Hanói (Prensa Latina) O nome de Singapura teve relevante
notoriedade mundial nos anos 90 do século passado quando fez parte dos
chamados "tigres asiáticos" de impetuosos crescimentos, e ainda que a
recessão global da década seguinte tenha sacudido seus alicerces,
continua sendo uma importante economia com a qual se deve contar.
Apesar de uma extensão territorial de míseros 701 quilômetros
quadrados, o menor país do Sudeste Asiático, entre os fundadores da
Associação regional (Asean), tem um considerável peso no comércio e
investimentos dentro do conjunto dos 10 integrantes do bloco e além,
incluindo a América Latina.
Denominada cidade-Estado, chegou ao
nível de desenvolvimento em que se encontra depois de vários séculos de
administrações estrangeiras sob sultanatos indianos, invasões
procedentes da ilha de Java, arrendamento comercial pela Companhia
Britânica das Índias, convertida depois em colônia do império e ocupada
pelo Japão na Segunda Guerra Mundial. Tornou-se independente em
federação com a Malásia em 1963 mediante um arranjo de descolonização
delineado pela metrópole, mas dois anos depois se separou para trilhar
seu próprio rumo.
Toda referência à cidade-Estado alude
inevitavelmente a que é o quarto centro financeiro global, possui o
porto que maneja o maior número de toneladas de cargas e o terminal
aéreo mais espetacular por sua avançada tecnologia, dimensões e
multiplicidade de surpreendentes serviços.
A economia depende
principalmente das exportações, fundamentadas no setor manufatureiro que
em 2005 já representava 26 por cento do produto interno bruto e se
estendeu rapidamente à indústria química, ao refinamento de petróleo com
a maior planta da Ásia, a engenharia mecânica e as ciências biomédicas.
Chama a atenção que o investimento de Singapura em ativos na América
Latina, a um ritmo de crescimento anual de 7,7 por cento, atingiu em
2010 um montante de 35 bilhões de dólares de 400 empresas registradas, e
em 2013 forneceu ao México 17 caras plataformas petroleiras.
Entidades internacionais avaliadoras avaliam Singapura no primeiro lugar
para fazer negócios, o segundo mais competitivo e inovador da Ásia, bem
como o menos burocrático e corrupto.
Alguns especialistas acham
que talvez seja o único dos países do chamado Terceiro Mundo inserido
na negociação da controversa Associação Transpacífica, que consegue sair
airoso num eventual pacto no qual participam vantajosamente Estados
Unidos, Japão e Austrália.
Graças ao seu auge econômico pode
expandir os serviços de transporte com uma moderna rede, que nestes
momentos se projeta estender ao vizinho Malásia, em um ambicioso projeto
conjunto de circulação rápida que fortaleça os estreitos vínculos
bilaterais.
Ambos estados enfrentam ademais em comum os efeitos
contaminantes de incêndios florestais periódicos nas ilhas próximas
indonésias de Riau, causa de atritos e preocupação da Asean.
Singapura também se converteu em um dos 10 principais destinos
turísticos mundiais nos últimos 50 anos, segundo o vice-ministro de
comércio e indústria S. Iswaran, ao passar de 18 mil visitantes em 1963
aos prognosticados 16,8 milhões em 2014, que representarão rendimentos
de 18 bilhões de dólares.
Ao dispor de todas essas fontes para
uma população de algo mais de cinco milhões de habitantes, pode dedicar
significativos investimentos em coberturas médicas de alto nível e num
sistema educacional de ponta, que colocou o país, ao lado da Coreia do
Sul, à frente nas provas CALCA sobre conhecimentos e capacidades de
estudantes para resolver problemas.
Mas este último teve sua
contrapartida para ambos líderes que registram alguns dos mais
alarmantes índices de suicídio entre crianças e adolescentes pela
asfixiante pressão que sofrem nas escolas, em um meio que incentiva a
competitividade em excesso.
Outro reverso do sucesso econômico
identifica-se nas crescentes taxas de obesidade, diabetes e mortes
cardiovasculares, causadas pelo consumismo irrefreável.
Depois
de décadas de uma aparente estabilidade social, em dezembro de 2013
estourou um motim de protesto na comunidade de trabalhadores imigrantes
indianos, que analistas internos interpretaram como primeiro sinal de
uma explosão demográfica.
Meios semi-oficias atribuíram-lhe um
caráter racial, dada a multiplicidade de etnias que convivem no país,
mas especialistas apontaram que o ocorrido refletiu o descontentamento
entre mais de um milhão de sul-asiáticos contratados para realizar os
trabalhos sujos. O acadêmico local Mukul Asher opinou, em entrevista de
imprensa, que "Singapura se vale desses trabalhadores com baixos
salários e condições de vida para manter sua competitividade e altas
taxas de crescimento".
Um repórter do jornal The Straits Times
mostrou os recintos de alojamento de imigrantes de Bangladesh, onde se
amontoam em estreitos dormitórios, sem suficiente ventilação,
irregulares fornecimentos de água e endemia de insetos.
Informou
que todos eles, junto aos nacionais do Myanmar, empregam longas horas
no transporte e em seus trabalhos pelo que recebem 20 dólares diários,
muito abaixo do salário mínimo dos singapurenses e insuficientes para
enfrentar o custo da vida.
Já de por si a diversidade étnica da
população nacional se reflete em 76 por cento de chineses, 13 por cento
de malaios, quase oito por cento de indianos e 1,4 por cento restante
proveniente de outros diversos países latino-americanos e europeus.
Esta variedade põe-se de manifesto em quatro idiomas declarados
oficiais que são o inglês, chinês (mandarim) e tamil e bahasa,
respectivamente da Indonésia e Malásia, enquanto diversas religiões
convivem.
42 por cento da população, em sua maioria de origem
chinesa, professa em três vertentes principais junto a outras que se têm
popularizado, e a seguir lhe seguem o islamismo, o cristianismo com
todos seus ramos e o taoísmo.
Singapura, com um sistema
unicameral, tem estado governado desde sua independência pelo Partido de
Ação Popular, amplo ganhador de todas as sucessivas eleições
capitalizando os resultados econômicos e bem-estar atingido pelos
nacionais.
Em política exterior o atual premiê, Le Hsien Loong,
continua priorizando os vínculos bilaterais com a China, ao mesmo tempo
em que dá albergue à frota naval estadunidense na Ásia-Pacífico, entre
brilhos e sombras.
*Co-responsável da Prensa Latina no Vietnã.
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