A derrota das tropas germanofascistas na batalha de Kursk
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charles moraes
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23:06
Trecho do livro La Gran Guerra Patria de la Unión Soviética – 1941-1945
A derrota das tropas germanofascistas na batalha de Kursk
“A
batalha de Kursk é outra página brilhante nos anais da Grande Guerra
Pátria. Como nas batalhas de Moscou e de Stalingrado, se distinguiu por
suas proporções e sua tensão. Durou quase dois meses [5 de julho-23 de
agosto-1943] e enquanto se desenrolava em território relativamente
pequeno, participaram nos sangrentos combates por ambas as partes mais
de 4 milhões de pessoas, 69.000 peças de artilharia e morteiros, 13.000
tanques e canhões automotores e até 12.000 aviões de combate. O comando
da Wehrmacht empregou nessa batalha mais de 100 divisões, ou seja, mais
de 43% do total que se encontrava na frente soviético-germânica.
Produziu-se a mais grandiosa confrontação de tanques na história da
Segunda Guerra Mundial, ganha pelo Exército Soviético. As tropas
soviéticas derrotaram nessa batalha 30 divisões inimigas. A Wehrmacht
perdeu cerca de 500.000 soldados e oficiais, 1.500 tanques, 3.000 peças
de artilharia e mais de 3.700 aviões. Durante as sete semanas de
encarniçados combates, os hitlerianos perderam diariamente, em média,
10.000 soldados e oficiais entre mortos, feridos, prisioneiros e
desaparecidos, cerca de 30 tanques (além dos canhões de assalto), 60
peças de artilharia e 74 aviões. A aviação soviética conquistou
definitivamente o domínio do ar.
Nessa batalha o comando
hitleriano empreendeu um novo intento de por em discussão e resolver em
seu benefício a questão cardeal de “Quem vencerá”?, mediante uma
ofensiva decidida, levada a cabo com um objetivo de longo alcance:
ganhar toda a campanha oriental. Mas, com sua defesa premeditada e logo
com sua contra-ofensiva, o Exército Soviético frustou esse intento, o
último intento dos hitlerianos. Na batalha de Kursk fracassou
definitivamente a estratégia ofensiva da Wehrmacht com sua porfiada
aspiração de recuperar a iniciativa estratégica e conseguir uma viragem
no curso da guerra. O comando soviético não deixou escapar de suas mãos a
iniciativa estratégica até o fim da guerra. Ao ganhar a batalha de
Kursk, o Exército Soviético colocou as tropas germanofascistas ante uma
catástrofe. A raiz da batalha de Kursk, a correlação de forças e meios
mudaram inquestionavelmente em favor do Exército Soviético.
O fracasso da estratégia
ofensiva no leste obrigou o comando da Wehrmacht a buscar novos métodos
de condução da guerra que lhe permitissem salvar o fascismo do desastre
iminente. Agora se propunha fazer a guerra de posições, ganhar tempo e
semear discórdias na coalizão anti-hitlerista. O historiador
germano-ocidental H. Hubatsch escreveu: “Os alemães empreenderam na
frente oriental o último intento de recuperar a iniciativa, mas sem
resultado. O fracasso da operação “Cidadela” foi o começo do fim do
exército alemão. Desde então, a frente alemã no leste jamais se
estabilizou”.
A vitória alcançada
pelas tropas soviéticas no arco de Kursk produziu um enorme impacto no
curso ulterior da Segunda Guerra Mundial. Graças a derrota de uma parte
considerável das forças da Wehrmacht, se criaram condições favoráves
para o desembarque das tropas anglo-americanas na Itália e a saída desse
país da guerra, em que participava ao lado da Alemanha fascista. Tudo
isso acelerou o desmoronamento da coalizão fascista.
A derrota das tropas
hitlerianas na batalha de Kursk fortaleceu ainda mais a confiança dos
povos dos países ocupados em sua próxima libertação e elevou a um novo
nível a luta contra os invasores fascistas. Novas e novas forças iam se
incorporando à luta contra os hitlerianos. Os relevantes êxitos
alcançados pelas armas soviéticas exerceram uma profunda influência na
Conferência de Teerã, em que se tomou a decisão de abrir em 1944 a
segunda frente na Europa.
