sábado, 2 de junho de 2012

O Caso dos Terroristas em Falta

 

Paul Craig Roberts
01.Jun.12 :: Outros autores

Paul Craig RobertsEm vez de terroristas reais executando golpes fáceis, temos golpes “terroristas” congeminados por agentes do FBI e da CIA, que depois recrutam uns palermas desgraçados ou loucos, comprando-os com dinheiro e com imagens heroicas de si próprios e fornecendo-lhes um esquema e falsos explosivos.


Se houvesse mesmo terroristas, José Rodriguez estaria morto.
Quem é José Rodriguez? É o criminoso que dirigiu o programa de tortura da CIA. A maior parte das suas vítimas não eram terroristas, nem sequer rebeldes. A maior parte eram uns desgraçados raptados por senhores da guerra e vendidos aos americanos como “terroristas” pela generosa quantia oferecida.
Se a identidade de Rodriguez dantes era secreta, hoje já não é. Esteve nos “60 minutos” da CBS creditando-se pela tortura de muçulmanos e pelo uso da informação assim alegadamente adquirida para eliminar chefes da al-Qaeda. Se os terroristas fossem realmente o problema que a segurança interna, o FBI e a CIA pretendem, o nome de Rodriguez constituiria um elemento importante na lista de alvos a abater dos terroristas. Estaria já enterrado.
Do mesmo modo, estaria John Yoo, que escreveu os memoranda do Departamento de Justiça (sic) concedendo luz verde à tortura, a despeito das leis americanas e internacionais que a proíbem. Aparentemente, Yoo, professor da Escola de Lei Boalt na Universidade da Califórnia, em Berkeley, ignorava a lei americana e internacional. Tal como o Departamento de Justiça (sic) dos EUA.
Repare-se que Rodriguez, “O Torturador dos Muçulmanos,” não precisa de se esconder. Pode ir à TV nacional revelar quem é e revelar o êxito que tem tido com a tortura e o assassínio. Rodriguez não tem proteção dos serviços secretos e seria um alvo fácil para ser assassinado por terroristas, suficientemente competentes para alegadamente terem desencadeado o 11 de setembro.
Outro alvo fácil para assassínio seria o antigo Secretário da Defesa Donald Rumsfeld, que admitiu para o Pentágono neoconservadores belicistas como Paul Wolfowitz e Douglas Feith, os quais por sua vez cozinharam a falsa informação utilizada para justificar as invasões do Iraque e do Afeganistão. O próprio Rumsfeld declarou que os membros da al-Qaeda são os mais viciosos e perigosos assassinos do planeta. No entanto, Rumsfeld, Wolfowitz, Keith, e Richard Perle, juntamente com propagandistas neoconservadores dos media como William Kristol e Max Boot, têm andado por aí em segurança durante anos sem serem incomodados por terroristas vingativos ou que quisessem tirar desforço contra os responsáveis por nada menos que 1 milhão de muçulmanos mortos.
Condi Rice e Colin Powell, que pronunciaram o discurso das mentiras nas Nações Unidas para inaugurar a invasão do Iraque, e Dick Cheney, cuja proteção mínima pelos serviços secretos não aguentaria qualquer tentativa de assassinato a sério, vivem igualmente vidas imperturbadas por terroristas.
Lembremos aquele baralho de cartas que o regime de Bush distribuiu por aí. Se houvesse terroristas com um baralho do mesmo tipo, todos os acima referidos seriam “alvos de elevada pontuação.” No entanto, não houve uma única tentativa com qualquer deles.
É estranho que nenhum desses sujeitos tenha defrontado ameaças terroristas. No entanto, os duros machos da marinha (Seals) que alegadamente mataram Osama bin Laden têm que manter a identidade secreta de modo a não serem alvos terroristas. Estes super-homens americanos, eles próprios assassinos altamente treinados, não se atrevem a mostrar a cara, mas Rodriguez, Rumsfeld e Condi Rice podem andar por aí sem problemas. De facto, a vida dos Seals está tão em perigo que o presidente Obama desistiu da enorme vantagem política em termos de relações públicas que seria ter tido esses heroicos marinheiros numa cerimónia na Casa Branca. Estranho comportamento para um político. Um par de semanas depois da alegada morte de bin Laden, a unidade dos Seals, ou a sua maior parte, desapareceu numa queda de helicóptero no Afeganistão.
