sexta-feira, 31 de março de 2017

Com popularidade em queda, Temer enfrenta nova onda de protestos


por Redação* — publicado 31/03/2017 20h32
Em reação ao projeto da terceirização e às mudanças na Previdência, dezenas de milhares de brasileiros saíram às ruas nesta sexta-feira 31
Claudia Belfort e CUT
Avenida Paulista
Palco do maior protesto, a Avenida Paulista ficou bloqueada nos dois sentidos
Dezenas de milhares de brasileiros saíram às ruas nesta sexta-feira 31 em protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência propostas pelo governo de Michel Temer. Convocado por oito centrais sindicais e pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, o “Dia Nacional de Mobilização” reuniu uma multidão em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, além de registrar atos menores em ao menos outras 12 capitais.
"É apenas um esquenta para a greve geral", tratou de esclarecer Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores, durante a manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo. Segundo o líder sindical, os protestos deverão se intensificar no próximo mês, já batizado de “Abril Vermelho”, em homenagem ao histórico período de mobilizações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
"Esses caras vão ter muita dificuldade para aprovar a reforma da Previdência, para sustentar a sacanagem das terceirizações”, afirmou Freitas. “O povo acordou. Vamos parar o País em 28 de abril".
De fato, o clima no principal cartão-postal da capital paulista era de forte rejeição às políticas encampadas pelo peemedebista. Com capacete de ciclista e um megafone em punho, um senhor de cabelos brancos não perdia uma única oportunidade de praguejar contra o atual mandatário. E emendava: “Tá com dó do Temer? Leva ele para a sua casa!”.
De acordo com uma pesquisa do Ibope, contratada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta sexta-feira 31, o número de eleitores que avaliam o governo Temer como ruim ou péssimo foi de 46% em dezembro para 55% em março. A quantidade dos que não confiam no peemedebista também cresceu, de 72% para 79%.
No Rio de Janeiro, os manifestantes se concentraram, às 15h, na Igreja da Candelária e saíram em passeata, às 18h, pela Avenida Rio Branco. Alguns deles empunharam cartazes com as fotos de deputados que aprovaram, em 22 de março, um projeto que libera a terceirização da mão-de-obra para todas as atividades de uma empresa.
Apresentado há 19 anos pelo governo FHC, a proposta estava engavetada desde 2002, quando o Senado aprovou o texto de Romero Jucá, hoje líder do governo no Congresso. Detalhe: apenas 12 dos atuais 81 senadores estavam no exercício do mandato à época.
Um dossiê da Central Única dos Trabalhadores (CUT), preparado por técnicos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), revela o cenário tormentoso das terceirizações no Brasil. Com dados de 2013, o estudo mostra que os terceirizados recebem salários 24,7% menores que aqueles dos efetivos, permanecem no emprego pela metade do tempo, além de ter jornadas maiores.
Rio de Janeiro
No Rio, deputados que votaram a favor da terceirização foram alvo de escracho (Frente Brasil Popular)
Em Brasília, os manifestantes concentraram-se na Rodoviária do Plano Piloto e saíram em passeata pela Esplanada dos Ministérios. Em Belo Horizonte, a marcha percorreu a Avenida Olegário Maciel até a Praça da Estação. Além da rejeição ao projeto que libera a terceirização, os participantes são contrários às mudanças propostas pelo governo na Previdência: mínimo de 65 anos de idade e 25 anos de contribuição para o benefício parcial, ou 49 anos de aportes para o integral.
Na capital baiana, representantes de diversas categorias, centrais sindicais, movimentos sociais e frentes populares se encontraram no Campo da Pólvora, Praça do Fórum Ruy Barbosa, no bairro central de Nazaré. O protesto teve início às 9h, e os manifestantes seguiram pela Avenida Joana Angélica, em direção ao bairro do Barbalho.
Em Fortaleza, o ato começou na Praça da Bandeira e foi até a Praça do Ferreira. Integrantes de centrais sindicais, trabalhadores de diferentes categorias, indígenas e outros segmentos caminharam com faixas, cartazes e bandeiras pedindo a suspensão dos projetos que tratam das reformas trabalhista e da Previdência.
A equipe econômica de Temer, liderada pelo ministro Henrique Meirelles (Fazenda), argumenta que só uma drástica reforma da Previdência propiciará o reequilíbrio das contas públicas, indispensável para a “retomada da confiança” dos empresários e investidores. Os críticos alertam, porém, que as mudanças deixaram grande parte da população desassistida, com reflexos sobre a elevação da pobreza e da desigualdade.
Além disso, a redução dos repasses previdenciários pode afetar as economias locais e prejudicar a retomada do consumo e do crescimento.
*Com informações da Agência Brasil.
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