quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Nota: População tem direito de conhecer a verdade sobre o Metrô de SP
fenametro.org.br
Na noite da últma terça-feira (4) quando uma pane paralisou por cinco
horas a circulação de trens, o Secretário de Transportes Metropolitano
de São Paulo, Jurandir Fernandes, apareceu no “Jornal Globo” para
declarar que foi um ato "orquestrado", uma "sabotagem" ocasionada pelo
acionamento em série do dispositivo de emergência de abertura de portas
das composições.
O governador Geraldo Alckmin apoiou seu secretário dizendo que não
acredita em "geração espontânea". Os dois foram desmentidos por
relatório divulgado pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo. A
ordem dos eventos, o tempo e a descrição das falhas desmontaram a farsa
construída pelo governo do estado. (Veja matéria publicada no jornal
"Estado de S.Paulo")
Mas eles não se deram por vencidos. No sábado (8), quatro dias após a
ocorrência, apresentaram nova versão: agora foi o acionamento do "botão
secreto" nas plataformas.
Nenhuma investigação independente é admitida, como seria o correto. Pela
primeira vez na historia do Metrô, depois de um acontecimento desta
dimensão, foi adiada a reunião de Análise de Incidente Notável (IN).
Reunião onde funcionários diretamente envolvidos numa ocorrência que
teve impacto na circulação de trens apresentam seus relatórios.
O Sindicato compareceu à reunião, que foi adiada sob o pretexto de que
novos dados deveriam ser coletados. Na prática, toda apuração foi
transferida para a Policia Civil, que é subordinada ao governo do estado
e que não possui independência e nem qualificação técnica para
determinar causas de problemas em sistema metroviário.
Essa tentativa de transformar o caos do Metrô num "caso de policia",
inclusive com a presença da Policia Militar nas estações para intimidar
os usuários, visa fugir do debate sobre a verdadeira causa dos problemas
atuais: a falência da política de transportes sobre trilhos do Governo
Estadual.
Os números de falhas dos trens reformados, a quantidade de Incidentes
Notáveis, as falhas de ar condicionado nos trens, a superlotação do
sistema, as milhares de reclamações de usuários via SMS-denúncia são
alguns dos elementos que demonstram que o sistema está próximo do
colapso. E a responsabilidade é do governo do estado, porque gastou
bilhões contratando um serviço superfaturado e o produto recebido -
trens reformados - e de péssima qualidade.
Prometeu que o novo sistema de controle e sinalização de vias, chamado
CBTC, era uma grande solução. Mais 1 bilhão desperdiçado. E não ampliou a
rede de Metrô na velocidade que São Paulo precisa.
Os laços que unem o governo do Estado e os dirigentes do Metrô às
empresas acusadas de formação de cartel são tão sólidos que eles
preferem destruir a credibilidade da empresa perante os usuários.
Credibilidade construída com décadas de operação eficiente do Metrô em
São Paulo. Num sistema complexo que transporta quase 5 milhões de
passageiros, a confiança nas informações da empresa é uma questão de
segurança operacional.
Consideramos que é um direito da população conhecer a real situação que
vive o Metrô. Neste sentido, tão logo surgiram as primeiras noticias de
que a Siemens resolveu confessar que um cartel atuava na empresa, a
Federação Nacional dos Metroviários (FENAMETRO) e o Sindicato dos
Metroviários de São Paulo compareceram ao CADE e ao Ministério Público
Estadual com novas informações que demonstravam que havia fortes
indícios de que o "cartel" também atuou na reforma dos trens e na
implantação do CBTC.
Após apuração do MPE, para evitar ação civil pública, o Metrô concordou
em suspender por 90 dias a reforma dos trens e pediu prazo de 20 dias
para dar uma posição final sobre a implantação do CBTC. Sendo que no
último final de semana, mais uma vez o teste na linha 2 com o CBTC
fracassou.
Não adianta tentar nos intimidar com ameaças de que vai punir quem
mantém a população informada sobre as panes no sistema. Nosso
compromisso é com a categoria e com a população. Exigimos apuração
independente com a participação das organizações dos trabalhadores do
Metrô: Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Federação Nacional dos
Metroviários e CIPAS.
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