quinta-feira, 28 de março de 2013
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A TV Petroleira transmitiu na última sexta (22), entrevista com
Modesto da Silveira. Ele falou sobre a violenta desocupação da Aldeia
Maracanã. Acesse tvpetroleira.tv.
O advogado Modesto da Silveira disse que estava “horrorizado com a falta
de sensibilidade e de disposição para o diálogo do governador Sérgio
Cabral”. Aos 87 anos, apesar de já ter visto de perto muita atrocidade
ao longo da vida, estava assustado com a atitude agressiva do comandante
das tropas policiais que cercaram a Aldeia Maracanã, no Rio, desde as
três horas desta sexta (22). Ao se retirar da Aldeia, pouco antes da
invasão acontecer, Modesto declarou que temia “um banho de sangue”.
Não chegou a ser um “banho de sangue”, mas ainda não se sabe quantas
pessoas foram agredidas e saíram feridas durante a operação militar,
ordenada pelo governador. Um dos feridos, com um corte na barriga e
outro no joelho, provocados por estilhaços de bomba, foi o assessor do
Sindipetro-RJ João Leal, que foi hospitalizado para receber os primeiros
socorros. O repórter Rafael Duarte, da TV Petroleira, assim como a
maioria das centenas de pessoas que estavam no local, sofreram os
efeitos do gás de pimenta nos olhos.
O ex-deputado federal acompanhou de perto, desde a madrugada, o cerco da
polícia de Sérgio Cabral à Aldeia Maracanã, na condição de
representante da Comissão de Ética da Presidência da República, de
conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Casa da
América Latina. Apesar disso, foi destratado pelo comandante das tropas,
que “foi agressivo e não aceitou a menor aproximação para o diálogo” –
disse.
Modesto conta que, na quinta-feira (21) à tarde, assistiu à negociação
entre os indígenas e o Secretário de Assistência Social e Direitos
Humanos do Estado, Zaqueu da Silva Teixeira. O advogado assegurou que os
índios estavam receptivos e abertos ao diálogo, chegando a apresentar
uma contraproposta ao governo do estado, por escrito, como havia
solicitado Zaqueu. Depois disso, permaneceram em vigília, aguardando a
resposta:
“Mas em lugar de apresentar uma nova proposta, o governador preferiu
responder com tropas de choque. Por volta das três horas da manhã eles
cercaram a Aldeia – disse Modesto. – Fiquei apavorado. O aparato
policial era muito grande. Eu contei pelo menos quatro ambulâncias.
Muitos policiais estavam com máscaras de proteção contra gás. Tudo
levava a crer na iminência da invasão. Temi um banho de sangue, porque
os índios estavam dispostos a resistir. Aquele casarão foi destinado por
D.Pedro II a fins de interesse indígena e, por esse motivo, eles se
consideram herdeiros do prédio, onde reivindicavam a construção de um
centro cultural de valorização da cultura indígena”.
Modesto Silveira prepara o relato que será apresentado na próxima
reunião do Conselho de Ética da Presidência da República, do qual faz
parte. Na sua opinião, o governador do Rio de Janeiro errou. “Não se
justifica uma invasão no meio de um processo de negociação, mesmo que a
desocupação estivesse autorizada judicialmente, Menos justificável ainda
foi a violenta da polícia contra a imprensa nacional e internacional,
contra manifestantes e indígenas” – afirmou.
Coincidentemente ou não, o governador Sérgio Cabral escolheu o 21 de
Março para a ação policial (que acabaria acontecendo nas primeiras horas
do dia 22). 21 de Março, para quem não se lembra, é uma data importante
para os defensores dos direitos humanos e da vida. Comemoram-se os dias
internacionais: 1) Contra a Violência; 2) Contra a Discriminação
Racial; 3) em Defesa das Florestas:
Dá-lhe Cabral: além de desumano, debochado!
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