sábado, 24 de janeiro de 2015

Integração euro-asiática contra o império do Caos

Integração euro-asiática contra o império do Caos

Pepe Escobar
23.Jan.15 :: Outros autores
Na estratégia global dos diferentes blocos político-económicos e político-militares em evolução, cada interveniente joga com os argumentos mais fortes que possui. Enquanto a China e a Rússia, por exemplo, apostam no o seu potencial energético e económico e na sua capacidade de investimento, o imperialismo norte-americano aposta no seu esmagador poder militar e no controlo que ainda detém sobre o sistema financeiro global. Uma questão central para o futuro próximo será quais as alianças que uma estratégia e outra conseguirão estabelecer e consolidar.

18 de Novembro de 2014 é uma data que deveria ficar para sempre na história. Nesse dia, na cidade de Yiwú, na província de Zhejiang da China, a 300 Km a sul de Xangai, o primeiro comboio que transportou 82 contentores com mais de 1000 toneladas de mercadorias de exportação abandonou um imenso complexo de armazenamento em direcção a Madrid. Chegou a 9 de Dezembro.
Boas vindas ao novo comboio Transeurásia. Em mais de 13.000 quilómetros, atravessa regularmente a rota de carga ferroviária mais longa do mundo, 40% mais extensa do que o legendário Transiberiano. A sua carga atravessará a China de leste a oeste, depois o Cazaquistão, a Rússia, a Bielorrússia, a Polónia, a Alemanha, a França e finalmente a Espanha.
É possível que não tenham a menor ideia de onde fica Yiwú, mas os homens de negócios que trabalham por toda a Eurásia, especialmente do mundo árabe, já sabem da cidade, «onde acontece o inaudito». Falamos provavelmente do maior centro de venda para pequenos bens de consumo — desde roupa a brinquedos — no mundo inteiro.
A rota Yiwú-Madrid através da Eurásia representa o início de um conjunto de acontecimentos que mudam o panorama. Será um canal logístico eficiente de comprimento incrível. Representará uma geopolítica com um toque humano, que junta pequenos comerciantes e imensos mercados através de uma vasta massa continental. Já é um exemplo gráfico de integração eurasiática no caminho. E sobretudo é a primeira pedra de base na «Nova Rota da Seda» da China, indubitavelmente o mais importante projecto do novo século e da história comercial do mundo para a próxima década.
Viaja para o Ocidente jovem chinês. Um dia, se tudo acontecer de acordo com o plano (e segundo os sonhos dos dirigentes da China), tudo isto será para os jovens chineses — com um comboio de alta velocidade, nada menos. A viagem da China à Europa demorará 2 dias, não os 23 da actualidade. De facto, ao mesmo tempo que este comboio de mercadorias partia de Yiwú, o comboio-bala D8602 saía de Urumqina província de Sinkiang a caminho de Hami no longínquo leste da China. É o primeiro comboio de alta velocidade construído em Sinkiang, e logo outros semelhantes percorrerão a China provavelmente a uma velocidade prodigiosa.
Actualmente, 90% do comércio global em contentores continua a viajar por mar, e é o que Pequim quer mudar. A sua «Nova Rota da Seda» embrionária representa a sua primeira inovação no que poderá ser uma revolução no comércio transcontinental por terra de contentores.
E será acompanhada por um conjunto de futuros «win-win», incluindo menores custos de transporte, uma expansão ainda maior para «armazéns» centro-asiáticos, assim como para a Europa, de companhias chinesas de construção, uma maneira mais fácil e mais rápida de transportar urânio e metais raros da Ásia Central para outros sítios, e a abertura de uma miríade de novos mercados, abrangendo centenas de milhões de pessoas.
Portanto se Washington se propõe uma viragem para a Ásia, a China tem o seu plano próprio. Considere-se uma cabriola para a Europa através da Ásia.
Fluxo para leste?
