Burkina Faso: Nota do PCRV
Partido Comunista Revolucionário do Alto Volta (PCRV)
Comunicado sobre a insurreição popular no Alto Volta, também chamado de Burkina Faso
O Alto Volta, também chamado de Burkina
Faso, atravessa uma situação revolucionária que desembocou em uma
insurreição popular no dia 30 de outubro, resultando na deposição do
autocrata Blaise Compaore, malgrado suas sórdidas manobras para se
manter a todo preço à frente do Estado nacional.
Nosso povo, dentro de suas diferentes
composições e através da juventude popular, logrou uma importante
vitória em uma atitude de determinação e de maturidade política frente
aos diversos complôs fabricados. Também demonstrou uma coragem heróica
contra a bárbara repressão que deixou muitas dezenas de mortos e
feridos. Este movimento popular histórico, que rapidamente se espalhou
como fogo em todo o país na esteira de grandes eventos recentes
organizados pela oposição burguesa reacionária e a Coalizão Contra a
carestia, na terça-feira 28 e quarta-feira 29 outubro, confirma
amplamente que quando o povo se levanta nem a repressão nem o terror
podem evitar a vitória.
Este movimento insurrecional se situa
dentro do prolongamento da irrupção na cena política, com suas
reivindicações urgentes, setores populares que haviam se deixado oprimir
sem reclamar, que aprenderam a tomar conta de seu destino através de
lutas poderosas para escapar da pobreza e da angústia profunda que os
atacam por décadas e, particularmente, sob o poder da Quarta República
de Compaoré, devido à exploração neo-colonial.
De fato, desde as manifestações de 2008,
não há um dia que passe sem que os agricultores pobres, trabalhadores e
empregados das cidades mais pobres, aprendizes, pequenos comerciantes,
artesões e, principalmente, o segmento jovem da população rejeitado no
setor informal, não se rebele, desenvolvendo ações insurrecionais, pelo
direito a uma vida digna, à justiça e à liberdade e a uma mudança real
para as pessoas.
Esta é a expressão prática e concreta do
aprofundamento da crise revolucionária em nosso país desde o assassinato
do jornalista Norbert Zongo e seus três companheiros de infortúnio no
dia 13 de dezembro de 1998. Esta crise revolucionária se desenvolve em
etapas, desde então, assumiu uma escala sem precedentes. Hoje, com esse
movimento popular sem precedentes no nosso país, ocorrem várias
mobilizações massivas, várias marchas e comícios, tanto da oposição
burguesa reacionária, como da Coalizão contra a Carestia e dos
sindicatos em junho, julho de 2013 e ao longo de 2014. A profundidade da
crise é tal que levou à explosão do partido no poder, o CDP (Convenção
democracia e Progresso), e a uma reconfiguração do cenário político
nacional em que a mudança fundamental para o povo é a transformação do
sistema de dominação neocolonial, principalmente da França sobre nosso
país. Vários destaques também refletem o fracasso do regime autocrata da
máfia de Blaise Compaoré, a raiva e as lutas de massas estão focadas
nos seguintes pontos:
- a disfunção e o total descrédito que
afetam as instituições da República (governo, parlamento, justiça),
verdadeiros brinquedos na mão do capitão Blaise Comaoré e de seu clã
mafioso no poder que abusam dessas instituições ao seu bel prazer;
- inclinações pronunciadas de monarquizar
o poder, com uma coalizão reforçada por líderes empresariais, chefes
tradicionais e autoridades religiosas;
- uma política de segurança implementada
sob o pretexto de luta contra o grande banditismo que gerou
desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais, além do
fortalecimento da guerra entre as quadrilhas armadas e do assassinato
político maquiado.
- a persistente impunidade dos crimes de sangue trazidos à luz pelo movimento democrático e revolucionário.
– uma situação sócio-econômica gangrenada pelos fenômenos da corrupção e da impunidade dos crimes econômicos.
– o problema persistente dos preços elevados, com maior empobrecimento das camadas populares.
– um aumento da vitalidade da luta social e uma determinação crescente de lutar pelo pão e pela liberdade como demonstraram as múltiplas ações e lutas organizadas e dirigidas por nosso partido.
– uma situação sócio-econômica gangrenada pelos fenômenos da corrupção e da impunidade dos crimes econômicos.
– o problema persistente dos preços elevados, com maior empobrecimento das camadas populares.
– um aumento da vitalidade da luta social e uma determinação crescente de lutar pelo pão e pela liberdade como demonstraram as múltiplas ações e lutas organizadas e dirigidas por nosso partido.
A insurreição popular de 30 de outubro se
justifica plenamente se for considerada a situação de crise
revolucionária que tem lugar em Burkina Faso. Muito rapidamente a classe
operária e o povo percebem que suas conquistas estão ameaçadas e
confiscadas pela oligarquia do exército neocolonial, que operaram um
reacionário golpe de Estado em substituição à Compaoré. Seu objetivo
final é sufocar o processo revolucionário e salvar o regime neocolonial.
A oposição burguesa reacionária conduz as negociações com o alto
comando militar para um “governo de transição” que permitiria manter
suas oportunidades de acesso ao poder neocolonial.
As potências imperialistas (França,
Estados Unidos e União Européia) tentam impor uma solução que preserve
seus interesses econômicos e geoestratégicos em Burkina Faso e dentro da
região da África Ocidental substituindo o papel de seu ex-peão,
Compaoré, que ajudou a presença militar imperialista no país, fazendo de
Burkina Faso uma plataforma estratégica de agressão aos povos da
região.
Mas o movimento popular permanece
vigilante e expressou sua vontade de lutar para não perder sua vitória. O
movimento democrático revolucionário dirigido pelo partido dentro desta
situação complexa se opôs ao golpe de estado militar e apelou às massas
a persistir na luta pelo aprofundamento do processo revolucionário.
O PCRV convoca a classe operária, o povo e
a juventude a reforçar as organizações de luta, notadamente a Coalizão
Contra a Carestia e a se organizar pela derrubada revolucionaria do
regime neocolonial colocando em seu lugar um Governo Revolucionário
Provisório e realizando uma constituinte que edifique uma república
democrática moderna. O PCRV solicita a solidariedade das organizações
internacionais em face à repressão contra o movimento democrático e
revolucionário e à ingerência das potências imperialistas em nosso país.
PÃO E LIBERDADE PARA O POVO
VIVA O INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO
01 de novembro de 2014.
Comitê Central do PCRV-----------------------------------------------------------------
Fonte jornal: A Verdade
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