
Há, no Paraná, um projeto de lei que visa a diminuir a área de proteção ambiental da Escarpa Devoniana, com o fim de atender aos interesses de ruralistas, mineradoras e empresas de energia hidráulica e eólica. Biólogos, geógrafos e geólogos criticaram o absurdo de tal PL e o impacto negativo que a redução proposta terá sobre o meio ambiente e, consequentemente, sobre a população da região. Além disso, seria mais uma perda de um patrimônio natural brasileiro, engolido pela ânsia dos que, visando ao lucro, esgotam a terra, poluem as águas, sempre com uma política genocida que leva consigo vidas de indígenas e trabalhadores sem terra; até não restar nada e voltarem seus olhos para outro lugar onde ainda seja possível a exploração, humana e ambiental.

A Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana foi criada em 1992, abrangendo 392 mil hectares, para proteger os últimos remanescentes de campos nativos. O projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa do Paraná, assinado pelos deputados Plauto Miró, do DEM, Luis Claudio Romanelli, do PSB, e Ademar Traiano, do PSDB, propõe reduzir a APA para 126 mil hectares, ou seja, em mais de dois terços. O PL, além de não ter surgido de uma discussão ampla e democrática, baseia-se em carta topográfica da Fundação ABC, sendo esta uma entidade mantida pelo agronegócio. A atividade agropecuária é permitida em toda a extensão da APA, desde que respeitados plano de manejo e legislação; mesmo assim, para o agronegócio, não é suficiente, e estendem suas garras sujas de sangue em busca de mais, de raspar o tacho até não restar nada, e a população local que sofra as consequências.
O Brasil tem mais latifúndio do que áreas de preservação, além de ser o país que mais mata ativistas do campo. Para que todos tenham condições dignas de existência, é imprescindível pensar e se posicionar sobre a questão da terra, defendendo que esta não continue sendo patrimônio de uns poucos ricos que a exploram de forma violenta, tendo em vista as consequências deixadas por essa exploração.
Com a ameaça de redução da Escarpa Devoniana, foi criado um movimento contrário ao projeto de lei. Assim, o Movimento Contra a Redução da APA da Escarpa Devoniana cumpre o importante papel de divulgar dados mostrando as incongruências do projeto e conscientizando a população das consequências que a redução da APA trará. Por ora, as tratativas do PL de redução da APA estão paradas.
A Escarpa Devoniana é um patrimônio brasileiro e, como tal, deve ser defendido. Defendê-la é se colocar contra a barbárie perpetrada pelos ricos que se tornaram donos da terra, deixando o rastro de sangue em nossa história.
Carolyne Dornelles, Curitiba
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