Silvia Arana
17.Jul.14 :: Outros autores
A história oficial dos Estados Unidos proclama que os “pais fundadores” lutaram contra a monarquia inglesa para instaurar uma república livre, soberana e justa para todos os habitantes da nova nação. É surpreendente verificar-se quão monolítica tem permanecido esta visão, tanto dentro como fora do país do norte. Entretanto, houve e continuam surgindo novas perspectivas históricas que questionam a história oficial.
Em A People’s History of the United States (1980), Howard Zinn sustenta que a principal motivação dos colonos europeus na América do Norte para se declararem independentes da monarquia inglesa não foi o ideário democrático mas o afã de expansão sobre os territórios indígenas. Explica que depois de 1763, com o triunfo da Inglaterra sobre a França na Guerra dos Sete Anos, e com os franceses expulsos da América do Norte, restavam apenas dois rivais à ambiciosa elite social e política das colonias: os ingleses e os indígenas. Os ingleses, para aplacar os indígenas, tinham declarado que as terras a oeste dos montes Apalaches estariam fora do alcance dos colonos europeus (Proclamação de 1763). De maneira que a expansão da elite colonial sobre as terras indígenas unicamente poderia realizar-se se as Treze Colonias se tornassem independentes de Inglaterra.
Em A People’s History of the United States (1980), Howard Zinn sustenta que a principal motivação dos colonos europeus na América do Norte para se declararem independentes da monarquia inglesa não foi o ideário democrático mas o afã de expansão sobre os territórios indígenas. Explica que depois de 1763, com o triunfo da Inglaterra sobre a França na Guerra dos Sete Anos, e com os franceses expulsos da América do Norte, restavam apenas dois rivais à ambiciosa elite social e política das colonias: os ingleses e os indígenas. Os ingleses, para aplacar os indígenas, tinham declarado que as terras a oeste dos montes Apalaches estariam fora do alcance dos colonos europeus (Proclamação de 1763). De maneira que a expansão da elite colonial sobre as terras indígenas unicamente poderia realizar-se se as Treze Colonias se tornassem independentes de Inglaterra.
O historiador Gerald Horne, no seu novo livro The Counter-Revolution of 1776: Slave Resistance and the Origins of the United States of America (2014) afirma que o alicerce em que os EUA assenta não foi a liberdade mas a escravidão. Diz que, em 1776, as Treze Colonias se levantaram contra a Inglaterra para defender a escravidão, usando como vitrina decorativa as palavras liberdade e igualdade. Segundo Horne, o 4 de Julho de 1776 representa uma contra-revolução. O detonador da revolta teria sido a percepção, entre os colonos europeus, de que Londres se encaminhava no sentido da abolição da escravatura. O caso Somerset, decidido em Londres em 1772, parecia indicar que a abolição não só seria ratificada na metrópole como seria extensiva às colonias, e isto seria devastador para as principais fortunas dos colonos baseadas não somente nas plantações esclavagistas mas também no tráfico de escravos.
Em entrevista a salon.com, Horn reflectiu sobre a razão pela qual o ‘mito da criação dos EUA.’ tem sido e continua sendo aceite sem questionamentos de maior. Pensa que o facto positivo de que muitos europeus tenham encontrado na nova república um santuário contra a perseguição religiosa foi crucial para ocultar outros factos graves: que os EUA cometeram genocídio contra a população indígena e escravizaram centenas de milhares de africanos. [1]
Podemos agregar um par de dados significativos: George Washington, o primeiro presidente dos EUA, foi proprietário de esclavos e o homem mais rico de las colonias e da nova república fundada em 1776. O segundo presidente dos EUA, John Adams, foi também um reconhecido defensor da escravatura.
Horne defende que embora o Quatro de Julho represente um triunfo contra a monarquia, é também o aniversário da instauração do primeiro país com um sistema de apartheid. A tendência abolicionista presente no movimento independentista foi derrotada por um longo período que culminou em 1861 na Guerra Civil, a mais cruenta na história dos Estados Unidos.
É apropriado recordar as palavras de Frederick Douglass, líder da luta contra a escravatura, escritor e estadista afro-americano, nascido em escravidão. Em 1852, Douglass, convidado a discursar em celebração do Dia da Independência, denunciou que aos afroamericanos fora negada a liberdade, a igualdade e a independência:
“¡Estou excluído deste glorioso aniversario! O vosso alto grau de independência apenas sublinha a incomensurável distancia que existe entre nós… A rica herança de justiça, liberdade, prosperidade e independência, legada por vossos pais, ficou confinada entre vós, não foi compartilhada, pelo menos comigo… Este Quatro de Julho é vosso, não é meu. Celebrai vós; eu estou de luto.”
Nota:
[1] “White Supremacy and Slavery: Gerald Horne on the Real Story of American Independence”, entrevista de Elias Isquith, Salon.com: http://www.salon.com/2014/05/30/white_supremacy_and_slavery_gerald_horne_on_the_real_story_of_american_independence/
[1] “White Supremacy and Slavery: Gerald Horne on the Real Story of American Independence”, entrevista de Elias Isquith, Salon.com: http://www.salon.com/2014/05/30/white_supremacy_and_slavery_gerald_horne_on_the_real_story_of_american_independence/
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