por Rémy Herrera
![]() Em meados de Abril, ele enviou 2500 militares para fazer evacuar uma centena de activistas radicais da "zona a defender" (ZAD) em Notre-Dame-des-Landes, no Oeste do país. Estes militantes, movimentos ecologistas e autónomos (extrema-esquerda), impediam ali a construção de um aeroporto e ocupavam os lugares transformados em squats a céu aberto, em busca de espaços agrícolas alternativos, colectivos, numa recusa à propriedade individualizada. Na véspera da intervenção, os "zadistas" a enfrentar as forças da ordem eram cinco vezes mais numerosos. No mesmo momento, Macron lançava a tropa de choque do CRS para desalojar os estudantes que ocupavam a Sorbonne e Tolbiac para protestar contra a "reforma educativa". De imediato, foram ocupadas, ou reocupadas, outras universidades como Nanterre – e mesmo Sciences Po, grande escola na qual se diplomou o Presidente da República. Em Lille, foi entre duas alas de polícias que os estudantes tiveram de prestar seus exames. As manifestações parisienses da jornada de acção interprofissional de 19 de Abril – organizada pela CGT e reunindo 300 mil no país – tiveram direito a canhões de água e granadas lacrimogéneas, quando nada de grave o justificava. Com falta de sustentação popular, é pelo envio da tropa contra as resistências pacifistas que o Presidente pretende demonstrar a sua força. Apoiado pela alta finança, é verdade que ele tem com que se sentir forte. Tão forte que pôde declarar a guerra social. E pode desafiar o povo, em nome de "reformas necessárias" e desprezando o diálogo social. Hoje, é a coluna vertebral do movimento operário que Macron pretende quebrar; a começar pelos ferroviários, na primeira linha da defesa do serviço público e que permitiu uma cristalização das contestações. ![]() No momento actual, muito está em jogo. Duas visões da sociedade se afrontam: uma, apresentada como "ultrapassada", é a da solidariedade, da justiça social, da esperança reencontrada pela juventude, de um futuro em comum; a outra, neoliberal, a estratégia das elites, está destinada ao fracasso e lança num impasse a maioria da população. Quanto tempo esta maioria – o mundo do trabalho – recuará frente a esta minoria de privilegiados que a esmaga? Dia 19, os sectores da química, da electricidade e do gás entraram na batalha. Será uma guerra de desgaste. A questão colocada neste 19 de Abril é a que deve ser feita: como encontrar, nas lutas, as condições da sua convergência? Apesar das divisões sindicais – nas quais as jovens gerações descobrem aquilo que seus pais e avós sabiam desde há muito: que as orlas social-democratas traem os trabalhadores – uma frente de trabalho está em vias de se desenhar. Certamente, no momento, as forças da esquerda política não estão à altura dos desafios. Na generalidade, a recusa de discutir a colocação em causa do euro e do espartilho europeu bloqueia o futuro. Só está desorganização da esquerda política ainda permite aos burgueses adormecerem quase tranquilamente. Atenta, a extrema-direita observa. E como a França monárquica conquistou a Argélia esmagando suas revoluções de 1830 e 1848, foi precisa uma guerra imperialista para acompanhar a guerra social. Ao nos cantar a canção das "armas químicas", entoada outrora por Bush, Macron foi à guerra, docilmente, atrás de Trump e May, para bombardear a Síria. As duas caras guerreiras do capitalismo...
22/Abril/2018
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