Lucro, FIFA, pressa, impunidade e falta de segurança matam dois operários do “Itaquerão”!
cspconlutas
A queda de um guindaste de 500 toneladas matou dois operários na obra
do estádio do Corinthians, que pretende sediar a abertura da Copa do
Mundo, no dia 27 de novembro de 2013. Segundo noticiários, o acidente,
que matou Fábio Luiz Pereira (42) e Ronaldo Oliveira dos Santos (44),
ocorreu durante o intervalo do almoço; se assim não o fosse, a tragédia,
lamentavelmente, poderia ser ainda maior.
Agora, a dor e a incerteza tomam conta das famílias desses operários da
construção. Quem será condenado por essas mortes? O que de fato causou o
acidente? Como ficará a segurança para os demais operários, a obra terá
de ser concluída? E a Odebretch será responsabilizada criminalmente,
afinal eles eram terceirizados? E por quê? O Corinthians? Os governos? A
FIFA? Diante de uma tragédia dessas nem o Ministério do Trabalho acatou
a solicitação do sindicato da categoria, que pediu que a obra fosse
embargada para que se garantisse a perícia investigativa do acidente.
Tudo se repete!
Como disse o comentarista Juca Kfoury, “A Copa está manchada com o
sangue de mortos nas obras…”, pois antes dessas duas mortes, pelo menos
quatro outros operários foram mortos em acidentes de trabalho na
construção de estádios de futebol nos últimos dois anos. Um morreu na
construção do estádio no Amazonas, mais um no estádio de Brasília, e
ainda outros dois operários mortos nas obras dos estádios do Grêmio e do
Palmeiras. Desgraçadamente, para a FIFA, nada disso importa, a não ser
se o “ocorrido” comprometerá ou não a “festa” de abertura da Copa do
Mundo.
Essas mortes são a expressão mais visível de uma escalada de acidentes
que, praticamente em todos os anos, torna o setor da construção um dos
recordistas em número de mortes por acidente de trabalho. Eis um grande
exemplo de onde o lucro segue infinitamente acima da vida, com a
conivência dos governantes que, diga-se de passagem, despejam bilhões de
recursos do BNDES e CEF (dinheiro público) nas mãos das empreiteiras, e
depois os retribuem com centenas de milhares de reais em doação para
suas campanhas eleitorais.
Quem paga o alto preço da perda, da dor e da impunidade são os
trabalhadores dessas obras e, consequentemente, suas famílias. Também o
que se tem visto é o avanço da precarização, da terceirização e da
superexploração dos operários espalhados pelas milhares de obras,
pública e privadas, espalhadas pelo nosso Brasil, bem como o aumento da
criminalização dos operários da construção, quando os mesmos lutam por
melhores condições de trabalho.
Neste momento, estão em greve os operários de Belo Monte e de SUAPE, são
dezenas de milhares em luta contra essa insuportável situação. Contra
todos estes, estão as empreiteiras e seus lucros, a impunidade para os
responsáveis por nossas mortes, a conivência dos governantes e,
especialmente nesse ano, também a FIFA. É fundamental que a luta siga
até que os trabalhadores conquistem um mundo mais justo e, nesse
momento, que essas lutas honrem os nossos mortos e confortem a dor dos
que perderam seu convívio.
Operários mortos em acidentes de trabalho?
Presentes!
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