Foi possível observar o movimento de rotação real das estrelas na Grande Nuvem de Magalhães.
A velocidade aparente de rotação das estrelas na Grande Nuvem de Magalhães é representada pelas setas vermelhas NASA/ESA
Uma
equipe de astrónomos utilizou o telescópio espacial Hubble das agências
espaciais norte-americana NASA e europeia ESA para medir precisamente,
pela primeira vez, a velocidade de rotação de uma galáxia com base na
visualização da rotação de estrelas individuais em torno do centro
galáctico, anunciou a NASA em comunicado. A galáxia escolhida por
Roeland van der Marel, do Instituto de Ciência do Telescópio Espacial, e
de Nitya Kallivayalil, da Universidade da Virgínia (ambos nos EUA) –
que publicaram os seus resultados na revista Astrophysical Journal –
foi a Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da nossa Via
Láctea, em forma de disco, situada a 170 mil anos-luz de distância.
Conclusão: aquela galáxia completa uma rotação sobre si própria em cada
250 milhões de anos.
Para conseguir este resultado, o
telescópio Hubble teve de registar, com duas das suas câmaras de alta
resolução, os ligeiríssimos movimentos das estrelas durante… sete anos a
fio. "O movimento aparente das estrelas é tão diminuto que, se se
tratasse de um ser humano na Lua, o que fizemos equivaleria a determinar
a velocidade de crescimento do cabelo dessa pessoa", explica Van der
Marel, citado no comunicado. "Só o Hubble é capaz de atingir este nível
de precisão (…), mas, mesmo com o Hubble, para ver o movimento, foi
preciso olharmos fixamente para essas estrelas durante vários anos."
Os astrónomos, explica ainda a NASA,
costumam calcular a velocidade de rotação das galáxias em forma de disco
observando os ligeiros desvios no espectro luminoso das suas estrelas,
induzidos pela rotação em redor do centro galáctico. Devido ao chamado
"efeito Doppler", a luz das estrelas situadas de um lado do disco, e que
estão a afastar-se da Terra, parece-nos mais vermelha – enquanto a luz
das estrelas situadas do lado oposto da galáxia, que estão, pelo
contrário, a aproximar-se da Terra, parece mais azul. E como o desvio
espectral varia com a velocidade, é possível, a partir dessa informação,
calcular a velocidade de rotação das galáxias no plano do seu disco, ou
seja, "vistas de lado", por assim dizer.
Mas agora, pela primeira vez, foi mesmo
possível ver uma galáxia a rodar no céu vista de frente – ou, mais
precisamente, no plano do céu. Para mais, como as duas técnicas de
medição são complementares, ao combinarem os seus resultados, os autores
puderam obter uma visão totalmente tridimensional do movimento das
estrelas daquela galáxia. Na noite austral, a Grande Nuvem de Magalhães
surge como um objecto cerca de 20 vezes maior do que a Lua. "É como um
grande relógio no céu, cujos ponteiros demoram 250 milhões de anos a dar
uma volta completa", salienta ainda Van der Marel.
Já agora, o nosso Sol demora o mesmo tempo
a completar uma rotação em torno do centro da Via Láctea. O estudo
desta galáxia vizinha através da monitorização do movimento das suas
estrelas permite-nos perceber melhor a estrutura interna das galáxias",
diz Kallivayalil. "A determinação da velocidade de rotação de uma
galáxia fornece pistas sobre sua formação e pode ser utilizada para
calcular a sua massa."
Fonte: Publico. Pt
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