segunda-feira, 18 de maio de 2015

O urso contra a águia? Rússia: economia rumo à militarização

armaRússia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] No início da década passada, os Estados Unidos entraram no pântano das guerras do Iraque e do Afeganistão na tentativa desesperada de obter polpudos lucros se apropriando diretamente do petróleo do Oriente Médio. Conforme a pressão da resistência aumentou e a atenção do imperialismo ficou concentrada no Oriente Médio, a Rússia e a China expandiram a capacidade tecnológica e militar, e o controle das respectivas regiões.

A China conta com a capacidade de atingir satélites, deixando assim o sistema ICBM (mísseis balísticos intercontinentais) norte-americano, por exemplo, fora de combate.
O governo Putin, em 2012, lançou o plano de priorizar o desenvolvimento, produção e exportação de armas com o objetivo de enfrentar o aprofundamento da crise capitalista. A mesma política está sendo aplicada pelas principais potências imperialistas e regionais. Em dezembro do ano passado, o próprio Vladimir Putin anunciou a nova política militar para a Rússia. O foco é defensivo, mas a ênfase no desenvolvimento tecnológico e na eficiência foi reforçada. Não por acaso o anúncio aconteceu quando o país enfrenta forte deterioração da economia. No dia 8 de maio, foram demitidos 20 generais com o objetivo de reforçar a nova política militar.
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Como parte da nova doutrina militar e a otimização dos gastos, mais da metade dos setores da indústria militar estão sendo abandonados. A competitividade se tornou um dos componentes principais da nova política.
Os projetos militares estão sendo revisados para focar os que têm o potencial mais produtivos, tanto em eficiência operacional como na disputa do mercado mundial de armas.
O ambicioso plano de modernização militar da Rússia incluiu o desenvolvimento de novas armas e o foco nas políticas públicas. A crise na Ucrânia e as sanções têm obrigado o governo a mover várias plantas para a produção doméstica. Há muita pressão para a redução dos custos que foram elevados após a internalização devido à queda dos volumes de produção envolvidos. Esse motivo também levou ao aumento da pressão para aumentar as exportações.
O orçamento militar em primeiro lugar
A queda dos preços do petróleo, as sanções imperialistas e o aprofundamento da crise capitalista mundial têm provocado um rombo no orçamento público do governo russo. Vários programas de desenvolvimento de novas tecnologias têm sido adiados, apesar do orçamento militar ter sido aumentado em 20%. Os cortes nos programas sociais são notórios na educação, saúde, salários e investimentos em obras de infraestrutura.
Os veículos blindados passaram a compartilhar peças, o que implica na redução dos custos e no aumento da eficiência, na busca por uma plataforma universal. O grande nó é que a fraqueza da economia russa não comporta essa política no longo prazo.
Um dos mecanismos que o governo russo tem usado para conter a pressão do imperialismo tem sido o desenvolvimento de projetos em conjunto com governos estrangeiros. Agora essa política avança a todo vapor com a Índia. No passado, com a Índia, o principal cliente, desenvolveu o bombardeiro supersônico T-50, embora o país agora, com o governo de Narenda, esteja considerando se afastar.
Com a China, a colaboração avança no setor de mísseis, navios de guerra, helicópteros, aviões e maquinário bélico básico. Enquanto a Rússia tem uma experiência superior em mísseis e ogivas nucleares, a China fornecerá peças para navios, que eram produzidas na Ucrânia, tecnologia satelital, além do tão necessitado financiamento para fechar o rombo no orçamento.
O espaço aéreo russo blindado com o S-500
A Rússia terá o seu espaço aéreo blindado a partir de 2017 com os mísseis terra-ar S-500, o que aumenta o potencial das cinco mil ogivas nucleares que o país detém. O sistema de mísseis S-500 conta com a capacidade de interceptar qualquer ICBM ou jato atuais, que viajem a 5-7 quilômetros por segundo. Atinge a velocidade de 15.500 milhas por hora; alcança uma altitude de 115 milhas; viaja 2.174 milhas na horizontal e pode interceptar até 10 mísseis ao mesmo tempo. Os mísseis Iskander viajam a uma velocidade de 7 Mach, com um alcance de 400 quilômetros, carregando uma cabeça de 700 quilos, com capacidade de acertos de cinco metros.
A infraestrutura russa de defesa do Ártico está sendo modernizada. Em 2016, a Rússia colocará em atividade o avião de guerra Sukhoi T-50 PAK FA, construído em parceria com a Índia; ingressa no setor de Quinta Geração e passa a competir diretamente com os aviões norte-americanos Lockheed F-22 Raptor e o F-35 Lightning II.
Os ICBMs armados com MIRVs viajam a uma velocidade aproximada de 18 Mach, muito superior ao arsenal atual dos Estados Unidos.
A Rússia fechou um acordo com a China para o fornecimento dos mísseis S-400 terra-ar que, por sua vez, está desenvolvendo satélites que usam armas laser e que disparam mísseis, submarinos ultra silenciosos e um sistema anti mísseis que pode atingir um satélite que se movimente mais rápido que qualquer ICBM.
Armata: um tanque estrela de última geração
O tanque Armata e o T-90SM (o principal tanque em operações atualmente) foram reforçados com munição de alto poder explosivo (ZOF54 e ZSCH7) que se completam com o controle eletrônico remoto EDK específico para os distintos tipos de projéteis (Shrapnel, fragmentação etc). O sistema de detonação a distância Ainet gera uma chuva de projéteis contra as unidades antitanques e aviões. O telêmetro laser permite medir a distância exata do alvo.
O tanque Armata, que foi exibido na Parada do dia 9 de maio, é um desenvolvimento do T-90 que foi lançado há 25 anos. Possui várias vantagens técnicas e de segurança. Conseguiu disparar, com um canhão de 125 milímetros, de maneira convencional e também usando mísseis guiados. O chassis pode ser adaptado para vários ambientes e funções.
As novas unidades de tanques russas são superiores aos mísseis antitanques norte-americanos Javelin, que os Estados Unidos estão tentando fornecer aos golpistas de Kiev.
Ao mesmo tempo, o veículo de infantaria pesada Kurganets-25 e o sistema de artilharia Koalitsiya, entre outros, completam a política de modernização do exército russo e o foco das públicas na indústria bélica. O ponto fraco dessas políticas é a economia.
Alejandro Acosta está atualmente na Rússia cobrindo os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.

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