terça-feira, 3 de junho de 2014

Trabalhadores e aposentados são obrigados a pagar falência de Detroit


patrialatina.com.br
Trabalhadores e aposentados protestam em Detroit. "Tirem as mãos das nossas pensões, façam os bancos pagarem", diz o cartaz (a cima), relativo à falência da cidade antes movida pela indústria automobilística.

O chamado “plano de ajustamento” que a cidade norte-americana de Detroit pretende impor aos aposentados dos serviços públicos depois de ter declarado falência é um misto de privatizações, de ataques a pensões e direitos sociais que está provocando uma onda de indignação e inconformismo.

Para obrigar os mais de 170 mil credores - entre os quais 32 mil aposentados e trabalhadores dos serviços públicos no ativo - a aceitarem o plano, o tribunal de falências criou uma Comissão Oficial que supostamente representaria os envolvidos, constituída por juristas e representantes dos sindicatos oficiais.

“As autoridades da cidade pretendem que os sindicatos nos obriguem a aceitar a ‘reestruturação’ em troca de fundos para as suas contas institucionais, e mesmo que haja sindicalistas oficiais dispostos a fazer este papel sujo, não será isso que nos fará desistir das nossas razões e da nossa decisão de não assinar”, declarou Simon Monckton no final de mais um plenário inconclusivo. Uma reunião na qual os participantes foram proibidos de fazer vídeos e gravações das intervenções dos oradores.

Detroit, outrora a capital mundial da indústria automobilística, enfrenta uma profunda crise, agravada com as repercussões dos problemas bancários de 2008. Nos termos do “plano de ajustamento” apresentado aos aposentados após a declaração de falência das instituições públicas da cidade preveem-se cortes de pensões superiores a 30%, a eliminação dos subsídios de saúde a quem fez descontos para eles durante a vida de trabalho e cortes de 90% em outras coparticipações sociais.

“Isto não é mais do que uma conspiração dos dois partidos oficiais, de sindicalistas corruptos e de grandes firmas de advogados para não cumprirem as normas constitucionais do estado de Michigan”, afirma Monckton.

Mas não é apenas Detroit e o Michigan que estão em causa, afirma o antigo operário da indústria automobilística. “O governo Obama está por detrás do processo porque quer utilizá-lo como exemplo para atacar outros trabalhadores do setor público através de todos os Estados Unidos”, explicou.

A par dos ataques aos setores laborais, o chamado “plano de ajustamento” prevê a privatização dos serviços da cidade e a entrega a longo prazo da gestão da coleção do Instituto das Artes de Detroit às mais ricas fundações privadas do estado.

O museu do instituto dispõe de um acervo fabuloso e diversificado, desde arte americana indígena aos espaços documentais sobre a indústria automobilística, passando por um espólio precioso de arte europeia onde se encontram obras de Van Gogh, Bruegel, Rembrandt, Rubens, Caravaggio, Cézanne, Dégas, Seurat e esculturas raras de Gauguin e Rodin.
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