Quem foi, e por quais razões, ao ato contra o impeachment
Participantes do protesto de sexta-feira 18 em São Paulo explicam os motivos de terem ido às ruas
por Felipe Campos Mello — publicado 19/03/2016 14h03
Felipe Campos Mello

Avenida Paulista reune milhares de manifestantes contra Golpe de Estado
Na tarde de sexta-feira 18, manifestações em defesa da democracia, do governo Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra o impeachment levaram milhares de pessoas às ruas do País.
Em São Paulo, cerca de 380 mil manifestantes caminharam em protesto pela Avenida Paulista, segundo os organizadores, e 95 mil de acordo com o Datafolha. Em todos os estados e no Distrito Federal houve manifestações semelhantes.
CartaCapital esteve na Avenida Paulista e conversou com os manifestantes:
- Augusto Vieira da Silva, 18, é estudante de economia na Faculdade das Américas. ( Felipe Campos Mello)
Augusto Vieira da Silva, 18 anos, vive em Osasco (SP) e é estudante de Economia na Faculdade das Américas - "Vim mais pela defesa da democracia, porque atos como esse que ocorreu no domingo, tomados pela extrema-direita, tendem mais para um caráter fascista. Querem tirar Dilma a qualquer custo, não com bases legais, mas sim por uma birra política. Além disso, defendo programas para alunos como o FIES e o ProUni, que a direita quer retirar de nós. Eles estão manifestando ao lado de racistas, homofóbicos e eu não compactuo com esse tipo de coisa".
Viviane Angélica Silva, estudante de Doutorado em Psicologia na USP - "Estou aqui hoje por uma história de luta nas ruas, nós não descobrimos a rua agora, sabemos do valor dela e, mais do que nunca, precisamos estar aqui hoje pra tentar contrariar o absurdo dos fatos que estão rolando. Temos muita crítica a Dilma, mas o que nos traz aqui, muito mais do que a defesa do governo, é a defesa da democracia."
Reginaldo dos Santos, 23 anos, de Iporanga e estudante em São Paulo, e Mateus Vitório do Santos, 13 anos, nascido em Registro e também estudante na capital - "Estou aqui porque acho que a Dilma está fazendo um bom trabalho, muitas pessoas culpam ela por algo que nem é provado, por isso apoiamos ela nessa caminhada contra um golpe", ressalta Mateus. "Viemos em defesa da Dilma aqui pois ela e Lula abriram universidades e oportunidades para nós jovens, por isso defendemos essa causa. Pedir impeachment só muda o foco de outros alvos da Lava Jato que não são investigados", conclui Reginaldo.
Eunice Campos, professora aposentada - "Vim porque desde 1964 eu sei o que é um golpe. Defendo a diversidade, um país que tenha liberdade para dizer que todos possam manifestar a sua opinião, toda diversidade dos negros, homossexuais, grupo LGBT, todos. E que a direita também possa se manifestar. Nós estamos tentando firmar e confirmar a democracia. Eu pensei que eu já podia descansar, mas não, preciso conscientizar os jovens do que aconteceu."
Ariel de Castro Alves, advogado e Coordenador Estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos "Vemos hoje uma direita raivosa e fascista, que está se utilizando de setores do judiciário para tentar um golpe de estado. Entendo que a democracia participativa, a sociedade civil, sempre foram mais respeitadas no governo do PT, por isso um golpe de estado será um grande retrocesso. Golpe já em curso e dirigido por setores reacionários do poder judiciário, que ainda contam com o apoio da grande imprensa e de políticos oportunistas. Hoje vemos que não estamos derrotados, que a reação tem voz e nós temos condições de vencer os golpistas.
Roberta Estrela Dalva, 38, atriz e MC - " Vim porque muita gente morreu para que nós pudessemos usar de nossa liberdade de expressão. Sobretudo, vim por uma questão anti-golpe. Não há como eu, artista, viver em um país sem liberdade de expressão, sendo que o que está em curso não é mais PT e PSDB, é um golpe de uma elite que não quer perder seus privilégios O governo Dilma não é isolado, ele vem dentro de um espectro que trouxe muita melhoria para o povo, para a juventude negra, que hoje estuda, aliás temos 22 universidades feitas pelo governo atual. É injusto você querer colocar em uma figura, seja na Dilma ou no Lula, algo que é histórico, tivemos capitanias hereditarias e essas pessoas que se julgam donas do Brasil querem derrubar o poder. Por isso defendo a liberdade, a democracia e o cumprimento do mandato de quem é eleito."
O editor Filipe Lindonça, 66, e o advogado Vicente Roig, 65, seguiram a mesma linha de raciocíneo. "Hoje, defender a constituiçãoo implica em também defender o mandato da presidenta Dilma. O golpe está nas ruas e não podemos aceitar isso. Tenho milhões de criticas ao governo Dilma, ela deu uma guinada inesperada à direita e isso resultou em um enorme desgaste do seu mandato," explica Lindonça. "Acima de tudo, o estado de direito dos cidadãos deve ser mantido, se o povo quiser eleger um outro tipo de representante nas próximas eleições, que eleja. Agora, o mandato deve ser cumprido," completou Roig.
José Aldo de Oliveira, 40, da Paraíba, é especialista em eletrotécnica – “Não podemos perder o direito que, com tanto esforço, conquistamos há anos atrás, e ainda através de um golpe. O governo precisa ser criticado por que erros todos os governos cometem, mas com certeza muito mais acertos que outras gestões passados.”
Carlito Contini, 38, artista visual - "Estou aqui pois o impeachment é insconstitucional, não há justificativa. Se isso ocorrer, abrem-se precedentes para outros presidentes serem derrubados com facilidade. É uma história que se repete. O governo dilma, no seu segundo mandato, foi imobilizado pelo Congresso mais reacionário desde a ditadura e por isso não conseguiu passar novos projetos."
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