quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Higinio Polo / Construindo a nova rota da seda

Construindo a nova rota da seda

Higinio Polo
26.Ago.15 :: Outros autores
Num processo que os EUA e as potências da UE não parecem estar em condições de deter pelos meios da política económica, continua a desenhar-se o eixo designado como Nova Rota da Seda. As suas perspectivas, a concretizarem-se, alterarão profundamente a geografia económica mundial.

Cuando acaba de se comemorar o sexagésimo aniversário da Conferencia de Bandung, que reuniu em 1955 vinte e três países asiáticos e seis africanos, o mundo mudou por completo, e se África continua sendo o território com maiores problemas do planeta, a Asia não é o mesmo continente de há seis décadas, e o breve passeio que levou Xi Jinping, Joko Widodo e outros presidentes pela Jalan Asia Afrika de Bandung até ao simbólico Merdeka, numa celebração que congregou representantes de cem países, marcava as diferenças e o caminho percorrido desde então. Se Bandung foi, após a II Guerra Mundial, o primeiro grito de dois continentes atropelados e humilhados pelo Ocidente, a Cimeira Asia-África 2015 que se celebrou na Indonésia adquiria um novo significado para o mundo e dava conta das mudanças estratégicas acontecidas desde então.
Pese às resistências norte-americanas em admitir a progressiva configuração de um mundo multipolar, a relação estratégica entre Estados Unidos e Europa, por um lado, e os países congregados em Bandung por outro, mudou também: desde os longínquos dias de Chu En Lai, Nehru, Sukarno e Tito que deram lugar ao Movimento de Países não alinhados e à justa exigência de umas relações internacionais que não fossem presididas pela rapina ocidental, nunca como agora Asia e África tinham estado em condições de alcançar os seus objectivos. Uma década atrás, na celebração do quinquagésimo aniversário de Bandung, os países assistentes decidiram criar a Nova Associação Estratégica Asiático-Africana que, hoje, se concretizou em múltiplas iniciativas de colaboração, sobretudo graças aos recursos económicos da China. Deve destacar-se que em 2005 a economia norte-americana era o dobro da da China (segundo o FMI, e em PPC), enquanto hoje ambas têm uma envergadura similar. Xi Jinping afirmou no Merdeka que o seu país mantém o espírito de Bandung, e propôs três objectivos para o seu desenvolvimento: primeiro, fortalecer a cooperação entre Asia e África; segundo, ampliar a associação Sul-Sul, prescindindo das velhas dependências coloniais; e terceiro, promover a colaboração Sul-Norte, como uma forma de assegurar o benefício mútuo.
Antes da comemoração, tinham-se celebrado em Jakarta as sessões da Cimeira Asia-África 2015, com a participação de mais de cem países, que decidiram impulsionar a associação estratégica entre os dois continentes. O simbólico encontro no velho e branco Gedung Merdeka serviu também para lançar a Mensagem de Bandung, um ambicioso documento de quarenta e um pontos, e para aprovar uma declaração de solidariedade sobre a Palestina. Entre os objectivos relevantes do documento, para além da cooperação, o impulso da paz e da associação estratégica, encontra-se a aposta pelo desenvolvimento sustentável dos dois continentes graças à cooperação em logística e transportes, novos investimentos (que, embora não seja mencionado, aponta ao esforço de investimento da China junto de outros países), desenvolvimento de novos sectores como o turismo, e a colaboração dos organismos policiais para combater as redes de delinquência internacionais e o terrorismo. A cimeira mostrou-se muito interessada pelo grande projecto da nova rota da seda impulsionado por Pequim. No estado actual do ambicioso plano chinês destacam-se os acordos com Paquistão e Camboja, os convénios com Rússia, os projectos conjuntos em Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão para a Asia central, bem como as perspectivas abertas em todo o sudeste asiático, desde a India até ao Vietnam, passando pela Indonésia. O Japão permanece expectante mas, de forma significativa, o primeiro-ministro japonês Shinzō Abe solicitou um encontro com Xi Jinping durante a Cimeira Asia-África 2015.
O presidente chinês (que se entrevistou também com o seu homólogo indonésio, Joko Widodo, para desenvolver acordos entre ambos os países) tinha viajado previamente ao Paquistão, onde se reuniu com o presidente Mamnoon Hussain e com o primeiro-ministro Nawaz Sharif, para impulsionar a associação estratégica e a via da nova rota da seda. Xi Jinping anunciou no Paquistão acordos energéticos (com enfase nas energias limpas, de que Islamabad necessita com urgência) e de transportes num valor de 50.000 milhões de dólares, para desenvolver o seu projecto de “corredor económico China-Paquistão” e o ramal marítimo da rota da seda. A importância de um tal investimento é patente: no ano anterior, o conjunto de investimentos estrangeiros no Paquistão foi de pouco mais de 1.400 milhões de dólares, e o país precisa da construção de infra-estruturas modernas. A China acumulou uma grande experiencia desenvolvendo infra-estruturas em três continentes, Asia, África e América Latina, e as suas empresas são capazes de empreender com suma rapidez gigantescos projectos, que não estão ao alcance de muitas empresas europeias e norte-americanas.