A velocidade a que tudo isto acontece é assombrosa. O presidente chinês Xi Jinping lançou o Novo Cinturão Económico da Rota de Seda em Astana, Cazaquistão, em Setembro de 2013. Um mês depois, enquanto estava na capital da Indonésia, Jacarta, anunciou uma «Rota da Seda Marítima» do Século XXI. Pequim define o conceito geral por detrás dos seus planos como uma rota e um cinturão, na realidade pensa numa alucinante teia de futuras estradas, linhas férreas, rotas marítimas e cinturões.
Estamos a falar de uma estratégia nacional que vai dar à aura histórica da antiga Rota da Seda que cruzava e ligava civilizações, este-oeste, enquanto criava a base para um vasto conjunto de zonas entrelaçadas pan-eurasiáticas de cooperação económica. Os dirigentes chineses deram luz verde a um fundo de 40.000 milhões de dólares, supervisionado pelo Banco Chinês de Desenvolvimento, para construir estradas, linhas de comboio de alta velocidade e linhas de energia em diversas províncias chinesas. O fundo expandir-se-á antes para cobrir projectos no Sul da Ásia, no Sudeste asiático, Oriente Médio e partes da Europa. Mas a Ásia Central é o objectivo crucial imediato.
As companhias chinesas investiram e participaram em licitações para contratos em dezenas de países ao longo dessas rotas da seda planificadas. Após três décadas de desenvolvimento, enquanto absorvia investimentos estrangeiros a uma velocidade vertiginosa, a estratégia actual da China é fazer com que o seu próprio capital flua para os seus vizinhos. Já fechou contratos por 30.000 milhões de dólares com o Cazaquistão e 15.000 milhões de dólares com o Uzbequistão. Emprestou ao Turquemenistão 8000 milhões de dólares e 1000 milhões mais para o Tajiquistão. Em 2013, as relações com o Quirguistão foram actualizadas ao que os chineses chamam «nível estratégico. A China é já o maior parceiro comercial de todos eles excepto o Uzbequistão e embora as antigas repúblicas socialistas centro-asiáticas da União Soviética continuem vinculadas à rede de condutas energéticas da Rússia, a China também trabalha nesse caso, criando a sua própria versão de Ductistão, incluindo um novo gasoduto para o Turquemenistão, a que se seguirão outros.
A competição entre províncias chinesas em grande parte deste negócio e a infra-estrutura que o acompanha será feroz. Sinkiang já está a ser reconfigurada por Pequim como um centro-chave numa nova rede euro-asiática. No início de 2014 Guangon — a fábrica do mundo — recebeu a primeira exposição internacional na «Rota Marítima da Seda» e representantes de não menos de 42 países assistiram à festa.
O próprio presidente Xi, que dá agora um destaque entusiástico à sua província natal Shaanxi que outrora albergou o início da histórica «Rota da Seda» em Xian, como um centro de transporte do Século XXI fez a apresentação da Nova Rota da Seda a seu favor entre outros para o Tadjiquistão, as Maldivas, o Sri-Lanka e o Afeganistão.
Exactamente como com a Rota da Seda histórica há que ver a nova em sentido plural. Imaginá-la como um labirinto ramificador de estradas, linhas ferroviárias e condutas. Um trecho-chave vai passar pela Ásia Central, Irão e Turquia, com Istambul como encruzilhada. O Irão e a Ásia Central já estão a promover activamente as suas próprias conexões com ela.
Outro trecho chave seguirá o Transiberiano com Moscovo como nó crucial. Uma vez completada esta rede transiberiana de alta velocidade o tempo de viagem entre Pequim e Moscovo diminuirá dos actuais seis dias e meio para apenas 33 horas. No final Roterdão, Duisburg e Berlim poderiam ser nós nesta futura auto-estrada e os executivos de negócios alemães mostram-se entusiasmados com a perspectiva.
A Rota Marítima da Seda inicia na província de Guandong direita ao Estreito de Malaca e Oceano Índico, o Corno de África, o Mar Vermelho e o Mediterrâneo, terminando essencialmente em Veneza, o que seria sem dúvida uma justiça poética. Pensemos nela como Marco Pólo ao inverso.
