Alerta no 2º semestre de 2013: Crise sistémica global II
– Segunda deflagração devastadora
– Explosão social à escala planetária
por GEAB
[*]
Plano completo do artigo:
1. Uma situação doravante fora de controle
2. Uma segunda crise estado-unidense
3. Os impactos do segundo choque
4. Estratégias dos diferentes actores
5. Falências das instituições internacionais
6. Recomendações urgentes
Neste comunicado público apresentamos as partes 1 e 2.
Uma situação doravante fora de controle
As ilusões que ainda cegavam os últimos optimistas estão em vias de se dissiparem. Já traçámos o sombrio balanço da economia mundial nos GEAB anteriores. A situação piorou ainda mais desde então. A economia chinesa confirma a sua desaceleração [1] assim como a Austrália [2] , as moedas dos países emergentes afundam [3 , as taxas das obrigações sobem, os salários britânicos continuam a baixar [4] , motins afectam a Turquia e até mesmo a tranquila Suécia [5] , a zona euro continua sempre em recessão [6] , as notícias que chegam a filtrar-se a partir dos Estados Unidos não são mais alegres [7] ...
O clima febril é agora claramente palpável em todos os mercados financeiros onde a questão não está mais em saber qual vai ser o próximo recorde mas sim em conseguir desfazer-se bem cedo antes da debandada. O Nikkei baixou mais de 20% em três semanas e experimentou neste período três sessões com perdas superiores a 5%. Portanto, doravante o contágio atinge os indicadores "padrão" como as bolsas, as taxas de juro, a taxa de câmbio das moedas... últimos bastiões ainda controlados pelos bancos centrais – e portanto até o presente totalmente falsificados, como a nossa equipe explicou muitas vezes.
No Japão, esta situação é a consequência do
programa, delirante pela sua amplitude, da facilidade quantitativa promovida
pelo banco central. A baixa do yen provocou uma forte inflação
sobre os produtos importados (nomeadamente o petróleo). Os enormes
movimentos da bolsa e da moeda japonesas desestabilizam toda a finança
mundial. Mas o arranque do programa do Banco de Japão é
tão recente que as suas consequências ainda são menos
notadas que as da
quantitative easing
do Fed. É principalmente ele o responsável por todas as bolhas
actuais: o imobiliário nos Estados Unidos
[8]
, recordes das bolsas,
bolha e desestabilização dos países emergentes
[9]
, etc.
É também graças ao Fed, ou antes por causa dele, que a
economia virtual que a economia virtual retornou fortalecida e que o apuramento
necessário não se verificou. Os mesmos métodos produzem os
mesmos efeitos
[10]
, uma virtualização agravada da economia
leva-nos a uma segunda crise em cinco anos, pela qual os Estados Unidos
são novamente responsáveis. Os bancos centrais não podiam
sustentar indefinidamente a economia mundial, actualmente perdem o controle.
Uma segunda crise estado-unidense
Se bem que os meses de Abril-Maio, com grande alarido mediático, parecessem dar razão ao método dos EUA-Reino Unido-Japão de flexibilidade monetária (um belo eufemismo) contra o método da Eurolândia de austeridade fundamentada [NR] , desde há algumas semanas os pregoeiros das finanças têm um pouco mais de dificuldade em clamar vitória. O FMI, aterrorizado pelas repercussões mundiais da desaceleração económica europeia, não sabe mais o que inventar para obrigar os europeus a continuar a gastar e voltar fazer explodir os défices: mesmo em seco, a boutique-mundo deve continuar a dar a impressão de girar mas a Europa não entra neste jogo.
Mas a partir de agora os efeitos tóxicos das operações dos bancos centrais no Japão, nos Estados Unidos e no Reino Unido demolem a argumentação (ou antes, a propaganda) louvando o êxito do "outro método", que supostamente permite a retomada japonesa, americana e britânica (esta última não pode sequer ser evocada).
A segunda crise agora em desenvolvimento teria podido ser evitada se o mundo houvesse constatado formalmente que os Estados Unidos, estruturalmente incapazes de se reformarem a si próprios, não pusessem em acção outros métodos além daqueles que haviam conduzido à crise de 2008. Tal como os irresponsáveis bancos "too big to fail", os irresponsáveis países "sistémicos" teriam devido ser postos sob tutela desde 2009, como sugere desde o GEAB nº 28 (Outubro/2008). Infelizmente, as instituições de governação mundial revelaram-se completamente inoperantes e impotentes na gestão da crise. Unicamente as lógicas regionais puderam ser aplicadas; as instâncias internacionais nada produziam, cada uma se pôs a resolver seus problemas no seu canto.
