Quem saiu ganhando com a marcha do dia 13 de Março?
Ao contrário do que muitos podiam pensar,
a marcha da sexta-feira, dia 13 de Março, convocada principalmente pela
Central Única dos Trabalhadores – CUT, teve grande adesão popular em
muitas das principais cidades do país. A mobilização teve como pautas
principais a defesa da Petrobrás como empresa 100% pública e livre da
corrupção, a exigência da retirada das medidas provisórias 664 e 665
decretadas pelo governo federal e o combate às pretensões
anti-democráticas da extrema direita.
Em São Paulo, na Avenida Paullista, ocorreu a manifestação mais numerosa. Ao fim do ato, a CUT publicou em seu site oficial: “100
mil pessoas exigem mudanças na política econômica, mas sem golpe à
democracia. CUT e movimentos criticam visão do governo sobre economia e
defendem direitos dos trabalhadores”.
Durante a semana, muitas idas e vindas
marcaram a convocação desta marcha. Porta-vozes e representantes do
governo Dilma pediam calma e propunham o cancelamento do ato. Alguns
setores da esquerda se negaram a participar, colocando nos milhares de
manifestantes a pecha de governistas e lançando a palavra de ordem de
não sair às ruas nem no dia 13 nem no dia 15.
Ao final, a manifestação provou a
disposição de luta da classe trabalhadora brasileira, seja para lutar
contra o ajuste que beneficia aos ricos, promovido pelo governo federal,
ou seja para enfrentar uma extrema direita que quer privatizar toda a
Petrobras e chegar ao governo contra a vontade popular, acabando até
mesmo com as menores políticas sociais que vendo sendo implementadas.
É de grande importância a realização de
uma marcha popular às vésperas de uma manifestação convocada por
partidos e organizações de direita, financiada por capitalistas donos de
grandes corporações (a exemplo de Jorge Paulo Lemann, dono da Ambev) e
promovida por quase todos os veículos da mídia monopolista, como a que
está marcada para o próximo domingo, 15 de março.
É importante primeiro por tirar da
extrema direita a imagem de ser a principal redentora dos problemas do
país. Frente aos fatos da realidade, a grande maioria do povo brasileiro
já percebeu que as medidas do governo em economia e política estão no
fundamental equivocadas. O povo na rua com pautas clara de luta e com
críticas ao ajuste econômico neoliberal dá autoridade às organizações
populares para defender um programa de esquerda como saída para a crise.
Por outro lado, é importante também por
desmascarar o real caráter da manifestação do dia 15. Há a tentativa de
realizar uma forte manipulação midiática para atrair setores da classe
trabalhadora a marchar juntos com a direita. Essa manipulação,
travestida de discurso contra a corrupção, é de triste memória na
história do Brasil mas também pode ser observada em eventos mais
recentes em outros países como o “Maidan” na Ucrânia, os sucessivos
golpes militares no Egito e na guerra civil instalada na Líbia.
Não é possível barrar o ajuste econômico
que beneficia aos ricos e barrar o avanço da extrema direita sem uma
grande unidade popular. A unidade popular é necessária, imprescindível, e
foi ela quem ganhou com a marcha do dia 13. É uma unidade que se dá na
luta concreta da classe trabalhadora em defesa de seus interesses
concretos. Na realização dessa luta, marchar juntamente com organizações
do movimento social que declaram apoio ao governo não é a mesma coisa
que marchar com o governo. Marchando juntos, devemos levantar bem alto
nossas bandeiras do socialismo, do poder popular e da revolução social
como únicas saídas seguras para vencer a crise atual.
Chegou o momento de desenvolver essa
unidade popular ainda mais nas lutas que virão. É preciso dar total
apoio à greve dos garis do Rio de Janeiro, dos professores de São Paulo e
à possível greve dos trabalhadores da Sabesp, além de estimular que em
suas pautas sejam incluídos temas de luta econômica contra as medidas do
governo, como a revogação das MP´s 664 e 665. Também é preciso
organizar um grande dia nacional de luta pela educação no dia 26 de
março, com atividades em todas as escolas e universidades contra o corte
de verbas de R$ 14 bilhões nas verbas da educação além de participar
ativamente das mobilizações dos Servidores Públicos Federais que estão
em campanha salarial unificada.
Jorge Batista, São PauloA Verdade
0 comentários:
Postar um comentário