O fim de tudo isto está previsto para 2025, administrando a China o futuro «poder suave» de que agora carece gravemente. Quando o presidente Xi saúda a iniciativa de «partir o gargalo da garrafa da conectividade» através da Ásia, também promete créditos chineses a uma ampla gama de países.
Agora, mesclada a estratégia da Rota da Seda com o aumento da cooperação entre os países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com uma cooperação acelerada entre os membros da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), com um papel chinês mais influente no Movimento dos Não-alinhados (NAM) de 120 membros — não é de surpreender que exista a percepção no Sul Global de que, enquanto os Estados Unidos continuam envoltos nas suas guerras intermináveis, o mundo está a fluir para leste.
Novos bancos e novos sonhos
A recente cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) em Pequim foi certamente uma história de êxito chinês, mas a maior notícia da APEC passou virtualmente despercebida nos Estados Unidos. Vinte e dois países asiáticos aprovaram a criação de um Banco Asiático de Investimento da infra-estrutura (AIIB) apenas um ano depois da proposta inicial de Xi. Este será outro banco, como o Banco de Desenvolvimento BRICS, que ajudará a financiar projectos em energia, telecomunicações e transporte. O seu capital inicial será de 50.000 milhões de dólares e a China e a Índia serão os seus principais accionistas.
Há que considerar o seu estabelecimento como uma resposta sino-indiana ao Banco Asiático do Desenvolvimento (ADB) fundado em 1966 sob o patrocínio do Banco Mundial e considerado pela maior parte do mundo como um artifício para o consenso de Washington. Quando a China e a Índia insistem em que os empréstimos do Novo banco serão feitos na base de «justiça, equidade e transparência» querem dizer que estará em forte contraste com o ADB que continua a ser um assunto americano-nipónico no qual esses dois países contribuem com 31% do capital e possuem 25% do seu direito de voto — e um sinal da chegada de uma nova ordem na Ásia. Além disso, a um nível puramente prático, o ADB não financiará as verdadeiras necessidades do impulso de infra-estrutura asiática com que sonha a direcção chinesa, motivo pelo qual o AIIB será tão útil.
Há que recordar que a China já é o principal parceiro comercial da Índia, Paquistão e Bangladesh. Está em segundo lugar quando se trata do Sri Lanka e do Nepal. Volta a ser o número um quando se trata virtualmente de todos os membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEN) apesar dos recentes conflitos bem publicitados da China sobre quem controla as águas ricas em depósitos de energia na região. Falamos neste caso do fantástico sonho de uma convergência de 600 milhões de pessoas no Sudeste Asiático, 1.300 milhões na China e 1500 milhões no subcontinente indiano.
Só três membros da APEC — fora os Estados Unidos — não votaram a aprovação do novo banco — Japão, Coreia do Sul e Austrália, todos sob intensa pressão do governo de Obama (A Indonésia assinou poucos dias depois e a Austrália resiste cada vez menos à atracção do que actualmente se intitula «diplomacia do iene»).
De facto, a esmagadora maioria das nações asiáticas vê a «subida pacífica» descrita pela própria China e a maioria já está a recusar um mundo comercial dominado por Washington e a OTAN e o conjunto de pactos — da Associação Transatlântica para o Comércio e Investimento (TTIP) para a Europa e o Acordo de Cooperação Trans-Pacífico (TPP) que o acompanha.
Quando o dragão abraça o urso
O presidente russo Vladimir Putin teve um APEC fabuloso. Depois do seu país e a China chegarem a um novo acordo sobre o gás natural por 400 000 milhões de dólares em Maio — em relação com o gasoduto Poder da Sibéria, cuja construção começou este ano — agregaram um segundo acordo por 325.000 milhões em relação ao gasoduto Altai que sai da Sibéria ocidental.
Esses dois acordos mega-energéticos não significam que Pequim vá depender de Moscovo no que se refere a energia, embora se calcule que em 2020 ele fornecerá 17% das necessidades de gás natural da China. (Entretanto, o gás representa actualmente apenas 10% do complexo energético da China). Esses acordos mostram até onde sopra o vento no coração da Eurásia. Embora os bancos chineses não possam substituir os afectados pelas sanções de Washington e a UE contra a Rússia, estão a oferecer a Moscovo, ferida pela recente queda dos preços do petróleo, um certo alívio na forma de acesso a créditos chineses.
