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sábado, 30 de julho de 2016

Prabhat Patnaik / Integração económica e livre mobilidade do trabalho

Integração económica e livre mobilidade do trabalho


por Prabhat Patnaik [*]
Há uma visão de que o descontentamento entre os trabalhadores ingleses que provocou o voto no Brexit não foi por causa da integração económica europeia em si, mas por causa da política de livre migração interna que tem acompanhado esta integração; de que se a Europa não houvesse instituído a livre migração dentro da UE, então a sua integração económica teria tido mais êxito. A sua integração económica teria assim permanecido confinada apenas ao livre movimento de bens e capital mas não ao do trabalho, e que estemovimento livre, isto é, apenas de bens e capital, é benéfico para os países a serem economicamente integrados.

A globalização contemporânea, pode-se recordar, também está confinada apenas ao movimento livre de bens e capital e não se estende ao livre movimento do trabalho. Segue-se da afirmação acima, portanto, que esta globalização deve ser benéfica para países capturados na sua teia e que estão errados os que argumentam que integração económica envolvendo movimento livre de bens e capital é danoso para o povo dos países que estão a ser integrados,.

Esta visão foi avançada recentemente ( The Hindu, 14 de Julho) pelo Dr. C. Rangaraja, o bem conhecido economista e ex-governador do Banco de Reserva da Índia, para contestar aqueles que vêem o próprio facto de estarem presos no movimento livre de bens e capital como a causa subjacente básica da aflição da classe trabalhadora inglesa e interpretam o voto no Brexit como uma revolta não auto-consciente contra isto.

Esta argumentação de que integração económica envolvendo movimento livre de bens e capital numa certa região é provável que tenha êxito se não for acompanhada pela livre mobilidade do trabalho nessa região, entretanto, vai em sentido contrário aos postulados da teoria económica convencional ("mainstream") sobre a qual está fundado o próprio projecto da UE.

Gunnar Myrdal, o famoso economista sueco e que recebeu um Prémio Nobel, argumentou há muito que quando o capital se localiza num lugar particular ele tende a atrair outros capitais àquele lugar. Segue-se disto que se há liberdade de movimentos de capital e de bens numa região, então alguns segmentos desta tornar-se-ão "desenvolvidos" ao passo que outros se tornarão "subdesenvolvidos", através do que ele denominou um processo de "causação cumulativa".

Uma tal dicotomia, pode-se pensar, seria auto-negadora, uma vez que, na ausência de mobilidade do trabalho do segmento subdesenvolvido para o desenvolvido, os salários no primeiro cairiam abaixo dos salários dos últimos e que este facto atrairia capital do último para o primeiro. Por outras palavras, o processo de "causação cumulativa", seria enquadrado em algum ponto pelo desenvolvimento de uma diferença salarial entre os dois segmentos.

Mas isto não acontece. A vantagem potencial que o capital obteria localizando fábricas no segmento subdesenvolvido de salários mais baixos pode ser mais do que compensada pela desvantagem de se afastar do segmento desenvolvido onde várias "economias externas" (tal como infraestrutura adequada) estariam disponíveis, especialmente se o custo do trabalho for comparativamente uma pequena parte do custo total de produção (de modo que salários mais baixos não fazem grande diferença).

Pode-se dizer exactamente o mesmo acerca da depreciação da taxa de câmbio no segmento subdesenvolvido. Mesmo se as taxas salariais nos dois segmentos forem iguais à taxa de câmbio inicial e nada mudar na taxa salarial, a depreciação da taxa de câmbio no segmento subdesenvolvido tem o efeito de embaratecer seu custo de produção, exactamente do modo como uma queda na sua taxa salarial o faria. Mas se a redução da taxa salarial não pode ultrapassar a "causação cumulativa", então uma depreciação da taxa de câmbio também será ineficaz pela mesma razão. Além disso, dentro de uma área com divisa comum, a questão da depreciação da taxa de câmbio de um segmento particular da área não se coloca.

Mesmo quando os dois segmentos não pertencem a uma área com divisa comum, uma depreciação pode no entanto ser contornada devido às suas consequências inflacionárias (porque inputs importados então custam mais e isto é "transmitido" na forma de preços mais altos). Tais consequências inflacionárias, além de prejudicarem o povo (por causa dos ganhos incertos decorrentes de uma depreciação da taxa de câmbio), em certa medida negam mesmo o efeito da própria depreciação. Se por exemplo houver uma depreciação de 10% da taxa de câmbio em termos nominais e se isto causar, através de efeitos custos a mais, uma ascensão de 6 por cento nos preços, então a depreciação efectiva real já não é mais de 10 por cento e sim de apenas 4 por cento, isto é, 10-6, cujo impacto correspondente na ampliação do nível de actividade no segmento subdesenvolvido fica diminuído.

Finalmente, uma depreciação da taxa de câmbio é sempre contrariada pelos interesses financeiros pertencentes a um segmento particular. Isto acontece porque a confiança dos possuidores de riqueza em manter sua divisa, ou activos denominados nesta divisa, fica minada se a sua divisa adquirir a reputação de estar sujeita a depreciações, as quais portanto reduzem os negócios dos interesses financeiros localizados naquele segmento. (Isto, diga-se de passagem, é a razão porque a Grã-Bretanha, apesar de não ser uma área com a divisa comum e apesar de ter um défice em conta corrente na balança de pagamentos que actualmente chega a 7 por cento do PIB, nada faz para reduzir o valor da libra esterlina: a City de Londres, onde estão localizados os interesses financeiros britânicos, opõe-se à desvalorização da libra esterlina).

Por todas estas razões, tentativas de integração económica invariavelmente enfrentam um obstáculo, nomeadamente de que os países que são candidatos à integração temem ficar "subdesenvolvidos" em consequência, especialmente se eles fizerem parte de uma área de divisa comum (de modo que a depreciação da taxa de câmbio é simplesmente impossível). E mesmo que isto possa não acontecer a países como tais, áreas particulares dentro de países podem tornar-se progressivamente cada vez mais "subdesenvolvidas" em consequência da integração económica do país com uma entidade maior.

O caminho óbvio para ultrapassar este obstáculo é pela instituição da livre mobilidade do trabalho entre os diferentes segmentos que estão a ser integrados. Isto assegura que mesmo que o capital não flua para os segmentos atrasados, a força de trabalho do mesmo não permanece presa dentro de um cenário de "subdesenvolvimento" agravado. Ela escapa à aflição através da migração para o segmento desenvolvido.

Uma condição essencial para o êxito da integração económica é portanto a livre mobilidade do trabalho na área que está a ser juntada através de tal integração, pois na sua ausência países soberanos ficarão relutantes em entrar na mesma. E a necessidade da livre mobilidade do trabalho é ainda maior quando a integração assume a forma de uma união de divisas, tal como a Eurozona. A mobilidade do trabalho é de facto tão essencial para o êxito da integração económica que frequentemente economistas julgam as perspectivas de integração verificando se a diversidade cultural e linguística dentro dela dificulta a mobilidade do trabalho.

Portanto, a visão de que a integração económica tal como aquela que a UE representa teria mais êxito na ausência de mobilidade do trabalho vai contra as conclusões básicas da teoria económica "convencional". E precisamente devido a tais conclusões a UE instituiu a livre mobilidade do trabalho dentro das suas fronteiras, a qual foi considerada uma nova característica que faria a tentativa de integração um êxito, em contraste com tentativas semelhantes feitas em outras partes do mundo (tais como na América Latina).