Essa iniciativa regional chinesa junta-se ao Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII, ou AIIB na sigla inglesa, que, na prática, é a resposta chinesa aos pouco fiáveis FMI e Banco Mundial, controlados pelos Estados Unidos; e ao Banco de Desenvolvimento Asiático, onde Washington e Tóquio impõem as suas decisões) e ao Fundo da Rota da Seda, um ambicioso plano que pretende agrupar em torno dos intercâmbios económicos um conjunto de países que somam quase 4.500 milhões de habitantes, duas terças partes da população mundial. Será o maior investimento alguma vez realizado em toda a história do Paquistão, que inclui a construção de uma linha férrea de três mil quilómetros e novas estradas que mudarão a fisionomia do país. A importância demográfica do Paquistão (quase 190 milhões de habitantes) e o seu papel no complicado nó estratégico que une Afeganistão, Irão e as repúblicas da Asia central, num momento em que os investidores ocidentais fogem do país, ilustra a relevância da aposta chinesa, dado que desse modo a China estabeleceria a comunicação entre a região de Xinjiang com o porto índico de Gwadar. Pequim está disposto a investir capitais e a transferir a sua tecnologia para o desenvolvimento do plano e, além disso, quer contribuir para a pacificação de Cachemira (disputada por India e Paquistão e que é uma das regiões mais perigosas do mundo, onde poderiam enfrentar-se essas duas potencias nucleares), embora a venda de armamento chinês a Islamabad crie fortes suspeições em Deli. Pequim está também muito interessado na colaboração paquistanesa para fazer frente ao movimento islamista do Turquestão oriental, que criou sérios problemas em Xinjiang e que recebe apoio político (e militar, embora secreto) norte-americano.
O Paquistão não deixa de ser um parceiro peculiar: é um aliado dos Estados Unidos, embora mantenha sérios confrontos com Washington devido aos bombardeamentos estado-unidenses no seu território; é parceiro da China, que quer manter a sua retaguarda centro asiática em paz, no que a estabilidade paquistanesa é imprescindível, mas que, ao mesmo tempo, dificulta o seu projecto de aproximação estratégica à India; é uma potência sunita, mas interessada em manter boas relações com Teerão no campo minado afegão; é aliado da Arabia Saudita, a quem aconselha na sua intenção de obter a bomba atómica, mas negou-se a contribuir para o ataque saudita ao Iémen, onde Riad rejeitou a proposta russa de impor um cessar-fogo e um embargo de armas a todos os contendores; e, por fim, o Paquistão é um irmão-inimigo da India, facto que pode limitar a expansão e o desenvolvimento da nova rota da seda em boa parte do sudeste asiático.
No Camboja, Xi Jinping fez o mesmo que no Paquistão. Também em Abril, anunciou em conjunto com o primeiro-ministro Hun Sen o propósito de ligar as infra-estruturas de transportes de ambos países, e o desenvolvimento do porto de Sihanoukville, situado frente ao golfo da Tailândia e próximo do grande delta do Mekong no sul do Vietnam. Phnom Penh está muito interessada em que Pequim financie a construção de infra-estruturas hidráulicas no Camboja, e colabore no desenvolvimento da sua agricultura, do seu deficiente sistema sanitário e da sua pequena rede de ligações aéreas.
A norte, China propôs a criação de um corredor económico que a una a Mongólia e Rússia, que contribuiria para a expansão do plano russo de uma linha férrea transcontinental e para a aspiração mongol de impulsionar a chamada estrada das pradarias, para além do projecto de uma linha férrea de alta velocidade que uniria Pequim a Moscovo. O ministro de Assuntos Exteriores chinês, Wang Yi, visitou Moscovo em Abril para concretizar os projectos conjuntos e planificar o seu desenvolvimento, dando seguimento à excelente colaboração estabelecida entre China e Rússia tanto nas suas relações bilaterais como na Organização de Cooperação de Xangai, OCS, e nos BRICS. Tanto Xi Jinping como Putin fizeram referência à “associação estratégica” entre ambos os países e à sua responsabilidade para a manutenção da paz mundial, conscientes de que a agressiva política exterior norte-americana (que iniciou cinco guerras nos últimos anos) é um serio risco para o futuro. O conjunto dessas iniciativas anuncia uma nova geografia estratégica que nasce no coração da Eurásia e que se une ao Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, que contará também com um capital de 100.000 milhões de dólares.