Na frente militar a Rússia e a China estão agora comprometidas a exercícios militares conjuntos em grande escala enquanto o avançado sistema de defesa aérea contra os mísseis S-400 será enviado em breve para Pequim. Além disso, pela primeira vez na era posterior à Guerra-Fria, Putin mencionou recentemente a antiga doutrina da era soviética da «segurança colectiva» na Ásia como um pilar possível para uma nova cooperação estratégica sino-russa.
O presidente chinês Xi tende a chamar a tudo isto «a árvore perene da amizade» sino-russa — o que pode ver-se como uma viragem estratégica de Putin para a China. Nos dois casos Washington não está feliz ao ver que a China e a Rússia começam a entrelaçar as suas forças. A excelência aeroespacial russa, a sua tecnologia na defesa, no fabrico de equipamento de produção, coincidente com a excelência chinesa na agricultura, a indústria ligeira e a tecnologia informática.
Também é um facto evidente que em toda a Eurásia prevalecerão as condutas russas, não ocidentais. A última ópera espectacular do Ductistão — o cancelamento pela Gazprom do eventual gasoduto SouthStream que devia transportar ainda mais gás natural russo para a Europa, garantirá finalmente uma integração energética ainda maior da Turquia e Rússia na nova Eurásia.
Despedida da era unipolar
Todos estes eventos interligados sugerem um afastamento tectónico geopolítico na Eurásia que os meios de comunicação norte-americanos ainda não entenderam. O que não significa que ninguém se dê conta de nada. Pode-se sentir o pânico incipiente no establishment em Washington. O Conselho de Relações Externas já começou a publicar lamentos sobre a possibilidade de o momento excepcional da antiga superpotência única se estar a «desfazer». A Comissão de Estudo da Economia e Segurança Estados Unidos-China só pode culpar os dirigentes por deslealdade, adversa à «reforma» e inimiga da «liberalização» da sua própria economia.
Os desconfiados habituais criticam que a China adventícia está a perturbar a «ordem internacional», condena «a paz e prosperidade» na Ásia para toda a eternidade, e poderá estar a criar uma nova espécie de «Guerra-Fria» na região. Da perspectiva de Washington, uma China em ascensão continua a ser a maior «ameaça» na Ásia, se não no mundo, mesmo enquanto o Pentágono gasta gigantescas somas para manter intacto o seu império global de bases. Essas histórias vindas de Washington sobre a nova ameaça chinesa no Pacífico e Sudeste asiático, no entanto, nunca mencionam que a China continua a estar cercada por bases dos Estados Unidos sem ter uma única base própria fora do seu território.
É claro que a China enfrenta problemas titânicos, incluindo as pressões aplicadas pela «única superpotência» do globo. Entre outras coisas, Pequim teme ameaças à segurança do seu fornecimento marítimo de energia do estrangeiro, o que ajuda a explicar a seu investimento maciço no auxílio para criar um Ductistão Eurasiático da Ásia Central à Sibéria. Receios pelo seu futuro energético também explicam o seu desejo ardente de «escapar de Malaca» conseguindo fornecimentos de energia de África e da América do Sul, e a sua muito discutida ofensiva para conseguir áreas ricas de energia nos mares do leste e do sul da China, que Pequim aposta que poderia tornar-se um «segundo Golfo Pérsico» que produza no final 130.000 milhões de barris de petróleo.
Na frente interna o presidente Xi descreveu em pormenor a sua visão de um caminho «orientado para a obtenção de resultados» durante a próxima década. Falando de mapas de rota a lista de reformas «por fazer» na China é realmente impressionante. E preocupado em manter a economia da China - que já é número um do mundo pelo seu tamanho - desenvolvendo-se a um ritmo febril, Xi também acelera a luta contra a corrupção, os subornos, e o desperdício, especialmente dentro do próprio Partido Comunista.
