Dom Roberto critica privatizações, diz que política tem se tornado balcão de negócios e que poder do povo tem diminuído
Assessoria de Comunicação CNBB
O Bispo da Diocese de Campos, Dom Roberto Ferreria Paz, foi mais uma vez firme em suas análises da conjuntura política brasileira e deixou claro seu compromisso popular, em consonância com os desejos do Papa Francismo de uma igreja mais fiel aos pobres.
Após afirmar ainda neste ano que a proposta de reforma da previdência apresentada pelo governo Bolsonaro não era cristã e penalizava os mais pobres, o bispo declarou nesta quarta (14) que "assistimos à privatização da política, à desconstrução da constituição cidadã e a redução do debate público."
A declaração se deu por ocasião do feriado de Proclamação da República deste dia 15 de novembro, onde o bispo, que é membro da Comissão Episcopal para o Acordo Brasil - Santa Sé, analisou as contradições do conceito de república no Brasil atual.
Dom Roberto lembrou que o conceito de "República" tem origem no latim "res-publica" e significa "coisa pública". Para ele, o Brasil tem perdido esta noção e colocado os interesses privados acima do bem comum. Os ataques à constituição, segundo o prelado, tem afetado especialmente os direitos sociais, as garantias processuais (menção à prisão em 2ª instância) e o bom relacionamento entre os poderes.
Para o autor deste blog, ao afirmar a defesa da República neste dia 15, Dom Roberto dá um recado direto à alas da igreja católica que parecem estar presas na idade média (especialmente em Campos) e que mantém relações umbilicais com figuras que vão desde a autoproclamados "príncipes" no Brasil e ao próprio nefasto presidente Bolsonaro.
Ainda segundo o bispo, a economia tem pautado a política e a transformado em um "balcão de negócios", reduzindo os mecanismos de participação popular. Dom Roberto vê como grave a perda do debate público e, para ele, "sem um estado presente, que garanta os direitos sociais, nós estamos cada vez mais retrocedendo às velhas oligarquias."