A razão porque o projecto europeu esta a fracassar não se deve à livre mobilidade do trabalho (embora este fosse o modo como a direita apresentaria o assunto) mas sim à crise aguda na qual a Europa está actualmente envolvida, a qual afectou também a Grã-Bretanha. De qualquer forma, no âmbito do regime de globalização, houve uma mudança de várias actividades da Europa para países com salários mais baixos como a China e a Índia a qual provocou desemprego e dificuldades económicas a certas secções da força de trabalho europeia, incluindo a britânica. (Isto à primeira vista pode parecer contradizer o prognóstico de Gunnar Myrdal, pois sugere que salários mais baixos estão a triunfar sobre o processo de "causação cumulativa"; mas as actividades sendo comutadas para fora das metrópoles são de ordem inferior no espectro tecnológico, o qual ainda deixa a tecnologia mais refinada e de actividades mais intensivas na metrópole). A sobreposição da crise nesta situação só fez as coisas piores para a classe trabalhadora europeia e inglesa.

A crise é um produto da globalização por duas razões óbvias: primeiro, a globalização impede a intervenção do Estado na "administração da procura" em estilo keynesiano, uma vez que o capital financeiro globalizado que tem poderes finais opõe-se a qualquer activismo do Estado excepto para promover os seus próprios interesses. Em consequência, o único possível antídoto para uma crise ou uma tendência incipiente rumo à super-produção é a formação de uma "bolha" de preços de activos. E uma vez que "bolhas" não podem ser fabricadas por encomenda, crises incipientes desenvolvem-se em crises completas e crises completas mantêm-se persistentemente.

Em segundo lugar, a globalização liga (embora não equalize) os salários mundiais e portanto mantêm-nos restringidos devido à existência das maciças reservas de trabalho do terceiro mundo. Logo, o crescimento de salários por toda a parte fica aquém do da produtividade do trabalho, elevando a fatia do excedente, tanto dentro de cada país como globalmente, precipitando uma crise de super-produção generalizada. Estamos a meio de uma tal crise.

O fim desta crise não está à vista em parte alguma. Isto acontece porque aos Estados-nação individuais falta a autonomia, dentro do regime da globalização, para resistir às pressões da finança globalizada e empreender medidas estimuladoras da procura dentro dos seus próprios países (com política comercial adequada para assegurar que tais medidas não tornem a balança de pagamentos insustentável). Ao mesmo tempo, não existe qualquer Estado supra-nacional ou global que possa em princípio ter a fortaleza para resistir às pressões da finança globalizada e empreender a "administração da procura".

Eis porque a economia mundial, não apenas a Europa ou a Inglaterra, continua a permanecer afundada na crise. Isto também explica porque a classe trabalhadora inglesa não auto-conscientemente votou por se desligar da UE que para ela constitui o teatro da globalização mais próximo. Provavelmente muitas outras revoltas assim se seguirão em outros países. Imaginar que a globalização, juntamente com suas medidas acompanhantes de "austeridade", acabarão por ser benéficas apenas se restrições forem impostas à livre mobilidade do trabalho é aceitar a visão do mundo das forças de direita na Europa que atacam a imigração mas não a "austeridade". Tais restrições na melhor das hipóteses exportam um bocado de aflições de trabalhadores de um segmento da Europa para outro – mas não podem acabar com as próprias aflições, mesmo num país que decida deixar a União Europeia e erguer barreiras contra a imigração, uma vez que isto exigiria que a procura fosse estimulada, isto é, que a "austeridade" deveria ser ultrapassada. 
24/Julho/2016

[*] Economista, indiano, ver Wikipedia

O original encontra-se em peoplesdemocracy.in/2016/0724_pd/economic-integration-and-free-mobility-labour
Tradução de JF. 


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Planetas que podem conter vida

quinta-feira, 28 de julho de 2016


Kepler encontrou dois bons candidatos de planetas que podem conter vida


sonda dois planetas



Uma equipe internacional de cientistas usando o telescópio Kepler, da NASA, acaba de anunciar a descoberta de mais de 100 exoplanetas. Entre os novos mundos, um sistema com quatro planetas a cerca de 181 anos-luz de distância possui dois que os cientistas dizem que têm uma boa chance de suportar a vida. K2-72 é uma estrela anã vermelha orbitada por quatro planetas, na direção da constelação de Aquário. Os pesquisadores sugerem que todos esses quatro mundos podem ser rochosos. Enquanto eles orbitam sua estrela hospedeira muito de perto, a frieza relativa da K2-72 significa dois deles podem ser habitáveis.


Eles passam mais próximos de K2-72 do que Mercúrio do nosso sol, mas a anã vermelha é relativamente fraca, de forma que sua zona habitável não chega tão longe. Devido a isso, dois dos planetas caem dentro do limite favorável à vida, com níveis de irradiação da estrela comparáveis aos encontrados na Terra, oferecendo condições que sustentam a existência de água líquida em sua superfície. Todos os planetas em torno da K2-72 possuem um diâmetro entre 20 a 50% maior que o da Terra.  A descoberta dos mundos em volta da K2-72 é apenas uma entre um grupo grande de novos exoplanetas identificados por uma equipe de pesquisadores liderada pela Universidade do Arizona, nos EUA.

Os cientistas usaram o Kepler para encontrar 197 candidatos a planetas, dos quais 104 foram confirmados. O que é mais notável sobre as últimas descobertas é que essas identificações foram resultado de um acidente. Em 2012, o observatório espacial começou a funcionar mal, o que impediu o telescópio de se estabilizar em direção a uma determinada parcela do céu em sua missão original. Felizmente, os engenheiros da NASA fizeram uma correção engenhosa para o problema, calculando que os fótons do sol seriam capazes de ajudar a estabilizar o telescópio para a sua nova missão K2, observando uma parte mais ampla do céu dentro do plano da eclíptica, dando-lhe uma maior margem de manobra para detectar estrelas, incluindo as mais fracas do tipo anã vermelha, como a K2-72.

A nova missão, além de aumentar significativamente o número de estrelas que podemos estudar, também nos permite descobrir mais sobre o tipo mais comum de estrelas na Via Láctea, o que nos dará uma maior compreensão dos tipos de sistemas exoplanetários mais frequentemente encontrados em toda a galáxia. Kepler mostrou fortes sinais de que há uma abundância de exoplanetas, especialmente planetas bem pequenos em torno destas estrelas mais frias”, disse o astrônomo Ian Crossfield, da Universidade do Arizona, ao jornal Los Angeles Times. “Isso é muito emocionante porque estas estrelas anãs vermelhas superam drasticamente estrelas como o nosso sol”.

Os pesquisadores agora estão ansiosos para estudar mais estes mundos, o que pode criar alguns candidatos muito interessantes para observações de acompanhamento feitas pelo telescópio espacial James Webb, que pode dar informações valiosas, por exemplo, sobre as atmosferas desses planetas potencialmente habitáveis.
Fonte: ScienceAlert

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Robert Parry / EUA: Democratas, com Hilary, são hoje o Partido da Guerra

11.06.2016
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EUA: Democratas, com Hilary, são hoje o Partido da Guerra 
Com a escolha de Hillary Clinton como sua indicada presuntiva às eleições presidenciais, o Partido Democrata passou a ser um agressivo partido da guerra, depois de ter sido o que se poderia dizer um partido relutante da guerra. Praticamente sem debate, essa virada histórica fecha um ciclo, desde as atitudes antiguerra dos Democratas que começaram em 1968 e agora terminam, em 2016.

8/6/2016, Robert Parry, Consortium News
Desde a Guerra do Vietnã, os Democratas têm sido vistos como o mais pacífico dos dois grandes partidos nos EUA, com os Republicanos frequentemente atacando os candidatos Democratas por serem "soft" no que tivesse a ver com uso de força militar.

