sexta-feira, 9 de maio de 2014

Na Colômbia, violações viram rotina na vida de campesinos e defensores de direitos humanos

QUINTA-FEIRA, 8 DE MAIO DE 2014

Na Colômbia, violações viram rotina na vida de campesinos e defensores de direitos humanos


Uma rotina de ameaças, roubos, intimidações e assassinatos. É assim que estão vivendo campesinos/as e defensores/as de direitos humanos que moram nas regiões colombianas de Antioquia e Magdalena Medio. Diante dessa situação, a Coordenação Agromineira do Noroeste e do Magdalena Médio, formada por 11 organizações, está pedindo ajuda à comunidade nacional e internacional para a investigação dos casos.

O atentado mais recente aconteceu no último dia 1º de maio, quando dois campesinos foram atacados em Vila Fátima, no município de Anorí (Antioquia) por integrantes do Batalhão Bombona Brigada XIV. Um soldado chamou os irmãos Gustavo Rúa Llanos e Jaime Rúa Llanos, mas como eram surdos-mudos nem chegaram a perceber que alguém falava com eles. Bastou isso para que os dois fossem violentamente atacados. Gustavo está gravemente ferido e Jaime morreu.

No mesmo dia, membros do Exército Nacional entraram na vereda Carriel, no município de Campamento, junto com oito encapuzados que se diziam do grupo paramilitar Rastrojos. Além de intimidar a população, os militares roubaram 18 milhões de pesos de um campesino que acabara de fazer uma venda de gado.

As ameaças também chegam por escrito. No último dia 30 de abril, um recado assinado supostamente pelas ‘Autodefesas Unidas da Colômbia – Os Rastrojos Comando Los Urabeños’ chegou às mãos de lideranças sociais e campesinas do Departamento de Santander e do Magdalena Medio. A ameaça dizia que os paramilitares seguirão na luta por um país que ofereça segurança a seu povo e não vão descansar até que Santander esteja livre de algumas escórias. Citam os nomes de seus alvos, entre os quais estão sindicalistas, advogados, defensores de direitos humanos e integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), entre outros.

No dia 29 de abril, Yeimy Rodríguez, membro da junta diretiva da Associação de Irmandades Agroecológicas e Mineradoras de Guamoco (Aheramigua), recebeu a ligação de Jhon Jairo Veja, ex integrante da Associação, que tentou persuadi-la a retirar das redes sociais o comunicado em que denuncia os atos de intimidação e perseguição contra Victor Trujillo, também integrante da entidade. Em dias anteriores, Yeimy já havia recebido outras mensagens gravadas com intimidações e ameaças claras de morte por via telefônica.

Um dia antes, Oscar Enrique Casas, Sorani Daniela Hernández e Doris Cecilia Hernández Trujillo foram presos pela polícia sem que houvessem praticado qualquer crime. A Associação de Campesinos do Norte de Antioquia (Ascna) fez uma denúncia pública contra a Polícia Nacional em virtude da detenção arbitrária e violação do direito de liberdade e livre mobilidade. Os três foram abordados por dois policiais e depois por agentes da Direção de Investigação Criminal e Interpol (Dijin) e presos no parque principal do município de Anorí.

A Associação de Campesinos de Ituango (Ascit) denuncia também publicamente a crise humanitária em matéria que as populações do município de Ituango e de cidades vizinhas vêm sofrendo diariamente, com perseguições sistemáticas por parte da Polícia e de forças militares, que os acusam de serem integrantes ou colaboradores de milícias paramilitares que atuam na região.

A cada dia surgem novos casos de perseguição, ameaças de morte, prisões arbitrárias e uso indevido do poder e da força sem que nada seja feito. As organizações engajadas na Coordenação Agromineira do Noroeste e do Magdalena Medio fazem um apelo às organizações defensoras de direitos humanos e do direito internacional humanitário para que ajudem a difundir os casos e fazê-los chegarem às autoridades competentes.

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