sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Campos-RJ , saúde na fila

Em Campos, saúde ainda na fila

Na terra do petróleo, dos milhões em royalties, a cultura de dormir em filas para marcar uma consulta médica não chega ao fim, continua sendo rotina na vida de uma parcela da população que precisa de atendimento público. Na noite de terça-feira (29), por volta das 21h, a equipe da Folha encontrou dois locais com pessoas virando-se como podiam para passarem a noite e conseguir marcar às 7 horas da manhã a consulta. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) do parque Santa Rosa, em Guarus, algumas especialidades só tinha disponibilizada uma vaga. Desde as 21h, oito pessoas já se amontoavam para marcar a vez.  Na área central, no Centro de Referência e Tratamento da Criança e do Adolescente, um pai passou toda a madrugada com a filha, que é portadora de doença mental e paraplégica, no local para conseguir marcar um neurologista. O governo municipal de Campos informou que não existe essa necessidade de fila, já que o agendamento é informatizado. Mas admitiu que existem especialidades com demanda maior do que a oferta.
Na manhã de desta quarta, na UBS do parque Santa Rosa, servidores da unidade disseram que já pediram à secretaria de Saúde que aumente o número de vagas para algumas especialidades — não informaram quais, a relação que fica fixada tinha sido retirada —, pois o posto atende uma demanda grande de pacientes, não só da área, mas de bairros vizinhos. A dona de casa, Claudiana Pereira, de 38 anos, conta que para conseguir uma consulta com um nefrologista, teve que revezar com o filho na fila desde as 9h da manhã de terça, pois só havia uma vaga e a distribuição das fichas aconteceria desta quarta, às 7h. “Eu revezei com meu filho para não ficar o dia todo aqui no posto. Só tinha uma vaga para nefrologia, eu preciso da consulta e se saísse da fila perderia. A gente não tem escolha, ou fica aqui pra guardar lugar ou só é consultada daqui a um mês se abrir vaga”, disse Claudiana.
No Centro de Referência e Tratamento da Criança e do Adolescente, localizado na Rua Gil de Góis, no Centro, o mesmo caso estaria acontecendo. A fila começa a se formar por volta das 20h da noite anterior à marcação. Alguns pais, sem ter onde deixarem seus filhos, os levam para a fila. Alguns acabam dormindo em ma-las de carros estacionados, enquanto os adultos guardam.
O aposentado Magnaldo Macedo, de 51 anos, pai de Camila, de 17, que é especial, enfrentou a fila desde as 21h de terça também para conseguir marcar a consulta da filha, que faz tratamento e acompanhamento na unidade. “É complicado, pois não tenho com quem deixar minha filha. Imagina isso todo mês para marcar a consulta?”, indagou.
 Fonte: Folha da Manhã
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