Mas a ex-secretária de Estado Clinton já deixou claro que mal pode esperar para usar força militar e fazer "mudança de regime" em países que se intrometam na trilha dos desejos dos EUA. Cedeu a estratégias dos neoconservadores favoráveis a intervenções violentas, especialmente no Oriente Médio, e adotou posição beligerante também contra a Rússia nuclear e, em menor extensão, também contra a China.

Em meio a celebrações por provavelmente vir a ser o primeiro grande partido norte-americano a indicar candidata mulher à presidência, os Democratas parecem pouco interessados em discutir que estão abandonando posição que já durava quase meio século como partido mais resistente ao uso de força militar. Clinton - notório falcão pró-guerra - não deu nunca qualquer sinal de algum interesse em, ou inclinação para, repensar suas atitudes pró-guerra.

Como senadora por New York, Clinton votou e apaixonadamente apoiou a Guerra do Iraque, e só conteve um pouco o furor belicista em 2006, quando ficou evidente que os eleitores Democratas já se posicionavam firmemente contra a guerra, e a posição belicista comprometia as chances dela para alcançar a indicação do Partido, que ela perdeu para Obama - que se opunha à guerra do Iraque.

Mas, para reduzir tensões com a ala clintonista do partido, Obama nomeou Hillary sua secretária de Estado - uma das primeiras e mais fatídicas decisões de sua presidência. E também manteve o secretário de Defesa de George W. Bush, Robert Gates, e membros neoconservadores do alto comando militar, como o general David Petraeus.

Essa "Equipe de Rivais" - batizada segundo o primeiro gabinete de Abraham Lincoln na Guerra Civil - criou e manteve um poderoso bloco de sentimento pró-guerra, que empurrou Obama na direção de soluções mais militaristas do que ele (talvez) preferisse, especialmente no caso da lamentável "avançada" contrainsurgentes no Afeganistão, em 2009, que pouco conseguiu além de mais 1.000 soldados norte-americanos mortos e muitos mais afegãos.

Clinton foi empenhada apoiadora daquela "avançada" - e Gates registrou em suas memórias que ela reconhecera que só se opusera à "avançada" na Guerra do Iraque em 2007 por razões políticas. Nos conselhos internos sobre a política externa de Obama, Clinton assumiu sempre as posições mais neoconservadoras, como defender um golpe em Honduras em 2009, que depôs presidente progressista e democraticamente eleito.

Clinton também sabotou todos os esforços iniciais a favor de acordo pelo qual o Irã entregaria grande parte de seu urânio enriquecido, incluindo a iniciativa organizada em 2010, a pedido de Obama, pelos líderes do Brasil e Turquia. Clinton fez naufragar esse acordo e escalou as tensões com o Irã, seguindo o que mais interessava à direita israelense do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, um dos favoritos de Hillary Clinton.

Lenha na fogueira da Guerra na Líbia

Em 2011, Clinton conseguiu convencer Obama a ir à guerra contra a Líbia para fazer mais uma "mudança de regime", embora mascarando toda a operação sob o objetivo mais modesto de estabelecer apenas uma "zona aérea de exclusão" para "proteger civis".

O líder líbio Muammar Gaddafi já dissera que estava combatendo contra jihadistas e terroristas que estavam construindo bases e fortalezas em torno de Benghazi, mas Clinton e seu Departamento de Estado insistiram em acusá-lo de estar atacando civis e (numa das mentiras mais doentias jamais inventadas para gerar mais e mais guerra) de distribuir Viagra aos seus soldados, para que estuprassem mais e mais mulheres.

Apesar da resistência de Rússia e China, o Conselho de Segurança da ONU caiu na esparrela da 'proteção aos civis'. Rússia e China optaram por abster-se na votação - o que deu à Clinton sua tão desejada "zona aérea de exclusão". Mas, tão logo a obteve, o governo Obama e vários aliados europeus mostraram o plano que realmente tinham já em andamento: destruir o exército líbio e preparar o caminho para a derrubada violenta de Gaddafi.

Privadamente, os mais altos assessores de Clinton viram a "mudança de regime" na Líbia como uma chance para estabelecer o que chamavam de "Doutrina Clinton" - sobre usar o "smart power" com planos para que Clinton subisse ao centro do palco e reivindicasse para ela os méritos, depois de Gaddafi ser derrubado. O plano não deu certo, porque o presidente Obama rapidamente assumiu a ribalta depois do colapso do governo Gaddafi.

Mas Clinton logo receberia sua segunda chance para reivindicar as glórias por mais esse assassinato, quandojihadistas rebeldes capturaram Gaddafi dia 20/10/2011, o torturaram e o mataram. Ao saber da morte de Gaddafi, Clinton deixou-se ver numa entrevista a uma rede de TV em que declarou, "viemos, vimos, ele morreu" - e gargalhou gostosamente.

O bom-humor da Clinton teve vida curta. A Líbia rapidamente mergulhou no caos, com extremistas islamistas ascendendo ao controle de grandes áreas do país. Dia 11/9/2012, jihadistas atacaram o consulado dos EUA em Benghazi e mataram o embaixador Christopher Stevens e três outros funcionários norte-americanos. E o mundo entendeu que, sim, Gaddafi sempre conhecera perfeitamente bem a natureza de seus inimigos.

Sem se intimidar pela desgraça em que mergulhara a Líbia, Clinton fez planos semelhantes para a Síria, onde novamente ela marchou em coluna cerrada com os neoconservadores e respectivos apêndices de "intervencionistas liberais", em apoio a mais uma "mudança de regime" pela violência, para derrubar a dinastia Assad, um dos principais objetivos de neoconservadores e israelenses desde a década dos 1990s.

Hillary pressionou Obama a favor da escalada no embarque de armas e treinamento para rebeldes antigoverno ditos "moderados", mas que, de fato,colaboravam em íntima associação com forças islamistas radicais, inclusive com a Frente Al-Nusra (a Al Qaeda na Síria) e com outros jihadistas ainda mais extremistas (os quais, adiante, viriam a ser o chamado "Estado Islâmico").

Mais uma vez, os planos de guerra da Clinton vieram travestidos em linguagem humanitária, como a necessidade de criar uma "zona segura" dentro da Síria para salvar civis. Mas os planos dela exigiriam que os EUA cometessem crime grave, de invadir militarmente país soberano, destruir a Força Aérea local e grande parte das forças armadas sírias, para só assim criar condições para mais uma "mudança de regime".

No caso da Síria contudo, Obama resistiu contra a pressão de Hillary e outros falcões da guerra ativos dentro do próprio governo dele. O presidente aprovou alguma ajuda clandestina aos rebeldes e permitiu que Arábia Saudita, Turquia e os estados do Golfo fizessem ainda mais, mas não admitiu uma grande invasão de forças dos EUA - para grave desapontamento da Clinton.

Caminhos que se bifurcam

Hillary finalmente deixou o governo Obama no início do segundo mandato, em 2013, para alguns por vontade dela, para outros porque Obama afinal decidira andar na direção de negociações sérias com o Irã sobre o programa nuclear, e pressionar realmente Israel para que chegasse a um acordo de paz, eternamente adiado, com os palestinos. E o secretário de Estado John Kerry parecia disposto a fazer o trabalho politicamente mais arriscado, que Hillary absolutamente nunca faria.

Muitos, na esquerda norte-americana ridicularizam Obama chamando-o de "Obomber" e criticam ferozmente que ele tenha aceitado, hipocritamente, o Prêmio Nobel em 2009. E não há dúvidas de que Obama consumiu seus dois mandatos em guerras intermináveis, e bombardeou pelo menos sete países por decisão pessoal sua. Mas a verdade é que, de modo geral, o presidente sempre esteve no grupo menos belicista de sua própria equipe, advogando uma aplicação "realista" (de fato, "contida") do poderio dos EUA. Hillary é o contrário disso: sempre esteve entre os elementos mais belicistas do mais alto escalão do governo.

