Crise na Ucrânia
Insistência na guerra
EUA
e UE continuam a usar a Ucrânia, onde a ofensiva da junta fascista
prossegue com apoio crescente do imperialismo, para aprofundarem o cerco
e provocação à Rússia.
O
mais recente episódio da escalada político-militar foi uma entrevista
na qual o secretário-geral da NATO justificou a preparação de «novos
planos de defesa» na Europa com o que considerou ser uma «agressão
russa» à Ucrânia. Ao jornal francês Midi Libre, Anders Fogh Rasmussen
defendeu igualmente que os países-membro da Aliança Atlântica devem
aumentar os seus gastos militares.
O
conteúdo das palavras do responsável não é novo nem original.
Anteriormente já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, havia
defendido a redefinição do relacionamento da NATO com Moscovo. É no
entanto de realçar que as declarações de Rasmussen confirmam o propósito
de avolumar a tensão entre os blocos imperialistas e a Rússia.
Ao
periódico gaulês, o secretário-geral da NATO repetiu argumentos da
guerra informativa a propósito da queda do avião das linhas aéreas
malaias. Responsabilizou «os separatistas, apoiados pelos russos», falou
num conjunto de informações que confirmam a narrativa de Kiev e
Washington, mas não apresentou qualquer facto ou provas credíveis.
O
Kremlin, pelo contrário, entregou recentemente à ONU e à OSCE alguns
dos dados que possui sobre o despenhamento do MH17 – entre os quais o
posicionamento de lançadores de mísseis terra-ar ucranianos na região no
dia da tragédia –, e na segunda-feira, 4, estranhou que a NATO
demonstre desinteresse pela investigação imparcial ao sucedido. Para
mais, o Ministério da Defesa da Rússia já demonstrou serem falsas as
imagens apresentadas por Kiev para «atestar» o envolvimento de Moscovo
no «crime de guerra» supostamente cometido pelas milícias do Leste da
Ucrânia.
Rasmussen
referiu ainda os alegados obstáculos colocados pelos antifascistas à
deslocação da equipa de investigadores australianos, holandeses e
malaios ao local da tragédia. A verdade é que, no domingo, 3, estes
realizaram pesquisas pelo terceiro dia consecutivo no terreno,
acompanhados por membros da Organização para a Segurança e Cooperação na
Europa (OSCE), e só não o fizeram mais cedo porque nas últimas duas
semanas o exército ucraniano tem fustigado a área com bombardeamentos.
Escalada perigosa
A
entrevista do secretário-geral da NATO também surge quando os EUA
acusam a Rússia de violação do Tratado sobre Forças Nucleares de Alcance
Intermédio, subscrito em 1987 com a então União Soviética. Acusação que
a Rússia nega e devolve, notando que os testes efectuados pelo
Pentágono a propósito do escudo anti-míssil e o fabrico e uso de aviões
não-tripulados contrariam aquele acordo de não-proliferação.
O
clima de autêntica «guerra fria» que a entrevista de Rasmussen
sintetiza e cuja escalada comporta graves perigos para a humanidade,
traduz-se ainda no endurecimento das sanções económicas norte-americanas
e da UE à Rússia, concretizado a semana passada, e no recrudescimento
da campanha militar levada a cabo por Kiev com o apoio do imperialismo.
A
junta fascista ucraniana pretende fazer capitular os antigolpistas em
Donetsk e Lugansk, cidades sitiadas, sujeitas a intensos bombardeamentos
e onde a degradação das condições de vida é crescente. As Nações Unidas
calculam que 1129 pessoas já tenham morrido e que pelo menos 3500
tenham ficado feridas desde Abril, quando os golpistas lançaram a
ofensiva. A ONU atribui aos bombardeamentos de áreas residenciais o
aumento do número de vítimas civis e a Cruz Vermelha russa fala em
desastre humanitário. O ataque à cidade de Gorlovka, na região de
Donetsk, entre 27 e 29 de Julho, e a calamidade que se prevê que se
abata sobre Lugansk, onde o fornecimento de água e electricidade estão
em causa e escasseiam a comida e os combustíveis, ilustram a situação
dramática.
O
governo golpista insiste, porém, na guerra e goza do apoio imperialista
no crime. Na semana passada, a UE levantou o embargo à venda de armas à
Ucrânia. Os EUA anunciaram um pacote de 19 milhões de dólares para
treinar a Guarda Nacional nazi-fascista e outros oito milhões para
adestrar as forças de fronteira ucranianas. Moscovo protestou reiterando
a necessidade de um cessar-fogo que abra caminho à resolução pacífica
do conflito e lembrando que o fornecimento de armas e equipamento
agravará as constantes provocações fronteiriças a que a Rússia tem sido
sujeita – o que, aliás, foi comprovado durante o fim-de-semana, por
jornalistas e observadores da OSCE no posto de Gukovo, região de
Lugansk.
Na
sexta-feira, a NATO confirmou e depois desmentiu noticias avançadas por
meios de comunicação norte-americanos e alemães indicando que a Ucrânia
teria já usado mísseis balísticos na região de Donetsk. As informações
mais recentes indicam que poderosos lançadores de mísseis continuam a
ser colocados em redor de Donetsk e que Kiev intimou a população a
abandonar as zonas «rebeldes». Um banho de sangue terá consequências
imprevisíveis.
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