A eficiência económica é outro problema crucial. As empresas chinesas de propriedade estatal estão a investir uns assombrosos 2,3 biliões (milhões de milhões) de dólares por ano — 43% do investimento total do país — em infra-estruturas. Mas estudos da Escola de Administração da Universidade Tsinghua mostraram que a diversidade de investimentos em instalações que vão de siderurgias a fábricas de cimento só contribuiu para sobrecarregar a capacidade instalada e reduz portanto actualmente a produção da China.
Xiaolu Wang e Yixiao Zhou, autores do trabalho académico «Aprofundar a reforma para o crescimento e desenvolvimento da China a longo prazo» afirmam que a China terá dificuldade em dar o salto do estatuto de investimentos médios a altos — requisito primordial para uma verdadeira potência global. Para isso, uma avalanche de fundos governamentais adicionais teria de ser destinada a áreas como a segurança social (prestações de reformas e de cuidados sanitários, que actualmente ocupam 9,8% e 15,1% do orçamento para 2014 — alto para alguns países ocidentais mas não suficientemente elevado para as necessidades da China.
Apesar de tudo quem tenha seguido de perto o que a China conseguiu durante os últimos três decénios, sabe que vai cair, quaisquer que sejam os seus problemas, ou ameaças. Dá a medida das ambições do país para uma reconfiguração económica dos mapas comerciais e do poder do mundo que os dirigentes da China pensem também como, num futuro próximo, as relações com a Europa podem ser redesenhadas de forma histórica.
Que se passa com essa «comunidade harmoniosa»?
No momento em que a China propõe uma nova integração eurasiática, Washington opta pelo «império do caos», um sistema global disfuncional que alimenta agora o caos e o retrocesso de todo o Grande Médio Oriente para a África e até as periferias da Europa.
Neste contexto, uma nova paranóia da Guerra-Fria aumenta nos Estados Unidos, Europa e Rússia. O ex-líder soviético Mikhail Gorbatchov, que tem uma certa experiência com as Guerras-Frias (tendo acabado com uma) está extremamente alarmado. Os planos de Washington para «isolar» e possivelmente acabar com a Rússia são extremamente perigosos, ainda que a longo prazo também possam estar condenados ao fracasso.
Por agora, quaisquer que sejam as suas debilidades. Moscovo continua a ser a única potência capaz de negociar um equilíbrio estratégico global com Washington e pôr alguns limites ao seu império do caos. Mas as nações da OTAN seguem docilmente a onda de Washington e à China ainda lhe falta autoridade estratégia.
A Rússia, como a China, aposta na sua integração eurasiática. Ninguém sabe como acabará tudo isto. Ainda há quatro anos Putin propôs uma «comunidade económica harmoniosa» que vá de Lisboa a Vladivostok, envolvendo um acordo de livre comércio transeurasiático. Mas actualmente, com os Estados Unidos, a OTAN, e a Rússia bloqueados numa batalha semelhante a uma Guerra-Fria na sombra pela Ucrânia e com a União Europeia incapaz de se livrar da OTAN, o novo paradigma mais imediato parece ser menos a integração total do que a histeria bélica e o temor de um futuro caos se estender a outras partes da Europa.
Mas não há que excluir uma mudança na dinâmica da situação. A longo prazo, parece ser possível. Um dia a Alemanha poderia levar partes da Europa para longe da lógica da OTAN já que os dirigentes empresariais e industriais alemães pensam no futuro potencialmente lucrativo numa nova Eurásia. Por estranho que pareça no meio da actual guerra de palavras sobre a Ucrânia, ainda é possível que o jogo final envolva uma aliança Berlim-Moscovo-Pequim.
Parece hoje muito sombria a alternativa entre os dois modelos disponíveis no planeta. Integração eurasiática ou extensão do império do caos. A China e a Rússia sabem o que querem e parece que Washington também o sabe. A pergunta é qual o caminho que escolhem as outras partes em movimento na Eurásia?
Fonte: Asia Times online
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