Um momento de teste radical para Obama aconteceu em agosto de 2013, depois de um ataque com gás sarín nos arredores de Damasco, Síria, que matou centenas de sírios e que o Departamento de Estado e a mídia-empresa norte-americana dominante imediatamente atribuíram às forças do presidente Bashar al-Assad da Síria.

Houve pressão quase generalizada dentro da Washington oficial para implantar a "linha vermelha" de Obama contra Assad por 'ter usado' armas químicas. Nesse momento intenso pró-guerra, assumia-se em geral que Obama ordenaria violento ataque retaliatório contra o exército sírio. Mas a inteligência norte-americana e figuras chaves nas forças armadas dos EUA farejaram alguma coisa, alguma provocação feita por extremistas islamistas, para arrastar os EUA para a guerra síria ao lado deles.

No último instante, e com pesado custo político para si mesmo, Obama ouviu as dúvidas e suspeitas de seus assessores da inteligência, e cancelou o ataque, enviou a questão ao Congresso dos EUA e, na sequência aceitou um acordo negociado pelos russos, pelo qual Assad entregou todas as armas químicas, mesmo sem jamais admitir qualquer responsabilidade no ataque com gás sarín.

Com o tempo, todo o caso construído contra Assad entraria em colapso. Só foi encontrado um foguete que teria transportado o gás sarín, mas tinha alcance limitado, e a posição de disparo foi determinada em territórios controlados por rebeldes. Os 'saberes' convencionais dentro da Washington convencional não mudaram. Até hoje especialistas e políticos criticam Obama por não ter imposto e feito valer sua "linha vermelha".

Mas ninguém tem dúvidas sobre o que Hillary Clinton teria feito. Ela sempre promoveu e pregou que os EUA tivessem papel militar muito mais agressivo na Síria, desde o início dos tumultos naquele país, em 2011. Assim como jamais se incomodou com usar propaganda e simulação para conseguir sua tão desejada "mudança de regime" na Líbia, com certeza teria feito o mesmo também na Síria, recolhendo o pretexto do ataque com gás sarín - "que matou criancinhas inocentes" - para destruir também o exército sírio, por mais que já não houvesse qualquer dúvida de que os rebeldes haviam sido os reais culpados pelo ataque.

Eterna ânsia doentia por mais e mais guerras

De fato, durante a campanha de 2016 - nos poucos momentos em que se aproximou de questões de política externa - a Clinton declarou que, como presidenta, teria ordenado que os militares dos EUA invadissem a Síria. "Sim. Ainda apoio uma zona aérea de exclusão" - disse ela no debate do dia 14 de abril. Também quer uma "zona segura" que exige que os EUA ocupem militarmente áreas do território da Síria.

Mas já ninguém acredita hoje que alguma invasão da Síria ordenada por Hillary pararia numa "zona segura". Como na Líbia, tão logo o camelo metesse o nariz na tenda, em pouco tempo o bicho já estaria inteiro lá dentro, sem espaço para mais ninguém.

Talvez o mais apavorante seja o que Clinton, numa eventual presidência, fará contra Irã e Ucrânia, dois países onde o comportamento beligerante dos EUA pode fazer eclodir guerras muito maiores.

Por exemplo, a presidenta Hillary Clinton pressionará de tal modo os iranianos - como Netanyahu deseja que ela faça -, que os iranianos talvez acabem por denunciar o acordo nuclear, o que daria à Clinton o pretexto que ela procura para bomba-bomba-bomba-bombardear o Irã.

E se, na Ucrânia, Clinton escalar o apoio dos EUA ao governo golpista ucraniano anti-russos, estimulando aquelas forças para que ataquem os rebeldes russos étnicos no leste da Ucrânia e "libertem" o povo da Crimeia, "oprimido" pela "agressão russa" (mesmo que esse próprio povo tenha decidido, por 96% dos votos, separar-se do estado ucraniano falido e reintegrar-se à Federação Russa)?

Um possível governo Clinton esperará que os russos se encolham e aceitem esses massacres? Ou será que empurrará as tensões para mais um degrau acima, tentando demonstrar que pode ser muito durona contra o presidente Vladimir Putin da Rússia - o mesmo que Hillary comparou a Hitler? Será que comprará o mais recente delírio dos neoconservadores, de que os EUA devem forçar uma "mudança de regime" em Moscou? Ou Hillary será suficientemente esperta para ver o quanto pode ser perigosa essa 'instabilização'?

Claro, deve-se esperar sempre que as ações de Hillary sempre venham fantasiadas com as lágrimas de crocodilo da guerra "humanitária", aquelas guerras que os EUA iniciam para "salvar criancinhas" ou para impedir o inimigo de "estuprar meninas indefesas". A verdade dessas alegações emocionais ficará para ser decifrada por historiadores do futuro, depois dessas neoguerras. Mas até lá, uma presidenta Clinton teria todas as guerras com que tanto sonha.

Com a experiência que tenho, depois de cobrir Washington durante quase 40 anos, sempre me surpreendo com o quanto podem ser 'nuançadas' as preocupações com proteger direitos humanos. Quando civis "amigos" estão morrendo, nos dizem que temos uma "responsabilidade de proteger"; mas quando são soldados norte-americanos que massacram civis de país ou movimento adversário, as notícias das atrocidades são desqualificadas como "propaganda inimiga" ou são completamente ignoradas. Nesse quesito, Hillary Clinton é uma das mais cínicas agentes de propaganda.

Trocar de lugar

Mas o grande quadro para os Democratas é que já estão embarcados em extraordinária virada histórica, compreendam ou não o que se passou: os Democratas substituíram os Republicanos norte-americanos como o partido que promove guerra de agressão, embora evidentemente muitos Republicanos sempre tenham dançado pelo tambor neoconservador, como Clinton e os "liberais intervencionistas". E Donald Trump, apesar de seus muitos defeitos, abraçou ponto de vista relativamente pacífico, especialmente na relação entre EUA e Oriente Médio, e EUA e Rússia.

Ao mesmo tempo em que muitos Democratas se parabenizam por estarem em posição de vir a ser o primeiro partido a indicar candidata mulher à presidência dos EUA, eles talvez sejam obrigados a decidir se tal prioridade histórica justifica meter na Casa Branca um furioso falcão belicista, mas mulher.

De certo modo, é questão já antiga para os democratas decidirem quais as políticas mais importantes, se as políticas 'de identidade' ou as políticas antiguerra.

Pelo menos desde 1968, e aquela caótica convenção Democrata em Chicago, o partido vinha fazendo avançar, às vezes alternadamente, essas duas agendas, pressionando na direção de mais direitos e mais abrangentes para todos, e buscando refrear os impulsos militaristas na nação.

Nos anos 1970s, os Democratas rejeitaram amplamente a Guerra do Vietnã, enquanto os Republicanos sacudiam bandeiras e declaravam que posições antiguerra seriam equivalentes a traição. Nos anos 1980s e início dos 1990s, Ronald Reagan e George H.W. Bush voltaram a fazer das guerras atividades mais 'leves' - Grenada, Afeganistão, Panamá e Golfo Persa, todos esses conflitos de custo relativamente mais baixo e conclusão vitoriosa.