Em Maio, Xi Jinping reuniu-se com Putin em Moscovo, no quadro da celebração do 70º aniversário da vitória soviética sobre o nazismo, e acordaram a articulação da nova rota da seda com a União Económica Euroasiática, anunciando que quase toda a Asia e meia Europa podem convergir num espaço económico comum. Entre os assuntos abordados esteve o financiamento de empresas russas pelos bancos chineses; a criação de um banco de investimento conjunto; a participação chinesa em investimentos para o desenvolvimento da agricultura russa; e a construção de uma linha de comboio de alta velocidade Moscovo-Kazan, onde Pequim y Moscovo vão investir 28.000 milhões de dólares. O governo chinês tem prevista a construção de uma línea de caminho-de-ferro para comboios de alta velocidade, com sete mil quilómetros, entre Pequim e Moscovo, atravessando também o Cazaquistão que, segundo a agencia Bloomberg, terá um orçamento de 242.000 milhões de dólares, e do qual a linha Moscovo-Kazan poderia fazer parte. Os dois presidentes abordaram também o impulso aos actuais acordos sobre petróleo e gás: em Outubro de 2014 ambos os países acordaram a construção do gasoduto Força de Sibéria que enviará, anualmente, quase 40.000 milhões de metros cúbicos de gás russo para a China, num contrato que ascende a 400.000 milhões de dólares. As rotas que os técnicos russos e chineses desenham para fazer chegar o gás à China são duas: uma, o gasoduto Altai, que desde as jazidas de Yamalia-Nenetsia, na Sibéria, passaria por Nizhnevártovsk, Novosibirsk e Gorno-Altaisk, para penetrar na China; a segunda, partiria da região de Krasnoiarsk para se dirigir a Balagansk, superar pelo norte o grande lago Baical, e chegar a Blagovéshchensk (com uma das entradas de gás para a China), Birobidzhán (capital da região autónoma judia), e Dalnerechensk e Vladivostok (as outras duas entradas de gás para a China), onde chega também o gasoduto em funcionamento que desce da ilha de Sacalina. Juntamente com isso, há acordos em perspectiva sobre aviação, armamento, energia atómica para usos civis, cooperação espacial, e harmonização dos sistemas de navegação por satélite (o GLONASS russo e o Beidou chinês) que competirão com o GPS norte-americano.
Putin confirmou que a China é o principal parceiro comercial da Rússia e que ambos os países iam utilizar o rublo e o yuan nas suas trocas comerciais, prescindindo do dólar. Entretanto, os planos chineses e russos têm que lidar com a oposição ocidental. A articulação económica da União Europeia com a União Económica Euroasiática que Putin queria desenvolver deteve-se em consequência da guerra na Ucrânia. Putin pretendia conseguir o acordo de Berlim para impulsionar o projecto (Lisboa-Vladivostok), mas o golpe de Estado empreendido por Washington em Kiev e a crise posterior constituiu uma vitória norte-americana que assim impede, pelo menos por agora, a aproximação das duas Europas, dirigidas por Berlim e Moscovo, embora tenha o relevante inconveniente estratégico de estimular a aliança de Moscovo com Pequim. Washington, embora saiba que não pode ganhar em todos os tabuleiros, enquanto acalenta a ideia de dinamitar o projecto de reagrupamento económico das antigas repúblicas soviéticas espera estimular disputas na relação da China com a Rússia. Por sua parte, Berlim, cuja dependência militar e política de Washington não vai romper-se a curto prazo, estaria disposta a solucionar a crise ucraniana e abrir uma nova etapa, justamente o contrário do que Washington e a NATO procuram, e nem Merkel nem a CDU, nem boa parte da grande burguesia alemã vai por em causa o papel preponderante dos Estados Unidos, e as mudanças que Putin se viu forçado a realizar no complexo mapa dos gasodutos russos são uma consequência de tudo isso: por esse motivo, o novo gasoduto Turkish Stream começará a funcionar em Dezembro de 2016. Acontece também que as grandes empresas alemãs não querem perder os benefícios económicos que comportariam a colaboração de Berlim e Moscovo no desenvolvimento da nova rota da seda proposta por Pequim e o seu enlace com a União Europeia. Um sintoma dos desencontros entre a União Europeia e os Estados Unidos e, ao mesmo tempo, um indício do potencial da aposta chinesa, é a incorporação dos principais países europeus (Alemanha, Grã Bretanha, França e Itália) no Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas, BAII, criado pela China como um dos instrumentos para impulsionar a nova rota de la seda e para quebrar o domínio estado-unidense sobre as instituições financeiras internacionais. A Europa quer participar nos grandes projectos que a rota vai a desenvolver ainda que, significativamente, nem os Estados Unidos nem o Japão participem no novo banco, que dispõe de um capital de 100.000 milhões de dólares; metade dos quais são a participação de Pequim. Para além disso, a China pretende romper com a dinâmica imposta pelo Banco Mundial aos países que contraem empréstimos, que, no essencial, tem suposto privatizações, desregulação e reformas laborais regressivas, empréstimos orientados para a construção de infra-estruturas que revertem para grandes empresas ocidentais e a configuração de economias dependentes dos Estados Unidos e das suas importações.
