sua vez, a esquerda trabalhista
ratificou o seu apoio. O órgão do Partido Trabalhista Independente
(ILP), The New Leader, escreveu sobre Mosley: “Em geral, como é
conhecido, o seu programa segue as linhas gerais do ILP” (10 de outubro
de 1930, citado em R. Palme Dutt, op. cit. p. 266).
Em 7 de novembro de 1930, Fenner Brockway, um dos dirigentes do Partido Trabalhista Independente, escreveu no The New Leader:
“Entre as ideias do Partido Trabalhista Independente e o pequeno grupo de Mosley há muito em comum... Dentro de pouco tempo podemos esperar uma rebelião por parte dos membros mais jovens de todos os três partidos contra os métodos e o espírito da geração mais velha”.
O Manifesto de Mosley de dezembro de
1930, no qual se rejeitou formalmente o socialismo e pediu uma ditadura
para levar a cabo uma política agressiva de reconstrução capitalista,
contou com assinaturas de pelo menos 17 deputados trabalhistas,
incluindo cinco do ILP.
A BUF de Mosley foi capaz de ganhar
algum terreno graças à conivência e apoio direto do Estado, de altos
escalões da polícia e setores da grande burguesia. Esta é a experiência
de qualquer outro país imperialista. Em cada caso, o fascismo foi
nutrido e auxiliado em seu crescimento, em alguns países para assumir o
poder, não contra os desejos da burguesia e do Estado, mas com o seu
amor, carinho e assistência. Desenvolveu-se graças às formas da
democracia burguesa, através do reforço sistemático, metódico e
passo-a-passo do aparato coercitivo do Estado, foi posto em marcha
medidas de emergência de restrição dos direitos da classe operária, em
um processo acelerado poderosamente pelas ilusões reformistas geradas
pela socialdemocracia que paralisaram a vontade da classe operária em
resistir. Quando o terreno foi totalmente preparado nas condições da
democracia burguesa e do movimento operário interrompido e
desorganizado, então se deu o golpe final da burguesia com o
estabelecimento de uma ditadura fascista.
“Fascismo”, disse Clara Zetkin, em
1923, “é a punição ao proletariado por não levar adiante a revolução
iniciada na Rússia”. Mas por mais que tente o fascismo não pode resolver
as contradições do capitalismo e, portanto, não pode impedir o seu
colapso. A chegada do fascismo no cenário político representa a extrema
agudização das contradições do capitalismo e é uma indicação da extensão
do seu parasitismo, decadência e moribunda natureza. Incapaz de
conservar o seu poder mantendo as formas parlamentares, o capitalismo
tira a sua máscara e, deixando de lado as formas “democráticas”, combate
a classe operária com a sua ditadura aberta, nua e terrorista, em um
esforço para prolongar a vida de um sistema historicamente condenado.
Fazendo isto, a burguesia oferece uma excelente lição da luta de
classes, já que se vê obrigada a pregar as massas o desprezo pelos
métodos pacíficos e legalidade, que até então tinha sido a melhor
proteção do capitalismo. Revelando-se então as verdades que antes
ocultava a burguesia e a sua corte socialdemocrata, liberal e
conservadora, a saber, que o verdadeiro poder de classe reside fora do
parlamento; que todas as frases suaves, hipócritas e refinadas sobre o
poder das reformas e do parlamento, com as quais a burguesia até então
embalava a classe trabalhadora para dormir, foram “na verdade, palha
para enganar o povo” (Lenin, The Constitutional Crisis in England, 1914). O parlamento pode ser derrubado bruscamente pela burguesia, em cujas mãos residem o poder real.
Dado o fato de que as condições para
a instituição do fascismo são criadas pela classe dominante dentro da
casca da “democracia” burguesa, a luta contra o fascismo não pode ser
protagonizada por uma classe trabalhadora que deposita sua confiança
nesta “democracia” burguesa como uma defesa contra o fascismo. Esta luta
só pode ser travada com sucesso por uma unida e determinada classe
trabalhadora contra todos os ataques do capital financeiro no campo
econômico e político: contra as leis anti sindicais e cortes salariais,
contra a chamada legislação antiterrorismo, contra a leis racistas de
imigração e asilo, que são exclusivamente destinadas a semear divisões
na classe trabalhadora, deslocando a culpa pelos males do capitalismo
para as costas das infelizes vítimas da pilhagem, banditismo e guerras
imperialistas; contra restrições ao direito à liberdade de expressão e
de reunião, e assim por diante.
Quanto mais forte é a resistência da
classe operária contra os ataques do capital financeiro, mais difícil
se torna para o último instalar o fascismo, com a vantagem de que essa
resistência é decisiva para conquistar para o seu lado as vacilantes
camadas pequeno-burguesas da população. Enquanto luta com grande
determinação e tenacidade pelo direito democrático de organizar-se
dentro da ordem existente, a classe trabalhadora não deve perder de
vista nem por um só momento a dura realidade de que a democracia
burguesa é simplesmente a máscara com que a burguesia disfarça sua
ditadura, e que é dentro das formas democráticas burguesas que o
movimento fascista é sistematicamente empurrado para frente pelo capital
financeiro. A democracia burguesa, em certas circunstâncias e
condições, cria o fascismo. Quanto maior for a fé colocada pela classe
operária na legalidade burguesa e sua formas democráticas e quanto maior
forem os sacrifícios feitos por ela em defesa da ordem existente como
um “mal menor”, mais fortemente os capitalistas golpearão e garantirão o
avanço do fascismo. Esta lição da Alemanha e da Itália, que destroem o a
fraude do lema “Democracia contra Ditadura”, nunca deveria ser
esquecida pela classe operária. A classe operária pode, deve e vai
ganhar, desde que, rejeitando a mentalidade escrava – a marca ideológica
do reformismo – e segurando firmemente a bandeira do marxismo
revolucionário, avance com determinação para cumprir sua missão
histórica – derrubar o capitalismo e colocar o socialismo em seu lugar.
Assim, a escolha para a classe operária é simples e clara: a ditadura do
proletariado ou a barbárie fascista.
O grande sonho da burguesia, por
meio do fascismo se necessário, é exterminar o socialismo e o movimento
da classe operária revolucionária. Durante os passados 150 anos,
houveram dúzias de tentativas neste sentido. Cada vez que os seus
opositores declararam que estava vencido, o socialismo voltou a renascer
com novo vigor. Apesar das enormes perdas dos anos 80 e 90, não será
diferente desta vez. Como disse Marx:
“Onde quer que seja, sob que forma e sob que condições for que a luta de classe ganhe qualquer consistência, só é natural que membros da nossa Associação estejam na primeira linha. O solo a partir do qual ela cresce é a própria sociedade moderna. Ela não pode ser esmagada pela maior das carnificinas. Para a esmagarem, os governos teriam de esmagar o despotismo do capital sobre o trabalho — a condição da própria existência parasitária que é a deles.” (Guerra Civil na França)
Sejam quais forem as torturas que a
burguesia inflija à classe operária, independentemente da destruição que
ele provoca, quaisquer que sejam as dificuldades da luta, enfrentamos o
futuro com a confiança, certeza e otimismo de uma classe em ascensão
destinada a conquistar o poder. Abordamos o futuro com total desprezo
pelas ações grotescas do inimigo condenado, decadente e parasita – o
capitalismo financeiro – para o grito de guerra do proletariado
internacional: “Bem unidos façamos nesta luta final. Uma terra sem amos, A Internacional”.
Fonte - URC
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