À altura dos 1990s, Bill Clinton (ao lado de Hillary Clinton) viu o militarismo como mais uma questão a ser 'triangulada'. Com a extinção da União Soviética, o segundo governo Clinton viu uma oportunidade para brincadeiras de menino/menina, de baixo custo e mais violentas - com duro e prolongado embargo e ataques aéreos periódicos contra o Iraque (ações que causaram a morte de, na contagem da ONU, meio milhão de crianças); atacou a Sérvia até submetê-la, na questão do Kosovo; e expandiu a OTAN rumo leste, na direção das fronteiras da Rússia.

Mas Bill Clinton piscou ante as ideias mais extremistas dos neoconservadores, como as do Projeto para um Novo Século Norte-americano, que trabalhava a favor de uma "mudança de regime" implantada à força militar no Iraque. Esse 'projeto' teria de esperar por George W. Bush depois dos ataques de 11/9. Como senadora por New York, Hillary Clinton cuidou de garantir para si um lugar a bordo da guerra contra o Iraque, quando se associou a Israel nos bombardeios contra o Líbano e contra os palestinos em Gaza.

Hillary Clinton já estava levando a 'triangulação' a ângulos ainda mais agudos, quando apoiou praticamente toda e qualquer posição do governo de Netanyahu em Israel e alinhou-se aos neoconservadores que iam cimentando o próprio controle sobre o establishment da política externa de Washington.

O único e rápido flerte de Hillary com alguma posição antiguerra aconteceu em 2006, quando seus conselheiros políticos a informaram de que o apoio que ela insistia em dar à Guerra do Iraque de Bush poria fim a quaisquer aspirações que ela tivesse à indicação dos Democratas como candidata presidencial.

Mas imediatamente depois, como secretária de Estado de Obama, de 2009 a 2013, Hillary novamente rufaria suas penas de falcão belicista. E hoje, tão logo sentiu que tinha assegurada a indicação como candidata dos Democratas em 2016 (depois do sucesso na primárias do sul) Hillary outra vez pivoteou-se de volta a posições de linha mais dura, de apoio irrestrito a Israel e de defesa cega e surda da guerra dela contra a Líbia - que ela ainda não admite que tenha sido completo fracasso.

Neoconservadores mais espertalhões já se alinham para garantir apoio à candidata dos Democratas, sobretudo depois da tomada hostil, por Donald Trump, do controle sobre o Partido Republicano; e do desdém que Trump nunca se cansa de demonstrar pelas estratégias belicistas dos neoconservadores que, para ele, não passam de ações para semear o caos pelo planeta. Como o New York Times noticiou, Clinton é "a nave na qual muitos intervencionistas estão depositando suas esperanças".

Robert Kagan, cofundador do Projeto para o Novo Século Norte-americano, endossou a indicação de Clinton. Disse que "sinto-me seguro com ela na política exterior. Se ela promover a política que pensamos que promoverá, será política que pode ser chamada de neoconservadora, mas é claro que seus apoiadores não usarão essa palavra. A política de Hillary receberá algum outro nome qualquer" [sobre isso ver Consortiumnews.com, "Yes, Hillary Clinton Is a Neocon" (Sim, Hillary Clinton é neoconservadora")].

Por tudo isso, ao escolher Clinton, os Democratas deram volta completa, 360 graus, e retornaram aos dias de antes 1968 e da Guerra do Vietnã. Depois de meio século de contribuir para política externa mais pacífica - e, de algum modo, para gastos menores na compra de armas - que os Republicanos, os Democratas são hoje o mais violento partido norte-americano pró-guerra.*****
Pravda.ru

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quarta-feira, 27 de julho de 2016

MST mobiliza as cinco regiões do país em jornada por Reforma Agrária e contra o golpe


MST mobiliza as cinco regiões do país em jornada por Reforma Agrária e contra o golpe

Dentre as pautas em diálogo com a sociedade brasileira, o MST também denuncia em seus atos a criminalização que vem sofrendo em tempos de recrudescimento das forças conservadoras.

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Da Página do MST 

O MST promove nesta semana, em alusão à passagem do Dia do Trabalhador Rural (25/07), a Jornada Nacional de Luta contra o Golpe e pela Reforma Agrária. Já são oito estados mobilizados em todas as regiões do país dando novo fôlego ao movimento unitário “Fora Temer”. A defesa da democracia não esconde, entretanto, as demandas estruturais do campo e a atualidade da luta pela Reforma Agrária Popular.

A demanda do acesso à terra é uma obrigação do Estado, segundo a Constituição, e por isso o MST vai pressionar o Governo Federal para assentar as 90 mil famílias hoje acampadas, destinar políticas públicas para estruturar os assentamentos e atender nossas reivindicações por terra, crédito, educação, infraestrutura, produção de alimentos saudáveis e mais direitos.

Dentre as pautas em diálogo com a sociedade brasileira, o MST também denuncia em seus atos a criminalização que vem sofrendo em tempos de recrudescimento das forças conservadoras. Particularmente, ganha destaque o caso das prisões políticas de militantes em Goiás, onde judiciário, polícia e Ministério Público se articulam pra enquadrar o MST como organização criminosa, fato inédito até então.

“Nós já estamos sentindo uma ofensiva desse governo ilegítimo e golpista com o aumento da criminalização das lutas e dos movimentos populares organizados, e isso só aumenta nossa indignação e estimula o processo de lutas unitário entre trabalhadores do campo e da cidade”, dispara Marina dos Santos, da direção nacional do MST. Para ela, o momento é de defesa da pauta da terra, mas reconstruindo o projeto de sociedade.

“O MST tem construído o projeto de Reforma Agrária Popular, que é mais estratégico do que apenas esperar por ações de governos. Ele depende de acúmulo de forças para irmos implementando e ajudando construir um novo projeto de país. Não vamos e não podemos nos sentir decepcionados com apenas políticas de governos. Não podemos arrefecer!”, completa.

Até o momento já foram ocupadas sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Marabá, Pará, Cuiabá, Mato Grosso, João Pessoa, Paraíba e Fortaleza, Ceará, além do Instituto de Terras do Mato Grosso (Intermat).

Em Bauru, São Paulo, houve manifestação unitária dos movimentos do campo em frente ao Ministério Público Federal e no Mato Grosso os manifestantes bloquearam diversos pontos nas rodovias federais.

Em Aracaju, Srgipe, mais de 15 mil Sem Terra participaram da já tradicional Marcha do Trabalhador Rural, no dia 25/07. Na ocasião, a presidenta eleita Dilma Rousseff discursou para a população ressaltando a agenda de resistência ao golpe e se reafirmando nessa luta.

No Paraná, mais de dois mil Sem Terra se reúnem a partir desta quarta-feira (27), dando início à Jornada de Agroecologia. No Maranhão, o MST realiza a Feira da Reforma Agrária em São Luiz. Em todas as ações da Jornada de Luta contra o Golpe e pela Reforma Agrária, o MST já contabiliza mais de 20 mil trabalhadores mobilizados de Norte a Sul do país.


