Renato Amaral
BELO HORIZONTE (MG) – O mundo do trabalho passa por grandes transformações. Isso acontece pela necessidade do capital de aumentar a taxa de lucros, cumprindo a tendência do sistema apontada por Karl Marx: o capitalismo tende ao aumento do custo do capital constante (máquinas, tecnologias) e a diminuição do custo do capital variável (mão de obra, pagamento aos trabalhadores). A chamada Revolução 4.0, com novas tecnologias de automação, incluindo a inteligência artificial robótica, confirmam a tese marxista.
São vários os aspectos do funcionamento da sociedade que esta transformação influencia. O aumento do investimento de um grande capitalista em sua empresa faz acelerar e aumentar sua produção, ao mesmo tempo em que sua concorrente, não acompanhando este ritmo, fica para trás e quebra. O monopólio, já hegemônico atualmente no mercado, se reafirma e se aprofunda. As pequenas e médias empresas sucumbirão a este monopólio, como outros milhares já sucumbiram ao longo do tempo.
Em meio a tudo isso, a classe trabalhadora, que tem como sua mercadoria a força de trabalho, fica a mercê das mudanças do mercado. Por essa causa, vários de nós, trabalhadores e trabalhadoras, já exercemos várias profissões. Num breve exemplo, quando a construção civil está em ascenso, somos serventes de pedreiros, quando a construção está em baixa, vamos para o comércio, trabalhando em lojas, shoppings ou vamos para os postos de atendimento e nos transformamos em operadores de call center. Quando cai o poder aquisitivo da maioria da população e também o comércio e a indústria de serviços são atingidos, nos transformamos em motoristas ou entregadores de aplicativo.
Essa realidade ocorre com milhares de pessoas que dependem exclusivamente do seu trabalho para sobreviver e são obrigados a colocar à disposição do mercado a sua força de trabalho. Desta forma, o ramo da indústria que estiver em crescimento, será aquele ao qual nos adequaremos para ingressar. O objetivo é bem definido, conseguir um salário que dê para pagar um teto, comida para a família e outros direitos básicos.
A precarização do trabalho, portanto, é um fenômeno estrutural do sistema capitalista. Por isso é uma característica internacional que atinge toda a classe trabalhadora. As primeiras a sentirem isso são as mulheres trabalhadoras, que ocupam os piores postos de trabalho, mais precários e informais. No caso brasileiro, atinge especialmente, além das mulheres em geral, as mulheres negras e os homens negros. Outra parte da sociedade que sente isso é a população LGBT, que, em muitos casos, é completamente excluída das relações de trabalho formais, cabendo a esse grupo outras funções na reprodução do capital.
Por tudo isso, o movimento sindical precisa se organizar entendendo os desafios atuais do sistema capitalista e a necessidade de lutarmos com a perspectiva da construção do socialismo. Os trabalhadores do serviço público e os trabalhadores de carteira assinada devem se organizar para lutar pela garantia dos direitos conquistados. Os trabalhadores informais devem lutar para conquistar os mesmos direitos, no sentido de travar a aceleração da superexploração do trabalho.
Um exemplo positivo foi a greve nacional dos entregadores por aplicativo no dia 1º de julho, reivindicando melhores condições de trabalho, remuneração e alimentação no serviço. A luta contra o governo do fascista Jair Bolsonaro é base fundamental para isso, pois o que este governo faz é proporcionar as condições para megaempresários praticarem a livre exploração, acelerando o caos nas relações de trabalho, pois, de um lado, os trabalhadores vão perdendo os direitos, como a aprovação da Reforma da Previdência, e, de outro, os grandes capitalistas vão ganhando cada vez mais dinheiro, aumentando seus lucros.
Assim, o movimento sindical não deve vacilar, nossa luta deve ser no sentido de organizar os trabalhadores para destruir o sistema capitalista e criar uma sociedade sem patrões, uma sociedade das trabalhadoras e dos trabalhadores.
f: A Verdade
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