Por sua parte, o Japão procura o seu papel no novo mundo. A recente visita de Shinzō Abe aos Estados Unidos serviu para ratificar a nova aposta nipónica e o cerrar de fileiras com Washington. Em troca do apoio norte-americano na disputa pelas ilhas Diaoyu (Senkaku, para Tóquio), que assim rompe as declarações de neutralidade de Washington, Abe envolve o Japão, com todas as consequências disso, no esquema de contenção da China que Washington desenhou, e que, para além dos aspectos militares e diplomáticos, trata de sabotar o desenvolvimento da rota da seda. Nenhum país ignora que essa política de Tóquio, que se associa às preocupantes mudanças introduzidas na constituição nipónica, vai dificultar a criação de um novo esquema de segurança na Asia e, além disso, limitará a participação japonesa na rota da seda. Washington quer que o Japão se envolva mais na sua própria aliança comercial e que colabore decididamente na articulação de um eixo do Pacífico controlado a partir de Washington, embora não perca de vista, com preocupação, que muitas empresas japonesas querem participar nos contratos e lucros que a nova rota trará. Por sua parte, a India, que mantém negociações com Pequim para que colabore no desenvolvimento das suas muito deficientes infra-estruturas e vias de transporte e comunicações, trata de manter uma posição de equilíbrio entre a China e os Estados Unidos, embora continuem pendentes litígios fronteiriços com Pequim. Xi Jinping está consciente de que a colaboração económica entre China, Japão e India aumentaria ainda mais a relevância da nova rota da seda, e de que Washington trabalha para que Deli não participe no projecto.
Os Estados Unidos têm os seus próprios problemas. O défice orçamental norte-americano é um serio risco para o futuro, embora de momento Washington continue a conseguir limitar as suas consequências; entretanto, o défice comercial é um buraco negro para a economia, ameaçada pela perda de peso global e pela redução da sua estrutura produtiva. O governo estado-unidense, que tem consciência das necessidades de novas infra-estruturas em todo o mundo e que constata os receios face às imposições políticas e económicas do FMI e do Banco Mundial em muitos países, desde a configuração de governos até à adopção de programas económicos e de planos de privatização que beneficiam sempre as grandes empresas ocidentais, tem tentado evitar a incorporação dos países europeus e do Japão nos novos organismos, mas apenas o conseguiu com o governo nipónico. Apesar da grande campanha planetária que Washington levou a cabo tentando semear dúvidas sobre a fiabilidade, competência e comportamento dos novos organismos, e apesar das pressões directas sobre governos, nem sequer a Suíça, com uma relevante importância financeira, aceitou as sugestões norte-americanas. Se o FMI e o Banco Mundial têm a sua sede em Washington, o BAII tê-la-á em Pequim, e o banco dos BRICS em Xangai. E não há que esquecer que as condições de financiamento que a China oferece são muito mais favoráveis do que as oferecidas pelas instituições dominadas pelos Estados Unidos.
A Asia está construindo a nova rota da seda. Além dos projectos previstos no Cazaquistão, Quirguistão, e Tajiquistão, no Paquistão e Camboja, a chegada da rota de la seda a Rússia e Mongólia, e a declaração conjunta de Xi Jinping e Putin sobre o impulso da cooperação em múltiplos projectos de construção de infra-estruturas entre a União Económica Euroasiática e o denominado Cinturão Económico da Rota de la Seda, iniciam uma dinâmica que vai mudar boa parte do mundo que temos conhecido. Porque a conexão da China com a Asia central e meridional, com o Médio Oriente e Europa é uma das chaves do futuro, juntamente com a organização e articulação económica, nos dois continentes, de amplas áreas urbanas que contam com uma população de mais de trinta milhões de habitantes cada uma, e que já desempenham um papel determinante na China (Pequim-Tianjin-Binhai; Xanghái-Suzhóu-Wuxi; Chongqing-Luzhou; Hong Kong-Cantão-Shenzhen e o rio das Perolas, etc.), e que em breve o farão na Europa ocidental e nos Estados Unidos, bem como na India e sudeste asiático.

Rebelión publicou este artigo com autorização do autor mediante uma licença de Creative Commons, respeitando a sua liberdade para o publicar em outras fontes.
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