quarta-feira, 21 de junho de 2017

Esteban Crescente / A greve geral é o caminho


A greve geral é o caminho

A vitoriosa Greve Geral de 28 de abril mostrou que a maioria dos trabalhadores está convencida de que é preciso lutar contra as reformas Trabalhista e Previdenciária. O governo e a burguesia sentiram a força da classe trabalhadora e, por isso, temem uma nova greve e fazem de tudo para que ela não aconteça.
Além de ter causado um prejuízo aos patrões na ordem de R$ 5 bilhões (Fecomércio/SP, 28 de abril) devido à adesão de centenas de categorias em grande parte dos estados, a greve desgastou ainda mais o governo golpista de Temer, deixando claro para o conjunto da população quais os verdadeiros objetivos das reformas.
Também cumpriu papel fundamental nesse processo a grande marcha nacional a Brasília, realizada no dia 24 de maio, que reuniu mais de 200 mil na capital federal e foi resultado da ação unitária de centrais sindicais, partidos de esquerda e movimentos populares.
Assim, dia após dia, Temer vem perdendo completamente as condições políticas para garantir a aprovação das medidas antipovo, o que tem causado instabilidade entre setores da própria burguesia brasileira que o apoiavam, a exemplo da Rede Globo.
Não é hora de recuar
Apesar disso, alguns setores do movimento passaram a jogar mais peso na luta pelas Diretas em detrimento da luta contra as reformas. Outros setores, como a Força Sindical, além de serem contra as Diretas, têm adotado a postura de propor alterações nas reformas, mostrando que, no fundo, não estão em contradição com a proposta do governo.
Não há dúvidas de que é muito melhor para o país o povo ter o direito de votar para presidente do que confiar essa escolha ao Congresso Nacional, como se fazia durante a ditadura. Entretanto, é preciso não se enganar: um governo que seja resultado de eleições com os mesmos partidos que receberam milhões de propina e que são investigados por corrupção não terá moral nem força para adotar medidas contra os ricos ou realizar as transformações que o país tanto precisa; será novamente manipulado pelo poder econômico, como o foram todos os governos ao longo de nossa história.
Assim, é preciso mais que eleições diretas. É necessário substituir essa democracia atual, na qual ganha quem tiver mais dinheiro, por uma democracia popular, onde haja igualdade de verdade e não apenas no papel.
Dessa forma, a questão central é a pressão das ruas. As eleições diretas não ocorrerão sem uma mobilização popular gigantesca, que faça Temer e sua quadrilha perderem os apoios que ainda lhes restam.
Nesse sentido, apenas uma nova Greve Geral pode alcançar esse nível de mobilização e pressão sobre o governo e os patrões. Por isso, a vacilação em garantir a Greve Geral no próximo dia 30 de junho e sua subestimação em nome das Diretas já! apenas divide o movimento. O preço a pagar será alto, pois significará o enfraquecimento da mobilização e da organização da classe trabalhadora, que é a única possibilidade séria de vencer a luta atual.
No ano em que comemoramos o centenário da Grande Revolução Socialista de 1917, vale relembrar as sábias e sempre atuais palavras de Lênin sobre a importância das greves na luta de classes:
“Numa greve política, a classe operária atua como classe de vanguarda de todo o povo. O proletariado desempenha em tais circunstâncias não o papel de uma classe da sociedade burguesa, mas o papel de força hegemônica, isto é, de dirigente, de guia, de chefe. As ideias políticas que se revelam no movimento têm um caráter nacional, isto é, afetam as condições fundamentais, as condições mais profundas da vida política de todo o país” (Greve Econômica e Greve Política, 1912).
Toda força à Greve Geral de 30 de junho!
Nenhum passo atrás!
Esteban Crescente, dirigente da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), Rio de Janeiro
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