terça-feira, 19 de novembro de 2013

Arábia Saudita & Paquistão

Arábia Saudita e Paquistão: na mesma trincheira.

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Por Nidal Hamadé, Al Manar, traduzido pelo Oriente Mídia.
O papel saudita-pakistanês no financiamento do “Exército da Justiça” na província iraniana de Sistão.
Depois de uma calmaria de três anos quando as autoridades iranianas prenderam Abdul Malik Rigi, líder do grupo “Soldados de Deus” que agia militarmente no Irã a partir do Paquistão e ter acabado com sua organização em 2010, um novo grupo desconhecido apelidado de “Exército de Direito” atacou e assassinou 16 soldados iranianos. Esse grupo saiu da província de Baluchistão no Paquistão pela passagem de “Jujack” na estrada de Quetta, capital da província paquistanesa.
Segundo fontes na capital francesa que acompanham as ações dos salafistas que giram na órbita saudita, analistas disseram que esse ataque foi ordenado pela Arábia Saudita numa sequencia de atos agressivos contra o Irã e seus aliados regionais no Iraque, Síria e Líbano.
As fontes francesas acusam também a inteligência paquistanesa em conjunto com a inteligência saudita de criar e ativar tal grupo e, segundo as mesmas fontes, a Arábia Saudita injetou um significativo dinheiro na organização do “Exército da Justiça”. Como a Arábia Saudita não possui recursos humanos suficientes para cuidarem da logística e da militarização desses membros coube à Inteligência do Paquistão o trabalho de fazê-lo. Foi assim também que a inteligência do Paquistão cuidou de formar o grupo “Exército de Deus” e depois o abandonou quando seus interesses entraram em entendimentos com o Irã.
O Paquistão que recebe dinheiro da Arábia Saudita está harmonizado estrategicamente, portanto, o Exército Paquistanês que controla a Inteligência não consegue recusar um pedido feito por Riad, ainda mais que esta cooperação já dura décadas.
O Paquistão já manifestou mais de uma vez sua insatisfação com a aproximação dos Estados Unidos com o Irã e com os acordos russos-norte americanos em mais de uma região quente do planeta, principalmente após o ressurgimento da Rússia e sua aproximação com Teerã. O temor do Paquistão que essa aliança tríplice reduz sua influencia no Afeganistão, ainda mais que as relações do Irã com sua arqui-inimiga, a índia, são boas. A índia é o terceiro importador de petróleo do Irã. A volta da influência e do poderio russo na Ásia Central traz péssimas recordações à Inteligência militar do Paquistão que atuou no apoio do Talibã durante a presença das tropas da União Soviética, assim como no apoio à grupos dentro dos Estados Russos e por fim, na sua participação direta no assassinato de Ahmad Chah Massoud, aliado afegão dos russos e dos iranianos.
O apoio do Paquistão ao grupo “Exército de Deus”, a mando da Arábia Saudita, coloca suas relações com o Irã num patamar de tensão e reflete um mecanismo de agressão indireto da Arábia Saudita contra o Irã e uma pedra nos entendimentos entre os Estados Unidos e o Irã nos dossiês do Programa Nuclear e da Síria.
Outro temor do Paquistão é o entendimento russo-chinês realizado dentro da Organização de Xangai e que constitui um tropeço estratégico para o Paquistão já que historicamente a China competiu com a Índia e manteve aproximação com Islamabad. Os entendimentos da China com o Irã nas questões do Programa Nuclear e da Síria também deixam o Paquistão em saia justa e com os mesmos interesses estratégicos da Arábia Saudita. Apenas não declarados.
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