Valter Xéu / Estado Islâmico no Brasil: Um cheiro de armação no ar

CPLP » Brasil

Estado Islâmico no Brasil: Um cheiro de armação no ar

22.07.2016
Estado Islâmico no Brasil: Um cheiro de armação no ar. 24764.jpeg
Golpe, bandidagem no poder, congresso desmoralizado, justiça que só pensa em privilégios e que tem lado, mídia onde o bom jornalismo se ausentou das redações, fraude no Datafolha que mente descaradamente, tudo isso repercutindo fora do pais e aqui também.
Valter Xéu*
Eu já vinha falando com os amigos e ate escrevi alguns comentários no facebook, que esse governo interino poderia organizar um atentado a La Riocentro, no sentido de desviar a atenção do mundo das nossas mazelas politicas para o ato terrorista.
E ai aparece os gênios do governo interino e golpista, e inventa uma provável celular do Estado Islâmico no país, prende 10 pessoas e tenta com isso mostrar ao mundo que enquanto eles só pegam os terroristas depois do atentado, e às vezes com centenas de mortes.
Temos praticas em golpes de estado sem disparar um tiro e agora temos também inteligência para prender terroristas muito antes que deles cometerem qualquer tipo de atentado, muito embora às vezes damos azar como foi o caso do Rio Centro, mas ai já é outra historia.
Aqui, além do paraíso da corrupção em todas as instancias, nossos meninos terroristas conversam livremente nas redes sociais sobre atos, postam fotos e falam em adquirir armas livremente pela internet em uma empresa do Paraguai, quando qualquer traficante do PCC ou fora dele atuante no eixo Rio/São Paulo é capaz ate de vender armas muito mais possantes que o velho AK 47.
Enfim, é o Brasil cujos midiotas colaboraram para colocar no poder um bando de corruptos muito mais perigosos que os possíveis terroristas tupiniquins simpatizantes do Estado Islâmico.1
Mas acredite! A coisa não termina pelo simples ato em prender a rapaziada malukete que discutem ações nas redes sociais.
Durante a Olimpíada, com toda imprensa mundial aqui, um atentadozinho onde apareça uma estrela ou prenda alguém que votou no PT, esta feito o estrago e ai, o apoio da mídia é fundamental.
Lembrando que em atentado anterior na França, ate a repórter da Globo Carolina Cimenti, falando diretamente do local onde se deu as mortes próxima ao Stade de France, achou um pedaço de um passaporte sírio.
Então, achar aqui uma estrela, uma camisa vermelha ou uma carteira de identidade de alguém não será nenhuma novidade.
Em tempo:
Para vingar a morte das 84 pessoas em Nice na França, a força aérea francesa matou nesta quarta-feira (20) 124 civis sírios.
E quando vejo esses atos malucos na Europa e Estados Unidos, da uma vontade danada de dizer BEM FEITO!
*Valter Xéu é diretor e editor de Pátria Latina e Irã News em Brasília

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terça-feira, 26 de julho de 2016

Daniel Vaz de Carvalho / Crítica da crítica acrítica (I)

Crítica da crítica acrítica (I)

por Daniel Vaz de Carvalho

 
Antes que vos vades, assim como ouvistes os vossos louvores, ouvi também agora as vossas repreensões. Servir-vos-ão, de confusão, já que não seja de emenda.
Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes

O diabo é menino, tem mil modos de enganar os homens; e o que é pior, todos sabemos que nos engana e deixamo-nos ir (…) certo que já estive cuidando que cobiça deve ser o nome do mais feio diabo do Inferno e do mais néscio, inda eu digo mal: que néscios são os que ele engana.
Diogo do Couto, O Soldado Prático.
Juncker.1 – Não há neoliberais 

Já diziam os antigos que a esperteza do diabo era convencer as gentes que não existia. Assim está o neoliberalismo. Exceptuando trogloditas políticos e palonços, ninguém se assume como neoliberal.

São sociais liberais, social-democratas, socialistas, democratas-cristãos, praticam o neoliberalismo, mas recusam ser considerados neoliberais. O neoliberalismo transformou-se numa espécie de sociedade secreta que todos negam, embora defendam devotamente os seus dogmas.

Adotam as regras da OMC, do FMI, dos tratados ditos de "comércio livre" e os desta inconcebível UE, enfim, defendem a "economia de mercado" que afinal é tudo isto. Curiosamente, ilibam-se mutuamente. Passos Coelho considera Francisco Assis de "esquerda", Francisco Assis acha que Passos Coelho não é um neoliberal. Juncker (CE) e Draghi (BCE) são constantemente branqueados, especulando-se sobre miríficas boas intenções e sintomas de "mudança" nas suas declarações e iniciativas.

É fácil descrever em que consiste o neoliberalismo, é difícil encontrar um "neoliberal assumido"! Já pelo contrário se é fácil encontrar sociais-democratas, é difícil dizer em que consiste a social-democracia, já que tanto traiu os seus próprios princípios. Contudo, se quisermos aprofundar a questão procurar no "Manifesto" o que e Marx e Engels disseram sobre ao assunto. Resumindo, para a social-democracia, "os burgueses são burgueses no interesse da classe operária" (Manifesto).

O neoliberalismo é o mais violento meio de promoção das desigualdades depois do fascismo. O neoliberalismo é afinal um neofascismo que tem tido como objetivo colocar os países à mercê dos interesses de "uma elite financeira criminosa" (Cris Hedges). Uma "elite" e seus sicários que sem argumentos chantageiam os povos, subvertem Constituições democráticas e culpabilizam trabalhadores pelos seus direitos.

Um simulacro de democracia é mantido por eleitos que logo abandonam programas e promessas. Para porem em prática o seu programa não lhes resta senão mentir sobre as intenções e tergiversar sobre as consequências. O que está em causa é o poder democrático ou o de tratados feitos à revelia dos povos; um poder que verdadeiramente represente as aspirações populares e interesses nacionais ou o poder das burocracias da UE e do FMI

O neoliberalismo não foi uma reação á social-democracia, pois a social-democracia continha todos os germes da sua degradação reacionária. Na fase do capitalismo monopolista de Estado, colocavam-se duas vias: uma forma de transição para o socialismo, ou o domínio do capitalismo monopolista transnacional. [1]

A social-democracia escolheu esta última hipótese, camuflada com quiméricas virtudes da sua "economia de mercado". Dizendo-se de esquerda adotou o neoliberalismo, defendendo-o como "modernidade" e procedendo como se no social a modernidade se revisse no século XIX. Também os fascismos se assumiram como "modernidade".

O neoliberalismo exprime não a força do capitalismo e a sua eficiência, mas a sua decadência, já só travada pela chantagem, a manipulação, a violência.

2 - Dizem não, mas recusam a negação 

Os críticos acríticos, criticam, mas não negam o sistema. Criticam as consequências, mas aceitam as causas. Ilibam o sistema que as produz. As dívidas são sagradas, mesmo ilegítimas, ilegais ou odiosas. [2] Os juros são de acordo com o que as agências de rating definem, a política cambial está à mercê dos interesses que o BCE e o FMI defendem; a fiscalidade aos oligarcas e os paraísos fiscais são intocáveis, a taxa Tobin só entrou na sua agenda de propostas, como forma de manipulação sobre o combate à especulação e a "regulação financeira".

Tobin propunha 0,5% sobre as transações financeiras, na UE o objetivo era 0,1% para ações e obrigações 0,01% para produtos derivados, em 2014 foi recusada porque "seria desequilibrado para a nossa (?!) praça europeia".

Os "críticos" ignoram tudo isto. Discutem longamente sobre o que existe, sem considerar a hipótese de um sistema diferente. É um fixismo escolástico em que as críticas se resumem à intensidade com que são aplicadas as mesmas medidas.

No essencial, não vão além do que o fascismo salazarista dizia na promoção da caridade: "que os ricos sejam um pouco menos ricos para que os pobres sejam um pouco menos pobres". Nas teses vigentes: "que os ricos sejam mais ricos para que os pobres sejam menos pobres". A isto se resumem as dissertações sobre a "confiança" e a "credibilidade" junto dos "mercados".

Para conseguir a "credibilidade" reduzem-se impostos sobre o (grande capital), suprime-se a legislação laboral, apelidada de "rigidez", fazem-se privatizações e apetitosas PPP, impõe-se austeridade para "satisfazer os nossos compromissos" pois o Estado tem de se comportar como uma pessoa de bem, mas apenas para os credores. A confiança e credibilidade perante os cidadãos pouco conta.

