Pentágono começa guerra furtiva na Síria
por Mike Whitney [*]
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Chame-se a isto guerra furtiva, chame-se espicaçar o urso, chame-se o que quer que se queira. O facto é que a guerra síria está a entrar numa fase nova e mais perigosa aumentando as probabilidades de uma confrontação catastrófica entre os EUA e a Rússia. Este novo capítulo do conflito é a invenção do senhor da guerra do Pentágono, Ash Carter, cujo ataque a um posto avançado sírio em Deir Ezzor matou 62 soldados regulares sírios pondo um fim rápido ao frágil acordo de cessar-fogo. Carter e seus generais opuseram-se ao acordo de cessar-fogo Kerry-Lavrov porque ele teria exigido "cooperação militar e de inteligência com os russos". Por outras palavras, os EUA teriam precisado de obter o sinal verde de Moscovo para os alvos dos seus bombardeamentos, o que teria minado sua capacidade para apoiar seus combatentes jihadistas no terreno. Para o Pentágono este foi o motivo real para romper o acordo. Mas o bombardeamento de Deir Ezzor consertou tudo isso. Ele tirou o Pentágono da enrascada, torpedeou o cessar-fogo e permitiu a Carter lançar o seu próprio tiroteio sem autorização presidencial.
Missão cumprida. Mas a espécie de escalada que Carter tem em mente, afinal de contas, é uma confrontação directa entre os Estados Unidos e a Rússia que a maior parte dos analistas assume levar a uma guerra nuclear. Estará ele realmente desejoso de assumir esse risco? Demónio, não – mas nem todos concordam em que mais violência levará a um intercâmbio nuclear. Carter, por exemplo, parece pensar que pode elevar as apostas consideravelmente sem qualquer perigo real, razão pela qual pretende conduzir uma guerra furtiva de baixa intensidade principalmente sobre activos sírios que forçarão Putin a aumentar o compromisso militar da Rússia. Quanto maior o compromisso militar da Rússia, maior a probabilidade de um atoleiro, o qual é o objectivo primário do Plano C, também conhecido como Plano Carter. Dê uma olhadela a este recorte de um artigo do Washington Post de terça-feira, o qual ajuda a explicar o que está a acontecer:
Não pensa que o Washington Post teria mencionado o sórdido pequeno empreendimento de Carter se ele já não estivesse a caminho? Considere o bombardeamento de Deir Ezzor, por exemplo. Será que ele não cumpre o padrão do Post de "ataques militares dos EUA contra o regime Assad"? Certamente que sim. E quanto às duas pontes sírias sobre o Eufrates que aviões de guerra dos EUA deitaram abaixo na semana passada? (tornando mais difícil atacar fortalezas do ISIS no quadrante leste do país) Eles não contam? Naturalmente que sim. E não vamos esquecer o facto de que os amigos jihadistas de Carter sobre o terreno lançaram um ataque de morteiro sobre a embaixada russa em Damasco na terça-feira. Trata-se de outra parte da guerra de baixa intensidade que já está em curso. Assim, todo este lixo acerca de Obama pensar profundamente estas "novas opções" para "ataques militares" são asneiradas completas. O Plano Carter já está em plena actividade, o comboio já deixou a estação. A única coisa que falta é autorização presidencial, a qual provavelmente não é necessário uma vez que o II Duce Carter decidiu que era a sua vez de dirigir o país. Agora verifique este recorte de um memorando ao presidente de um grupo de ex-agentes de inteligência dos EUA que se impuseram advertir Obama acerca (entre outras coisas) de "afirmar o controle civil da Casa Branca sobre o Pentágono". Aqui está um excerto:
Quão chocante será isto? Quando foi a última vez que você leu um memorando de agentes de inteligência reformados a advertir o presidente que o Pentágono estava a usurpar sua autoridade constitucional? Isto soa bastante grave, não é? Resultado líquido: O Pentágono está basicamente a processar a sua própria pequena guerra na Síria e então a tagarelar acerca da política com Obama quando eles actuam como querem. Aqui há mais doWashington Post:
"A CIA e a Joint Chiefs of Staff ... manifestou apoio a tais opções "cinéticas", disse o oficial ... O que assinalou um aumento do apoio ao ataque a Assad em comparação com a última vez que tais opções foram consideradas". (Washington Post ) Naturalmente que querem bombardear Assad. Eles estão a perder! Toda a gente quer bombardear alguém quando está a perder. É da natureza humana. Mas isso não significa que seja uma boa ideia. É uma ideia muito má. Assim como apoiar extremistas sunitas é uma ideia má. Assim como dar mísseis portáteis terra-ar lançados do ombro (MANPADS ) a loucos fanáticos é uma má ideia. Quão louco é isso? E quanto tempo demorará antes de um destes religiosos chanfrados utilizarem seus novos brinquedos para deitarem abaixo um avião de carreira israelense ou americano? Não muito tempo, aposto. A ideia de reforçar a aposta em maníacos homicidas (proporcionando-lhes mais armas letais) é realmente uma das mais estúpidas de todos os tempos. E ainda assim o Pentágono e a CIA parecem pensar que é estratégia militar excelente. Aqui está uma última pérola do artigo do Washington Post:
Vê? Está a branco e preto: "atoleiro". A estratégia do novo "Plano C" é concebida para criar um atoleiro para Putin ao gradualmente incrementar a violência forçando-o a prolongar sua permanência e aprofundar seu compromisso. É uma armadilha esperta e poderia funcionar. A única dificuldade é que Putin e seus aliados parecem estar a fazer avanços firmes no campo de batalha. O que vai tornar um bocado mais difícil para os inimigos da Síria continuar suas provocações e incitamentos sem disparar retaliações maciças.
Mas talvez Carter ainda não tenha pensado acerca disso. NOTA: A Rússia emitiu advertência ao Pentágono: Aviões hostis que ameacem tropas sírias serão deitados abaixo. Isto está numa notícia na Sputnik International de quinta-feira:
09/Outubro/2016
[1] O mais alto organismo de aconselhamento militar do presidente dos EUA (inclui os chefes do Exércilto, Marinha, Força Aérea e Fuzileiros Navais). [*] fergiewhitney@msn.com O original encontra-se em www.informationclearinghouse.info/article45633.htm Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ . |
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