quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Novos protestos e queda de popularidade de Peña Nieto agravam crise política no México

Novos protestos e queda de popularidade de Peña Nieto agravam crise política no México


Mobilizações ocorreram em cerca de 70 cidades mexicanas e em oito países; manifestantes rechaçam falta de respostas e pedem renúncia do presidente
Milhares de pessoas voltaram às ruas na capital Cidade do México e em outros 70 municípios mexicanos. Mais uma vez, os manifestantes reivindicam que os 43 jovens da escola de Ayotzinapa, que desapareceram na cidade de Iguala, estado de Guerrero, sejam encontrados com vida. Cidades em oito países, entre eles Estados Unidos, Argentina, Alemanha e Japão, se somaram às manifestações nesta segunda-feira (1º/12).
A jornada de protestos se dá em meio ao agravamento da crise política no país e à deteriorização da imagem do presidente, que iniciou ontem o terceiro ano de sua gestão com a mais baixa popularidade desde que chegou ao poder — a reforma apresentada por Peña Nieto há uma semana, com o intuito de combater o crime organizado no país, parece não ter obtido sucesso em acalmar os ânimos da população. Apenas quatro em cada dez mexicanos aprovam seu governo, de acordo com as pesquisas de opinião divulgadas pelos jornais Reforma e El Universal.
Agência Efe

Estudantes rechaçaram manifestação de Peña Nieto que para se mostrar solidário à dor dos familiares, disse "ser Ayotzinapa"
O resultado da pesquisa preocupa o governo diante do fato de que serão realizadas eleições intermediárias em 2015. Os políticos do governista PRI (Partido da Revolução Institucional) esperam que as férias de dezembro diminuam a tensão no ambiente social mexicano.
Por hora, enquanto os manifestantes não dão sinais de que arrefecerão os protestos, Peña Nieto teve que cancelar a viagem que faria ao estado de Guerrero e em cuja programação estava prevista uma possível visita a Iguala ,como parte do plano Cem Dias para a região de Água Caliente.
Agência Efe

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O humor social dos mexicanos também não dá sinais de se acalmar. Nos protestos realizados ontem, foram diversos os pedidos, tanto realizados durante o comício, como em cartazes de cidadãos indignados, pedindo que o presidente Enrique Peña Nieto renuncie. Para o próximo sábado, 6 de dezembro, está prevista outra grande marcha, quando se pretende realizar a “tomada simbólica” da Cidade do México, capital do país. Na data, será comemorado o centenário da entrada triunfal da Divisão Norte de Francisco Villa e o Exército Libertador do Sul, de Emiliano Zapata, na Cidade do México.
Manifestação
A manifestação desta segunda foi considerada uma “derrota ao medo”, como escreveu o jornalLa Jornada, em referência à mensagem passada pelo governo nos atos de 20 de novembro, quando 11 jovens foram detidos e alguns deles chegaram a ser enviados para a prisão de segurança máxima da Cidade do México. “Medo? Medo do silêncio”, dizia o cartaz segurado por uma jovem.

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Os manifestantes consideram que Enrique Peña Nieto não tomou as medidas necessárias para resolver o caso e não forneceu respostas satisfatórias sobre o paradeiro dos jovens. Na última semana, o mandatário anunciou uma reforma que prevê o fim das polícias locais como medida para combater o crime organizado e a violência no país.
Palavras de ordem
A declaração, dada durante a apresentação do programa de dez pontos para fortalecer o Estado de Direito do país, de que ele também era Ayotzinapa, em referência ao movimento “Somos Todos Ayotzinapa” em solidariedade às vítimas e familiares do caso, foi duramente criticada pelos manifestantes. “Queremos dizer que em Ayotzinapa temos dignidade, somos camponeses, de origem indígena e não somos políticos hipócritas. Ele não é Ayotzinapa. Ayotzinapa somos nós”, afirmou José Solano Rodríguez, estudante da mesma escola onde os jovens desaparecidos estudavam.
Agência Efe

Policiais dispersam multidão ao final da mobilização, após um grupo cometer atos de vandalismo
Algumas das palavras de ordem usadas pelos manfiestantes nos protestos que se espalham e ganham força pelo país:
“Dois anos de violência e impunidade. E nos faltam ainda quatro anos”
“México lindo e querido, se morro dentro de ti, que digam que foi lutando contra os ratos do PRI”
“Se a repressão avança, a juventude se levanta”
“Faltarão prisões para tantos indignados”
Durante o comício realizado no monumento Anjo da Independência, o pai do estudante desaparecido Cristian Rodríguez, Clemente Rodríguez, disse que muitos familiares tiveram que deixar os empregos para empreenderem, eles mesmos, as buscas pelos estudantes, que deveriam estar sendo realizadas pelo Estado. “Eu vendia garrafas de água e minha esposa também trabalhava, agora não podemos, porque nosso filho não está conosco, queremos que o devolvam”. E acrescentou: “Aconteça o que acontecer, vamos encontrá-los”.
Assim como em 20 de novembro, a mobilização se encerrou quando um grupo de pessoas encapuzadas iniciou a depredação de lojas e agências bancárias. A polícia antimotim lançou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Como resultado, três pessoas foram detidas. Uma mulher, identificada como Rosalinda Rojas Nieves, aparece em um vídeo no qual diz ter sido agredida pelos policiais quando estava em uma esquina e que estes levaram três garotos que “não fizeram nada”.
A violência policial ficou patente também no caso do líder estudantil Sandino Bucio Dovalí, estudante da Unam (Universidade Nacional Autônoma do México), que foi interceptado, na tarde de sexta-feira (21/11), por quatro homens, vestidos como civis, sem identificação, que o obrigaram a entrar em um carro prata. O jovem chegou a pedir socorro e denunciou que estava sendo sequestrado, como mostra vídeo difundido na internet. Após ser libertado, ele contou que apanhou e que ameaçaram a ele e sua família.
 
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