Os historiadores
reacionários ocidentais têm feito não poucos esforços para falsear os
feitos relacionados com a batalha de Kursk. Muitos deles tratam de
colocar a culpa do fracasso da operação “Cidadela” somente a Hitler.
Outros apresentam a batalha de Kursk como um episódio ordinário da
Segunda Geurra Mundial e terceiros não a mencionam em geral. Porém,
todos perseguem um mesmo objetivo: silenciar os erros cometidos pelos
generais alemães, embelezar as ações do Estado Maior General alemão,
diminuir o significado das vitórias alcançadas pelo Exército Soviético.
As fontes da vitória
alcançada na batalha de Kursk radicam na força e na vitalidade da
economia socialista, no trabalho abnegado do povo soviético, na
superioridade da arte militar, assim como na força invencível e na
maestria militar dos combatentes soviéticos.
Nessa batalha, que
rompeu a coluna vertebral da Alemanha hitlerista e reduziu à cinzas suas
tropas blindadas de choque, a arte militar soviética demonstrou sua
indiscutível superioridade sobre a arte militar do inimigo. A batalha de
Kursk dissipou o mito, criado pela propaganda hitlerista, de que o
Exército Soviético alcançava vitórias somente no inverno e que o verão
era a temporada de vitórias do exército alemão” (P. Zhilin e outros. La
Gran Guerra Patria de la Unión Soviética – 1941-1945, pp. 248-250;
Editorial Progreso, Moscou, 1985).
O marechal Gueorgui Zhukov escreveu em suas Memórias e Reflexões:
“A
destacada vitória de nossas tropas no arco de Kursk demonstrou o
crescente poderio do Estado Soviético e de suas forças armadas. A
vitória se forjou na frente e na retaguarda sob a direção do Partido
Comunista com os esforços de todos os soviéticos. Na batalha de Kursk
nossas tropas revelaram excepcional intrepidez, heroísmo em massa e
perícia militar. O Partido Comunista e o governo valorizaram a bravura
das tropas condecorando com ordens e medalhas mais de 100.000 soldados,
oficiais e generais; a muitos combatentes foi concedido o título de
Herói da União Soviética.
A derrota das tropas
fascistas alemãs no arco de Kursh teve grande significado internacional e
elevou ainda mais o prestígio da União Soviética. Ante a Alemanha
fascista surgiu o fantasma da iminente hecatombe. A derrota das tropas
alemãs obrigou os hitlerianos a transferir de outras frentes, no verão
de 1943, à frente soviético-germânica, 14 divisões e uma parte
considerável de reforços, debilitando assim as frentes na Itália e na
França.
Os intentos de Hitler de
arrebatar a iniciativa estratégica ao comando soviético sofreram um
fracasso completo e desde então e até o fim da guerra as tropas alemãs
se viram obrigadas a travar somente batalhas defensivas. Isto
evidenciava o esgotamento da Alemanha. Agora já não havia forças capazes
de salvá-la. Era questão de tempo.
O comando estratégico,
operativo e tático soviético se havia desenvolvido e fortalecido
sensivelmente, dominando a arte de condução da guerra.
Diferente das
contra-ofensivas de Moscou e Stalingrado, a do arco de Kursk foi um
golpe profundo decidido de antemão e bem assegurado.
Para isso se
concentraram forças bastante maiores que nas anteriores grandes
operações contra-ofensivas. Por exemplo, na de Moscou tomaram parte 17
exércitos inter-armas pouco numerosos sem unidades encouraçadas e na de
Stalingrado 14 exércitos inter-armas, um exército encouraçado e vários
corpos mecanizados. Na contra-ofensiva de Kursk participaram 22 potentes
exércitos inter-armas, cinco encouraçados, seis aéreos e importantes
forças de aviação de grande raio de ação.
(...)
Um
dos fatores decisivos que asseguraram a vitória no arco de Kursk foi o
elevado estado moral e político de nossas tropas. A isso contribuiu o
intenso e minucioso trabalho realizado pelos chefes e instrutores
políticos, pelas organizações do Partido e do Komsomol [organização da
juventude comunista], tanto no período de preparação da batalha como em
seu curso. Consagraram muitas energias e elevaram as possibilidades combativas
das tropas” (Gueorgui Zhukov – Marechal de la Unión Soviética: Memorias
y reflexiones, Editorial Progreso, Moscou, 1991, tomo 2, pp. 213-215).
Enviado por Percival Alves
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