sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Pedido de impeachment abre "terceiro turno"

Dilma X Cunha

Pedido de impeachment abre "terceiro turno"

PDT, Psol, Rede, PC do B, Joaquim Barbosa, CNBB, CUT e todos os governadores do nordeste repudiam a tentativa de impeachment de Dilma
por Redação — publicado 03/12/2015 20h12, última modificação 03/12/2015 20h24
Wilson Dias/Agência Brasil e Lula Marques
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A presidenta Dilma Roussef e Eduardo Cunha, em imagens desta quinta-feira


A abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, anunciada na quarta-feira 2 pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teve até aqui um efeito inusitado. A chefe do Executivo, que convive com taxas de aprovação historicamente baixas, recebeu diversos apoios em uma batalha que se configura como um duelo pessoal entre ela e Cunha. Dez governadores, diversos partidos políticos e entidades da sociedade civil, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) lançaram notas de apoio a Dilma.
Em nota conjunta divulgada nesta quinta-feira os nove governadores da região Nordeste classificaram o começo do impeachment como uma "absurda tentativa de jogar a nação em tumultos derivados de um indesejado retrocesso institucional" e que “na verdade, a decisão de abrir o tal processo de impeachment decorreu de propósitos puramente pessoais, em claro e evidente desvio de finalidade".
Assinam o comunicado o potiguar Robinson Farias (PSD), o baiano Rui Costa (PT), o maranhense Flavio Dino (PC do B), o paraibano Ricardo Coutinho (PSB), o cearense Camilo Santana (PT), o pernambucano Paulo Câmara (PSB), o alagoano Renan Filho (PMDB), o piauiense Wellington Dias (PT) e o sergipano Jackson Barreto (PMDB).
Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, afirmou que Cunha não tem legitimidade para aceitar pedido de impeachment da presidenta e completou afirmando que Dilma "pode contar" com o partido, que tem 19 deputados
O PC do B, por sua vez, ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando o ato do presidente da Câmara.
O Psol e a Rede também repudiaram a iniciativa. Psol e a Rede. "Hoje é aniversário de nascimento do Imperador D. Pedro II, ele faria 190 anos. E hoje o ainda presidente da Câmara, Eduardo Cunha, decidiu acolher um pedido de impeachment de Dilma, quatro horas depois de a bancada do PT ter decidido investiga-lo no Conselho de Ética. Não foi coincidência, e sim uma resposta, bem ao seu estilo de vingança e pequena política ", afirmou Chico Alencar (RJ), o  líder do Psol na Câmara.
“Mais uma vez fica evidente que o deputado Eduardo Cunha usa a presidência da Casa para atrapalhar o avanço do processo contra ele e punir quem se coloca em seu caminho. Espero que o Procurador Geral da República acolha nossa representação, que pede seu afastamento imediato, para livrar o país da lógica da chantagem e da ameaça", afirmou o líder da Rede Sustentabilidade, o ex-petista Alessandro Molon.
Em entrevista a GloboNews nesta quarta-feira 2 o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa afirmou não ver hoje condições para o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. E emendou: "impeachment é um mecanismo regular do sistema presidencialista, mas é traumático. Pode trazer consequências que não temos condições de avaliar hoje”.
A Central Única dos Trabalhadores soltou uma nota afirmando que irá às ruas “defender a democracia”: “Diferentemente de Cunha, acusado pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, de manter contas não declaradas na Suíça e que é alvo de processo no Supremo Tribunal Federal pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, contra Dilma não existe sequer uma denúncia de prática de ato ilícito”.
A Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), organização que reúne os principais especialistas da área, também divulgou nota desta quinta-feira: “Acuado por gravíssimas denúncias de corrupção e ocultação de recursos no exterior, o deputado Cunha utilizou-se do instrumento, talvez o mais importante na defesa da ordem democrática, como arma na tentativa de resguardar seus interesses privados”.
A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB também condenou a tentativa de derrubar a presidenta: “Que autoridade moral fundamenta uma decisão capaz de agravar a situação nacional com consequências imprevisíveis para a vida do povo?”. E completou: “o impedimento de um presidente da República ameaça ditames democráticos, conquistados a duras penas”.
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