Nos media proliferam "comentadores". A designação é consequente. De facto, na escolástica medieval não havia investigadores, apenas "comentadores" dos textos dos mestres, assimilados como dogmas. Fazem análises, emitem prognósticos, defendem as "medidas" autorizadas pela UE e se tudo se passa ao contrário do que dizem, a culpa é de não se terem feito "reformas estruturais", da "rigidez laboral" e da "integração europeia" não ter avançado.

As suas gongóricas elucubrações desenrolam-se à volta das "regras da UE" e da conformidade e submissão à dogmática vigente As causas que originam e agravam as crises não são averiguadas. O que sai fora do nihil obstatneoliberal é dado como blasfemo e herético. São a clerezia do neoliberalismo e suas instituições, FMI, BCE, CE, a troika dos interesses oligárquicos.

Os "críticos acríticos" têm uma estratégia: fazer boa figura nos debates, mentir o que for necessário perante a opinião pública, jogando com a sua perda de memória e a desinformação vigente. A falácia dos argumentos, o recurso à intriga e à calúnia substitui-se à verdade dos factos, para tornar legítimos interesses que socialmente não o são e que os negócios privados passem por interesse geral. Parafraseando Marx: "alcançam a sua expressão adequada senão quando (tanto o que defendem como o que atacam) se transforma em simples figura retórica".

As regras europeias permitem a corrupção financeira, a especulação e a usura exercerem-se sem entraves de maior. Mas os "críticos" o mais que fazem é encenar uma patética inquietação e desencanto "por esta Europa". Desejariam o "sonho europeu" inicial, isto é…um outro neoliberalismo! Porque é isto que está contido desde a formação da CEE/UE. [3]

Fantasiam a "responsabilidade empresarial", como medida de ética social, mostrando total ignorância ou meros preconceitos de classe quanto ao essencial de funcionamento do sistema capitalista: maximizar o lucro.

Parecendo interessados em mudar alguma coisa – para tudo ficar na mão dos mesmos – expressam uma idílica "cooperação entre Estados", talvez de raiz keynesiana – por exemplo vertida na carta de Havana (1948) – que nem nos tempos heroicos do keynesianismo foi posta em prática, pois Washington impôs que fosse deitada para o lixo apesar de assinada por 53 países. [4]

Os críticos acríticos não vão além de preces ao capitalismo "regulado" por entidades ditas independentes apenas motivadas por questões técnicas, como empresas de auditoria, agências de rating e burocracias de âmbito transnacional. Porém tanto as suas técnicas como os critérios da sua independência, só têm validade em conformidade com o modo de produção e os interesses que defendem.

3 - O confronto com o marxismo 

Não é possível compreender o que se passa no mundo sem recorrer ao marxismo. Mas sem essa compreensão, como acontece aos críticos acríticos, não é possível encontrar as soluções necessárias.

Recusam a luta de classes, que o marxismo teria inventado, substituindo-a uma hipotética colaboração entre capital e trabalho, sob a égide do grande capital, fazendo seus, talvez sem darem por isso, um desiderato do fascismo.

O valor-trabalho é negado para que o capitalista seja apresentado como o "agente principal da produção" e a "economia de mercado" seja dominante, como se a sua lei da oferta e da procura não estivesse totalmente subvertida pelos oligopólios e pela especulação.

Na sua obsessão financeira "dinheiro cria dinheiro", ignoram o que seja capital fictício. Assim, bolhas financeiras, crises, imparidades, dívidas, são tratadas como falhas de regulação.

Para os "críticos acríticos" as questões sociais, "o crescimento e o emprego", reduzem-se a questões da falta de "rigor orçamental" e "estímulos aos investidores" pelo que é necessário dar-lhes "confiança" e ter "credibilidade".

Quanto ao juro é sempre legítimo e ditado pelas regras (?) dos "mercados", ignorando que o juro, como Marx afirmou, é sempre extração de mais-valia aos povos ou repartição da mesma entre capitalistas.

A forma habitual de denegrir o marxismo é deturpá-lo. Marx nunca disse que a luta de classes levaria ao socialismo e à supressão das classes, aliás como se tudo isto fosse hediondo e não um estado superior do desenvolvimento social e civilizacional.

O que Marx disse foi que a luta de classes era o motor da História. Quanto ao socialismo tal só seria possível pela Revolução, entendida como um processo democrático e popular tendo em vista a superação das contradições do capitalismo. Um processo cujas fases de transição não obedecem a modelos, mas sim aos critérios do materialismo dialético, desenvolvidos com as contribuições no âmbito do marxismo-leninismo.

No socialismo, permanecem diferentes classes sociais num processo de desenvolvimento anti-monopolista, anti-latifundiário e anti-imperialista. Eis o que os "críticos" não podem nem aceitar nem contestar, por isso deturpam, caluniam. Aliás Marx e Engels sempre distinguiram entre o pequeno proprietário e a oligarquia (a burguesia em termos marxistas).

Combatem a luta de classes como uma tenebrosa invenção do marxismo, fazendo por ignorar que é ela imposta ao proletariado contra a exploração capitalista, para lhe garantir não só a sua subsistência, mas a sua dignidade.

Totalmente escamoteada das arengas dos "críticos" é a guerra de classe – não apenas luta – movida pelas oligarquias apoiadas pelo imperialismo contra a democracia e as transformações progressistas em muitos países, como ocorreu em Portugal após o 25 de ABRIL, o Plano Condor na América Latina, golpes na Indonésia e em África, ou mais recentemente no Paraguai, nas Honduras, na Venezuela, etc. [5] Sem vislumbre de coerência ou sensibilidade humana e social os críticos acríticos acusam de totalitarismo governos democráticos e progressistas na defesa da sua soberania, sendo os seus líderes caluniados como ditadores.

Na defesa dos interesses anti-sociais da austeridade, a prosápia dos "críticos" "atinge a expressão adequada quando se converte em simples figura de retórica" (Manifesto) reconhecendo que "o reino da liberdade só começa com o fim do reino da necessidade". (Engels)

Só por ignorância ou má-fé, pode dizer-se que os marxistas rejeitam a evolução social por via parlamentar. O que o marxismo sempre combateu foram as ilusões que a social-democracia difunde aos trabalhadores com uma "visão idílica da democracia burguesa" abandonando a luta de classes e a superação do capitalismo pela via revolucionária.

As soluções que os "críticos" justificam ou apresentam estão totalmente ao invés das necessidades sociais, incapazes em absoluto de alterar as causas das crises. Não passam de meras ilusões e de voluntarismos que consistem na intensificação das mesmas politicas, mostrando a sua incapacidade e demissão na abordagem das causas materiais dos problemas.

A defesa de uma economia disfuncional drogada pela especulação está esgotada. Não é possível qualquer transformação da sociedade sem mudar a estrutura material, o modo de produção e os modos de sobrevivência das pessoas. A questão da propriedade monopolista e dos oligopólios, a questão do planeamento económico democrático não pode ser escamoteada.

"Críticos", mesmo os "radicais", alinharam arrogantemente nas teses em que defender o marxismo era ir para o "caixote do lixo da História". Porém, caiu-lhes em cima o lixo de insuperáveis crises capitalistas e a desagregação da sua UE.

Perante isto aparecem agora a retomar críticas que pela análise marxista o PCP formulara há muito. Um mínimo de honestidade intelectual obrigá-los-ia a referir quem primeiro as tinha produzido e defendido apesar de ignorado e caluniado pelos mesmos que agora as procuram repetir. Não nos enganemos, são coerentes: trata-se apenas de fingir que são sensíveis ao descontentamento com o sistema; mais uma vez, consciente ou inconscientemente, manipulação.

