quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Venezuela/ A OPOSIÇÃO PASSOU DO REVÉS ELEITORAL AO PLANO DESESTABILIZADOR. O QUE FAZER?



Narciso Isa Conde
As forças contrarrevolucionárias venezuelanas e mundiais, encabeçadas pelo poder imperialista estadunidense, em pouco tempo, passaram do revés eleitoral das eleições para prefeitos e governadores para um grande plano desestabilizador, aproveitando-se do mal de fundo que afeta o processo bolivariano e das indecisões das forças condutoras frente à imperiosa necessidade de adotar firmemente a via anticapitalista e acelerar a socialização.
Retomaram a via que tentaram instrumentar imediatamente após sua derrota nas disputadas eleições presidenciais: a via do confronto violento, tomando as ruas e exibindo seu rosto neonazista, sem descartar a opção eleitoral. Capriles Radosky e Leopoldo López são duas faces da mesma moeda.
Vitória insuficiente.
Certamente ter acontecido naquela ocasião o levante das massas revolucionárias, ganhar a permanência na grande maioria das Prefeituras e dos Governos e obter uma avalanche de votos a nível nacional (com uma margem muito superior aos votos das direitas) foi uma importante, porém insuficiente vitória do PSUV, POLO PATRIÓTICO e do povo chavista.
Tê-lo feito em meio a uma guerra econômica e a um intenso e perverso plano de desestabilização, teve, todavia, um valor ainda maior. Porém, isso não bastava.
Além disso, a crise requeria – tal como expressamos nessa ocasião - radicalizar ainda mais as medidas contra o grande capital, indo muito mais além dos vulneráveis controles e das limitadas ações empreendidas contra a guerra econômica em meio à campanha eleitoral passada.
Os fatos recentes confirmam. A contraofensiva iniciada se apagou e a consequência foi a explosiva deterioração econômica e o aumento do descontentamento, usado como terreno fértil para a desestabilização em maior escala e com mais violência.
Urge contra-atacar as raízes da oposição.
Isto indica que é urgente aprofundar, radicalizar e expandir as transformações anticapitalistas na Venezuela; ou seja, expropriar e socializar progressivamente a grande propriedade capitalista e o poder, e subverter a lógica capitalista, em termos de Estado e no âmbito privado.
Isto implica socializar de forma ascendente o privado e o estatal, atacar a corrupção, subverter a cultura proprietária-consumista e desburocratizar os centros estatais de direção; tudo isto no marco de uma complexa transição onde o velho resiste a morrer e o novo não termina de crescer e desenvolver-se.
Isto equivale a atacar as raízes da situação crítica, onde, para avançar substancialmente, o Estado atual deverá ser progressivamente desmontado e avançar na entrega do poder ao povo, tal como apontou Chávez em seu Alô Presidente Autocrítico (“Golpe de Timón”).
Estou certo de que, assumidas com vigor a via anticapitalista, a expansão do poder popular e a democracia direta enfraqueceriam em grau muito maior a base político-eleitoral das direitas que, todavia, supera 45% dos votantes e reduziria seu crescente poder de mobilização de rua empregado para desestabilizar.
Quando o cachorro morde ou ladra é preciso oferecer sua cabeça ao amo. E, neste caso, o amo é a burguesia transnacional e local, e a parte corrompida da burocracia estatal associada a elas.
Um processo para a revolução que se estanca e isola, se enfraquece, retrocede e sucumbe.
Um processo que avança, aprofundando-se, radicalizando-se em seu interior e mais além, torna-se muito difícil de derrotar.
Contudo, existe a possibilidade de iniciar o Golpe de Timón e reverter o desgaste que alimenta a contrarrevolução, com uma linha ascendente de mobilização popular-militar que potencialize o contra-ataque e detenha o neofascismo. Amanhã será tarde.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
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