Hendryll Luiz e Maria Amanda – Associação Regional dos Estudantes Secundaristas do Grande ABC
ABC PAULISTA – Na terça-feira da semana passada, 12, aconteceu uma reunião entre os prefeitos das sete cidades do grande ABC paulista, que se juntaram no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, em Santo André, para discutir sobre a educação. Paralelamente, acontecia uma manifestação organizada pelo Comitê Regional Unificado contra o fim da gratuidade dos idosos e melhorias no Passe-Livre estudantil, já noticiado pelo A Verdade.
A manifestação em questão garantiu a preservação desses direitos, mas o que não estava às claras durante o ato, e o Consórcio Intermunicipal fez questão de esconder, foi que os prefeitos já tinham decidido voltar às aulas presenciais. A ação unânime dos prefeitos das sete cidades decidia naquela manhã que as escolas particulares voltariam em 18 de fevereiro e as escolas públicas do Estado voltariam a partir do dia 1º de março.
Na quarta-feira, 13, houve outra reunião, mas dessa vez com o Governador do Estado, João Doria, o secretário da educação, Rossieli Soares, e os prefeitos das cidades do Estado de São Paulo. Foi uma reunião online, para tratar dos assuntos a serem tomados agora pelas escolas estaduais e privadas, a partir do próximo mês. E após a reunião o secretário de Educação, em coletiva de imprensa, manifestou indignação com a decisão dos prefeitos do Grande ABC.
Isso porque o Plano São Paulo previa a volta das aulas presenciais no dia 1º de fevereiro. Rossieli ainda disse que “A Educação precisa ser prioridade. Precisa ter a justificativa epidemiológica. Dizer que vai esperar uma vacinação não é uma justificativa epidemiológica, porque a gente teria que fechar todos os demais setores que estão funcionando e que são essenciais estarem abertos pra sociedade. Obviamente estamos fazendo a construção de eventualmente questionar na Justiça após uma eventual negativa. […]”. Em outras palavras, por que fechar as escolas estaduais em favor da vida e abrir as privadas?
Pasmem, desde o ano passado o governo estadual tenta retomar as aulas presenciais, até mesmo porque existe uma pressão dos donos da rede privada de educação. No dia 5 de agosto, um dia depois da manifestação da ARES-ABC, no mesmo Consórcio, com o mote “Sem Vacina, Sem Aula”, um grupo de donos de escolas particulares fez uma manifestação em Mauá, pedindo a volta das aulas presenciais. Mas o caso ainda piora: agora existe um movimento chamado Movimento Escolas Abertas, composto por ricos que comercializam a educação, que pretende fazer uma carreata na capital no dia 16 de janeiro para pressionar o Poder Público.
Mas, o plano de vacinação de São Paulo começa no dia 25 de fevereiro, e ainda está subordinado a atrasos do Governo Federal, e agora o governo estadual tensiona com as prefeituras do ABC, e o que quer dizer isso?
Quer dizer que, o governo estadual pretende abrir as escolas antes da vacinação, colocando um clima de “melhora” mesmo com a alta dos casos de covid-19 no estado. Quer dizer que os prefeitos do ABC e o governo do estado, mesmo se “comprometendo” com a saúde da população, estão principalmente interessados em agradar o monopólio da educação. Quer dizer que eles usam o termo “priorizar a educação”, mas “priorizam” ela até mesmo acima da vida.
No fim, estão do “lado da educação”, mas não do estudante. É por isso que no ano passado cerca de 8,3 milhões de estudantes não tiveram acesso ao despreparado ensino remoto. Reivindicamos o direito de não ter que escolher entre estudar ou viver! A volta ás aulas presenciais, sem preparo, sem vacinação, com um investimento efêmero da Secretaria de Educação comparado com as sequências de cortes Estaduais e Federais só mostram o descaso dos governantes do país com os mais pobres, com os que necessitam da escola pública para aprender a ler e entender o mundo.
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