Em qualquer sistema científico, só estudando as causas dos problemas se encontram os métodos e fórmulas da sua resolução. Na vida social a dialética consiste em procurar a contradição na raiz das causas. (Lenine)

É nisto que a crítica marxista se distingue da crítica "acrítica", prosseguido o processo dialético da negação da negação: a superação das contradições do capitalismo tendo em vista um nível superior dos conceitos de propriedade "baseada na cooperação e na posse coletiva" (Marx, O Capital, Livro I, tomo II). A propriedade coletiva, entendida como uma forma superior da propriedade individual – um dos fundamentos da democracia socialista. 
[1] Acerca do capitalismo monopolista transnacional
[2] Le chiffres de la dette 2015 , p.16, ,
[3] Leia-se Álvaro Cunhal, Passado e futuro da revolução portuguesa, Ed. Avante
[4] Préambule à la Charte de La Havane , Jacques Nikonoff,
[5] Venezuela: os pontos chave da guerra não convencional contra a Venezuela , Gustavo Borges Revilla, Diego Sequera, 


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

PCR / Fora Temer! Pelo poder popular e o socialismo!

Fora Temer! Pelo poder popular e o socialismo!

fora temer 5O golpe parlamentar que afastou da Presidência Dilma Rousseff, eleita por mais de 54 milhões de brasileiros, e impôs à nação o governo interino de Michel Temer, em vez de diminuir, agravou a crise política e econômica vivida em nosso País. Como sabemos, esse golpe foi resultado de ampla articulação que teve no centro a grande burguesia nacional, suas entidades (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp, Confederação Nacional da Indústria – CNI, Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, entre outras), os partidos (PMDB, PSDB, PPS, DEM, PSB, DEM, PP, PTB e PSD), e contou com o apoio dos grandes meios de comunicação e dos altos mandos das Forças Armadas.
Prova do aprofundamento da crise política é que, em menos de 40 dias, três ministros foram demitidos, o governo teve que voltar atrás em várias das medidas adotadas, como o fim do Ministério da Cultura, o cancelamento dos contratos do Minha Casa Minha Vida (MCMV), bem como o crescente descrédito e desaprovação popular ao Governo Temer, registrado em todas as pesquisas realizadas. Vale salientar que essas vitórias foram possíveis graças a centenas de manifestações populares e à adesão cada vez maior do povo à palavra de ordem “FORA TEMER”.
Por outro lado, verificamos o agravamento da crise econômica: os desempregados já chegam a 12 milhões e o governo estima que poderá passar de 14 milhões até o final do ano; o custo de vida torna-se insuportável, como evidencia o preço do quilo do feijão – que em algumas cidades chega custar R$ 14,00 –; o aumento do número de famílias morando nas ruas; o crescimento do número de estudantes que abandonam as universidades; o fechamento de milhares de empresas e a suspensão da produção por diversas fábricas.
Enquanto isso, prossegue o maior assalto da história do País aos cofres públicos e ao dinheiro da Nação, com dois dos maiores banqueiros brasileiros ocupando o Ministério da Fazenda (Henrique Meirelles) e a presidência do Banco Central (Ilan Goldfajn). De fato, só neste ano, o Governo do Brasil, às custas do caos na saúde pública e da privatização do patrimônio público brasileiro, pagará aos banqueiros R$ 600 bilhões.
Portanto, conforme afirmamos em março, “um governo de Michel Temer, apoiado pelo PSDB e bandos fascistas, não vai tirar o Brasil da crise. Pelo contrário, se hoje está ruim para os trabalhadores, com Temer, PMDB, DEM e PSDB no governo ficará ainda pior. Entretanto, como sabemos, o PT e o PCdoB foram corrompidos pela burguesia, abandonaram o socialismo e aderiram de corpo e alma às concepções burguesas, isto é, ao capitalismo, e passaram a defender como natural a propriedade privada dos meios de produção e a exploração do homem pelo homem. Para financiar suas milionárias campanhas eleitorais, envolveram-se num grande esquema de corrupção na Petrobras e nas obras públicas, além de terem seus principais dirigentes envolvidos em maracutaias, com parentes virando empresários, etc., o que os levou a perderem a autoridade moral indispensável para travar a luta política pela transformação da sociedade. Consequentemente, não mais se constituem numa alternativa popular em nosso País. É preciso perder qualquer ilusão em relação a essas forças. Depois, nenhuma situação de polarização política como a que vivemos hoje fica indefinida por longo tempo”.
Na realidade, a crise se acelera numa velocidade gigantesca. A cada dia, novas denúncias de corrupção e a incapacidade de apresentarem saídas para a crise em favor do povo desmoralizam os principais partidos políticos da burguesia e da socialdemocracia, e suas principais lideranças tornaram-se incapazes de representar todo o sentimento de revolta e vontade de mudança das massas populares.
Diante de uma crise política e econômica de tal magnitude, as forças políticas da direita e da esquerda se apresentam confusas e mudam suas posições a cada semana. Tal fenômeno ocorre particularmente com a socialdemocracia e a pequena burguesia. Há, no entanto, um ponto em comum em todas essas posições: querem uma solução sem a classe operária estabelecer seu poder e domínio na sociedade, isto é, querem manter a burguesia como classe dominante e lutam para conservar o capitalismo e não para derrubá-lo. Já nós, os comunistas revolucionários, lutamos para derrubar este domínio burguês; defendemos uma revolução popular e uma nova sociedade, uma sociedade socialista.
Em outras palavras, vivemos um período de grande disputa e debate político nas ruas, fábricas, universidades, escolas, enfim, em toda a sociedade. Essa situação exige que cada dirigente e cada militante do PCR assuma seu papel neste momento histórico. Camaradas, é urgente cumprir e levar à prática as tarefas revolucionárias que o momento exige. Temos que romper com qualquer defensiva ou teoria de que não Podemos influir nos rumos do País. Como disse Lênin, “a questão não está no número, mas na exposição correta das ideias e da política do proletariado verdadeiramente revolucionário”. Isso significa que temos que ir às ruas, às fábricas, às escolas, às universidades. É necessário levar nossas propostas para mudar o País para a classe operária e para o povo. Defender que a saída para a crise é o poder popular, que é preciso parar de imediato com a sangria do dinheiro público para os banqueiros, suspender o pagamento dos juros da dívida, reestatizar todas as estatais privatizadas, realizar a reforma agrária popular, controlar as remessas de lucros, taxar as grandes fortunas, estabelecer o controle popular dos grandes meios de comunicação, pôr fim ao lucro na educação e na saúde, estatizar as empreiteiras que assaltaram os cofres públicos, ampliar as liberdades de organização e expressão, prender todos os corruptos e torturadores, defender que “ditadura nunca mais”, apurar todos os crimes da ditadura militar, prender todos os estupradores e agressores de mulheres, reduzir a jornada de trabalho, lutar pelo direito ao emprego, reduzir imediatamente os preços dos alimentos, dar moradia para todas as famílias que não têm casa, etc. A solução para a crise é pôr fim ao domínio dessa classe dominante que nos explora há séculos. É o poder popular. É o socialismo.
É nosso dever tomar a iniciativa política em todos os lugares onde atuamos e destacar militantes para irem aos bairros e fábricas levar nossa proposta política e apresentar nosso programa para a saída da crise sintetizado na palavra de ordem “Fora Temer! Pelo Poder Popular e pelo Socialismo!”.
Junho de 2016
Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR)
Postado em 11 julho, 2016 às 18:05.
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