Será que um terrorista muçulmano procurando vingança pelos crimes de Washington tentaria introduzir uma bomba na sua roupa interior ou num sapato a bordo de um avião para fazer rebentar gente cuja única responsabilidade pela guerra de Washington contra os muçulmanos é deixarem-se levar pela propaganda? Se se quisesse estoirar com pessoas, não seria de colocar antes a bomba no meio da quantidade de gente que está à espera nas filas do controle de segurança do aeroporto, apanhando de caminho com elas o pessoal da TSA (Administração da Segurança nos Transportes – N.T.)? Os terroristas poderiam até coordenar os ataques, atingindo grande número de aeroportos nos EUA em simultâneo. Isso seria verdadeiro terror. Além disso, apresentaria à TSA um problema insolúvel: como inspecionar as pessoas antes de as inspecionar?
E ataques coordenados em centros comerciais e acontecimentos desportivos?
Porque procurariam os terroristas, caso existissem, ralar-se com matar pessoas, quando é fácil causar confusão sem as matar? Há imensas subestações eléctricas sem guarda. Regiões inteiras do país poderiam ficar às escuras. O mais simples acto disruptivo seria largar grande quantidade de pregos no meio do trânsito na hora de ponta em Boston, Nova Iorque, Washington, Atlanta, Dallas, Chicago, Los Angeles, San Francisco. Imagine-se: milhares e milhares de carros empanados com os pneus em baixo, bloqueando as principais ruas durante dias.
Antes de algum leitor me acusar de estar a dar ideias aos terroristas, perguntemo-nos se realmente gente inteligente e capaz de planear e levar a cabo o 11 de Setembro não conseguiria pensar em táticas tão simples como essas, golpes que podiam ser feitos sem terem que contornar seguranças ou matar pessoas inocentes. A minha questão não é o que os terroristas, se existem, deviam fazer. A questão é que a falta de actos de terrorismo simples de levar a cabo sugere que a ameaça terrorista é mais intimidação do que realidade. Assim, temos um sistema de segurança caro e intrusivo que parece não ter outra função senão exercer poder sobre os cidadãos americanos.
Em vez de terroristas reais executando golpes fáceis, temos golpes “terroristas” congeminados por agentes do FBI e da CIA, que depois recrutam uns palermas desgraçados ou loucos, comprando-os com dinheiro e com imagens heroicas de si próprios e fornecendo-lhes um esquema e falsos explosivos. São chamadas “operações-armadilha” (sting operations), mas não são. São orquestrações preparadas pela nossas próprias agências de segurança que produzem falsos golpes terroristas seguidamente “frustrados” pelas próprias agências de segurança que os prepararam. Os comunicados de Washington são sempre: “O público nunca esteve em perigo.” Que golpes terroristas! Nunca estivemos ameaçados por nenhum, mas os aeroportos estão em alerta laranja há 11 anos e meio.
Os júris federais judiciais, condicionados como estão, tratam hoje estes golpes cozinhados como ameaças reais à segurança americana, apesar dos anúncios governamentais de que o público jamais esteve em perigo.
As notícias de golpes “frustrados” mantêm o público condicionado e dócil e conformado com as buscas intrusivas, com espionagem sem garantias, com o crescimento de um estado policial incontrolável e com guerras infindáveis.
A “Guerra ao Terror” é uma mistificação, a mesma que foi usada com êxito para destruir a Constituição dos EUA e para completar a transformação da lei de proteção do povo em arma nas mãos do Estado. Ao destruir o habeas corpus, a legalidade processual e a presunção de inocência, a “Guerra ao Terror” destruiu a nossa segurança.
14 de Maio 2012
Tradução: Jorge Vasconcelos
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