A outra reforma primordial preconizada [11] desde 2009 pela equipe do LEAP/E2020 referia-se a uma revisão completa do sistema monetário internacional. Ao longo de 40 anos de desequilíbrios comerciais americanos e de variações brutais da sua cotação, o dólar como pilar do sistema monetário internacional foi a correia de transmissão de todas as constipações dos Estados Unidos para o resto do mundo. E este pilar desestabilizador está agora no cerne do problema mundial pois os Estados Unidos já não sofrem de resfriado e sim de peste bubónica. Com a não reforma do sistema monetário internacional em 2009, sobrevém uma segunda crise. Com esta abre-se no G20 de Setembro [12] uma nova janela de oportunidade para a reforma do sistema monetário internacional e quase ansiamos para que o choque se verifique antes a fim de forçar um acordo a respeito, do contrário a cimeira corre risco de ocorrer demasiado cedo para provocar a adesão de todos.
Uma segunda crise estado-unidense
Se bem que os meses de Abril-Maio, com grande alarido mediático, parecessem dar razão ao método dos EUA-Reino Unido-Japão de flexibilidade monetária (um belo eufemismo) contra o método da Eurolândia de austeridade fundamentada [NR] , desde há algumas semanas os pregoeiros das finanças têm um pouco mais de dificuldade em clamar vitória. O FMI, aterrorizado pelas repercussões mundiais da desaceleração económica europeia, não sabe mais o que inventar para obrigar os europeus a continuar a gastar e voltar fazer explodir os défices: mesmo em seco, a boutique-mundo deve continuar a dar a impressão de girar mas a Europa não entra neste jogo.
Mas a partir de agora os efeitos tóxicos das operações dos bancos centrais no Japão, nos Estados Unidos e no Reino Unido demolem a argumentação (ou antes, a propaganda) louvando o êxito do "outro método", que supostamente permite a retomada japonesa, americana e britânica (esta última não pode sequer ser evocada).
A segunda crise agora em desenvolvimento teria podido ser evitada se o mundo houvesse constatado formalmente que os Estados Unidos, estruturalmente incapazes de se reformarem a si próprios, não pusessem em acção outros métodos além daqueles que haviam conduzido à crise de 2008. Tal como os irresponsáveis bancos "too big to fail", os irresponsáveis países "sistémicos" teriam devido ser postos sob tutela desde 2009, como sugere desde o GEAB nº 28 (Outubro/2008). Infelizmente, as instituições de governação mundial revelaram-se completamente inoperantes e impotentes na gestão da crise. Unicamente as lógicas regionais puderam ser aplicadas; as instâncias internacionais nada produziam, cada uma se pôs a resolver seus problemas no seu canto.
A outra reforma primordial preconizada [11] desde 2009 pela equipe do LEAP/E2020 referia-se a uma revisão completa do sistema monetário internacional. Ao longo de 40 anos de desequilíbrios comerciais americanos e de variações brutais da sua cotação, o dólar como pilar do sistema monetário internacional foi a correia de transmissão de todas as constipações dos Estados Unidos para o resto do mundo. E este pilar desestabilizador está agora no cerne do problema mundial pois os Estados Unidos já não sofrem de resfriado e sim de peste bubónica. Com a não reforma do sistema monetário internacional em 2009, sobrevém uma segunda crise. Com esta abre-se no G20 de Setembro [12] uma nova janela de oportunidade para a reforma do sistema monetário internacional e quase ansiamos para que o choque se verifique antes a fim de forçar um acordo a respeito, do contrário a cimeira corre risco de ocorrer demasiado cedo para provocar a adesão de todos.
15/Junho/2013
Notas:
(1) Fonte: The New York Times, 08/06/2013.
(2) Fonte: The Sydney Morning Herald, 05/06/2013. Ler também Mish's Global Economic, 10/06/2013.
(3) Fonte: CNBC, 12/06/2013.
(4) Fonte: The Guardian, 12/06/2013.
(5) Ler Sweden's riots, a blazing surprise, The Economist, 01/06/2013.
(6) Fonte: BBC News, 06/06/2013.
(7) Ler Economic dominos falling one by one, MarketWatch, 12/06/2013.
(8) Uma bolha nas condições económicas actuais; em tempos normais seria considerada como um tremor. Ler por exemplo Market Oracle, 10/06/2013.
(9) Sobre as consequências das QE mondiais na Índia: Reuters, 13/06/2013.
(10) O retorno dos produtos financeiros que estiveram na origem da crise de 2008 não é anódino. Fonte: Le Monde, 11/06/2013.
(11) Cf. GEAB n°29, novembre 2008.
(12) Fonte: Ria Novosti, 14/06/2013.
[NR] O suposto bom fundamento da "austeridade" europeia é opinião dos autores. A publicação de uma opinião por resistir.info não significa o seu endosso.
[*] Global Europe Anticipation Bulletin
O original encontra-se em www.leap2020.eu/...
Este comunicado público encontra-se em http://resistir.info/ .
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